segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Para onde caminhamos?!


O Estado são as pessoas. Existe por força de uma necessidade colectiva de convivência. Existe para servir. E existe porque as pessoas o financiam. Quanto mais dinheiro circular na economia, mais dinheiro têm as pessoas. E, assim, mais dinheiro vai para o Estado.

Como se resolve o problema da dívida pública? Fazendo com que o Estado fique com mais dinheiro. E o Estado fica com mais dinheiro com uma política de finanças públicas que assuma dois vectores: poupança de despesas e aumento das receitas.

Mas o Estado existe. Para curar o doente, para ensinar a criança, para formar o jovem, para garantir a justiça, para salvaguardar alguns direitos das pessoas, para fazer que o convívio social seja feito com segurança. E, recompensando aqueles que produziram riqueza, o Estado garante o sustento dos mais velhos. Além disso, o Estado ainda tem uma função de garante de um determinado conjunto de bens que são considerados fundamentais ao quotidiano de vida das pessoas.

De um ponto de vista geral e básico, é para isso que existe o Estado. É para isso que deve existir.

Como é que, numa altura de crise nas finanças públicas, o Estado pode seguir uma via de poupança de despesas? Cortando no secundário, no supérfluo, no acessório, no excessivo. Saindo de onde não deveria estar. Despedindo aqueles de quem não precisa.

Esse é um vector. O outro passa pelo aumento das receitas fiscais.

De um ponto de vista legislativo, o Estado pode fazer mais tanto num vector como no outro.

No primeiro, por exemplo, perseguindo, julgando e condenando os corruptos, tratando, com mão pesada, uma série de políticos e não-políticos que enriquecem ilicitamente à custa do erário público.

No segundo, por exemplo, perseguindo, julgando e condenando os que fogem ao fisco, tratando, com mão pesada (e pena aumentada) aqueles que, fugindo ao fisco, deixam de contribuir para o financiamento de actividades básicas do Estado.

Mas a minha maior dúvida prende-se, sobretudo, com o segundo vector de que falei. Voltando ao primeiro parágrafo, quanto mais dinheiro circula na economia, mais dinheiro têm as pessoas. E, assim, mais dinheiro tem o Estado.

Interpretando essa banalidade “a contrario” poderemos concluir que existe um grave problema quando o dinheiro não circula na economia. Porque as pessoas têm menos dinheiro. Porque o Estado não consegue financiar-se.

O que interessa, ou deveria interessar, ao Estado? Que as pessoas tivessem mais dinheiro disponível para consumir. Que as empresas tivessem mais dinheiro para produzir e criar emprego. Que a economia funcionasse.

O que tem acontecido? O Estado aumenta os impostos de uma forma cega e errada. Com o aumento dos impostos sobre o consumo, as pessoas vão consumir menos, as empresas vão ter menos receitas. Isso irá reflectir-se na tributação do rendimento, sobretudo, das pessoas colectivas.

Mas aumentará o desemprego. E, assim, na liquidação dos impostos sobre o rendimento das pessoas singulares, o Estado irá receber menos dinheiro.

O que quero dizer é que, dentro de pouco tempo, o aumento das taxas corresponderá a uma diminuição das receitas. E, porque assim será, porque temos também de pagar aquilo que devemos, não irá haver dinheiro para as necessidades básicas que o Estado visa assegurar.

Nessa altura, os impostos sobre o rendimento só vão servir para pagar os juros da dívida pública.

Nessa altura, os impostos sobre o consumo só vão servir para pagar parte dos subsídios de desemprego.

Chegaremos a um ponto onde não vai circular dinheiro na economia, onde as empresas vão ter de fechar portas, onde as pessoas não vão ter dinheiro disponível. Ou seja, não vai haver dinheiro para pagar impostos. Para pagar o Estado Social. Para pagar a dívida.

Vai o dinheiro. Fica a dívida pública, fica a dívida privada. Fica a estagnação económica, fica a recessão. Fica o défice. Fica o desemprego, fica a fome, fica a miséria.

A menos que eu esteja a ver mal as coisas, é para aí que caminhamos.

