sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Os méritos de Paulo Bento



Paulo Bento foi parte uma equipa campeã nacional, em 2001/02, enquanto jogador.

Assumiu o comando técnico do Sporting numa altura em que a equipa estava ainda ressentida de uma semana negra, em que tinha perdido o campeonato e a Taça Uefa.
O campeonato tinha sido perdido nos últimos minutos de um jogo no estádio da Luz. A Uefa foi perdida porque a bola bateu duas vezes no poste e, no contra-ataque, os russos do CSKA sentenciaram a partida.
A Paulo Bento foi pedido que pegasse numa equipa deprimida e foi aí, nesse primeiro ano, que a equipa jogou melhor futebol.

Sem recursos, alguns dos indiscutíveis jogadores que o Sporting tem, que são da sua formação, foram apostas claras de Paulo Bento. Jogadores jovens que serão, certamente, mais-valias para a selecção nacional. E esses méritos, mais tarde ou mais cedo, irão ser reconhecidos por todos. Principalmente aqueles que, nesta fase difícil, não hesitaram em apontar a Paulo Bento o caminho para a porta de saída.

O principal problema que tem levado às péssimas exibições da equipa do futebol reside no facto do Sporting ser hoje um clube de perdedores conformados. Sem recursos financeiros, sem investir no futebol durante vários anos seguidos, Paulo Bento não teve a oportunidade de treinar um plantel equilibrado, quantitativa e qualitativamente, como os planteis que, neste momento, têm o Benfica, o Porto e Sporting de Braga que são, neste momento, as equipas que melhor futebol jogam em Portugal.

Claro que Paulo Bento cometeu erros. Toda a gente reconhece isso. Pôs jogadores fora da sua posição, insistiu num modelo táctico aparentemente esgotado, não apostou definitivamente num avançado para acompanhar Liedson. Mas, tirando Izmailov (que disse que queria sair se Bento deixasse de ser treinador do Sporting), Vukcevic (que Bento recuperou) e Matias Fernandez, Paulo Bento, em quatro anos, não teve mais nenhum reforço. As suas escolhas estavam limitadas ao que havia no plantel. E o que havia no plantel era demasiado fraco para se poder ambicionar ser campeão nacional.

Sem recursos, ganhou duas Taças de Portugal, duas Supertaças e sabe Deus por que razão não ganhou uma Taça da Liga. Nunca ganhou o campeonato, ficando sempre atrás de um Porto que vive a estabilidade de um trabalho começado há décadas, com jogadores que têm o nível do que de melhor há por essa Europa fora.

Por isso, estou convencido que Paulo Bento não era parte do problema do Sporting. Os jogadores sabem isso. Os dirigentes também. Por isso, no treino que se seguiu ao conhecimento da demissão, Veloso surge abraçado a Bettencourt. E por isso, Moutinho ou Derlei defenderam o treinador no início desta semana. Para alguns jogadores, perdendo Paulo Bento, o Sporting perde tudo.

Vai ser difícil ultrapassar esta altura crítica. Mas que seja aproveitada para expurgar a mediocridade, procurar mais-valias no mercado, encontrar um treinador que seja pacífico, capaz de motivar o plantel e de nos incutir, a todos, uma cultura de ainda maior exigência e ambição.

A Paulo Bento não se poderia exigir mais. Exigia-se mais de Pedro Barbosa e até, porventura, do presidente eleito, no qual reitero a minha confiança.

Daí resulte o facto de eu pensar que o Sporting tem gente a mais e gente a menos. Espero que esta altura seja aproveitada para resolver esses dois problemas.

Por isso, sinto-me na obrigação de agradecer a Paulo Bento a defesa que fez dos seus jogadores e do Sporting Clube de Portugal, os títulos conquistados (que foram os possíveis) e o serviço prestado. E faço-o com a convicção de que, mais tarde ou mais cedo, este trabalho (de segurar o barco e de fazer omoletes sem ovos) será reconhecido pacífica e unanimemente.

Ao Paulo Bento, além do agradecimento, desejo as maiores felicidades para o seu futuro.

1 comentário:

maria disse...

Obrigada Paulo Bento :)

Bjs :)