quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
2010/11
Estamos já em período de contagem decrescente para a transição de ano.
E importa, por isso, fazer um curto sumário do que se passou em 2010.
Um treinador português ganhou a Liga dos Campeões.
Os Deolinda ficaram nos 10 melhores de World Music para o “Sunday Times”.
O Benfica foi campeão europeu de futsal.
O Sporting ganhou a Taça Challenge em andebol.
O Sporting foi vice-campeão europeu de atletismo.
O judoca do Sporting, João Pina, foi campeão europeu de Judo.
João Garcia tornou-se o décimo alpinista do mundo a ascender às 14 maiores montanhas do mundo.
Ainda no desporto, e entre muitos outros feitos, lembramo-nos ainda de Jéssica Augusto, que foi Campeã Europeia de Corta-Mato, já no decorrer deste mês de Dezembro.
A telenovela “Meu Amor”, da TVI, ganhou um Emmy.
O azeite “Gallo” é o quinto mais vendido no Mundo.
Três filmes portugueses entre os quinze melhores do ano para a “New Yorker”.
O Casal da Coelheira Rosé 2009 foi considerado o melhor rosé do mundo na edição de 2010 do Concurso Mundial de Bruxelas.
A marca portuguesa “Fly London” foi nomeada, pela quinta vez, para Marca do Ano pela Drapers Footwear Awards.
O ano de 2010 foi mais um ano de afirmação dos produtos da “Renova”, marca líder no mercado europeu.
Foi ainda o ano em que o primeiro medicamento português ficou disponível para venda nas farmácias, da Bial.
E o ano em que o português António Horta Osório foi anunciado como novo Presidente Executivo do Lloyds Banking Group, o maior banco britânico, liderança que passará a exercer a partir do próximo mês de Março.
Estas são apenas algumas das boas notícias que os portugueses receberam em 2010, as que mais rapidamente nos chegam à memória.
E, como estas, haverá muitas outras.
É evidente que tivemos também algumas notícias menos boas, como o desaparecimento de alguns dos mais notáveis portugueses da História recente, e de quase todas as áreas, o agravamento da crise económica com efeitos directos na vida das famílias ou a catástrofe da Madeira, com enormes danos materiais e várias dezenas de mortos.
Mas mesmo essas más notícias confirmam algo que já não é sequer notícia.
2010 confirmou que somos nós, os Portugueses, o povo mais solidário de todo o Mundo.
O nosso mérito e a nossa competência, distinguidos a nível internacional, aliados ao espírito visionário que tão bem caracteriza a História deste País e ao espírito de solidariedade que temos revelado não podem dar lugar ao medo.
2011 está à porta. E nós estamos preparados!
Venha ele!
Desejo-vos a todos um Feliz Ano Novo!
segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
Passos Coelho 2010/11
Apesar de não ter sido um apoiante de primeira hora e incondicional de Pedro Passos Coelho, e de ainda não ser, não se pode dizer, agora que fazemos o balanço de 2010, que este foi um ano mau para o "novo" PSD.
É certo que, num partido alternativo de poder, não se pode fazer uma proposta de revisão constitucional em cima do joelho, com uma série de propostas mal estudadas e avulsas, numa lógica incoerente. Essa foi a grande mancha para o PSD em 2010, mas que vai de encontro ao que o líder social-democrata tem dito: o PSD não tem pressa de ser poder. E, sejamos francos, quem não está preparado não pode ter pressa para o que quer que seja, muito menos para governar um país.
No que respeita ao seu papel enquanto oposição construtiva, o PSD teve sentido de Estado quando “deixou passar” o Orçamento. O mérito, nesse aspecto, não é só de Eduardo Catroga e da sua equipa negocial, mas é partilhado também com quem a escolheu. E quem a escolheu terá, certamente, sido Pedro Passos Coelho.
Possivelmente empurrado por um eixo ganancioso e, porventura até, "maldoso" do PSD, Passos Coelho foi longe demais no discurso que fez na reentré de Verão.
A partir desse momento e da aprovação do Orçamento, depois de aprender a lição recebida aquando da precipitada proposta de revisão constitucional, Passos Coelho foi mais moderado, esteve mais contido e apareceu menos. Quase não falou. E, curiosamente, esta altura, que coincide com o final do ano, será provavelmente aquela em que Passos Coelho tem uma melhor imagem junto dos portugueses.