sábado, 29 de outubro de 2011

O Vitória


Como penso que não é difícil de entender, sou sócio e adepto do Sporting. Esse é o meu único clube. Sempre o foi, sempre o será. Além de ser do Sporting, simpatizo com outros clubes. Desde logo, o Belenenses, clube do coração do meu avô falecido. Fora de Portugal, o clube com que mais simpatizo é a Fiorentina. Pela identidade, pelas cores, pela mística, pela cidade. E, além da Fiorentina, por força do meu tio que, desde cedo, me tentou enraizar a paixão pelo Liverpool, esse é o meu clube de Inglaterra.
Apesar de, como qualquer adepto de futebol, ter o sonho de ir a Buenos Aires ver o Boca Juniors jogar em casa cheia no La Bombonera, não tenho propriamente outro clube que não o Sporting nem simpatizo permanentemente com outros clubes além daqueles que referi. Mas isso não me impede de querer adversários fortes, que cultivem os factores que os tornam diferentes, de modo a potenciarem a competição.
Acho que o futebol só se concretiza, do ponto de vista da competição, quando todas as equipas jogam com todas as suas forças.
Nesse sentido, estou francamente preocupado com a situação no Vitória de Guimarães.
É um clube que tem tudo para ser um grande. Tem a cidade atrás de si, uma massa adepta que apoia exclusivamente o Vitória, uma identidade que se confunde com as raízes da História de Portugal, um estádio com as condições necessárias para que joguem, ali, grandes equipas.
O que torna o Vitória diferente é, para quem olha de fora, a imparcialidade nas recepções aos adversários, que todos tratam enquanto adversários a derrotar, e a parcialidade no apoio incansável e extremo ao clube da terra.
Em proporção, não sei se há outro clube português que faça deslocar tantos adeptos aos estádios do país. E é esse apoio inabalável que constitui o maior factor de distinção do clube. Por isso, os jogadores sentem que se devem empenhar mais. E, com mais empenho, nascem novos atletas. Como Meira, Mendes, Assis. Como Pedro Barbosa. Não é por qualquer motivo que, tendo passado pelos grandes, não deixam de sentir o Vitória como o seu único clube.
Mas o que aconteceu ao Vitória depois do legítimo entusiasmo da pré-época?
Aconteceu o que eu previa. Que são consequências de uma política externa que descaracteriza o Vitória e que tem sido a imagem de marca dos actuais dirigentes. Deixou de ser equidistante, aproximou-se de quem tinha ambições no poder e perdeu a sua própria identidade. Ora, isso tem reflexos no interior. Porque os "subordinados" do Vitória sentem que nem todos estão ali de corpo e alma, que nem todos estão ali por mérito, que nem todos estão ali a pensar exclusivamente no Vitória.
Além disso, o Vitória tem, no futebol, um plantel completamente desequilibrado. Tem, em certas posições, demasiados jogadores, talvez os mesmos que faltam noutras. E isso não é mais do que falta de planeamento, próprio de quem não estava precavido para o insucesso de negociações que levassem ao regresso de um jogador, de quem não sabia o que queria, de quem não fazia ideia do que o Vitória precisava para atacar um lugar cimeiro, apurando-se para as competições europeias.
Está agora, e por demérito seu, no último lugar da liga. Com franqueza, e tendo em conta o jogo que vi frente ao meu Sporting, o Vitória, ainda para mais a jogar contra dez, demonstrou a ter a pior equipa desde que me lembro. Ficou derrotada aos quatro minutos. E isso, não sendo normal, realça aquilo que referi nos parágrafos anteriores.
E as contas? Essas não são uma causa. São uma consequência.
Como se muda? Mudando. Mudando muito. Com nova Direcção, que sinta mais o Vitória e lhe devolva a identidade. Com nova política desportiva. E, por arrasto, sem que Rui Vitória o mereça, o Vitória necessitará de um novo treinador. Precisa, assim, de lavar a cara. De arregaçar as mangas, de voltar ao zero, de começar tudo de novo. Depois disso, precisa de duas vitórias consecutivas para ganhar alento para o futuro.
Se me permitem os adeptos do Vitória, faço aqui a minha sugestão.
Para a presidência, escolheria a competência, a paixão e o sentido de realidade e de sonho de alguém como Luís Cirilo.
Competência pelo seu trajecto profissional. Paixão pelo seu Vitória. Sentido de realidade em cada crítica que faz. Sentido de sonho na ambição que tem em fazer com que o seu Vitória chegue a um lugar que merece.
Sente o Vitória da mesma forma que o sentem sócios e adeptos. E isso é fundamental para que, ao Vitória, se devolva a sua identidade. Fá-lo sempre com um incansável entusiasmo, factor fundamental em quem se elege para liderar.
E, dr. Luís Cirilo, permita-me que lhe recomende publicamente um treinador. Sabendo, os dois, que Rui Vitória é o menos culpado dos culpados, parece-me que não tem condições objectivas de continuar. Assim sendo, e se essa situação for mesmo impossível de reverter, convide o José Peseiro para treinador. É um homem capaz e com estofo. Fez omoletes sem ovos no Sporting, chegou a uma final europeia, não foi campeão porque Paraty não deixou. Com ele, joga-se ao ataque, o futebol leva gente ao estádio. Encanta adeptos e adversários.
O Vitória não pode estar sujeito a jogar na liga dos últimos. Merece, por aquilo que é e pelo que representa para a região e para o país, estar entre os primeiros.
Fica feita a minha análise. Fica feita a minha sugestão.
Depois falamos.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Seguro, mas pouco.


