quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Outros, por favor!


Apesar de, convictamente, não ser propriamente um republicano, tenho, como cidadão e eleitor, o dever de encarar a realidade no sentido de escolher, entre as escolhas que me são oferecidas, o melhor para o meu país.

Quando elegemos um Presidente da República, elegemos, de facto, uma pessoa, em função das garantias que nos oferece e da visão que lhe reconhecemos. Elegemos pelos valores que o candidato mostra ter, pelas causas que demonstra defender, pelas características que aparenta ter.

Sumariamente, entendo que o chefe de Estado, além de ser um garante da Constituição (que urge rever), deve ser um elo de ligação entre os partidos, um garante da estabilidade política, apesar dos poderes e deveres que a Constituição lhe atribui.

Gosto muito pouco de falar de nomes, mas, em Presidenciais, não nos resta outra alternativa. E, não sabendo em que candidato poderia votar, há, desde logo, um candidato em quem, em princípio, não votaria, da mesma forma em que não votei em Cavaco Silva. Esse candidato (que está entre o conhecido lote de candidatos a candidatos) é Marcelo Rebelo de Sousa.

Apesar do respeito que tenho pelo Professor Marcelo, não lhe reconheço a competência prática que se exige para um líder e, menos ainda, para um Chefe de Estado. Sendo um comentador muito mediático e um ótimo professor de Direito, fracassou no único momento em que pôde afirmar-se politicamente, numa conjuntura em que liderava o principal partido da oposição.

Idealmente, compreende-se o que Marcelo quis fazer, criando uma grande Aliança Democrática como sinal de união dos partidos à direita do PS, na perspetiva de mobilizar os portugueses em torno de um programa político alternativo. Fracassou.

Sendo certo que não podemos julgar as pessoas através da constatação de apenas um facto, e muito menos uma pessoa cuja competência é consensualmente reconhecida por todos os portugueses, eu nunca apoiaria entusiasticamente Marcelo pelas duas únicas características que julgo que tem.

Desde logo, o comentário político do Professor não me cativa minimamente. Sinto, ou sentia quando o ouvia no jornal de domingo da TVI, que Marcelo não diz o que pensa. Diz o que lhe convém, quando lhe convém, na medida em que lhe convém, tentando, na lógica de quem dá uma no cravo e outra na ferradura, ser consensual junto dos cidadãos e de todos os quadrantes.

Comentando todos os domingos, continuo a não saber o que Marcelo pensa sobre o exercício do cargo de Presidente da República, sendo que o apoio que continuamente presta ao Presidente Cavaco Silva não augura nada de bom.

Além disso, Marcelo Rebelo de Sousa é, do meu ponto de vista, um teórico e, como tal, uma pessoa que, sendo competente, oferece poucas garantias de uma perspetiva mais prática. É, do meu ponto de vista, um situacionista numa altura em que o país entra num ciclo de viragem. Não sei sequer até que ponto Marcelo como candidato, e como Presidente, poderia ser um presente envenenado para “a direita” portuguesa, atualmente liderada, no PSD, pela ala que, em teoria, é contrária à de Marcelo, e no CDS pelo mesmo Paulo Portas que deu a sentença final quando Marcelo quis formar a AD.

Pelo exposto, não poderia, pelo menos de uma forma convicta e entusiástica, apoiar Marcelo. E não posso assinar por baixo de quem escreve que é o melhor candidato que “a direita” pode ter para as Presidenciais que se aproximam. Prefiro outros.

1 comentário:

miguel vaz serra disse...

Amigo António
Já somos dois.
Nem votei em Cavaco nem votaria NUNCA em Marcelo.
Chega de 8 anos de anormalidade!
As pessoas não têm ideia de como o "não poder" tem tanto.
Se Cavaco tivesse posto Sócrates,logo na primeira legislatura, nas ruas de Paris, NADA disto tinha acontecido.
Mas ele queria ficar mais 4 anos lá e por ele e ele só sacrificou toda a população,o Estado e a economia para se manter na mordomia mais escandalosa da Europa pois gasta mais dinheiro por ano que Monarquias como a Espanhola que gasta metade de Cavaco.
Somos uma República que envergonha qualquer pessoa de bem!!!