segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Golegã 2012


Em tempos de crise, as coudelarias nacionais estão a apostar na inovação, adaptando-se aos novos tempos de mãos dadas com a ciência e com a profissionalização. Na minha opinião, esse é o caminho certo, aproveitando-se, assim e da melhor maneira, a matéria-prima de excepção de que dispomos: o cavalo Puro Sangue Lusitano.
Isso ficou demonstrado em mais uma edição da Feira Nacional do Cavalo, que teve menos gente, mas mais entendidos, menos negócios mas mais contactos. Outro factor que foi determinante e que se tem verificado ao longo dos últimos anos é o enormíssimo triunfo das coudelarias nacionais, organizadas de forma profissional, sobre aqueles que, de forma amadora, sem qualidade nem tradição, vendiam animais na Golegã, da mesma forma que também vendiam roupas falsificadas.
Esse feito enriqueceu a Feira, enriqueceu a grande festa da Golegã e do cavalo, trazendo maior visibilidade externa ao Puro Sangue Lusitano.
Para o ano há mais. E, se é que me é permitido, deixo aqui três sugestões, de modo a potenciar a Feira enquanto montra máxima deste inigualável produto português:

1 - Traje
Deve ser fixado um horário em que seja expressamente proibida a circulação de cavalos montados, na manga, por cavaleiros que não estejam devidamente trajados à portuguesa ou à espanhola, controlando-se, nas suas quatro entradas, as entradas de cavalos e cavaleiros nesse espaço, recorrendo-se à ajuda, se for necessária, da autoridade. Assim, por exemplo, das dez às vinte, só poderiam circular, na manga, cavaleiros devidamente trajados, além de cavaleiros que estejam vestidos de outra forma (por exemplo, equipamentos de horseball), para efeitos de aquecimento dos animais que irão entrar em provas. Poder-se-ia, também, admitir, num horário mais curto e, porventura, parcialmente coincidente, a entrada, naquele recinto, de cavaleiros vestidos com roupas de Dressage, Ensino, outros trajes de apresentação ou associados à criação cavalar, à lide com gado ou outros fados tradicionais portugueses ou estrangeiros.
Tratando-se da grande montra do cavalo nacional, há que ter rigor na apresentação, sob pena de manchar a imagem da Feira e do cavalo que é criado no nosso país.

2 - Seguro
Aproveitando o mesmo controlo de entradas, dever-se-ia impor que apenas entrassem no Largo do Arneiro animais com seguro, por uma questão de segurança, não só do cavalo e do cavaleiro como também de terceiros. Desse modo, iriam estar acauteladas algumas situações que forçam a sistemática entrada e saída de ambulâncias num espaço que deveria ser de convivência saudável entre as pessoas e os cavalos. Evitar-se-iam, também, bebedeiras exageradas a cavalo, quedas e outros acidentes que, infelizmente, são também inevitáveis em eventos como este.

3 - Atrelagem
Contra mim falo, que faço parte de uma família que, entre outras coisas, cria cavalos para atrelagem e que leva, com alguma regularidade, carros de cavalos para a Golegã. Mas a experiência que tive, assim como outras pessoas que, como eu, montaram na manga durante este fim-de-semana, não pode levar a outra conclusão: a quantidade de carros de cavalos no Largo do Arneiro deve estar condicionada a um determinado horário, que não coincida com os períodos em que a manga está mais sobrecarregada de cavalos. É perigoso. E dá, a quem ali monta, assim como, creio eu, a quem conduz ou é conduzido no carro de cavalos, uma sensação contínua de insegurança.

4 - Uma feira a todo o tempo
Se a Feira começa no dia 4, então é nesse dia que as coudelarias (na sua maior parte, profissionais) se devem fazer representar com os seus animais. Uma feira a todo o tempo potencia a possibilidade de negócio. É certo que isso acarreta custos, porque, possivelmente, teriam de estar, nos pavilhões, e ao longo da feira, o dobro dos cavalos presentes. Nesse sentido, dever-se-ia constituir uma comissão, eleita pelos criadores presentes na Feira que, em parceria com o Município, encontrasse soluções para financiar uma Feira que, se é para começar no dia 4, comece, logo no dia 4, em pleno.
Tendo em conta que algumas das coudelarias não se dedicam exclusivamente à criação e ao comércio do Puro Sangue Lusitano, dever-se-ia admitir a possibilidade e adoptar-se como regra o facto de que a cada dia correspondesse uma determinada raça (facto que quase já se verifica, com excepção dos dias principais), realizando-se, no Largo do Arneiro, as provas correspondentes a essa raça. Desse modo, as coudelarias poderiam, se fosse essa a sua intenção, expor os animais dessa raça. A Feira da Golegã não é, só, a feira do cavalo nacional. É a Feira Nacional do Cavalo. Desde que, no dia de S. Martinho e no fim-de-semana principal estivessem expostos maioritariamente cavalos da raça Puro Sangue Lusitano, nada impediria que, em dias determinados, se criassem as condições para que, a pretexto desta feira, as coudelarias pudessem expor, participar em concursos e vender animais de outras raças.

5 - Uma feira para o dia todo
O vinho e a água pé são parte integrante da festa de quase todos os que, anualmente, rumam à capital do cavalo. Se a tarde é para os cavalos e a noite é para a festa, restam as manhãs, que são para dormir. Mas nem toda a gente tem essa rotina. Pela manhã, limpam-se os pavilhões, tratam-se os cavalos. E a manga está vazia. Ora, nem todos os têm a mesma quantidade de cavalos montados pelo que a manhã deveria ser aproveitada, pelos criadores, para demonstrar alguns poldros à guia, mesmo na manga da Feira. É certo que isto já é possível, que é opção dos criadores não o fazer. Mas devem ser orientados para o fazer. Um cavalo passado à guia na manga (num período da manhã, dedicado só para esse efeito) pode demonstrar aquilo que não consegue quando está preso no pavilhão. Em tempos de crise, com tantos estrangeiros de visita, essa poderia ser uma boa oportunidade para mostrar os animais em acção, potenciando-se, também assim, o negócio.

Constatando, com felicidade, que a Golegã melhora de ano para ano, estas são as minhas sugestões para melhorar o que, creio eu, ainda pode ser melhorado.
De todo o modo, para o ano há mais...

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