Se dependesse do líder do PS, o partido iria abster-se na votação do Orçamento de Estado para o ano que vem. Essa foi a sua palavra. Foi isso que quis dizer que referiu que haveria mais de 99% de possibilidades de não votar contra o Orçamento.
O que acontece é que Seguro, tal como pensam os seus camaradas, acha que os portugueses têm a memória curta. Não têm. E as medidas de austeridade, que o Governo PSD/CDS foi forçado a tomar têm duas razões: os demasiados anos de desgoverno socialista e o memorando de entendimento com a Troika, promovido pelo Partido Socialista (que, na altura, era o suporte do Governo), depois de encontrado o consenso com os partidos da sua direita parlamentar.
Com franqueza, aos olhos dos portugueses, que são sensatos, o PS não tem, não tem mesmo, por onde fugir.
Mas, pelo que parece, Seguro foi ouvir os parceiros sociais (que, deva-se dizer, também têm responsabilidades na situação actual), foi pressionado pelas manifestações (que, deva-se dizer, também se dirigiam contra o Partido Socialista, principal responsável pela inevitabilidade destas medidas), foi influenciado pelas palavras do Presidente da República e de alguns camaradas socialistas que, depois de tantos anos presos às cadeiras do poder, querem cegamente reavê-lo a qualquer custo.
Apesar de pouco interessar ao futuro dos portugueses, Seguro, pela forma como não esclarece definitivamente o sentido de voto do partido que lidera, só demonstra que, querendo cortar com o passado, é igual ao passado negro do poder socialista. Tal e qual como Mário Lino na questão do Aeroporto, Seguro só o é de nome. Porque, de resto, parece variar em função das pressões, sobretudo as piores pressões, que são as pressões partidárias.
Mais do que isso, demonstra, por não ser definitivo no esclarecimento do sentido de voto, que não é um líder. Um líder lidera. Impõe-se. Sabe o que quer. Estuda, movimenta-se, corta a direito. Seguro hesita, deixa-se ir. Transmite a mensagem que acha que vai soar melhor. É, neste último ponto, igual ao que Sócrates tinha de pior.
Ora, tendo em conta a responsabilidade socialista no estado das finanças públicas, Seguro não tem volta a dar. Ou vota a favor ou se abstém. Mas é esta falta de certezas, que abre as portas a um voto contra, que nos faz estar seguros de que este é só um líder de transição. É uma liderança em vão que tem, por seu demérito, os dias contados.
É certo que a conjuntura desta liderança era muito difícil. Mas Seguro, sendo inseguro em relação ao Orçamento (que se destina a cobrir uma situação pela qual ele próprio, tendo sido deputado da maioria PS, é co-responsável), só agrava as dificuldades.
Tendo em conta que Costa não quer liderar o PS nem governar o país neste clima de crise financeira, económica e social, podemos, com Seguro e com segurança, dizer que os próximos tempos irão ser penosos para o Partido Socialista.
Depois de seis anos de euforia e aplausos, de uma noite de despedida em lágrimas, agora já sabemos: esta é a verdadeira herança que Sócrates deixou.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Simão


No princípio da semana foi publicada uma notícia que se referia a um eventual regresso do Simão Sabrosa ao Sporting.
Essa possibilidade foi centro de várias conversas até ao dia de hoje, sendo que não houve (até porque não tinha de haver) qualquer desmentido a esta notícia.
De qualquer modo, não tenho rigorosamente nada contra o Simão. É um jogador banal como sempre foi desde que chegou à Catalunha. O banco tirou-lhe a magia que deu, até então, ao meio-campo do Sporting. Estagnou, perdeu fulgor, tornou-se num bom batedor de livres. Nada mais.
Foi para o Benfica porque não havia outro clube que o quisesse, ou pudesse, contratar. Foi uma decisão sua. E admito que, na altura, não tenha tido alternativa.
Hoje, o Sporting tem extremos de categoria internacional. Tem, aliás, os melhores extremos da liga. Capel e Jeffren, além do prodigioso Carrillo, não deixam espaço para mais ninguém.
Independentemente da vontade de Simão, do seu clube e do seu empresário, se o Benfica não o quiser, então que volte a Portugal, para o Sporting...de Braga...como os outros.
É que, mesmo apesar de não ter saído do sentido do profissionalismo, os adeptos do Sporting mantêm bem vivos os cânticos entoados na Luz e em Madrid. Esses cânticos fazem parte de viagens memoráveis, de momentos indescritíveis, de um imenso e rigoroso sportinguismo.
Mesmo que seja para ficar no banco, para ser alternativa aos titulares indiscutíveis, mesmo que rode apenas nos jogos mais fraquinhos para gerir os castigos e as lesões, Simão não tem, não tem mesmo, condições para voltar a vir a ser jogador do clube que o formou e que recebeu alguns milhões em troca do seu passe. Porque a história de ligação ao Sporting, para o bem, para o mal, para sempre, acabou aí.
Está enganado quem pensa o contrário. E oxalá que, se houver quem pensa o contrário, essa pessoa não faça nenhuma estupidez...
Porque, apesar de ser um profissional com boa educação, como demonstra a imagem, a palavra de Simão não vale um tostão.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

A Ermelinda


A Ermelinda (nome fictício) é uma pessoa humilde que deixou a sua terra perdida num norte deserto, entre a beleza das paisagens e a vida extremamente pobre das pessoas, para casar, trabalhar, dar uma vida de oportunidades à sua filha.

