segunda-feira, 13 de abril de 2009
A continuidade de Quique Flores
Como todos sabem, não sou do Benfica, não gosto do Benfica e tenho até uma antipatia fora do vulgar em relação ao clube.
Mas preocupa-me, hoje, o futuro do futebol português. Preocupa-me a falta de verdade desportiva, a falta de civismo dos dirigentes desportivos e da incompetência que reina em várias instituições portuguesas, sejam elas desportivas, sejam de outro âmbito. Por isso, gosto de Quique Flores, enquanto pessoa e interessa-me que continue, durante pelo menos mais dois anos, como treinador do Benfica. Interessa-me que o Benfica ganhe, que chegue longe nas competições europeias, porque se o Benfica atingir a grandeza que o seu potencial lhe permite atingir, todos os seus competidores directos beneficiarão.
Nunca vi jogar uma grande equipa do Benfica. Já não sou desse tempo. E tenho a certeza absoluta de que o Benfica pode voltar a ser um colosso europeu, se apostar num projecto a médio-prazo, com um treinador como Quique Flores, extremamente bem educado, ambicioso e com a irreverência de quem está ainda no início de uma carreira.
Quique Flores cometeu erros, que o Benfica pagou bem caro. Desde logo, a questão do guarda-redes. Foi um erro. Assim como o facto de não vermos no Benfica laterais que possam ser indiscutíveis.
Se o Benfica apostar no que tem, mesmo que não ganhe hoje, estou fortemente convicto de que um onze com jogadores como Moreira, Sidnei, Miguel Vitor, David Luiz, Ruben Amorim, Di Maria e Cardozo, aos quais se juntarão Fábio Coentrão e Adu, pode vir a ser uma equipa muito forte. Sem Reyes nem Aimar's. E muito menos com Carlos Martins. Mas com a experiência de Nuno Gomes. E relativamente a contratações, eu, no Benfica, faria poucas: João Pereira, para lateral direito, e investia forte num lateral esquerdo experiente, que pudesse alternar com Sepsi. Vendendo Quim, Luizão e Katsouranis, três pesos pesados da equipa, o Benfica encaixaria o dinheiro suficiente para poder construír uma boa equipa, que fosse mais jovem, com maior potencial e mais portuguesa.
De uma vez por todas, o Benfica tem de perceber que não pode fazer revoluções todos os anos. Não pode pedir ao treinador para ganhar logo na primeira época. Há que ser paciente, que compreender os problemas e ser mais tolerante perante a juventude da equipa. Até porque há sempre um período de adaptação.
O problema do Benfica, para mim, não é Rui Costa nem muito menos Quique Flores. O problema é outro. E só espero que os benfiquistas não cometam o mesmo erro, uma vez mais.
Relativamente a Quique Flores, o seu primeiro ano termina agora. Foi mau? Foi. Eliminação humilhante da Uefa e a conquista do campeonato tornou-se impossível com uma antecedência inesperada. Mas não há maior injustiça do que mostrar lenços brancos e pedir a cabeça do treinador quando aquela equipa do Benfica fez, provavelmente, o seu melhor jogo da temporada. Há dias assim, em que a bola não entra. E foi por isso, só por isso mesmo, que o Benfica perdeu no último fim-de-semana. Porque foi demolidor do princípio ao fim. E terá sido até, na minha opinião, a equipa que melhor futebol praticou, pelo menos nesta última jornada.
Ao futebol português, faz falta um Quique Flores. Seja no Benfica, seja noutro clube qualquer. Pela educação, pelo desportivismo, sobretudo nas horas em que esteve por cima. Pela humildade. Pela transparência. Pelo seu sentido humano.
Pessoalmente, eu gosto de Quique Flores. E tenho a certeza absoluta de que o Benfica teria muito a ganhar se ficasse com ele. Porque ao contrário do que muitos podem pensar, faz mais falta um Quique Flores do que meia dúzia de vaidosos que comandam a vida em função das malditas primeiras páginas dos jornais desportivos...
E desses, o Benfica tem vários. Esses sim são dispensáveis.
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3 comentários:
Gostei! 1º Comentário positivo sobre um adversário...(pelo menos q tenha visto)
A única coisa que não sei é a real intenção deste comentário, se é realmente para valorizar o Quique Flores ou se é em preparação de uma desculpa para o que vai acontecer ao Sporting já na próxima época...
Bem António....o comentário é do agrado geral dos benfiquistas, mas tem um pequeno lapso, quando diz que há dias assim, em que a bola não entra.
Como comentou as diversas jornadasem que o Benfica foi beneficiado, haveria de certeza tempo para escrever uma ou duas linhas sobre a arbitragem de Marco Ferreira.
Eu vi o jogo, e de facto a bola entrou. Ah e o árbitro ainda nao veio para a praça pública admitir que errou. São lapsos.
Estou geralmente de acordo consigo, Bruno. Se fizermos um saldo entre prejuízos e benefícios do Benfica, relativamente a este jogo, creio que o Benfica terá sido prejudicado neste jogo, apesar de ter jogado contra 10, depois de uma simulação de Reyes.
Parece-me ridículo que o Benfica tenha agora um senhor que "manda recados". Porque João Gabriel entrou em contradição, nas duas conferências de imprensa que deu. Ou o Benfica também tem mau perder ou sente que foi roubado, sentido-se frustrado, por isso. Como o Sporting se sentiu depois relativamente à final da Taça da Liga.
Ruca, este artigo não é uma desculpa. Apenas trago para aqui o bom senso. Que os benfiquistas, ano após anos, têm esquecido, com reflexos nos resultados desportivos.
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