Há gente que fala alto, muito alto, que interrompe os outros para se fazer ouvir.
Fala com os termos grosseiros, de café, num populismo incompreensível para quem tem o dever de prosseguir os interesses de uma determinada Ordem profissional. Uma Ordem nobre, ainda por cima!
Acho que falta, em Portugal, alguma coragem para falar das verdades. Mas uma das verdades é que a corrupção, os interesses e os negócios de um determinado grupo de poder, a liberdade de expressão e as contas públicas são coisas para ser discutidas e resolvidas pela classe política. E não pela Ordem dos Advogados.
Os advogados defendem os interesses dos seus clientes, o Bastonário da Ordem dos Advogados defende, ou deve defender, os interesses da Ordem e dos Advogados.
Marinho Pinto não é a explicação do caos a que chegou a Justiça em Portugal. Longe disso. Mas a sua personalidade não ajuda à resolução desse caos e complica acordos necessários para que a Justiça, que é pilar do Estado de Direito, volte a concretizar-se neste país.
É absolutamente incompreensível que o mesmo homem que critica uma espécie de escravatura nos escritórios de advogados de Lisboa defenda, ao mesmo tempo, uma restrição ao livre exercício de uma actividade profissional por jovens que, depois de vinte e quatro ou vinte e cinco anos de idade, já são mestres e querem ser advogados. É a favor dos "interesses instalados" dos escritórios e também é contra eles. É a favor dos jovens advogados mas tudo faz para impedir que entrem novos advogados no mercado de trabalho.
Não está em causa o respeito que o dr. Marinho Pinto merece. Nem a sua dignidade. Mas os advogados, creio eu, também merecem esse respeito e essa dignidade. E o dr. Marinho Pinto, se tem ambições políticas, motivações legislativas, se tem um projecto político, então que se candidate para Primeiro-Ministro, Presidente da República ou Deputado e deixe a Ordem dos Advogados em paz.
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