Não vive melhor do que viveria, se tivesse ficado. Fê-lo por amor e, sobretudo, pelo amor à sua filha. Vive numa moradia nos arredores de Lisboa, que talvez lhe faça lembrar o cantinho onde nasceu e onde passou a infância. Recebe pouco mais que o salário mínimo. Mas talvez não ganhe mais do que isso, se tivermos em conta as despesas que tem com o transporte e estacionamento para o local de trabalho.

A Ermelinda paga os seus impostos, todas as suas despesas. Passa mal para poder pagar as centenas de euros (duas, pelo que me disse) em manuais escolares para a filha.

É, repito, uma pessoa humilde. Humilde e trabalhadora. Por assim ser, tem muitas vezes razão naquilo que diz.

No outro dia fui falar com ela. Perguntei-lhe o que achava das medidas do Orçamento de Estado. Disse-me que eram mesmo muito duras. Aliás, a sua expressão mudou significativamente desde esse dia.

Nunca lhe perguntei se votava. Nunca lhe disse para ir votar. Nunca fiz, com ela, qualquer tipo de campanha. E nunca o fiz porque sempre tive a consciência de que ela, pelas dificuldades por que passou ao longo da vida, sempre quis, certamente mais do que eu, mudar para melhor.

Falei-lhe, para meter conversa, dos destaques que tinham acabado de passar nas televisões sobre as medidas: mais meia hora de trabalho diário, despedimentos de milhares de pessoas, cortes totais nos subsídios de férias, etc.! Falei-lhe ainda das consequências que essas medidas irão ter na economia e na vida das famílias. As pessoas vão viver pior.

Concordou comigo. Era, de facto, um cenário penoso. Para mim, para ela, para toda a gente. Mas acrescentou duas coisas: que alguns políticos, banqueiros e outras pessoas com poder na nossa economia deveriam ser responsabilizadas; que, acima de tudo, tinha medo dos assaltos e da criminalidade.

Confesso que estranhei.

Em primeiro lugar, porque a Ermelinda nunca tinha falado da responsabilização dos políticos. Mas não era só dos políticos. O que ela queria, e com legitimidade reforçada depois do anúncio das medidas, era a condenação de todos os que, criminosamente, arruinaram a nossa economia. Porque a Ermelinda trabalhou toda a vida, ela e o marido, para que a filha, pelo menos ela, pudesse ter uma vida com uma dignidade maior.

Em segundo lugar, porque sempre pensei nas dificuldades que os doentes irão ter na compra de medicamentos, que os pais irão ter para manter os filhos nas escolas, que as empresas vão sentir para se manter em actividade, que as famílias vão passar para sobreviver. Mas ela falava-me dos assaltos e da criminalidade que estava para chegar.

Também aí tinha toda a razão.

Uma pessoa aguenta as dores de barriga, pode esperar um pouco mais por uma operação, pode recorrer a métodos artesanais, pode passar fome para poder estudar, pode comer um pouco de pão que, com água, sobrevive. As empresas podem viver com aquilo que têm. Podem reinventar-se, assim como os desempregados. As pessoas podem acautelar-se nas alturas em que sabem que a justiça não funciona. Mas os assaltos (mais do que os cortes e os impostos) tiram-nos tudo aquilo que juntámos ao longo da vida. E, numa altura destas, não temos, de um ponto de vista factual, maneira de reaver o fruto do trabalho que nos é, ou pode ser, furtado ou roubado. A criminalidade tira-nos tudo. Pode, inclusivamente, tirar-nos a vida. E sem vida não há nada.

Hoje, junto à Universidade Católica, lembrei-me da Ermelinda porque vi um cenário nunca visto nos tempos da licenciatura nem no primeiro mês do mestrado. Havia uma série de automóveis com os vidros (do lugar do morto) partidos. O porta-luvas estava remexido. Em plena tarde, alguém tinha assaltado aqueles automóveis. Ganhei o dia quando vi os vidros do meu automóvel intactos.

Eu, um outro rapaz e uma rapariga ficámos incrédulos quando chegámos ao pé dos nossos automóveis e vimos aquilo. Porque a situação do país tinha chegado ao que acaba por ser o centro das nossas vidas. Estacionamos ali todos os dias. Vamos ali, pelo menos, cinco dias por semana.

Ligámos para a polícia, ninguém nos atendeu. Nem da polícia, nem da chamada de emergência.

Pode haver défice, dívida, cortes, sacrifícios, pobreza, miséria, fome. Mas tudo isso são causas. A criminalidade é a consequência. E, enquanto alguns "só sabiam da missa a metade", a Ermelinda já via o filme todo. Nesta conjuntura (de pobreza crescente), os primeiros problemas que assolarão país serão os assaltos e a criminalidade.

Pelos vistos, estão cada vez mais próximos de nós.

E atenção! Esta é só uma chamada de atenção para o tempo que aí vem.

Chegámos ao momento onde nunca pensámos chegar.

Será, certamente, o pior momento de todos aqueles que temos vida.

O alarme soou. O país parou. O Estado fechou.

Se fechou, o melhor é pôr trancas à portas.

