Nós queremos que o nosso clube
ganhe por duas razões. A primeira é a alegria que a vitória nos dá. A segunda é
a História. Herdámos um Sporting cheio de História, e de histórias para contar,
além de vitórias e feitos que nos orgulham. Queremos somar História e vitórias.
Sinto hoje, como nunca antes, que
nada mais há que ganhar. O que queríamos, já o tivemos.
A campanha europeia desta época
fez com que o Sporting estivesse nas capas dos jornais desportivos de várias
cidades europeias. Vencemos boas equipas, como a Lazio e o Metallist.
Derrotámos os aguerridos polacos do Legia. Eliminámos os milionários do
Manchester City com o mundo inteiro a olhar para nós. E depois de termos ganho
o respeito, ganhámos a admiração dos adeptos de clubes adversários.
Essa é a missão
impossível, muito mais impossível do que a simples vitória de um jogo ou de uma
competição. Essa missão impossível transformou-se em real na última
quinta-feira, dia em que o futebol recuou à sua essência, em que os clubes
representavam povos e regiões, em que os adeptos conviviam em clima de festa.
Na quinta-feira, estiveram largos
milhares de bascos em Lisboa. Visitaram-nos em clima de festa. E, depois do
jogo, o que se viveu foi único, inigualável e nunca antes, por mim, visto num
estádio de futebol.
No intervalo desse jogo, os
adeptos do Sporting cantaram a versão leonina do “My Way” de Sinatra. A segunda
parte foi monumental, cheia de sofrimento e emoção, com três golos e várias
oportunidades de golo. O Sporting venceu por pouco. Mas isso foi o que menos
interessou, tendo em conta que as várias claques do Sporting homenagearam,
durante todo o jogo, um adepto basco que foi morto na Alemanha. Houve uma
claque do Sporting que tirou a sua faixa e colocou uma faixa de homenagem ao
Inigo. E houve outra que, após o jogo, se dirigiu aos adeptos do Athletic para
entregar a faixa.
Depois de uma meia-final, houve
palmas dos adeptos do Sporting para os adeptos e jogadores do Athletic. E houve
um aplauso em sentido contrário. No fim do jogo, os adeptos do Athletic
gritaram “Sporting”!
Foi lindo! Lindo! Lindo! Isso é o
futebol. Essa é a sua essência.
Entretanto, há adeptos do
Athletic que demonstram a sua admiração pelo Sporting, pela sua História e
pelos seus adeptos.
Quando se lê "por la forma en que nos han recibido, por las
condiciones que nos ofrecieron, por el homenaje a Iñigo y por el gran club que
son, a partir de este día vamos a ser del Sporting para siempre”, o que se pode
querer mais?
Nada.
Nada mais se pode ganhar a partir daqui. E, mal por mal, que seja o simpático,
amigo e único Athletic (que só joga com bascos) a ganhar a Liga Europa. Se não
pudermos trazer a Taça para Lisboa, pois que a Taça fique com estes queridos
amigos bascos.
A
História já se fez. Com vitórias históricas. Com lances que ficam para a história
das histórias do futebol, dos livres de Matias ao cabeceamento de Hart,
passando pela velocidade do Capel, pelo calcanhar de Xandão e pelas defesas de
São Patrício.
Ganhámos
o respeito daqueles que defrontámos. E, mais do que o respeito, conquistámos a
admiração, que é o mais difícil de ganhar.
Já
ninguém esquece estes jogadores. As defesas de Patrício, o sofrimento de Boeck,
o espírito de combate de João Pereira, o calcanhar de Xandão, o poder de
Onyewu, o acerto de Polga, a garra de Insúa, o empenho de Carriço, a classe de
Fito, a visão de Schaars, a atitude de Renato Neto, as fintas do André Martins,
o espírito de sacrifício de Izmailov, as arrancadas (e o aplauso de pé) de
Capel, a magia de Carrillo, a arte de Jeffrén, os tiros e malabarismos de
Matias, a garra de Pereirinha, a vontade de Ricky e a raça de Diego Rubio.
Todos
estes jogadores já estão na história. Basta adjectivar as suas exibições para
que as imagens nos passem pela cabeça. E, a estas, juntam-se necessariamente as
imagens de Sá Pinto, agarrado ao Paulinho, festejando os golos que fizeram
tremer a Europa e vibrar o mundo sportinguista.
Não
há nada, rigorosamente mais nada, que ainda se possa fazer. Não há nada que não
se tenha conseguido. A missão está cumprida e o sonho está concretizado. Fomos
e somos grandes, como os maiores da Europa.
Mesmo
assim, e com a mesma postura do jogo da primeira mão, vou estar em Bilbao a
confraternizar com dezenas de amigos, milhares de adeptos do Sporting, a
admirar e conviver com os amigos bascos. Vamos na esperança de garantir o lugar
na final, mas com a consciência tranquila de que tudo foi feito, e bem feito.
Vou
a Bilbao porque é em Bilbao que esta caminhada pode acabar. E sem medo de
perder, porque, tanto ou mais do que nós, os adeptos do Athletic, pela simpatia
e coragem de jogar só com jogadores da região, merecem conquistar esta Taça. E
porque esta caminhada já tem garantido o seu lugar na História.
Ao
longo de vários meses, a Europa ficou vergada perante os leões de Lisboa que
entraram em campo e, com coragem e espírito de sacrifício, vestidos de verde e
branco, honraram o Clube e o nome de Portugal.
Como
somos Clube de Portugal, e apesar da esperança ser ténue, não escondemos que
temos a vontade de ser ainda maiores. Queremos ir a Bucareste. Queremos trazer
a Taça para Lisboa.
Um
dia, eu tive um Sonho.
Sorte
e honra ao Athletic!
A
ti, meu Sporting, te agradeço por tudo. Por tudo.
A
Esperança persiste, o Sonho existe. E, como o Sporting vive, a Lenda continua.
Agora e como sempre, vamos lá, leões.
Em frente! Em frente!
Viva o Sporting.
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