quinta-feira, 7 de junho de 2012

O exemplo de Paim


Com 14 anos, ninguém tinha dúvidas. Era o próximo craque que iria sair da Academia. Preparava-se para se afirmar como um dos jovens com maior potencial a actuar na Europa e para ser o melhor jogador do mundo. Depois de Figo e Ronaldo, e com vários colossos europeus "à perna", o Sporting fez de tudo para, ainda no início da juventude, segurar este jovem atleta promissor.
Cedo, pelos vistos, demasiado cedo, o seu ordenado foi revisto. E passou a ser normal ver Paim entrar e sair da Academia, passeando-se naquelas estradas perigosas de Pegões com carros topo de gama. 
Ninguém sabe o que lhe aconteceu. Além das lesões, ter-se-á perdido entre alcóol, droga, prostituição. Mas os vícios que ganhou foram ainda maiores que as ilusões que todos partilhávamos com ele, sobre a sua carreira, há alguns anos atrás.
Mas era uma ilusão com razões de ser. Ele era um génio dentro do campo, jogava com classe e sem medo, marcava e dava a marcar, jogava e fazia jogar. Era, ele sozinho, uma equipa inteira que ainda jogava com mais 10. 
Perdeu-se ainda antes de jogar pela equipa principal. Ainda se tentou puxar pela sua afirmação, no Olivais e Moscavide. Nunca conseguiu afirmar-se. Ou melhor, afirmou-se sempre pelas piores razões. Chegou a estar em Londres, vivendo as extravagâncias nas reservas do Chelsea mas foram raras as vezes em que calçou as chuteiras. Paim era mau demais. Passou a ser lento, previsível e instável.
Foi notícia pelas piores razões. A SportTv chegou a fazer uma reportagem sobre a miséria em que se transformou a sua carreira. Porque não teve cabeça. Porque não aguentou a pressão.
Está hoje em Angola, a lutar desesperadamente por um salário, depois de ter falhado na segunda divisão portuguesa. E aparece hoje nos jornais portugueses e angolanos por se suspeitar que violou uma rapariga.
Não é só com os bons exemplos que se aprende. Pelo contrário. A melhor forma de se aprender é com os erros, os nossos e os dos outros.
É por isso que, antes de ganharem manias, a história de Fábio Paim devia ser contada, ponto por ponto, a cada jovem que passa pela Academia de Alcochete. Mais ainda nesta altura, em que se esgotou a nossa paciência para aturar vedetas que sujam, quase sem suor, uma camisola prestigiada e centenária.

1 comentário:

Joao disse...

Dois comentarios acerca do Paim:

1) ja ele tinha 15/16 anos no Sporting ja nao se acreditava que do Paim saisse alguma coisa. Ja se tinha percebido que nao tinha estrutura mental para poder ser profissional de futebol.

2) Num site, ha uns tempos passaram uma entrevista com o Paim, andava ele a treinar no Torreense. Esta la tudo, nas respostas dele acerca de todas as paragens dele. A resposta tipica era sempre: "Fiz muitos amigos....Tive azar..."

Alguem que nunca teve a nocao do que e' que tinha de fazer e porque e que as coisas correram sempre mal.