Não vão por mim. Vão por ela. Porque ela, pelas batalhas que disputa diariamente desde que nasceu, é que conhece o seu mundo, o seu país. Conhece-o melhor que ninguém. Não é velha, mas é das antigas.

E, como é das antigas, é normalmente ela que tem sempre razão.

Esta história é só uma prova disso.



Nota: Exceptuando o nome, todo o resto desta histórica é rigorosamente real.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

"O Sporting é a minha vida"


Naquelas alturas de maior entusiasmo, na embriaguez de grandes momentos leoninos, talvez até pudesse ter sido eu o autor desta frase. Mas não. Quem o disse foi Oh Insuk, um jovem com 27 anos, sul-coreano, residente em Seul. Mas este é só o início da história.
Oh Insuk, que é desginer, não é descendente de portugueses, não esteve nunca com qualquer português, nunca veio a Portugal. Segundo uma entrevista que deu ao Sporting Apoio, apaixonou-se pelo Sporting porque sentiu que era um clube diferente, depois de ter pesquisado sobre o futebol português nos anos 90.
Vê todos os jogos do Sporting, que, a horas sul-coreanas, são de manhã. Por força disso, despediu-se. Passou a trabalhar de noite. Passou, também, a ter um salário muito menor.
Diz que ele é uma das provas da grandeza do Sporting. Aliás, tem, desde 2006, um blogue sobre o Sporting, permanentemente actualizado.
É certo que esta é uma história invulgar, moderna porque vulgariza e relativiza as distâncias. Mas é um testemunho e um exemplo.
Trago-o aqui por uma única razão, que é puramente interna.
Este exemplo e esta história, mais do que merecer ficar registada, têm de chegar até junto dos sportinguistas.
Nós, sportinguistas, somos especiais. Olhamos, para o próximo sportinguista, como especial.
Somos especiais no campo, mas somos especiais na vida.
É especial o Sá Pinto, é especial o Professor Moniz Pereira, é especial o João Benedito.
Mas o Paulinho também é especial.
E todos os outros, que somos especiais por sermos do Sporting, distinguimo-nos, não só mas também, pela grandeza dos nossos actos, dos nossos gestos, dos nossos comportamentos.
Temos o dever de encher Alvalade. Com estádio cheio. Mais um. Que não é chinês, mas é sul-coreano.
Oh Insuk, um dos especiais, merecia que os sportinguistas lhe concretizassem um sonho e lhe concedessem o privilégio de vir a Portugal, visitar a Academia, o Museu, o Estádio e o Mundo Sporting.
Porque ele é um dos filhos do Sporting.
E esta é a sua casa.
Com Esforço (financeiro), Dedicação (a uma causa) e Devoção (ao que nos une a todos), temos o dever de dar, a esta história, um final de Glória.
Esperamos-te em breve, Oh Insuk!

Saudações leoninas

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Portugal, ontem, hoje e amanhã!

Acordámos tarde. Demasiado tarde. E não vale a pena fazermos ajustes de contas com o passado.
Em 2009, por vontade da esquerda, de alguns laranjas, da maioria dos portugueses, Sócrates foi reeleito.
Na altura, dizia-se que não havia dinheiro para nada. E não havia dinheiro para nada. Foi gasto o dinheiro que não havia.
E porque assim foi, porque Sócrates assim quis, porque os portugueses assim o determinaram, estamos agora, em 2011, a pensar na miséria que virá em 2012.
Corta-se onde se tem de cortar, aumenta-se o que se tem de aumentar, não havia outra solução.
Custa, pois custa. Custa mais do que nos devia custar. Custa muito mais do que nos teria custado em 2009.
Na altura, votou-se na imagem e na beleza da retórica.
Dois anos depois, não há nada de belo e corremos agora para salvar a imagem, para continuarmos a ter polícias, a ter hospitais, a ter a Justiça que for possível ter.
Chegou, finalmente, o verdadeiro aperto de cinto. E a culpa não é só de Sócrates. Não é só de Teixeira dos Santos. Não é só dos dois. É de todos aqueles que votaram na política da mentira.
Esta é uma lição que muitos não esquecerão.
Depois do pântano e da tanga, o país segue nu. E não é por estar calor, não é porque assim quer, não é para pagar por aquilo que fez. É só para ver, para tentar ver, se Portugal tem futuro.
Talvez agora comecemos a perceber por que razão, até há menos de meio século, os portugueses rejeitaram a democracia.
Até porque é oficial. Com tantas imposições, tantos aumentos, tantos cortes, suspendeu-se a democracia em Portugal!
Bom fim-de-semana!

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Coragem!


