domingo, 20 de julho de 2008

Chegámos ao pântano


Hoje, resolvi fazer umas mudanças cá em casa.
Deitei fora três cadeiras velhas, com as respectivas almofadas quase podres, um cavalete partido, um estendal da roupa estragado, muito papel, muito plástico, etc.!
Cada vez que ia ao caixote de lixo lá abaixo, as pessoas já tinham levado o "lixo" que lá deixei. Eram coisas podres. Mas mesmo completamente podres.
Quando pus o estendal no chão, o pai de uma família que estava ali mesmo no seu carro foi logo lá buscar. Voltei à porta do prédio para buscar o lixo separado de acordo com o ecoponto. Quando cheguei, um senhor tirava de dentro do caixote de lixo da rua o tal cavalete e uns fios velhos de coisas partidas do meu aquário antigo.
No total, quatro famílias foram ao caixote do lixo buscar coisas que lhes pudessem ser úteis. Nem o saco de trazer as coisas do supermercado lá ficou. Talvez os dois cêntimos que pedem nos supermercados pelos sacos fizeram com que aquele senhor o levasse também...
É mesmo real. Chegámos ao pântano. E estamos no limiar da pobreza extrema, que encontramos mesmo na nossa rua. Qualquer dia veremos as pessoas irem ao lixo buscar os restos de comida, como em tempos, apenas faziam os sem-abrigo e os hippies para dar comida aos seus cães.
Será mesmo necessário fazerem-se obras públicas? Será o aeroporto tão urgente assim? E as auto-estradas?
É que as famílias e os jovens estão sufocados! A pobreza é visível mesmo na nossa rua! Se isto não é o pântano, o que será, então?
Ainda falta um ano para as legislativas de 2009...

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