Estando à frente nas sondagens, também para não atrapalhar uma provável vitória que será oferecida por Cavaco Silva, mas que, certamente, o PSD a fará “vender” como sua, Passos Coelho tem, de facto, revelado mais sabedoria e mais sentido de estratégia do que nos seus primeiros tempos enquanto líder.
Os primeiros meses de 2011 farão com que os portugueses sintam as medidas duras resultantes da governação socialista e aumentarão a diferença entre PS e PSD nas intenções de voto. Entretanto, Cavaco Silva estará eleito e vão estar reunidas as condições para mudar de governo em Portugal.
O impacto da austeridade terá muito maior peso do que a ameaça de uma crise política e, nessa altura, como em Agosto passado, Passos Coelho será empurrado para as feras por algumas facções do PSD. E do próprio PS.
Será essa a altura crucial para a sua liderança.
Se conseguir resistir à tentação, tornará o PSD ainda mais consistente aos olhos dos portugueses. Daqui por um ano estaremos a falar de um partido mais unido, mais democrático e, por isso, mais mobilizado em torno de propostas concretas detalhadamente preparadas. Não será Primeiro-Ministro daqui por um ano mas sê-lo-á, certamente, no futuro. Será Primeiro-Ministro por longos anos, provavelmente liderando dois governos responsáveis pela recuperação económica em Portugal.
Caso contrário, vamos ver repetida a mesma história de sempre, que quase já se confundiu com o “fado português”. Um governo incompetente pode ser substituído por outro governo. Mas este segundo governo, do PSD, porque não estará preparado, durará pouco tempo. Mesmo que tenha legitimidade eleitoral, uma maioria parlamentar e a cooperação presidencial será devorado nas ruas e pela pressão, incluindo a que vem de fora. E poderemos ter, ao fim desse tempo, um governo de um PS coeso que, pressinto eu, já está a ser preparado nos bastidores. Com Costa, Seguro, Assis ou seja com quem for. O PSD voltará à caminhada no deserto, o país ficará ainda mais próximo de África e ainda mais distante dos parceiros europeus. Portugal estará, novamente, num beco sem saída.
Estamos, nós, PSD, numa situação muito difícil, semelhante à do rato que vê um pedaço delicioso de queijo suíço mesmo à sua frente. O queijo está mesmo muito perto e faz cair baba da boca. Mas tem ratoeira. E isso, também o sabemos, é fatal.
Oxalá que o PSD seja um rato inteligente. Que resista à primeira tentação. Que se prepare muito, que se discuta muito e que aproveite o resto do tempo para se mobilizar. Que arranje uma estratégia sábia para chegar vivo ao queijo ou, pelo menos, sem se magoar.
E há que ter atenção porque o queijo pode também ser um presente envenenado!
Sejamos prudentes. E confiemos em Passos Coelho. A segunda metade do seu primeiro ano de liderança não deixa grandes razões para não confiar.
sábado, 25 de dezembro de 2010
Feliz Natal!
Dizem que existe, em Portugal, uma crise de fé.
segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
Os traidores do Sporting
Um sportinguista que quer que o Sporting perca não é um sportinguista.
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
Faça este Natal diferente
Há milhares de portugueses que gostavam de ter um animal de estimação.
As contratações de um Sporting que não aprende com os erros
Tal e qual como acontecera com Ruben Micael ou mesmo com Villas-Boas no passado recente, tal e qual como já aconteceu com vários outros casos, o Sporting volta a cometer o mesmo erro.
O mesmo que também já tinha cometido, num caso idêntico, com Derlei, avançado que despontou em Leiria para ir brilhar no Porto, onde foi, entre outras coisas, campeão europeu.
No outro dia, já cansado depois de várias horas de estudo, fiz uma pequena lista com jogadores acessíveis ao Sporting, superiores aos que temos. E, no topo dessa lista, estava Carlão. Depois de uma grande época na segunda liga, treinado por Manuel Fernandes, correspondeu às expectativas na sua primeira temporada no escalão principal. E este é já o ano da sua confirmação. Para a liga, fez 8 golos em 13 jogos e é um dos melhores marcadores do campeonato. Está no Leiria, não está no Sporting, o que valoriza ainda mais cada golo marcado.
