Faz capas de jornais, é tema para páginas e mais páginas de um folhetim diário, é o assunto na ordem do dia das televisões sempre que falam do Sporting. Falo do Bruma, da novela.
Imaginem o que seria, se o Sporting não quisesse ficar com o jogador. Imaginem o que seria, se o Bruma não adorasse o clube e não quisesse mesmo ficar.
Todos sabem que o melhor, para Bruma, é ficar em Lisboa, vestindo de verde e branco. Sabe Bruma. Sabe o Sporting. Sabe o único clube que verdadeiramente acredita nas suas potencialidades, que oferece milhões (três Nolitos e meio, três David Villas) para que o jogador fique emprestado no Sporting. Sabe o seu empresário e sabe o seu advogado, pobre incompetente que pensa ter descoberto o petróleo.
Penso que a novela, que existe, terá um fim. Bruma fica no Sporting, potencia-se, assume o lugar de Nani na selecção, dá o salto a troco de uma pequena, mas justa, fortuna, e vai assumir-se como um dos grandes jogadores do mundo.
A outra possibilidade seria a de Bruma sair já, para um clube onde não será titular, perdendo o combóio do Mundial e correndo o risco de, tal como Paim, ter de se dedicar aos saltos para a piscina.
Mas o que registo, que é apenas o que pressinto saber, é que Bruma, em Portugal, só jogará de verde e branco, jogando, em Alvalade, pelo menos mais um ano.
Registo ainda outras coisas.
O caso Bruma irá resolver-se em benefício para todas as partes, mas há outros Brumas, Brumas verdadeiros em Portugal, que estas falsas peripécias ligadas ao verdadeiro Bruma têm escondido.
Quantos Brumas existem no FC Porto? É mais provável Atsu jogar no Sporting ou no Benfica do que ficar no Porto. É um bom jogador, que sairá pela porta dos pequenos, vendido por uma pechincha. E Rolando? O tal que o Porto tenta oferecer ao seu rival? Ninguém fala dele?
Mas não é só na invicta que há brumices. Em Lisboa, também as há.
Imaginem, agora, que Bruma tinha feito mais do que meia dúzia de jogos. Que era uma peça fundamental. Que tinha sido a terceira contratação mais cara da História do clube. Que era o grande goleador. Aquele que resolvia. Que tinha marcado, em jogos oficiais, na equipa principal do clube, mais de uma centena e meia de golos. Imaginem que o clube queria despachar esse jogador, detentor de um pé esquerdo que decidia jogos, um dos melhores avançados da Liga, um dos melhores goleadores da história do clube.
Imaginem, já agora neste "suponhamos", que o clube punha, no mercado e em desespero, o passe do jogador. E que o mercado, sorrindo, nada dizia, apenas se oferecendo propostas irrisórias por esta peça fundamental, vindas de um clube recém-promovido em Inglaterra e de um clube de um campeonato secundário que está impedido de ir às competições europeias.
Nós, no Sporting, não temos 105 jogadores, estamos em fase de uma reestruturação que reduzirá orçamentos, mas temos dinheiro para ir fazer um estágio lá fora. Não somos uma empresa de compra e revenda de jogadores, nem uma empresa de televisão. Não ganhamos, também, à conta da fruta, do chocolate ou da meia de leite.
Temos, para resolver, a situação de Bruma. Iremos resolvê-la. E fá-lo-emos no devido tempo, provavelmente numa altura em que o Atsu estará, lá para Gaia, a correr sozinho e numa altura em que Cardozo continuará vinculado a um clube, que não o quer, e onde aquele, de todo, também não quer ficar.