Mais do que o resultado, a exibição de ontem deixou escapar uma verdade que é indesmentível.
Sem um núcleo que é fundamental, a selecção portuguesa tem dois grandes jogadores: Ronaldo e Rui Patrício.
Se Portugal tivesse jogado com outros dois jogadores, teria sido humilhado por 5-0 e estariamos em estado de choque a pôr quase tudo em causa.
Defensivamente, esta equipa precisa de Carvalho, de Pepe, de Bosingwa e de Coentrão.
No miolo, Hugo Viana e André Santos, em papéis diferentes, têm qualidades que Martins não teve, não tem, nunca terá.
Na frente, precisa-se de alguém que marque golos, que não destrua o jogo dos extremos, que não nos faça perder tempo e jogadas com sucessivas faltas e foras-de-jogo.
Postiga é uma nódoa. Nuno Gomes, sendo útil, já não tem a velocidade para ser titular a este nível. Hugo Almeida é sempre uma incógnita.
Há quem fale de João Tomás. Seria merecido. Mais merecido do que Postiga. Mas há um avançado português, da liga portuguesa, que não destrói jogo e marca golos.
Chama-se Wilson Eduardo. Está no Olhanense, por empréstimo do Sporting. Já deu provas de que pode merecer a confiança do seleccionador.
Dito tudo isto, creio que a palavra "coragem" tem andado fora do dicionário de Paulo Bento e dos portugueses.
Há que ter coragem de pedir que Carvalho reconsidere.
Há que ter coragem de chamar Bosingwa.
Há que ter coragem de preterir titulares de grandes clubes, dando confiança a suplentes desses grandes ou ao Hugo Viana, que joga no Braga.
Há que ter coragem de assumir que, sem a defesa na sua máxima força e sem o onze-base, temos a selecção mais banal dos últimos anos.
Há que ter coragem de abdicar da falta de jeito de Postiga, da falta de velocidade de Nuno Gomes, da falta de consistência do Hugo Almeida.
Há que ter coragem de chamar, para titular, um avançado da Olhanense.
Essa é a minha opinião.
Com coragem, multiplicada seis vezes, talvez possamos chegar ao Europeu com as legítimas ambições que tivemos em 2000, em 2004 e em 2008.
Independentemente do que acontecer, só faz sentido viajar para o leste no próximo ano com a convicção de que, depois da final, regressaremos com a taça.
Se for só para marcar o ponto e para jogar um futebol morno, então que volte o derrotado e conformado Carlos Queiroz.

domingo, 9 de outubro de 2011

Puro Sangue Lusitano, decisão no precipício


Nós, que não somos gregos, podemos imaginar o seu estado de espírito quando a possibilidade de vender as suas ilhas foi noticiada pelo mundo fora. Numa lógica de vender os anéis para ficar com os dedos, os gregos terão sentido esse peso como ninguém. A responsabilidade era deles. Essa possibilidade só a eles se devia. E, para o povo que inventou a democracia, sentir que iria ficar sem um dos seus mais importantes cartões de visita deve ter sido sentido como uma machadada quase definitiva na identidade de um povo com muitíssimos séculos de História.

O Estado Português vive uma situação financeira dramática com um impacto enorme a nível económico e social. A situação financeira, tenhamos coragem de dizê-lo, deve-se a um conjunto de medidas desgovernativas do período traumático que se seguiu à revolução de Abril. E, apesar de nos devermos assumir como europeístas praticantes, houve também uma (ir)responsabilidade da União, que foi decisiva na forma como o país foi vivendo mortes lentas nos mais diversos sectores.

Não temos nenhuma razão para sorrir. As pequenas e médias empresas vivem sérias dificuldades, multiplicam-se os despedimentos e os salários em atraso. Os jovens, sentindo os seus sonhos e horizontes castrados em Portugal, vão embora à procura da dignidade que este país deixou de lhes poder oferecer.

A economia parou. Parou por força das empresas públicas, parou por força da banca e dos grandes grupos económicos, parou pelas mais diversas circunstâncias. O que é certo é que a riqueza deixou de ser redistribuída pelo Estado (que, irresponsavelmente, suga aquilo que pode sugar), pelas empresas e pelos particulares. Portugal, diz-se por aí, faliu. E, como faliu, para já vivemos na lógica no ninguém paga a ninguém.

Ora, se ninguém paga a ninguém, se o Estado suga em vez de investir, se deixou de haver trabalho, se o consumo das famílias tem vindo a cair em flecha, podemos concluir que, no século XXI, trinta e sete anos depois do 25 de Abril, Portugal está a construir pobreza.

Chegámos ao precipício. E temos ainda muito a perder.

Perdemos a honra, a riqueza, a dignidade. Só não vamos perder o ouro que juntámos durante séculos porque não nos deixam, porque nos obrigam a ter de ficar com ele. Caso contrário, fá-lo-íamos, continuando a viver acima das nossas possibilidades.

Apenas não perdemos a História, porque essa perdurará até haver livros, documentos e memória.

Quanto às ilhas, há cada vez mais portugueses continentais que, no subconsciente, se querem ver livres do peso da dívida da Madeira.

Resta-nos o quê? Tendo em conta o facto de estarmos a auto-destruir as nossas humildes mas honrosas tradições e a beleza paisagística, praticamente o que nos resta é a Língua, é o Fado, é o Puro Sangue Lusitano.

A Língua Portuguesa sofrerá alterações na passagem do ano. Dir-me-ão que faz parte do desenvolvimento cultural. Tenho opinião, diversa, mas não discuto. Preocupa-me o facto de ver a nossa Língua sedeada noutro local fora deste país.