Nenhum avançado do Sporting marcou tantos golos como ele. O Sporting procura um avançado. Tem, aliás, procurado esse avançado há vários anos. Na flor da idade, conhecedor do futebol português e fazedor de golos, o que é que falta para que o Sporting accione o direito de opção? Poderia, e deveria, ter sido contratado mais cedo, por exemplo, em Janeiro passado, quando o Sporting gastou o dinheiro correspondente a dois “Carlões” para ir buscar um flop do futebol francês, sequentemente despachado dos clubes onde actuou.
Facilmente poderemos concluir que Carlão será jogador do FC Porto. E só ainda não é porque eles, lá no norte, sabem que o Sporting é um clube hesitante. E porque têm Falcao, Hulk e uma série vasta de avançados que fazem golos.
O Sporting não tem, além de Postiga, num excepcional momento de boa forma (que, todavia, não se traduz em muitos golos), mais nenhum avançado de jeito. Precisa de um. E, a menos que vá buscar uma estrela mundial, deveria assegurar já o reforço deste avançado brasileiro. Há outras opções, de segunda linha. Assim de repente, lembro-me de Miguel Fidalgo ou Kléber. Ou, indo um pouco mais longe e sonhando um pouco mais alto, teriamos dos Santos, Santa Cruz, Vela, Menez, Mattri ou Papiss Cissé. Ou ainda, com menos garantias, Bebé ou Alibec.
Sendo pouco provável que venha um fazedor de golos de nível indiscutível, e dando como certo que virá um avançado, o Sporting irá contratar, certamente, uma segunda linha. Outra espécie de Pongolle. Não contratará Carlão. É a terceira vez que não o faz, numa altura em que Sá Pinto trabalha em Leiria e quando se sabe que o avançado irá deixar a cidade do Lis. É um erro. Que fragiliza o Sporting e que dá força ao Porto, que passa, assim, a ser um destino provável para este jogador.
São 4 milhões, segundo dizem. Mas esse é apenas o valor da cláusula. O Sporting pode baixar o preço, por exemplo, emprestando alguns jogadores. E, nesse aspecto, poderia aproveitar para dar experiência a Nuno André Coelho, Cedric, Tales e Saleiro.
Enfim!
O Sporting, pelos vistos, não aprende com os erros, com os muitos erros idênticos que já cometeu.
terça-feira, 14 de dezembro de 2010
Porque as datas históricas são para ser assinaladas
A AD de Passos Coelho
Por princípio, sou social-democrata, militante do PSD, e apoiante de uma aliança com o CDS.
Em certos assuntos ou matérias, estou na fronteira entre os dois partidos.
Sou apoiante de uma AD antes das eleições e sou apoiante de uma AD depois das eleições.
Mas uma AD, antes de eleições, só é viável, se tiver uma só voz.
Será sempre viável depois de eleições, sobretudo quando essa aliança tiver como ponto de partida um acordo alargado para governar o país, responsabilizando-se, assim, dois partidos.
E pode haver AD, tendo, o PSD, obtido maioria absoluta. Ou tendo apenas maioria relativa.
Não me parece que possam haver outras possibilidades de AD fora dos contextos que acima referi: ou os dois partidos vão juntos a eleições, falando a uma só voz, ou os dois partidos, separados na altura das eleições, juntam-se para efeitos governamentais após o acto eleitoral.
Assim sendo, por princípio, agrada-me a ideia de Pedro Passos Coelho.
Mas anunciar AD sem haver AD e, ainda por cima, não estando ainda em cenário de eleições legislativas, é cair numa precipitação própria de quem não tem estratégia.
Porque, quando se anuncia uma AD para depois de eleições (que ninguém sabe quando vão ter lugar), tem de haver, pelo menos, um acordo de princípio entre os dois partidos.
Assim não sendo, Passos Coelho corre o risco de ver o CDS ter uma posição diferente do PSD. Bastará isso para que os socialistas, os comunistas e os jornalistas alertem: se não se entendem antes das eleições, como poderão entender-se depois?
