É importante que ninguém se deixe
confundir pela forma cirúrgica com que Sócrates gere os números que lança em
debates e entrevistas sobre o tempo que comandou os destinos do país.
Sócrates governou seis anos.
Quatro deles, fê-lo com maioria absoluta. E foi ainda no período da sua maioria
absoluta que entrou no período mais negro da sua governação. O PSD, na altura
com Ferreira Leite, teve uma postura crítica, uma visão drástica da realidade
que se estava a aproximar, apresentou alternativas. Sócrates foi a votos e
ganhou. Mas perdeu a maioria absoluta.
Sócrates não quis coligar-se. Não
quis fazer acordos parlamentares. Ignorou todos os partidos, fazendo fé no
sentido de Estado que o PSD sempre soube preservar.
Porém, forçado pela conjuntura
pela qual era o principal responsável, pediu ajuda externa. Aliás, para
contarmos toda a história, é importante relembrar que apresentou um PEC.
Apresentou dois. Apresentou três. Até ao dia em que, sucedendo-se um PEC atrás
do outro, rompeu a cooperação até então mantida institucionalmente com o
Presidente da República, apresentando um quarto PEC sem o ter, previamente,
debatido com o PSD.
Sócrates não foi demitido. Demitiu-se.
Recandidatou-se. Perdeu as eleições.
Demitiu-se, depois, da liderança
do Partido Socialista, encarregando-se a sua ala de tentar mostrar sinais de
vitalidade com a apresentação da candidatura de Francisco Assis com o apoio
inequívoco de António Costa e de outros camaradas próximos de Sócrates.
Enquanto Sócrates governava, ou
desgovernava, o país, Seguro ia fazendo o seu trabalho de casa. Presente como
deputado na bancada socialista, tornou-se mais severo na forma como distanciou
de Sócrates. Esteve com os militantes, somou apoios e, na hora do Congresso,
abriu as portas aos socráticos que nunca o haviam apoiado.
Nessas circunstâncias, Seguro
ganhou o PS.
Seguro, porém, não revelou a
liderança que se lhe devia exigir. Mais morno, menos convicto. Desconhece-se
qualquer faceta do seu carisma. Não descolou nas sondagens.
Entretanto, aparece Costa, o tal
candidato natural de poder do partido do poder depois do poder de Sócrates.
Pareço repetitivo. É poder, poder e poder. E é assim mesmo, ou não fosse o PS o
grande partido do poder em Portugal.
Costa encolheu-se. Fez as contas.
Seguro tinha o partido consigo. E aquele teve medo de perder. Disse que ia,
recuou, voltou a dizer que ia, voltou a recuar. Se bem me lembro, ainda deu um
tempo a Seguro. Mas, seguro com Seguro, o PS não deu qualquer importância a
Costa.
Entretanto, há notícias relativas
a chumbos do Tribunal Constitucional e de algumas divergências na coligação
entre PSD/CDS relativamente à condução dos destinos do país e a uma eventual
remodelação, de
que há tanto se fala.
Como diz o outro, começou a
cheirar a poder. O cheiro, e o poder, agitaram o PS. E foi assim que todos
apareceram outra vez. Rejuvenescidos mas nervosos, ansiosos com aquilo que o
novo vento trará.
Mas Assis está posto de parte,
Costa teve medo, Seguro não convence. Podemos dizer até que Soares, sim Mário
Soares, está demasiadamente velho para trazer o poder ao PS, e vice-versa.
Sem alternativas internas, mas
também sem alternativas para o país, é neste contexto que surge Sócrates,
trocando os números, pensando que o tempo nos levou a memória.
Podem dizer que é candidato a
candidato a Presidente da República. Para se desforrar de Cavaco, para se
vingar de Passos Coelho, para se manter acima de qualquer pessoa que, com ele,
tenha disputado o poder.
Posso não ser bruxo, mas antevejo
que Sócrates não será Presidente da República. E está a consciencializar-se
disso. A menos que o PSD apresente um candidato claramente perdedor, Sócrates
nunca conseguirá os votos da esquerda. Da esquerda tradicional, a que vale
entre 10 e 15% dos votos.
Sócrates está aí, está de volta.
Diz que não tem planos, mas tem. Quer ter poder. E, parecendo-me difícil que
encare a possibilidade de terminar a atividade política com uma derrota nas
presidenciais, não me admiro que lhe passe pela cabeça chegar-se à frente,
querendo conduzir o PS ao governo de Portugal.
Se é estranho, talvez seja. Mas
não me parece que a ideia seja descabida, porque, olhando para as sondagens e
para a realidade política atual, não há qualquer outro militante do PS que
ofereça garantias aos portugueses.
Mas o PS quer poder. Quer muito o
poder e quer muito poder. E, não restando mais ninguém, só há uma possibilidade
nesta altura.
Ele está aí. Está de volta. É José Sócrates.
2 comentários:
Anda às voltas no texto. Não sabe onde é o Norte ou o Sul. Muito confuso: Mas é preciso ter coragem para apenas juntar palavras e fingir que esteve a ordenar ideias. Aposto que não publica esta posição de um leitor. Cptºs, RLDias
Amigo António
Espero que tenhas o síndrome de Gaspar, ou uma Gasparitis Agudis em relação a Sócrates.Ou seja, que não acertes uma.
Em Portugal, com este povo burro e inculto, e digo-o de boca cheia pois é verdade, tudo é possível....Como diria uma amiga nossa, "que medo"...
No entanto quero ressaltar e sublinhar um defeito imenso (dos milhões que tem)de Sócrates.
A covardia.
Só ataca quando não há contraditório e nas entrevistas "acertadas ou concertadas" com os Jornalistas que ficam proibidos de tocar vários podres, vários pontos fundamentais.
Ora assim é fácil.
A prova do que digo é a não resposta a Pedro Santana Lopes pelo desafio a um debate sobre as acusações que o outro lhe fez!!!
O medo é muito e ele, como nós,conhece bem Santana Lopes que o sideraria em 5 minutos...
Covarde!
Um abraço
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