O triste fado que cantamos força-nos também a reflectir sobre o Puro Sangue Lusitano, que é, a par do Árabe e do Inglês, um dos três Puro Sangues que existem no mundo. É um cartão de visita, um produto português com certificado de qualidade.

Estamos a perdê-lo.

O centro da criação e do comércio deste Cavalo Nacional, se nada for feito, deixará de estar em território nacional. Corremos o risco de vê-lo situado numa qualquer fazenda brasileira. E, na Europa, o centro poderá passar a localizar-se na Bélgica ou França. Isso poderá demorar uns meses, uns anos talvez.

Mas a situação da Coudelaria de Alter, de 263 anos, está por dias. O Estado não tem dinheiro para a sustentar. Os animais deixaram de ser vendidos em leilões. Deixou de haver transparência na sua gestão. Diz-se, nos corredores da vida, que deixou de haver dinheiro para alimentar os animais, que a intenção governamental é, travestidamente, extinguir esta Instituição que faz parte do Património Histórico e Cultural do país.

O Serviço Nacional Coudélico, apesar de existir, por já não conseguir saber servir, não serve a ninguém.

Na Associação dos Criadores do Cavalo Puro Sangue Lusitano não há paz. Tem vingado uma lógica pouco transparente nas relações entre os criadores, os consumidores de cavalos desta Raça, mas sobretudo entre os próprios criadores e a Associação.

A propósito, há uma história absolutamente dramática que merece ser contada.

Em tempos, numa fase igualmente complicada da Coudelaria de Alter, houve um senhor que a ajudou, cedendo, ao Estado, por via dessa coudelaria pública, dois garanhões e um núcleo de éguas. Esse senhor, que Deus já tem, construiu uma das poucas linhas que existem de cavalos lusitanos, teve um contributo essencial na criação e desenvolvimento da Raça, ajudou o Estado Português, a Raça, os criadores.

Os herdeiros partilharam essa sua paixão pelo Cavalo Lusitano e continuaram a criar cavalos. Fizeram-no sem incentivos do Estado. Pelo contrário.

Por força de pontuações e resultados pouco rigorosos, um dos seus filhos sente-se forçado a vender algumas das suas éguas, do melhor que há no país e no mundo, para o talho.

Quem cria, com amor, trabalho, sacrifício e dedicação, cavalos Puro Sangue Lusitano, não pode ficar indiferente ao que se está a passar, até porque se trata de algo que é dramaticamente histórico.

É revoltante!

Não vou sequer falar da forma pouco responsável como a pessoa responsável a nível governamental, por desconhecimento de causa, pensa ter descoberto soluções para a Escola Portuguesa de Arte Equestre. A dignidade que merece a Escola e a própria Arte Equestre impede-me de descer a tão baixos patamares.

Mas a situação é séria. E, sendo séria, tem havido uma incapacidade de quem lidera no sentido de evitar e ultrapassar os problemas sérios e decisivos que se colocam hoje ao cavalo Puro Sangue Lusitano como produto português de excelência, à Coudelaria de Alter, aos criadores que estão associados numa Associação que tem pouca habilidade e visão para os desafios que se nos colocam a todos.

Tendo em conta a importância que o nosso cavalo tem na identidade portuguesa, assim como a relevância que poderia adquirir no futuro a nível económico e turístico, nesta altura, que é decisiva, não podemos baixar os braços.

Sem rupturas e guerras que possam deitar tudo a perder, com sentido patriótico e de Estado, temos a obrigação de corresponder a esta chamada de urgência, que é dramaticamente histórica, fazendo aquilo que for possível para salvar este património, material ou imaterial, que é parte integrante da nossa identidade enquanto portugueses.

Enquanto filho de um criador, sócio-fundador da Associação a que acima me referi, sou um apaixonado pelo Puro Sangue Lusitano. Por ele, faço o que posso, investindo nele tudo aquilo que me é possível investir, sempre de acordo com os poucos conhecimentos que tenho. Sei que o faço em conjunturas que não poderiam ser, e talvez até nunca tenham sido mais, adversas. Mas este é o grande desafio e esta é a minha causa.

Por uma questão de gratidão, de memória e de reconhecimento, por uma questão patriótica e de Estado, pelo amor a uma causa portuguesa e rural, por acreditar que se trata de uma questão de identidade nacional e com viabilidade aos mais diversos níveis, nenhum de nós pode deixar morrer a Coudelaria de Alter, as mais importantes Coudelarias privadas nacionais, a Escola Portuguesa de Arte Equestre e tudo aquilo que, surgindo ligado ao gado cavalar e ao Puro Sangue Lusitano, é de claro interesse público.

Fazer ou não fazer. Lutar ou desistir. Ter problemas e pegar nos problemas ou vender a alma ao diabo. Ganhar ou perder.

A escolha é de cada um.

