Começo por dizer que a primeira pessoa que cumprimentei após a derrota na final da Taça de Portugal foi Godinho Lopes. Visivelmente triste, tentei, em três ou quatro frases, dar-lhe confiança. Acredito nele, nas suas capacidades. Revejo-me na forma como tentou potenciar o valor que herdou do passado e na sua visão do clube, muito mais virado para os sócios e adeptos do que para o poder e os bancos.
Não tive a oportunidade de cumprimentar, e incentivar, o seu vice-presidente. Mas li, dos seus olhos, a mesma desolação que partilhavam milhares de sportinguistas. Se tivesse tido essa oportunidade, teria-lhe dado outro abraço de conforto, de reconforto, de apoio e total confiança.
Fizeram, os dois, um trabalho notável. Devolveram a paixão ao futebol do Sporting. E devolveram o Sporting aos sócios, virando-se contra o poder que manda no futebol, instalado algures entre o lado de lá da segunda circular e a cidade do Porto. Afrontámos esse poder, e quem tem o poder estremeceu, mas o que é certo é que não temos o mesmo poder que eles. Somos tratados de forma discriminatória e ilegal, num corporativismo que não existe com qualquer outro clube das duas primeiras ligas do futebol português. Mas não convivemos mal com a forma parcial e deselegante com que somos tratados diariamente. Porque estamos a fazer o que está certo, na defesa da verdade no desporto e dos ideais que fizeram nascer o clube que hoje somos todos nós.
Esse apoio incondicional ao Sporting e a esta direcção não me impede de exigir que se faça, nesta altura, o balanço do que foi feito. Houve coisas más. Houve coisas boas. E não devemos, nem podemos, recomeçar do zero.
Antes de saber quem entra e quem sai, de quem vai investir e em quem, e no montante que irá ser pago por cada uma das perdas, o que eu exijo é que se faça, no Sporting, uma clarificação. Chamando os bois pelos nomes, quero saber quem é, o que pensa, o que faz e o que quer fazer Rui Paulo Figueiredo. Quero saber quem fala, sabendo que não deve falar. Porque há demasiada gente a falar, em sentido contrário e com motivações distintas, algumas delas alheias aos interesses do Sporting, que somos nós, sócios e adeptos.
Quem está a mais, tem de sair. Pelo seu pé ou empurrado. Mas tem de sair. Sendo certo que a SAD interessa aos accionistas, o Clube é dos sócios. Não é dos políticos nem de qualquer seita. Nem é dos bancos.
Fala-se, agora, de muitos jogadores. Não quero saber disso. De que vale vir uma estrela, se não houver uma estrutura unida e organizada que a potencie? Não quero falar de jogadores. Nem quero ouvir falar deles. Porque deles já falámos. Porque deles falaremos no futuro. Mas não há regra sem excepção. Mais do que estarmos fartos de não ganhar, estamos fartos de jogadores pequenos, pequenos de carácter. Estamos fartos de maçãs podres.
Pelo que sei, o nosso principal rival, que é o rival da fruta e do chocolate, está por aí. Está ansioso por atacar. E tem um alvo, que não tem demonstrado profissionalismo, porque quem lhe paga somos nós, os sócios do Sporting, ainda que esteja emprestado. Esse jogador está obrigado a apresentar-se na Academia quando os nossos representantes o exigirem. E tem de se apresentar. Tem de levar nas orelhas. Tem de aprender a mesma lição que, segundo o que também sei, foi dada a outros jogadores por via de um vice-presidente atento, que os nossos adversários não querem que esteja na nossa direcção.
O Sporting quis títulos, mas não os conseguiu. O objectivo ficou por atingir. Lutar pelo campeonato foi impossível depois do Inverno de Domingos. Lutar pela Taça foi impossível pela falta de discernimento de uma equipa e de um treinador que estão ainda no início de uma carreira. Valeu a campanha europeia. Fomos onde não pensámos ir, eliminámos quem não sonhávamos eliminar, mas o balanço desportivo é negativo.
Ou seja, antes de se falar em reforços, esta é a altura de se fazer o balanço, de se aprender com o que de mal foi feito, de limpar o lixo que ainda contamina a estrutura e de ter mão pesada com a podridão que ainda vive graças aos salários que nós, os sócios, o Sporting, lhe pagamos.
Quanto ao resto, nós não temos medo de lutar contra o sistema. Queremos ser campeões. Queremos sê-lo contra esse sistema. Mas, antes, vamos arrumar a casa e prevenir-nos.
Nesta conjuntura, não é difícil lutar por uma final europeia. Nesta conjuntura, é muito complicado lutar pelo título nacional. Mas unidos, com Godinho e Cristóvão, com a casa arrumada, vai ser mais fácil.
E vamos conseguir. Essa é, pelo menos, a minha expectativa.
1 comentário:
Já ouviu a expressão "Patrão fora, dia santo na loja"...pois então?
Enquanto não houver união dentro do Sporting, enquanto houver muitos galos a cantar ao mesmo tempo e cada um a sua canção e enquanto houver "inimigos" que se dizem sportinguistas de alma e coração, mas que é para o lado que dormem melhor quando o Sporting ganha, empata ou perde, não vamos a lado nenhum...
Antes de lutarmos com os nossos rivais temos que lutar dentro de casa contra tudo e todos aqueles que nada fazem pelo bem do Sporting...e são tantos!
Bjs :)
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