segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Falemos de restauração


Sim, eu sei que é complicado montar uma equipa capaz quando se tem um grupo de defesas que defende mal, um grupo de avançados que não marca golos, um conjunto de médios cuja bola queima, um conjunto de jogadores que desperdiça energias atirando, com estrondo, as bolas ao poste.
Sim, eu também sei que é difícil motivar jogadores que vêem a sua carreira arrastar-se no clube, com melhorias significativas e sucessivas do ordenado, ainda por cima com uma estrutura pouco competente, amadora, incapaz de motivar a equipa seja para o que for.
Mas uma equipa que luta por títulos não pode sentar-se à sombra de uma vantagem mínima, tremendo como varas verdes em hora de ventania, como aquela criança que chora de noite, desesperada, porque tem medo de tudo e mais alguma coisa.
Não se fazem omoletes sem ovos. Ovos até têm havido, mas são desperdiçados, integrados numa lógica derrotada e conformista. São poucos mas, bem cozinhados, até poderiam dar para enganar a fome.
Porventura, gastaram-se recursos com ovos podres. E, ainda por cima mal cozinhados, sem sal quanto baste, o cozinhado tem saído insonso. Dá azia e dores de barriga.
O objectivo do Sporting, a menos que tenham enganado os sócios, era ser campeão nacional. Era ganhar a Taça de Portugal e fazer uma boa campanha europeia.
Não se percebe que se deixe de responsabilizar aquele que trouxe ovos podres. Mais aqueles que deixaram apodrecer umas certas e determinadas maçãs do pomar de Alcochete.
Mas se os condimentos eram suficientes para uns, também deveriam ser suficientes para outros. Se falta o sal, se falta pulso para mexer na colher de pau e se o cozinhado sai insonso, então deve-se substituir o cozinheiro.
Mudar de fornecedores, alterar o ministro comprador, substituir o cozinheiro, acabar com o amadorismo, profissionalizando-se e especializando-se numa receita bem condimentada e à portuguesa. É isso que o Presidente Bettencourt tem de fazer, com espírito de sacrifício, para que a ementa seja mais saudável e para que, depois da primeira refeição, venha mais gente ao restaurante. É que, francamente, para ficar com dores de barriga, a clientela vai continuar a ficar a casa. E, com este jejum, não se admirem que, dentro de muito pouco tempo, possamos todos morrer de fome.

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