quarta-feira, 27 de outubro de 2010

A grande lição deste suicídio colectivo


A maior parte das pessoas não se sente responsável pelo estado a que o país chegou.

Há, aliás, vários grupos nas redes sociais de pessoas que dizem que não são culpadas porque não votaram em Sócrates.

Mas isso é mentira. E é muito importante que alguém explique aos portugueses por que é mentira.

Como muito gostamos de arranjar culpados para tudo, façamos agora esse exercício com frontalidade. Já roçamos o ridículo de dizer que os culpados da situação interna são…os estrangeiros. Não são.

Voltemo-nos para dentro. E, cá dentro, o culpado não é só José Sócrates. É a máquina que anda com ele, é quem o tornou líder do PS, é quem o elegeu para Primeiro-Ministro.

Mas não são só esses. Porque, ainda assim, mesmo que nos possa parecer bizarro, há outros partidos que, juntos, formam uma maioria suficiente para aprovar um Orçamento de Estado. E os outros partidos, com ou sem o PS, podiam dar a Portugal um Orçamento que trouxesse estabilidade, não só ao Estado, não só à banca, mas também às empresas, às famílias, a cada um de nós.

Ora, nenhum desses partidos tem sido solução para coisa nenhuma. Mas culpados não são só os seus líderes, mas também as máquinas que os tornaram líderes e os eleitores que depositaram neles a sua confiança através do voto.

Culpados, até agora, somos muitos, os que votaram no PS e os que votámos outros partidos. Mas pode-se culpar uma minoria que exerce o direito de votar quando há uma maioria de pessoas que nem sequer vota?

Pois sim, culpados são também os que não votam. Porque, alguns sem sequer perceberem as regras democráticas, ajudam, abstendo-se, a eleger os políticos que levaram o país à ruína.

Se não se revêem no PS, no PSD, em Sócrates, Ferreira Leite, Portas, Louçã, Jerónimo de Sousa, Passos Coelho, deveriam formar, então, partidos políticos para pôr em prática as suas ideias.

A democracia, por vezes, custa a entender. Mas, nestes casos, não podemos culpar a maior das minorias, porque as demais minorias não oferecem, ou não têm oferecido, soluções capazes. Nem a maioria (que se abstém) oferece, quanto mais as minorias!...

Culpados somos todos. Aqueles que votaram no PS, os que não votaram no PS, os que não votaram, ponto.

E não nos serve de recompensa o facto de sabermos que falámos verdade (os que falámos), que alertámos as pessoas (os que alertámos), que falámos com dureza porque assim era a situação do país. Não nos fizemos ouvir.

Por muito boa vontade que possa ter tido, não há, neste momento, nenhum português que possa dizer que, de uma maneira ou de outra, deixou de contribuir para que Portugal vivesse, em 2010, uma fase que, caracterizada, pode ser vista como algo muito próximo de um suicídio colectivo.

Pode ser que aprendamos todos esta lição e que possamos, daqui para a frente, prestar mais atenção à verdade e dar mais valor à democracia.

1 comentário:

Anónimo disse...

Há dois culpados disto tudo:

Durão Barroso e Jorge Sampaio