1 – Benfica campeão
Podemos dizer que, se fosse a
exame, o campeão passaria com nota “suficiente”, um 9,5 de 0 a 20. Jogou um
futebol velho e chato, cansativo para quem gosta de “futebol para a frente”. Foi o QB que bastou para superar um Porto à
procura do norte e um Sporting que foi caminhando aos ziguezagues, ainda que
sem comprometer em demasia.
Sendo certo que Vitor Pereira foi
pai e mãe desta equipa, que aconchegou com um caloroso – e até afetuoso! –
colinho, o mesmo que aqueceu as costas do FC Porto durante trinta anos, ficamos
com a ideia que o Benfica vacilou menos que a equipa de Lopetegui. Mas o Benfica,
mesmo na fase decisiva do campeonato, deslizou em Vila do Conde e escorregou em
Guimarães. Chegou. E talvez tivesse chegado noutras circunstâncias, sem ajudas,
ajudinhas, colos e colinhos. O golo em Alvalade, no último minuto dos
descontos, faz-nos crer que este Benfica tinha a estrelinha que torna justa a
vitória dos campeões.
2 – Taça de Portugal
Logo que foram sorteadas as bolas
para a primeira eliminatória da competição onde entram os três grandes, todos
davam o Sporting como eliminado. Mas o Sporting jovem e fresco de Marco Silva foi
eliminar o Porto ao Dragão. Na linguagem corrente, ao som dos olés, o Sporting
deixou o Dragão com três batatinhas no saco.
Seguiram-se algumas eliminatórias
mais acessíveis, que culminaram com a meia-final que pareceu ganha por acaso,
com um lance fortuito bem consumado por Mané, confirmado em Lisboa num dia em
que os jogadores pareciam jogar contrariados.
A estrela, que o Benfica teve em
Alvalade, no Dragão e no Bessa, acompanhou o Sporting até ao fim das grandes
penalidades no Jamor, depois de um empate caído do céu, na sequência de um
futebol frouxo, trapalhão e com pouca qualidade. Valeu pela festa (e que bonita
foi a festa!) e pelo regresso ao título por parte do “novo Sporting” que
acordou e já lavou a cara.
3 – Jesus no Sporting
Foi o choque do defeso, a cartada
que ninguém esperava. Foi a concretização de um sonho que eu tinha, apesar de
não esperar que ocorresse nestas circunstâncias.
Em primeiro lugar, há que referir
que Jorge Jesus sai do Benfica por vontade do Presidente Vieira. Não quis
renovar. E pior: conhecendo a situação familiar de Jesus, Vieira quis que o
treinador fosse para bem longe. Pensou no dinheiro e não pensou no homem. E
Mendes também. Foi feio.
Em segundo lugar, sobre a vinda
para o Sporting, há que referir três pontos. O primeiro, para dizer que foi a
(única) forma de Bruno de Carvalho salvar a face e reabilitar a sua imagem,
depois do desentendimento com Marco Silva. O segundo, para sublinhar que se
trata de uma aquisição que permitirá melhorar a qualidade do futebol do clube,
dotando a equipa de melhores condições para competir pelo primeiro lugar. E o
terceiro, para referir que, do meu ponto de vista, foi uma “jogada” do ponto de
vista financeiro. O que se perde no salário ganha-se na venda do passe dos
jogadores. E bastará que um “Cedric”
saia por 15 em vez de 5 (milhões de euros) para que o “negócio Jesus” seja lucrativo.
Não tenho dúvidas de que isso se
sucederá e que Jesus trará títulos e dinheiro a ganhar.
4 – A vergonha na
arbitragem
Há sempre uma componente
demasiado subjetiva (e afetiva) na análise a uma arbitragem. Pessoalmente, acho
que Marco Ferreira não esteve bem na final da Taça. Mas nenhuma das três
equipas esteve bem.
Porém, o desempenho (a meu ver,
medíocre) nesse dia não apaga a ideia que tenho sobre aquele que considero como
um dos três melhores árbitros portugueses. Foi despromovido. E toda a gente
percebe porquê.
Com Marco Ferreira, na última
época, o Benfica perdeu em Braga (2-1) e em Vila do Conde (2-1). E viu-se
aflito para ganhar no Bessa (1-0). Os jogos arbitrados por Marco Ferreira
foram, portanto, muito difíceis para o Benfica.
Por comparação com Capela, que, consecutivamente,
nos assola com arbitragens completamente desastrosas, e terríveis para quem gosta
de uma competição emocionante mas séria, o Benfica ganhou 5-0 em Barcelos, 6-0
em casa com o Estoril, 5-0 em Setúbal e 1-0, em casa, com o Gil Vicente. Foram
os tais jogos em que, contra 10 e com um “penaltizito” a favor, foi preparado a
festa que começou com espancamentos, atos de vandalismo, furtos e roubos e
culminou à “garrafada” no Marquês.
5 – Os outros
Ainda no que respeita ao campeonato português, a grande
incógnita cumpriu bem. Falo do Boavista, que voltou. Ficou a 11 pontos da
descida e a 14 da Europa. Foi uma boa época.
No que respeita a surpresas, Moreirense e Guimarães estiveram
muito bem enquanto tiveram gás. E, quando o perderam, quem aproveitou foi o
Belenenses que, depois de muitas épocas complicadas, regressa à Europa. E vai
fazê-lo com o Ricardo Coração de Leão. Aperta com eles, Sá Pinto!
6 – E a Europa
O Sporting ainda não teve equipa
para a Liga dos Campeões. Apesar do que aconteceu na Alemanha, o Sporting
também deve a sua eliminação à entrada com o pé esquerdo na Eslovénia. Este
tipo de erros paga-se caro. E a transição para a Liga Europa, provavelmente,
salvou os adeptos do Sporting de uma ou duas noites de pesadelos.
O FC Porto cumpriu, e cumpriu
bem. Deu uma boa imagem em quase todos os jogos. Foi pena não ter comparecido
nos primeiros 45 minutos de Munique. Saiu sem argumentos e de forma trágica
numa noite de terror.
No que respeita às competições
europeias, o Benfica foi apurado para a Liga dos Campeões. Ficou no pote dos
mais fortes e teve sorte no sorteio. Mas, quando foi chamado, não apareceu.
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