Se há país de grandes homens,
esse país é Portugal. Porém, a História do século XX fica marcada pela
revolução de Abril que, tendo terminado com o Estado Novo, não deixou de ter os
seus contras, prudentemente apagados dos manuais de História, onde não surge
notícia da tomada de assalto de património privado, a nacionalização de
empresas a troco da ameaça à vida e a entrega do país ultramarino, responsável
pela esmagadora parte da nossa riqueza, ao Deus-Dará.
Quase totalmente apagado da
História portuguesa surge Aristides, diferente dos heróis Soares, Alegre ou
Almeida Santos, responsáveis pela subtração de parte da riqueza nacional.
Aristides, claro está, era diferente. Nascido e criado num ambiente rural,
estudou Direito em Coimbra, tendo-se instalado em Lisboa depois de licenciado,
seguindo, depois, a carreira consular.
Porventura, neste país em que
todos têm de ser doutores, é pouco compreensível que se destaque um mero cônsul
em detrimento dos desconhecidos diplomatas. E talvez fosse uma afronta o facto
de se erguer a figura de Aristides, deixando para trás aqueles tais heróis que
reduziram Portugal a quase nada, deitando, no contentor do lixo, o esforço
patriótico dos visionários dos Descobrimentos, como se estes heróis do século
XX não tivessem criado as condições para que Portugal, na altura em que se
criava a ideia de uma verdadeira União Europeia, quase se tornasse comunista,
aprovando-se uma Constituição de esquerda e totalmente impeditiva do
desenvolvimento nacional.
Fez, na semana passada, sessenta
anos que morreu Aristides e, no ensurdecedor silêncio à sua memória, apenas
justificável devido ao facto de ter exercido funções públicas no regime de
Salazar, resolvi invocá-lo, a título de exemplo, ainda no espírito de quem, há
menos de um mês, visitou o trauma do pequeno esconderijo de Anne Frank em
Amesterdão.
Mais do que uma homenagem, sinto
uma certa obrigação na invocação deste homem que serviu Salazar e o Estado Novo
e, com isso também, o País, partilhando o lema, que também tenho como meu –
hoje, proibido – do Deus, Pátria, Família.
Essa obrigação surge do sentimento de enorme injustiça que causa o facto de,
deliberadamente, se apagar um herói da História Nacional.
Aristides era católico,
monárquico, nacionalista e não era, de todo, um democrata. Não poderia, por isso, integrar-se
no Portugal de hoje, um país falido sem valores nem lei. A única característica
que se mantém é a inexistência da democracia, daí se fundamentando e fomentando
o silêncio perante o herói Aristides, sendo, agora, proibido ser-se de direita.
Aliás, se Barroso não fosse
Barroso e fosse, por exemplo, Costa ou Soares, ou Alegre ou Almeida Santos, ou
Constâncio ou Sampaio, ou Guterres ou Vitorino, ou, simplesmente, do PS, teria
já, em Lisboa, uma estátua e uma avenida em seu nome.
Voltando a Aristides, nomeado por
Salazar, depois de ter estado colocado em países como o Brasil, os Estados
Unidos ou Bélgica, foi cônsul em Bordéus, desempenhando essas funções no
período traumático da Segunda Guerra Mundial.
Sendo certo que a sua forma de
atuar estava longe de estar conforme às boas regras da disciplina, tendo
desrespeitado ordens governamentais e falsificado documentos, foi dessa forma
que salvou milhares de vidas de judeus que fugiam da invasão da Alemanha de
Hitler.
“Se há que desobedecer, prefiro
que seja a uma ordem dos homens do que a uma ordem de Deus” é, porventura, a
frase mais simbólica de Aristides e aquela que melhor representa o ato heróico
de correr o risco de ser preso para salvar a vida de milhares de judeus.
À semelhança do próprio Salazar, que, evitando a entrada na Guerra, salvou
Portugal e os portugueses, Aristides é um dos heróis portugueses do século passado,
sendo que o segundo, menos disciplinado que o primeiro, demonstrou o seu
carácter Humanitário de uma forma mais evidente.
Muito foi o que mudou desde esse
tempo, sobretudo desde a altura em que começaram a erguer-se novos heróis.
Deixou de haver indústria, agricultura, comércio, serviços. Já para não falar
nos valores, na perseverança em defender costumes e tradições. Dizemos que
estamos mais desenvolvidos, só porque todos podem ter um curso, esquecendo-nos
que poucos são os que podem ter trabalho aqui.
Continuamos pobres, mas, agora sim
(!) – em Abril, quarenta anos depois - “orgulhosamente sós”, são os angolanos
que mandam em nós. Não reclamo do que foi feito, mas do modo que o foi.
Na verdade, talvez seja altura de
mudar os manuais de História, e de alguém perguntar quanto dinheiro deram a
ganhar, ou quantas vidas salvaram pessoas como Soares, Alegre, Santos, Costa,
Seguro, Sócrates, Guterres, Ferro, entre tantos e tantos irresponsáveis de
esquerda que, heroicamente, nos tiraram a soberania económica e a independência
financeira.
É assim, aproveitando a comparação, que
realço a importância de Aristides, um dos melhores portugueses vivos do século
XX.
Que lhe seja feita Justiça. Que
lhe seja feita Honra. Sobretudo, porque os outros heróis, os tais
revolucionários do cravo caracterizados, pelos próprios, como seres de
intelectualidade superior, ao pé de Aristides, são como o Romeiro de Frei Luís
de Sousa. Ninguém.
1 comentário:
O grande herói Salazar!
"A 23 de Junho de 1940, Salazar determina o seu afastamento do cargo, e envia o Embaixador Teotónio Pereira. Em Portugal, Sousa Mendes solicita, em vão, uma audiência a Oliveira Salazar, mas este Salazar determina, a 4 de Julho, a abertura de um processo disciplinar ao diplomata que é instaurado a 1 de Agosto de 1940.
Como consequência, Aristides de Sousa Mendes é afastado da Carreira Diplomática e afastado de qualquer actividade profissional, sendo ostracizado pelos seus pares, familiares e amigos. Os filhos, perseguidos e não podendo encontrar trabalho em Portugal, são obrigados a emigrar."
" A 30 de Outubro Salazar condena-o a «um ano de inactividade, com direito a metade do vencimento, devendo em seguida ser aposentado». No entanto, esta determinação não é c
umprida, sendo Sousa Mendes pura e simplesmente expulso da carreira, sem passar à situação de aposentação. Fica interdito até de trabalhar como advogado."
"Entre 1940 e 1954, Aristides entra num processo de “decadência”, perdendo, mesmo, a titularidade do seu gesto salvadorpois, Salazar apropria-se desse acto. Através da propaganda do Estado Novo, os jornais do regime louvam Salazar: “Portugal sempre foi um país cristão” é o título de um Editorial do Diário de Notícias do mês de Agosto de 1940, em que Salazar é louvado por ter salvo refugiados no Sul de França. Até Teotónio Pereira, reclama, nas suas “Memórias”, a acção de Aristides de Sousa Mendes como sendo de sua autoria! O cônsul morre a 3 de Abril de 1954."
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