quinta-feira, 24 de junho de 2010

Mérito português


Queria escrever sobre a participação francesa. Mas o que eu queria escrever já foi escrito. Pelo famoso "L'Equipe" que descreveu a participação francesa como "patética e ridícula", pelos vários analistas desportivos e pelo próprio Presidente francês que proibiu qualquer recompensa financeira por aquilo que considerou ser um autêntico "desastre".
Se nós formos a ver, existe uma diferença fundamental entre o que aconteceu com a selecção francesa e com a selecção portuguesa. Ao contrário do seleccionador francês, o português não aterrou na África do Sul com a certeza de que iria ser substituído e que já estava contratado o seu sucessor.
Existem também outras diferenças: na entrada para o segundo jogo, Portugal ainda não tinha perdido e somava quatro pontos, enquanto a França não tinha vencido e tinha o ponto do seu primeiro jogo.
É difícil comparar as coisas. Porque nem aquele caricato episódio português no México é tão absurdo como o francês na África do Sul.
Mas há semelhanças. Pelo menos duas.
Na chegada à África do Sul, nenhum dos seleccionadores referidos entusiasmava o povo. E durante o campeonato do mundo ambos ouviram críticas de, pelo menos, um dos seus jogadores.
É importante que realcemos que, relativamente a estas duas semelhanças, a Federação Portuguesa de Futebol e Queiroz souberam contornar os problemas, mantiveram (pelo menos aparentemente) a coesão do grupo e levaram Portugal a uma vitória histórica, por 7-0. Apesar de ter sido contra uma equipa frágil fisicamente, naquele momento Queiroz teve a sorte que Domenech nunca teve. Excepto quando aquele árbitro fez que não viu aquela descarada mão de Henry que fez com que a França chegasse onde, possivelmente, não deveria ter chegado.
Sei que é um risco escrever este texto antes de jogarmos com o Brasil. Porque tudo pode acontecer. E antes do jogo da Costa do Marfim com a Coreia do Norte. Tudo pode vir a ser possível.
Mas, do mesmo modo que registei as palavras de Deco, tenho de registar o mérito do seleccionador nacional em ter resolvido o problema. Porque, se não tivesse resolvido, poderia haver muito mais semelhanças com o "desastre" francês.
Sendo certo que França está fora, que Itália faz as malas e que, na próxima ronda, alemães ou ingleses poderão ir de férias, pode até ser que Portugal consiga fazer o menos provável e que, com a mesma sorte com que derrotou a Coreia do Norte, possa vir a ser campeão do mundo.
A sorte procura-se com trabalho. E, às vezes, encontra-se.
E, tão improvável que está este campeonato do mundo, pode ser que Queiroz venha de lá com o troféu.
Apelemos às ninfas. Oxalá que sim!...

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