A História responsabilizar-se-á de a julgar.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Uma vista de Lisboa

Entre a praia e o campo, entre o campo e o mar, de braços dados com o seu rio, capital mundial do Fado, ponto de partida para um mundo novo, porta de entrada da Europa, não há nenhuma cidade que seja tão incrivelmente bela como esta.
Quem vive, quem estuda, quem visita Lisboa, às vezes, e por força das rotinas, até se esquece do privilégio que tem.
Bom fim-de-semana.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

12 anos depois



"O Fado é tudo o que eu digo mais o que eu não sei dizer." (Letra de Aníbal Nazaré, cantava Amália Rodrigues)

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Dia do animal


Não poderia haver melhor altura para que o Pepe fizesse a sua estreia aqui na blogosfera, com uma fotografia em que está mortinho para saltar para dentro de água e nadar para apanhar os patos.

A ambição de ser primeiro


Não são os jogadores que chegaram, internacionais das melhores selecções do mundo, cujo talento é reconhecido por todos. Não é a forma sábia como o nosso treinador lê o jogo. Não são as nossas exibições, solidárias a defender e avassaladoras a atacar. Não são as nossas vitórias. Não é nada disso que assusta os nossos adversários. É a paz que voltou, a esperança que voltámos a ter, a alegria que passámos a sentir. Isso é que os assusta!
E estejam preparados. Eles vão fazer tudo.
Vão continuar a sair notícias como as que têm saído. Vão tentar separar-nos. Vão inventar que há jogadores que querem pensões por invalidez, que a direcção se virou contra a claque, que o capitão é para sair por tuta e meia, que o nosso guarda-redes é um frango. Vão dizer que não temos preparação, que a luta é entre os outros dois, que somos uma espécie de Braga entre os grandes.
E vão continuar a marcar-nos fora-de-jogos que não existem, vão continuar a anular-nos golos limpos, vão fazer vista grossa em grandes penalidades a nosso favor, vão pôr em causa a integridade física dos nossos jogadores. Vão expulsar jogadores nossos por tudo e por nada. Vão castigá-los.
Será provável que, em qualquer um dos jogos decisivos, não tenhamos os onze jogadores que constituiriam idealmente o onze principal.
Vai valer tudo, como tem valido.
Responderemos sempre da mesma forma. Com superioridade nas palavras e nos actos. Com exibições de encher o olho. Com uma vontade enorme de entrar em cada batalha com o objectivo de ganhar a guerra.
Poderemos vencer, poderemos perder. Mas lutaremos. Passo a passo.
É também de grandes sonhos, de grandes equipas, de grandes ambições e de grandes vontades que, entre os pingos da chuva, podem vir a sair campeões nacionais.
Temos a alma limpa e a consciência tranquila de que, tivesse havido verdade desportiva, estariamos em primeiro lugar.
Mas, mesmo não havendo verdade desportiva (a nosso desfavor), queremos ser, ainda assim, primeiros no fim.
É por isso e para isso que estamos neste campeonato.
Não vai ser fácil.
Viva o Sporting!

A luta sindical


Os jovens do meu tempo têm vindo a ganhar uma aversão aos sindicatos. Essa aversão não se deve ao desconhecimento da importância que as forças sindicais tiveram ao longo da História, sobretudo no século XIX, nem à lógica (hoje em dia, apenas teórica) de sentido construtivo na relação entre os representantes do Estado ou das empresas e os representantes dos trabalhadores.
De facto, hoje, os sindicatos, sobretudo aqueles que são mais mediatizados, continuam presos a um passado ultrapassado. Nesse sentido, não acrescentam nada de construtivo ao diálogo social. Em vez disso, reivindicam direitos, que sentem como adquiridos.
Os jovens do meu tempo não podem perdoar isso aos sindicatos, porque é essa lógica, de direitos adquiridos, que fará com que a minha geração (e, porventura, a que a seguirá), querendo ficar em Portugal, não consiga ter, a nível laboral, os direitos mínimos de uma sociedade suficientemente desenvolvida do século XXI.
Falta, aos sindicatos, além de uma atitude construtiva, um mínimo de sensatez. Numa conjuntura económica como aquela em que o país se encontra mergulhado (muito por força de uma vida acima das possibilidades e de uma demasiada protecção a um conjunto de direitos dados por adquiridos), é preferível reduzir salários, despedir alguns trabalhadores numa lógica de reorganização e racionalização de recursos. Uma atitude em sentido contrário, que conduziria ao fim da empresa, teria efeitos ainda piores: para o Estado, para o empregador, para os trabalhadores e para os demais stakeholders.
Os sindicatos, que hoje se assemelham a partidos de esquerda anti-construtiva, podem reverter esta situação. Veja-se, por exemplo, a atitude de António Chora, homem de esquerda, na Autoeuropa. Veja-se o exemplo da postura dos trabalhadores dessa empresa. Vejam-se os casos em que os trabalhadores apresentam planos de recuperação das empresas, por exemplo, na área dos transportes. Esses, sim, são os exemplos a seguir.
A luta pela luta não nos leva a lado nenhum...

domingo, 2 de outubro de 2011

Imagens que falam por si (VII)

Nota: Paixão, Paixão?! Agarra que é ladrão!