Abre-se também a possibilidade de sermos forçados a ouvir um novo pedido de desculpas ao país e ver o líder social-democrata dar o dito por não dito, ameaçando governar sozinho. Nesse caso, dando mais espaço ao Partido Socialista. E força ao CDS.
Ou seja, há mais argumento contra o PSD, contra a AD, contra Pedro Passos Coelho. Um argumento oferecido de bandeja a todo aquele que, atento, o queira utilizar.
É um risco desnecessário.
E revela, numa altura de enorme frustração dos portugueses relativamente ao governo do Partido Socialista, que o PSD tem medo de, na eventualidade de eleições, poder não ter maioria absoluta. Revela fraqueza.
Mas esta imprudência de Passos Coelho terá sempre efeitos negativos.
Porque na outra possibilidade, de não haver divergências entre PSD e CDS e existindo uma vontade enorme de afastar José Sócrates, os portugueses poderão dar como certa a vitória do PSD. E muitos desses portugueses, que já sabem que será indiferente votar no PSD ou no CDS, não vão optar pelo voto útil. Ou seja, o PSD perde espaço para o CDS, facto que, no limite, também pode comprometer uma vitória eleitoral.
Concluindo, este anúncio de uma AD para um dia que não sabe bem quando, mais do que um tiro no escuro, foi mais um tiro no pé. Outro. E o PSD, que lidera nas sondagens, volta a ver, inacreditavelmente, o PS a aproximar-se.
Parece-me evidente que os portugueses, querendo derrubar Sócrates, têm muitas dúvidas relativamente à alternativa. Porque a alternativa tem sido pouco consistente. E tem oferecido muitos argumentos contra si própria.
Muitas imprudências e trapalhadas num partido muito pouco mobilizado e num clima demasiado morno para forçar eleições e governar o país.
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
Leitura recomendada
domingo, 12 de dezembro de 2010
Porque rir é o melhor remédio
Confesso que, quando fui ver este filme, tinha baixas expectativas.
sábado, 11 de dezembro de 2010
Acabou!
Se há um jogo único, esse jogo é a final da Taça no Jamor.
quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
Fora do vulgar!
É isso que temos de escrever no final do exame, do Professor norte-americano que falei há alguns dias.
A educação, mais lá do que cá, deve ser encarada com elevação e sentido de responsabilidade dos alunos. Porque a educação é para os alunos e os alunos são os avaliados.
Por cá, o que se discute é a avaliação...dos professores. Que não são respeitados e que acabam, algumas vezes, agredidos. Num clima de desautorização, de facilitismo e propício às cábulas. Tudo trocado. À portuguesa.
quarta-feira, 8 de dezembro de 2010
Heróis!
Vivem em locais onde não chega a mensagem de Sócrates e Passos Coelho.
Porque aqueles locais não dão votos.
Ali não há Estado para ajudar.
O Estado, quando aparece, é para pedir centenas de euros ao pobre do homem que tem uma vaca, uma cabra, um cavalo, números que se multiplicam quanto maior for o número do gado.
O Estado também aparece para lhes complicar a vida, impondo-lhes registos e mais registos, burocracias e mais burocracias.
E depois, quase por descargo de consciência e para dar uso aos fundos comunitários, o Estado divide uns trocos por aquela gente.
Aquela gente, que trabalha por baixo de quarenta graus no verão, também não pede ajuda. Porque ninguém os compreende.
A maioria das pessoas das grandes cidades teve, de facto, conhecimento de um tornado. Pensam que foi uma tempestadezeca, lá para um desses sítios perdidos no meio de coisa nenhuma.
Comovem-se, essas pessoas, com os feridos, com os telhados que foram literalmente ao ar, com os estragos na escola.
Não fazem a mínima ideia da enorme injustiça que é aquele gente sã dormir ao relento.
Nem sequer pensam nos prejuízos que aqueles agricultores vão ter, depois de tanto trabalho, duro, nas mais agrestes condições climatéricas. Nem no investimento que foi ao ar no meio daquele tornado.
Mas aquela gente é muito mais importante que nós todos juntos. Se não fossem eles, não havia aldeias, não havia gente no interior. Eles pagam para trabalhar, para explorar a terra, para fazer a economia funcionar. Pagam, e pagam mais do que deviam pagar, para que nós, que vivemos na cidade, não tenhamos fome ou, pelo menos, para que não sejamos ainda mais pobres.
