segunda-feira, 12 de setembro de 2011

O tormento


Maria de Fátima Bravo cantava que era um tormento viver sem esperança.
Numa altura de crise como aquela que vivemos, muitos portugueses estão vergados a esse tormento. Enquanto alguns continuam na busca de trabalho, outros tomam anti-depressivos para continuar a trabalhar. Destes, alguns são explorados, justificando, pelo trabalho, um salário muito maior. Outros apenas marcam o ponto. E outros vivem na incerteza de continuar a ter trabalho, e também salário, no dia de amanhã. Sem espaço no mercado de trabalho para o empreendedorismo e qualificação dos mais jovens, estes são forçados a fazer malas e emigrar para longe.
A população activa portuguesa, por força da necessidade de endividamento para poder constituir família e ter uma vida digna, caracterizada, na sua generalidade, no parágrafo anterior, e juntando-lhe ainda vários milhares de jovens forçados a seguir um caminho que não realizará, de todo, os seus sonhos, constitui uma sociedade completamente atormentada pela falta de esperança.
Uma sociedade assim é uma sociedade completamente castrada, onde não há lugar ao sonho, que é essencial na eterna procura da felicidade e do bem-estar.
Mais do que uma questão política, esta já é quase uma questão cultural. E há que a inverter. Com relativa urgência.
Este é o tempo de ver desempregados arriscarem novos negócios, por conta própria.
Este é o tempo de fazer mudanças, de estudar e investir, de trabalhar no sentido de criar riqueza, fazendo-se o que se gosta ao mesmo tempo.
É isto que é preciso mudar. Porque quem faz o que gosta, trabalha mais e melhor. E quem trabalha mais e melhor, produz mais riqueza.
Não há futuro sem sonho. E não se realizam sonhos destruindo a esperança. Esta é, pelo menos, a minha opinião.

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