Nélson era um profissional exemplar. Sempre soube qual era o seu lugar e sempre o respeitou. Parecendo ser eternamente suplente, era responsável pela harmonia entre o grupo. Terá certamente chegado a colocar em causa a sua capacidade para estar num clube como o Sporting. Terá melhorado quando pôde treinar com um guarda-redes como Schmeichel. E Nélson foi, tão-só, o substituto do gigante dinamarquês. Chegou a titular quando menos esperava para ser campeão nacional.
Rui Jorge era um profissional exemplar. Nunca disse ser adepto de um clube. Nunca esclareceu isso. Esteve no FC Porto e no Sporting com a mesma atitude, com a mesma disciplina, com a mesma dedicação. Foi campeão em Lisboa e no Porto. Foi campeão várias vezes nos clubes onde esteve e, parecendo um elemento secundário, era somente o lateral esquerdo indiscutível de uma selecção que fica para a História por ter sido composta por um grande grupo de jogadores que marcou a Geração de Ouro do futebol português.
Beto foi um profissional exemplar. Do Sporting desde o princípio, foi aqui que se fez jogador e homem e só uma lesão grave o impediu de rumar a palcos maiores, onde era cobiçado. Nunca teve, por parte do Sporting, qualquer apoio quando, depois do que deu ao Sporting, precisou do Sporting na fase descendente da sua carreira, já longe dos grandes palcos e da selecção nacional, numa altura que foi também muito delicada na sua vida familiar e pessoal.
Cristiano Ronaldo foi um profissional exemplar. Treinava depois dos treinos. Saiu prematuramente do Sporting para ser o melhor jogador do mundo em Manchester. Já actuou como adversário do Sporting, cumpriu o que lhe exige o seu contrato enquanto profissional de futebol e marcou, por duas vezes, um golo ao seu clube. Pediu desculpa. E as desculpas foram aceites. Insultou os adeptos benfiquistas no estádio da Luz. Mas é um grande português, um grande sportinguista e um ainda maior profissional.
Silvestre Varela foi um profissional exemplar. Fez o trajecto até chegar à equipa principal do Sporting, mas foi preterido por Yannick Djaló. Não foi uma decisão unilateral de Paulo Bento, mas dos sócios e adeptos que viam, em Varela, um jogador lento, pesado e pouco inteligente. Não tínhamos razão. Mas, se está no FC Porto e não está no Sporting, foi porque o Sporting lhe disse que não contava com ele. Fez pela vida, acompanhou o período final do Estrela da Amadora, numa conjuntura financeira marcada pelos salários em atraso. Por muito que nos custe, porque se trata de assumirmos um erro, Varela foi e continua a ser um profissional exemplar.
Sá Pinto foi um profissional exemplar. Não sei se já era sportinguista ou se passou a ser quando conheceu o clube. Fez tudo pelo Sporting. Correu, gritou, lutou. Foi a alma da equipa, fez a ligação com os adeptos, é um dos símbolos do Sporting e, sobretudo, um exemplo para aqueles que, nas claques e como Sá Pinto fazia, continuam a dar tudo pelo Sporting.
O Sporting teve muitos profissionais exemplares. Ainda tem alguns.
E, hoje, o Sporting defronta um ex-atleta do Clube. Um rapaz que tudo fez pelo Sporting até conhecer um outro grande amor: o dinheiro. Há dois anos, em princípio de época, Moutinho, empurrado pela pouca capacidade que o seu pai tem para os negócios, pediu publicamente para sair. E, sendo capitão de equipa, o Sporting deixou de ter hipóteses de estar concentrado na luta pelo título nesse momento. Admitiu a possibilidade de jogar no Benfica, tempos antes de ver a Juventude Leonina devolver a sua camisola. Enquanto passeava pelas ruas do Porto, apenas as crianças sportinguistas (e não só) o mantinham como exemplo de profissionalismo exemplar. Todos os outros, por conversas trocadas em privado, já percebiam o que se estava a passar.
Moutinho deixou de dar o litro, de comer a relva, de ser um elemento capaz de jogar o tempo que fosse preciso, onde fosse preciso. Tirou o pé. Saltou fora do barco. No início de uma nova época, voltou a fazer o mesmo, revelando um profissionalismo que nada teve de exemplar. Fechou-se no quarto da academia a enviar mensagens ao presidente. Recusou-se a treinar para a entidade que o formou e que lhe pagava quase uma centena de milhar de euros todos os meses. Confessou a traição ao clube quando disse que queria sair para o FC Porto, para o Benfica ou para um clube de um país qualquer no fim do mundo. Queria era ganhar mais.
É esse Moutinho que vai estar hoje em Alvalade. Um Moutinho que nada tem de profissional exemplar, porque, para se ser exemplo, tem de se ter coerência de atitudes durante uma vida inteira. Moutinho não teve. Foi pequenino. E foi um grande filho do dinheiro.
É uma maçã podre. E, se há alguém que vê num traidor um profissional exemplar, esse alguém é banana.
O Sporting somos todos. E Moutinho traiu-nos a todos. Hoje é um dia importante onde se vai ver quem está à altura deste grande Clube. Quem não estiver à altura, faça as malas e vá embora. Quem estiver, vai receber mal o Moutinho, fazendo uma recepção hostil mas não violenta e tudo vai fazer para que o Sporting vença o FC Porto.
Não somos aliados deles. E não podemos vergar-nos perante aquela ideia de que se não os podes vencer te tens de juntar a eles.
Porque nós podemos vencê-los.
Vamos ao Estádio! Viva o Sporting!
2 comentários:
Assino por baixo, palavra por palavra, nome por nome!
Bom fim de semana
Very nicce!
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