quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

O Clode

Depois de vários meses sem escrever, talvez seja por impulso, quase como obrigação, ou necessidade, que volto a fazê-lo, no meu cantinho do costume, onde costumo deixar, entre outras coisas, reflexões e desabafos, textos sobre estados de espírito.
Conheci o Clode quando fui acolhido numa nova família, onde mantenho grandes amigos, a família de São João de Brito. Aliás, no dia em que soube da sua partida, eu estava praticamente apenas com amigos, amigos do Clode, pessoas dessa família.
No momento de uma despedida, ou depois desse momento, tendemos a referir-nos apenas aos momentos bons. Esquecemos os maus. Fazemos por isso. Do Clode não guardo um único momento desses. Era um rapaz simples, no dia-a-dia, na praia, na noite, no campo de futebol. Era sempre o mesmo, igual a si mesmo, estivesse onde estivesse, com quem estivesse. 
Daquele olhar, brilhante e risonho, era impossível descortinar qualquer desconforto que tivesse com a vida. Não conheço alguém que tenha alguma vez dito mal dele, pensado mal dele. Era consensual e positivo. Educado e divertido.
Foi com um sentimento de dor e vazio que soube foi fatalmente atropelado poucas horas depois da entrada no novo ano. Quase dois dias inteiros depois de ter recebido a notícia, e a poucas horas da última despedida, as palavras são substituídas pelo silêncio. Mas a revolta brutal que sentimos quando nos apercebemos que somos mortais só pode dar lugar à Esperança de saber que o Clode foi merecidamente acolhido. 
Há pouco tempo, com o seu irmão, numa curta estadia em Milão, lembro-me de termos falado sobre Deus. Com o Clode, o João, não me lembro de, algum dia, o ter feito. Mas, se há coisa que me conforta, neste momento incrédulo e de revolta, é que o Clode foi acolhido. Como merecia.
Está em Paz no mundo onde não se contam as horas, a olhar por nós, os que contamos os minutos de recordação e Saudade.
Pessoas como o Clode fazem cá muita falta.
Aos pais, irmãos, família e amigos, deixo um forte abraço.
E, um dia, iremos encontrar-nos.
Até sempre, Clode.

4 comentários:

Inez Dentinho disse...

Subscrevendo, espero ocupar espaço nesse vazio.
Bj Inez Dentinho

maria disse...

Vi a notícia no telejornal...mais uma vida que se perde numa noite que devia ser de alegria, uma tristeza :(

Descansa em paz Clode.

Bjs :)

António Lopes da Costa disse...

Obrigado.

Fica a saudade e, a par dela, as boas recordações.

Beijinho

miguel vaz serra....... disse...

Amigo António
Não fiquei(ninguêm pode)indiferente às tuas palavras que me regaram as pestanas.É assim, não o nego.
Quem tem amigos como tu tem sorte também.
Muita força para toda a família e amigos(os como tu)