sexta-feira, 18 de julho de 2008

T de tortura ou T de tradição?


Fui ontem à corrida de toiros do Campo Pequeno, em que o filho de João Moura lidou, além dos 6 toiros previstos, o sobrero. Houve ainda tempo para o brilharete do outro filho rapaz de João Moura, com 11 anos.
Contudo, não é sobre a corrida, em si, que vou falar. É que não deixa de ser surpreendente que, todas as quintas-feiras, um grupo de pessoas esteja à porta do secular Campo Pequeno aos gritos, a assobiar com o apito e a fazer barulho a quem vai ao espectáculo.
Sempre o disse, que, enquanto português, sou pela tradição. E, para mim, a corrida de toiros é uma das grandes tradições portuguesas. A tourada, para mim, é a arte de um cavaleiro lidar, a cavalo, um toiro bravo. É a coragem de um grupo de rapazes ao pegar um animal bravo com mais de 500 kg. É cultura. Cultura portuguesa.
Independentemente de compreender ou não os motivos das manifestações de duas dezenas de pessoas à porta do Campo Pequeno, não se admite que uma pessoa esteja à conversa à porta de um sítio de espectáculos com um grupo de pessoas aos gritos, a fazer barulho, ali mesmo ao lado. A democracia é mesmo assim. E neste caso são 20 contra 5, 6 ou 7 mil pessoas.
Então e essas poucas dezenas de pessoa, já agora, o que dizem sobre o forcado, que pode morrer na pega? Sobre o cavalo? Sobre o cavaleiro? Será que haveria tantos toiros bravos em Portugal se não houvessem touradas? Haveria sequer algum toiro? Para quê? Respondam lá...
De que é que se alimentavam essas pessoas? Iriam torturar o quê? As plantas? Os frutos? Ou os outros animais?
Gostaria de ver aquelas 20 pessoas a manifestarem-se contra a pobreza, as condições desumanas, a fome por que passam milhares de famílias portuguesas. Em vez de prejudicarem a vida a quem paga um bilhete, ainda por cima caro, para assistir a uma das maiores tradições de Portugal.
O T de Tourada não se mistura com o de Tortura, mas com o de Tradição.
Esse T, de Tourada e de Tradição, confunde-se por um P, mais forte. Que é o P de Portugal. E quem não se revê nesse T e nesse P tem bom remédio...

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