sexta-feira, 15 de outubro de 2010

A incerteza


Quando se exige um consenso no combate à crise, o país e o mundo vivem na incerteza relativamente à situação de Portugal em 2011. Teme-se que o país fique sem Orçamento, que é elementar, e fundamental nesta conjuntura.
Os principais agentes políticos e económicos nacionais e internacionais apelaram a que a oposição viabilizasse o Orçamento, fosse ele qual fosse.
E, numa coisa, tinham razão. Nestas circunstâncias, e sem possibilidade e viabilidade de eleições nos próximos meses, deveria ter havido um esforço acrescido das maiores forças político-partidárias nacionais, de modo a garantir que o país pudesse responder à crise com toda a firmeza.
Ninguém quer ser responsável por medidas austeras. Ninguém, além do Governo e do PS, se quer comprometer. Por puro eleitoralismo. Quando deveria estar em causa o superior interesse nacional, verificamos que os partidos preferiram a irresponsabilidade e a hipocrisia. Ninguém sai isento de culpas e todos são responsáveis.
Em vez de trocarem galhardetes e acusações, que prejudicaram o país, cujo futuro deixaram na incerteza, Sócrates poderia ter apresentado a sua proposta mais cedo. Mas o PSD, numa altura destas, deveria ter aceite negociar com o Governo.
Era o interesse nacional que o exigia.
Como assim não foi, até terça-feira, o país fica em suspense. Suspense que amedronta, porque todos sabem que Sócrates já não serve, mas também porque não há nada que nos permita dizer sequer que se, eventualmente, as eleições fossem amanhã, o PSD as ganharia por meio por cento que fosse.
Os partidos fizeram o contrário do que deveriam ter feito. Não contribuíram para ajudar o país. Muito pelo contrário.
Fica, ainda, a sensação de que era possível o Presidente da República ter feito algo mais.

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