domingo, 4 de maio de 2008

Faltaram 2 pontos


O rugby é um desporto diferente. Se nas outras modalidades se podem formar grandes atletas, no rugby, acima de qualquer outra coisa, formam-se homens.
Tempos houve em que joguei na Agronomia. Jogava a centro numa equipa praticamente nova e sem experiência. Foi uma das grandes experiências da minha vida.
Éramos talvez 25 ou 26 no total e treinávamos duas vezes por semana, no duro. E quando digo no duro é no duro mesmo. Ao contrário das outras equipas, a Agronomia tinha, naquele ano, nos juvenis, uma equipa nova. Havia pouca experiência de rugby e não havia qualquer tipo de sistema de jogo. Isso uniu aquela equipa.
Ao contrário do que se pensa, vi vários amigos a chorarem nos treinos. A paixão por aquela camisola e a ambição de dar tudo por aquele grupo, por aquela equipa, era imensa.
Confesso que o melhor que consegui no rugby foi ser um jogador medíocre. Nunca passei daí. Mas dava tudo nos treinos, como todos os outros colegas, para podermos festejar vitórias aos fins-de-semana.
A experiência na Agronomia foi inesquecível. Foi naquele relvado e naqueles quilómetros de alcatrão que corríamos nos treinos que aprendi o verdadeiro sentido da expressão “espírito de equipa”. Outro conceito que aprendemos foi o de amor à camisola.
Ao contrário do que muita gente pensava, naquela época, ganhámos ao Belenenses, ao Técnico, ao Direito e ao CDUL, que são algumas das melhores equipas portuguesas, principalmente nos escalões mais jovens.
Lembro-me de um dia que foi marcante. Era domingo de manhã e jogávamos em casa contra o Belas. Era um dos primeiros jogos da pré-época e perdemos por 15-5, num autêntico banho táctico de rugby. O clima que se viveu antes desse jogo no nosso balneário, a entrada em campo e o fim do jogo serão, para mim, inesquecíveis. Foi graças a essa derrota que corrigimos muitos dos nossos erros e que arrancámos para uma boa temporada. É que tínhamos perdido contra uma equipa que era manifestamente inferior.
Por causa dos estudos, fui forçado a não continuar.
Mas devo muito à Agronomia!
Ontem, em seniores, a Agronomia perdeu, injustamente, o campeonato nacional de rugby, competição em que foi, de caras, a melhor equipa, apesar deste último jogo, diante do Belém ter sido mais equilibrado. Perder por um ponto no último minuto de uma final deve ser a pior sensação que um “profissional” de rugby pode ter.
Acompanhei esta época da Agronomia com uma maior atenção porque dois ex-colegas de equipa fizeram alguns minutos este ano pela equipa principal e poderiam ter sido campeões nacionais. Não foram, mas o sentimento que eu tenho é como se tivessem sido.
Para mim, a Agronomia nunca perde. Foi a melhor equipa este ano e só não é campeã nacional porque o Belenenses teve uma ponta mais de sorte. E porque Joe Gardener, afinal de contas, não deu para tudo…
Esta derrota não pode abalar a confiança da equipa. Ainda por cima olhando para a forma como perderam o jogo. Ontem, a equipa sénior da Agronomia dignificou e honrou todos aqueles que já lá jogaram e todos os seus adeptos.
Uma última palavra só para dizer que era bom que o Governo, as televisões e os portugueses dessem mais atenção ao rugby. Porque no rugby não há sistemas. Não há corrupção. Não há vigarices. Nem canalhas! É um desporto em que se joga por amor à modalidade e à camisola. E não se recebe um único cêntimo em troca de tanto esforço, tanta dedicação e tanto, tanto sacrifício.
Parabéns ao Belenenses, que é campeão nacional, e também à Agronomia, que desafortunadamente, perdeu a possibilidade de revalidar o título.

1 comentário:

João Faria disse...

António desculpa mas não concordo.

A vitória do Belenenses foi justissima, até porque,como se viu na repetição, um dos pontapes do gardener passou um pouco ao lado dos postes e foi considerado válido enquanto que o Belenenses,principalmente o Sebastião Cunha, o Hafu ,o João Uva e o Diogo Miranda fizeram um grande jogo, e mais importante que tudo, MARCARAM ENSAIOS.

uma equipa que joga para as faltas adversárias,como foi o caso da agronomia neste jogo,não pode ser campeã nacional.

Mesmo assim,acho que se o Vincent Coelho(1a linha) não se tivesse lesionado e o Jacques Le Roux tivesse disponivel,a Agro teria ganho.