sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Quem tem razão?


Cheguei ontem de Milão mas, por motivos técnicos, não consegui ainda publicar o texto que escrevi sobre a viagem. Escrevi ontem, mas apenas será publicado nos próximos dias.
Não fui ao jogo da Taça de Portugal contra o Louletano, mas acompanhei o jogo pela internet. Não cheguei a horas de ver o Sporting - Dinamo, mas vi o resumo alargado do jogo. Foram duas importantes vitórias do Sporting, mas hoje vou falar dos insultos e da guerra entre a Juve Leo e a equipa do Sporting. Na minha opinião, todos têm as suas razões. A diferença está em quem tem mais razão.
Vamos ver, em primeiro lugar, o ponto de vista dos jogadores e dos dirigentes. Muitas vezes, quando era preciso apoiar, os adeptos não apoiaram. Certo.
Quando a equipa não teve sorte e quando passava um mau momento, os adeptos viraram-se contra a equipa. Certo.
O Sporting perdeu pontos por causa disso. Talvez até seja verdade.
As críticas que são feitas aos dirigentes, sobretudo aos que são os responsáveis pelo reforço da equipa de futebol, são, às vezes, injustas. Por exemplo, Deivid era o patinho feio em Alvalade e hoje é uma das pedras preciosas da equipa do Fenerbahce que, surpreendentemente, passou da fase de grupos da Liga dos Campeões. Alguns dos jogadores que passam pelo Sporting não têm sucesso, porque são logo assobiados pelos adeptos. Não posso estar de acordo com os adeptos. O mau momento de Yannick Djaló é inultrapassável dada a ausência de apoio por parte dos adeptos. Foi assim, por exemplo, com Vidigal. Quando os adeptos decidiram apoiar, Vidigal fez uma época fabulosa, o Sporting foi campeão, foi cobiçado por vários clubes e acabou mesmo por sair. O apoio dos adeptos conta. E conta muito. Veja-se o exemplo do Vitória de Guimarães.
Mas os jogadores do Sporting, ou alguns deles, não compreendem que os adeptos não têm os seus ordenados - muitos dos jogadores do Sporting ganham 15 mil contos/mês - e gastam milhares de euros, todos os anos, para ir apoiar a equipa, seja onde for. Marcam férias consoante o calendário da equipa e são sportingodependentes, porque a sua vida pessoal, familiar, afectiva e profissional depende do Sporting, do calendário da equipa e do momento de forma da mesma. Muitas vezes, os jogadores esquecem-se de agradecer e nem olham para eles. Raramente dão camisolas. Tratam os adeptos com desprezo e indiferença. E os adeptos são, directa ou indirectamente, responsáveis pelo facto da haver dinheiro para pagar salários aos jogadores. Sendo assim, nesse ponto de vista, a Juve Leo tem também razão.
Eu apoio a equipa de futebol do Sporting do princípio ao fim. Percebo que haja quem se revolte pela falta de empenho e de ambição de alguns jogadores. Percebo que haja quem se revolte com o facto de jogadores como o Farnerud, o Paredes, o Ronny e outros estejam no Sporting. E joguem! Percebo todas essas pessoas. Percebo, respeito e talvez até concorde.
O que aconteceu foi como uma bola de neve. A equipa não jogava bem, não ganhava, os adeptos não apoiavam e deu-se uma separação. Tudo normal. Os adeptos encontraram uma forma para mostrar a sua revolta, uma forma que se aceita perfeitamente. O Sporting, contudo, ganhou esse jogo para a Taça e voltou a ganhar na Liga dos Campeões, trazendo centenas de milhares de euros para os cofres do clube. No fim do jogo, Moutinho e Veloso deram as camisolas aos membros da Juve Leo e estes devolveram. É, também, uma forma de protesto pelas razões que atrás invoquei. Se Moutinho ou Veloso me dessem uma camisola, eu ficava com ela e guardava-a religiosamente. Mas talvez assim estes jovens jogadores consigam compreender que é preciso correr mais e dar mais para ganhar os jogos. Sem se esquecerem nunca dos adeptos, que com sacrifício pessoal fazem tudo para estar onde está a equipa e para a apoiar sempre.
Sendo assim, todos têm as suas razões e não fica mal a ninguém reconhecer esta realidade e aceitá-la com total normalidade. Julgo, até, que o que se está a passar vai fortalecer a união da equipa e fazer com que os jogadores se esforcem mais. Os resultados desta "guerra" são positivos, porque o Sporting alcançou duas goleadas depois de 6 jogos sem ganhar. Essa, também, é a realidade.

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