terça-feira, 1 de julho de 2008

Um regulamento injusto


Eu sou completamente a favor de um sistema europeu uniforme de ensino e de avaliação no que diz respeito à vida universitária. Sendo assim, sou favorável às soluções do Tratado de Bolonha, apesar de reconhecer que a diminuição do período do curso é bastante discutível.
Sou também a favor de Provas Orais, o que não quer dizer que tenham necessariamente de ser obrigatórias. Creio que a avaliação oral é fundamental em cursos de línguas, comunicação social, Direito, entre outros, de Letras.
Contudo, penso que a solução adoptada não foi a melhor, porque impede uma segunda oportunidade para os alunos que têm notas inferiores a 8 no exame escrito.
Hoje, um aluno que tenha 8 no Exame de uma cadeira, que tenha uma prova oral obrigatória, não tem uma segunda fase, ao contrário do que aconteceu no passado e continua a acontecer no ensino secundário. Um aluno que não tenha avaliação contínua e falte, independentemente dos motivos, ao Exame escrito, chumba à cadeira. Imaginemos: o aluno X que tenha estado doente, não frequentando várias aulas, não tem nota de avaliação contínua. Se tiver um acidente de viação no dia do exame, chumba à cadeira. Não tem uma segunda oportunidade. Critico esta solução por convicção, porque isto não se passou comigo.
Outra má solução foi a forma com que se introduziram as Orais Obrigatórias. Imaginemos o caso de um aluno brilhante, que também não é o meu caso, que tem nota 20 a avaliação contínua, que tem 20 valores no exame escrito e tem uma oral marcada para as 9 da manhã do dia 0A/0B/200C e depara-se com um problema de trânsito fora do normal e só consegue estar na faculdade às 11 da manhã. Chumba! Porque a oral é obrigatória e, também aqui, os estudantes são tratados da forma mais desumana possível. O estudante não pode alterar a data, porque o trânsito que apanhou foi no próprio dia e não pôde, em tempo útil, que são 48 horas, requerer a alteração da data do exame.
Eu dou os exemplos mais simples, aqueles que são quotidianos e que podem acontecer a qualquer um. Mas o aluno pode não ir a oral ou ao primeiro exame da cadeira que tem oral obrigatória por motivos de saúde, psicológicos, ocasionais, enfim,…os motivos são vários.
Imaginemos que a data da oral é marcada para o dia de um casamento, de um baptizado, de um funeral, de qualquer coisa importante que não se pode faltar. A oral é marcada na sexta-feira e o aluno vai à universidade e vê que a oral é marcada para a segunda ou terça-feira seguinte. Ora, na sexta-feira, a partir das 17horas, a secretaria está fechada, no sábado e no domingo nem sequer abre as portas e segunda ou terça, o aluno já não pode alterar porque, entretanto, já faltam menos de 48 horas para a oral!
Este Regulamento diz que os alunos, que têm uma oral na hora de um casamento, de um funeral, de um baptizado ou de trânsito, de um acidente de viação, de uma cirurgia, de tantas coisas, não podem ir a essas coisas, porque ou vão à oral ou chumbam à cadeira. E depois chumbam mesmo!...
É isso que diz o Regulamento e é isso que acontece aos alunos. Porque os alunos são confrontados com uma enorme insensibilidade das pessoas, que não entendem o lado humano da coisa.
Este seria um bom assunto para ser debatido pelas Associações de Estudantes, tentando pedir aos responsáveis que se revoguem as injustiças. É também um assunto que merece a atenção dos Professores, Directores e Reitores das Universidades e, claro, do próprio Governo.
Escrevo sobre este caso em defesa dos estudantes. Porque estes são casos que acontecem, que põem em causa a própria vida universitária dos estudantes. E porque, acima de qualquer outra coisa, se trata de uma questão de (enorme in)justiça.

2 comentários:

Anónimo disse...

se isso acontece é um escandalo inacreditavel! o nosso ensino é uma vergonha DAS GRANDES. That's the bananas' republic

Anónimo disse...

Que melodramatismo!... As situacoes que apresentas como normais sao, na sua maioria, perfeitamente evitaveis. Se eu sei que tenho uma oral as 9h da manha, podes crer que arranjo maneira de estar na Faculdade antes das 8h para nao facilitar! E as pessoas parecem esquecer-se de que poder estudar na Universidade e, antes de mais, UM PRIVILEGIO. Se para fazer um exame oral obrigatorio eu tiver que faltar a um casamento ou baptizado, isso significa apenas que, na minha ordem de prioridades, fazer o meu curso e passar naquele exame esta acima do dito casamento ou baptizado. Se tal nao for o caso, a solucao e simples: falta-se ao exame e chumba-se na cadeira!

Eu sou aluno. Defendo os interesses dos alunos sempre que possivel e justificavel contra a prepotencia de alguns professores e das Universidades. Mas entrar em consideracoes do tipo "que coitadinhos que nos somos, explorados pelas Universidades" quase que parece a historia do Ronaldo que se considera um escravo! Mas tirar um curso na Faculdade e suposto ser facil? E suposto ser uma actividade de lazer para realizar nas alturas em que nos apetece, em que nos sentimos bem e em que estamos nas melhores condicoes fisicas e psicologicas?

Gosto muito do blogue mas e preciso manter certas coisas em perspectiva. Anyway, e uma leitura muito agradavel. Keep up the good work! (e continua a escrever sobre o Sporting que nisso es quase imbativel!)