E, depois da tempestade, não esperaram pelo Estado. Estão, há várias horas seguidas, a ajudar-se mutuamente. Fazem-no sem meios. Porque eles não conseguem ter meios. Fazem-no por eles e por todos nós.
Tenho falado muito deste Portugal completamente esquecido. Alguns poderão não compreender o facto de se falar desta gente, que até tem menos qualificações que eu. Mas, a pretexto do tornado de ontem, não poderia deixar de realçar a sua importância social e económica e de mostrar a minha admiração por todos eles, porque são eles os grandes heróis portugueses do início do século XXI.
segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
Talvez.
A política é um assunto sério.
E, para mim, quando se vota, não se vota num economista, num orador, num poeta.
Vota-se num projecto, nas ideias de um partido ou de um candidato.
Em eleições presidenciais vota-se numa pessoa. E vota-se nessa pessoa, tendo em conta o seu trajecto, político e profissional, tomando em consideração a conjuntura actual e o perfil do candidato.
Nessas eleições vota-se num chefe de Estado e num garante da Constituição.
Eu não acredito em nada que seja construído sem pilares muito fortes. Não acredito numa sociedade sem valores. E menos ainda acredito num país que não veja no seu chefe de Estado um condutor político, um defensor dos pilares e dos valores.
Portugal vive também uma crise profunda a vários níveis, com responsáveis identificáveis internamente.
Dizem-me que Cavaco Silva terá sido um grande Primeiro-Ministro, que governou o país durante uma época de grande estabilidade e desenvolvimento. É possível que tenham razão. Mas não estamos a votar para Primeiro-Ministro, mas para Presidente da República.
Avaliando o seu mandato ou um pouco mais do que isso, não posso dizer que Cavaco Silva tenha feito nada de particularmente positivo para o meu partido. Acho, até, que terá sido determinante para que Sócrates chegasse a Primeiro-Ministro. E o célebre incidente, nunca explicado, das escutas garantiu a reeleição deste.
Também não posso dizer que Cavaco tenha correspondido aos que confiaram nos seus ideais políticos e sociais e nos seus valores. Na prática, uma presidência de Alegre teria tido os mesmos resultados.
Na sua acção enquanto chefe de Estado, ficou também aquém das expectativas. Poderia ter sido parte central numa solução de estabilidade ou, pelo menos, de diálogo, para bem do país.
Durante o seu mandato, os seus conhecimentos de economia não valeram de nada ao país, porque não tiveram efeitos. E discordo daqueles que dizem que o Presidente da República está limitado nesse aspecto.
Reconheço, porém, que não vi, em Cavaco, más intenções. Pelo contrário. Cavaco percorreu largos milhares de quilómetros para desenvolver o país, falou alto e em bom som. Disse quase tudo o que poderia ter dito. Fê-lo com coragem e frontalidade, mesmo que tivesse, como ouvintes, o Papa Bento XVI ou Barack Obama.
Mas foi completamente inconsequente.
E, assim sendo, até ao final do próximo mês de Janeiro, estou numa situação muito complicada. Porque depois de ter feito um esforço enorme para me motivar com a ideia, serei o único, dentro de um certo círculo de pessoas, que tem ainda muitas dúvidas. Vou ter de votar por exclusão de partes. Provavelmente, vou votar em alguém porque confio ainda menos nos outros candidatos. Porque não acredito nas ideias deles.
Talvez tenham razão quando dizem que o que interessa são as intenções. Ou talvez não tenham. Talvez tenha de votar nas intenções. Porque a política é um assunto sério. Talvez. Talvez. Mas ainda não decidi. Ainda não me convenci. Mas, na certeza de que Cavaco vencerá as eleições, resta-me desejar-lhe as melhores felicidades para um segundo mandato onde terá de ser muito mais consequente. Sob pena de me dar razão, a mim que estou ainda no campo do “talvez”.
domingo, 5 de dezembro de 2010
A verdadeira liberdade
Nós, portugueses, somos muito contidos nas palavras.
E essa contenção cresce à medida que a idade avança. Vamos retendo as palavras, vamos deixando as coisas por dizer.
