segunda-feira, 2 de maio de 2011

A aventura de Isabel Alçada e a Escola Pública


Isabel Alçada fez o percurso que defendo.
Primeiro, a vida profissional, carregada de êxito.
Dedicou-se à nobre missão de incentivar a leitura às crianças.
Teve, no seu percurso de vida, uma missão que merece o reconhecimento generalizado de todos os portugueses.
Depois, envolveu-se na política, através do Partido Socialista.
Não é confundível com a generalidade dos políticos actuais, surgidos de aparelhos partidários incompetentes, que olham para as eleições e para a política como um meio de sustentabilidade financeira pessoal e familiar, como o único caminho para se alcançar um tacho.
Quando se anunciou que seria Ministra da Educação, fiquei surpreendido. Pela positiva.
O estado da educação em Portugal, a falta de exigência e a guerra aberta aos professores, vindos do anterior executivo (também ele liderado pelo engenheiro Sócrates) não lhe facilitaram a vida.
Não fez um trabalho perfeito, mas, em pouco tempo, e durante uma crise financeira que quase todos os portugueses vivos nunca tinham vivido, acalmou o sector.
Talvez tenha sido populista, facilitista, tal e qual é hábito socialista.
E cometeu erros.
Daí que eu próprio me tenha associado ao conhecido protesto do "SOS".
Mas as circunstâncias em que comandou a Educação em Portugal devem ser consideradas para que a análise seja justa.
Voltamos, hoje, a incluir a Escola Pública na discussão, mas pelas piores razões. As pessoais.
Critica-se o facto de alguns políticos terem os seus filhos em escolas privadas, quando tão acerrimamente defendem a Escola Pública.
Sobre isso, creio que devem ser feitas duas críticas.
A primeira é a de que essa informação (de que certos jovens em idade escolar, filhos de gente com responsabilidade, estudam em determinadas escolas ou colégios) é perigosa. Constitui um ataque à privacidade, prejudicando, muito mais do que os políticos, os seus filhos.
A segunda é a de que, independentemente da defesa que se faz da Escola Pública, os políticos têm o direito de escolher colocar os filhos onde entenderem.
E mais. Os principais políticos (assim como as pessoas com maior exposição pública) sentem, naturalmente, que os seus filhos gozam de uma maior protecção em escolas privadas.
Não está em causa a qualidade da educação, mas somente a protecção dos filhos.
Podendo escolher, é natural que muitos responsávis políticos optem pela protecção e pela segurança dos filhos.
Porque antes de serem políticos são pais, são mães.
E um pai, como uma mãe, em princípio, quer que os filhos estejam "resguardados".
Discutam-se as ideias. Não se caia no erro de discutir o que é pessoal.
O facto de se discutir o que é pessoal, o que é privado, só demonstra que, publicamente, não estamos seguros das propostas que temos para apresentar.
Nós não estamos. E, por esta altura, já devíamos estar.

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