quarta-feira, 13 de julho de 2011

A escolha, no PS, depois de Sócrates


Eu não sou do Partido Socialista, não desejo sucesso às ideias defendidas pelos socialistas, mas nem por isso deixo de querer que o PS tenha uma liderança forte, de modo a aquecer o debate político, debate que se deseja vivo, saudável, responsável e sempre leal.
Não sendo militante, nem sendo, longe disso, socialista, não deixo de ter opinião relativamente aos dois candidatos. Se eu pudesse escolher, escolheria Francisco Assis.
E escolheria Francisco Assis porque é, e sempre foi, um verdadeiro soldado, um soldado corajoso, um soldado de ideias, um soldado que viu as tropas irem virando costas ao combate e, quase sozinho, deu sempre o corpo às balas, por si, pelo seu exército.
Creio que, nesta altura difícil do país e da Europa, Francisco Assis poderia injectar alguma pujança à esquerda moderada e moderna. Poderia ser um parceiro de uma coligação de direita, rasgando com a falta de sentido de Estado de um PS que nada quer para o país e apenas deseja o poder.
Pelo contrário, Seguro é um homem apagado, supostamente intocável, nada tendo feito além da ascensão silenciosa pela via partidária. Será, certamente, mau para o país quando, a partir das próximas eleições socialistas, o PS mostrar uma liderança apagada, silenciosa, com medo de arriscar para o bem do país, uma liderança sem sal.
Nestes tempos difíceis, em que os jovens estão, como nunca antes, atentos e participativos em relação à política, Francisco Assis poderia, em conjunto com Passos Coelho e com os outros partidos, ajudar a reformar o sistema político e partidário, abrindo-o à sociedade civil, apelando, com isso, a uma mais estreita participação dos mais jovens.
Mas a mais do que provável vitória de Seguro demonstra bem aquilo que é, ou aquilo em que se transformou, o PS. É um partido sem convicções, que se move em função de quem ganha, de quem pode ganhar. Há um mês choravam com a despedida de Sócrates. Agora, esfregam as mãos com a possível vitória de uma liderança transitória, de um líder que sempre esteve na sombra do poder, manifestando-se, silenciosamente e sempre com preocupação de não criar nenhum rasgo, como o opositor mudo de José Sócrates.
Não podemos dizer que o mundo mudou em 15 dias. Mas podemos, com toda a convicção, dizer que os últimos 15 anos, de maiorias socialistas, quase mataram o PS. Vamos ver se ainda será possível que os partidos não-socialistas do centro e direita vão a tempo de impedir que o mesmo aconteça, também, no país.

1 comentário:

Anónimo disse...

Vejo que os fantasmas, por vezes, são muito incomodativos...