É o politicamente correcto, é o querer-se agradar a toda a gente, é o não querer ferir susceptibilidades.
Tive a oportunidade de ter aulas com um professor norte-americano, onde falámos de Direito Anglo-Americano, tendo-nos debruçado sobre casos importantes, alguns com mais de cem anos.
Mas, livremente, o Professor falou de tudo. De relações sexuais com menores, de adultério, do aborto e fez críticas directas a políticos.
Confesso que, na maioria das vezes, não concordei com ele. Numa questão tão delicada e tão recente como o aborto, o Professor nunca teve medo de confrontar a turma e de dar a sua opinião.
Aqui, e de uma forma ainda mais vincada, não concordei com ele. Mas a forma livre com que ele falava dos assuntos mais polémicos fez-me sentir que estamos, no campo da liberdade, ainda muito longe do que era desejável.
A aprendizagem é melhor quando se traduz em aspectos práticos. E não devem as faculdades deixar de falar sobre situações práticas, sobre casos concretos. Numa aula de Direito Fiscal deve-se falar das propostas para Orçamento de Estado em matéria de impostos e política fiscal. Numa aula de Direito do Trabalho deve-se falar da flexibilização laboral e das greves gerais. Em vez de se falar do sindicato X ou dos trabalhadores do sector de actividade Y, dever-se-ia confrontar os alunos com a possibilidade de uma greve selvagem, idêntica à que ocorreu em Espanha, e as respectivas consequências nas relações laborais. Numa aula de Direito Administrativo deve-se falar, por exemplo, da questão dos blindados. Numa aula de Direito Constitucional devem-se discutir propostas de revisão constitucional, mas também se deve conceder a liberdade de serem os alunos a, de acordo com os conhecimentos que adquiriram, decidir, em aulas, testes ou exames, se uma determinada lei é inconstitucional ou não.
O Direito é oco quando fala constantemente de António e Bento. António mata Bento, António não paga a Bento…e António, António, ainda por cima, é o meu nome.
Fora de brincadeiras, o Direito é prático. As faculdades têm feito um esforço notável para que o Direito, estudado nas faculdades, seja tão prático quanto, de facto, ele já é.
O Professor norte-americano falava de casos concretos, do caso julgado. Tomava uma posição. Confrontava a turma. E a turma debatia o tema. Um autêntico hino à liberdade!
Por cá, são raros os professores que dão o verdadeiro nome ao Bento ou ao sindicato X. Nas aulas não se fala de Miguel Macedo, de Francisco Assis, de Paulo Portas. E quando se fala de Sócrates é sempre ao Sócrates filósofo que se está a querer referir. Fala-se sempre de coisas abstractas: no legislador, na Administração Pública, no órgão de soberania.
É o reflexo de um país que ainda sente algumas dificuldades em assumir a coragem e a frontalidade, mas também o rigor, próprios de um país verdadeiramente livre. O país é mesmo assim.
Mas há-de chegar o dia em que um Professor de Direito Constitucional de uma universidade pública vai poder confrontar os alunos com uma questão polémica como o casamento entre pessoas do mesmo sexo e o casamento com animais, espicaçando os alunos e fazendo-os responder, com base nos conhecimentos adquiridos, a questões da vida real. Vai poder fazê-lo sem que os alunos se sintam ofendidos, sem que as televisões apresentem o caso como uma polémica. Porque, afinal de contas, aquele professor mais não fará do que tomar a liberdade de ser completamente…livre. Tal e qual sugere a nossa Constituição. Tal e qual como acontece do lado de lá do Atlântico, a norte da Linha do Equador.
sábado, 4 de dezembro de 2010
Um dia triste e de vergonha
Não conheci Francisco Sá Carneiro.
quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
Esperança
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
A última gota
Quando, no princípio da segunda parte do Sporting-Porto, Falcao fez o golo do Porto, tudo aconteceu mesmo à minha frente.
O meu lugar é ali.
Todavia, não vi esse lance. Estava de pé, a protestar, porque Moutinho não colocou a bola fora para que Maniche, lesionado e no chão, pudesse ser assistido.
Este facto pode ser testemunhado.
Eu protestava, porque, ainda na primeira parte, um jogador do Sporting colocou a bola fora para que Moutinho, lesionado e no chão, fosse assistido.
