quarta-feira, 8 de junho de 2011

Nuno Gomes


Apesar do meu orgulhoso sportinguismo, não deixo de ter admiração pelos jogadores que são referência nos clubes rivais.
Tenho essa admiração e esse reconhecimento pelo Nuno Gomes, jogador que, não sendo uma máquina de fazer golos, um finalizador nato dentro da grande área, de não ter o poder físico que hoje quase se exige à maior parte dos avançados, é uma referência do Benfica, marcando uma década do futebol do clube, marca essa que lhe valeu a braçadeira de capitão de equipa.
Com mérito, chegou à selecção nacional, onde marcou golos decisivos.
Olhando para os outros avançados portugueses Postiga e Hugo Almeida, continuo a ter dúvidas. Nuno Gomes não me dá menos garantias que os outros, não marca menos golos que os outros, não é inferior.
Tendo feito apenas 9 jogos na última época, no Benfica, Nuno Gomes marcou 9 golos que o ajudaram a tornar-se um dos dez melhores goleadores de sempre do Benfica, clube onde marcou, em 12 épocas, 165 golos.
Não digo, com isto, que Nuno Gomes foi um dos melhores jogadores do mundo, que é um dos melhores avançados no activo. Digo apenas que cumpriu o seu papel com distinção. E, pelo que fez, pela vontade que tem em continuar a fazer, ver Jorge Jesus impedir que lhe seja renovado o contrato, optando por sul-americanos de segunda linha, é uma injustiça não só para o Nuno Gomes mas também para os que, sendo benfiquistas ou não, reconhecem o trabalho de Nuno Gomes.
Mais do que os golos e as exibições, Nuno Gomes não foi menos que Rui Costa. Esteve em Florença, onde foi bem sucedido, de onde saiu devido aos problemas financeiros do clube. Tinha interesse de clubes estrangeiros e do Sporting, numa altura em que o Sporting tinha uma equipa forte, que foi mesmo campeã nacional.
Apesar desses interesses, optou pelo clube do seu coração. E o Benfica daquela altura lutava para ir à Europa.
Perdendo Nuno Gomes, o Benfica perde um dos seus símbolos no maior sinal de ingratidão que o futebol português pôde assistir desde a transferência de João Pinto para o Sporting.
O que queria dizer com tudo isto é que Nuno Gomes pode ser obrigado a emigrar, a ficar em Portugal num clube de segunda linha, pode não ter a despedida que merece. Mas a memória nunca apagará os seus feitos, nunca irá pôr em causa a gratidão e o reconhecimento que todos, benfiquistas ou não, sentimos pelo seu trabalho, pelo seu esforço e, acima de tudo, por ter sido diferente, optando pela sua paixão, pelo seu clube do coração.
É que Nuno Gomes, ao contrário de quase todos os outros, era tudo. Menos um filho do dinheiro.
Que tenhas força, Nuno! E que Deus abençoe o teu futuro, com toda a sorte que mereces.

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