Estava em causa o respeito pelo jogo, o respeito pelo adversário, as mais primárias leis do desportivismo e o espírito do fair-play, desconhecido lá mais para o norte.
Naquele instante, o sentimento que eu começara a ter no princípio do verão passado foi ao limite: o Sporting não pode nunca ser aliado do Porto.
São os dois clubes mais opostos em Portugal.
Pensei o mesmo que tinha pensado nos últimos três confrontos entre Porto e Benfica, de onde resultaram três vitórias esclarecedoras dos nortenhos, em que o FC Porto marcou dez(!) golos e o Benfica só marcou um.
Uma mentira dita mil vezes é uma mentira.
E, repetindo-se que a luta pelo título tem sido entre Benfica e Porto, é repetir-se uma mentira.
Nos últimos anos, o Benfica apenas ficou à frente do Sporting por uma vez. E a luta pelo título, excepção feita ao ano passado, tem sido sempre feita entre Sporting e Porto.
Aliás, essas foram também as equipas que ganharam mais competições nos últimos dez anos, entre Campeonatos, Supertaças e Taças de Portugal.
No ano passado, porém, na luta pelo título não estiveram nem Sporting nem Porto, facto que constitui excepção.
Ou seja, o principal rival do Sporting não pode nunca ser o Benfica. Porque o Benfica raramente ganha. E raramente, mesmo muito raramente, fica à nossa frente.
Lá no norte eles também já perceberam que a grandeza do Benfica não é sustentada. Só podem continuar a ser superiores, se reduzirem o Sporting às segundas escolhas dos outros clubes, se destruírem, directa ou indirectamente, o resultado feito em Alcochete.
Assim sendo, o futuro presidente do Sporting terá de assumir com clareza essa rivalidade com o Porto. O desrespeito e a falta de profissionalismo dos responsáveis desse clube impedem o Sporting, pelos valores que defende, de, por exemplo, receber o presidente adversário na sua tribuna.
O futuro presidente do Sporting não fará mais negócios com o FC Porto, a menos que esse clube inclua, nesses negócios, os seus principais activos.
Por exemplo, na actualidade, o Sporting só aceitaria negociar com o FC Porto se este clube oferecesse, à troca, jogadores como Hulk ou Falcao.
Caso contrário, não pode haver sequer lugar para conversas. Até por uma questão de coerência, o Sporting, principal defensor da verdade desportiva, clube que teve a coragem de dizer que, atrás das vitórias do Porto, ou por baixo delas, estão conversas com árbitros, muito dinheiro e prostituição, não pode, nunca(!), jogar do mesmo lado deles.
Nesse sentido, a presidência de Bettencourt foi de uma ingenuidade extrema. Perdeu, para o Porto, a sua primeira escolha para treinar a equipa. Perdeu o seu capitão de equipa. Perdeu tudo o que seria, até, impensável de perder.
Sei que não foi tudo mau. Mas os sportinguistas têm uma dúvida que nunca poderiam ter. Estará, no Sporting, gente (como Costinha) a fazer o jogo do adversário?
Não querendo acreditar nisso, os resultados práticos levam-nos a tender para uma resposta afirmativa.
Além disso, a situação da equipa de futebol é insustentável.
Houve algum dinheiro para investir. Houve tempo para construir. Mas o dinheiro foi mal gasto e o tempo foi desperdiçado.
Além de perder a “batalha” com os rivais do norte, que são os principais rivais do Sporting, a equipa de futebol, principal montra do clube, tem deixado uma péssima imagem do clube, praticando um futebol frouxo, lento e previsível.
E, quando fazem uma grande primeira parte, defendem o resultado como se fossem de uma equipa que luta para não perder.
Isto não é o Sporting. E como não é, eu não vejo outra solução.
Sugiro a realização de eleições antecipadas no Clube. Os sportinguistas merecem que venham a jogo todos os candidatos que, sendo sócios do Sporting, acreditam que podem fazer melhor.
Vamos discutir o Clube com frontalidade e coragem. Vamos debater ideias e projectos. Vamos a votos.
Esta época está perdida e estamos já a perder tempo.
O futuro do Sporting não pode esperar mais.