quinta-feira, 12 de maio de 2011

A necessidade de consensos.


Muitas foram as vozes que, vindas dos mais variados sectores da sociedade portuguesa, se juntaram no sentido de defender um compromisso nacional.

O próprio Presidente da República já defendeu essa ideia, apesar de, como eu já o disse no passado, pouco ter feito nesse sentido.

Na ausência dos actos, ficaram as palavras. E às suas palavras juntaram-se ainda todos os que foram Presidentes da República desde o 25 de Abril de 1974.

Essa tese de defesa de um compromisso alargado, por força do impacto económico e social da crise financeira, tem tomado a forma de consenso nacional, sendo defendida por quase todos os portugueses.

Com os dados que temos, podemos dizer com alguma segurança que é possível que possa existir um entendimento entre partidos que permita a formação de um governo estável e que também é possível que o resultado não seja suficiente para que exista esse entendimento, mas há uma coisa que é praticamente certa. Não vai haver uma maioria absoluta de um só partido.

Eu não queria, desta vez, fazer previsões publicamente, mas parece-me que podemos confiar na ideia de que será possível, no dia 5 de Junho, haver uma maioria de dois partidos, um grande partido do centro do poder e outro partido mais pequeno que possibilite, com sentido de Estado, estabilidade na governação.

Nós, militantes do PSD, temos de nos consciencializar que não podemos pedir uma maioria absoluta aos portugueses, por várias razões das quais não vou falar mas também por uma que todos bem poderão compreender: o cenário de maioria absoluta de um só partido não é um cenário que possa estar, neste momento, em cima da mesa.

Pedir essa maioria não é sério. Aliás, nem o próprio Partido Socialista, bem assessorado por agências de comunicação atentas ao “pulsar” dos eleitores, caiu nessa tentação, nesse erro tremendo, porque a ideia de compromisso nacional é, aos olhos de uma maioria absoluta e esmagadora de portugueses, aquela que, de acordo com os interesses nacionais, se impõe.

Daí que não possa criticar Paulo Portas por não ser definitivo quando questionado pelo cenário eventual de poder ter de se coligar com o Partido Socialista. Até porque ainda não ouvimos Portas dizer peremptoriamente de que irá certamente para o Governo caso Passos Coelho necessite dele e do seu partido.

Criticável é quem critica aquele que defende os interesses do país, não respondendo a cenários na tentativa de não desviar a atenção do eleitorado. O silêncio de Portas é, portanto, completamente legítimo.

E mais. Se formos honestos connosco próprios, toda a gente já percebeu que, se forem essas as necessidades do Estado, Portas estará disponível para ser solução seja com quem for, mantendo a sua autonomia, a sua independência na forma como apresenta medidas e como segue o caminho.

O que não se pode dizer nesta altura é que não se está disponível para governar com um determinado partido por causa de uma determinada pessoa. Então e os interesses do país? Se, eventualmente, não houver essa maioria, iremos ver a extrema esquerda numa coligação de governo com a direita só porque não se quer governar com José Sócrates?

Mais do que nunca, é preciso relembrar os portugueses do que se passou nos últimos seis anos. Mas acima disso tem de estar a situação presente e a construção de uma solução que não comprometa o futuro.

Em suma, é preciso manter alguma frieza, algum sentido de responsabilidade, de verdade e também de coerência.

Pela primeira vez em muitos anos, a teoria do voto útil (para formação de governo) é aplicável a três partidos, já que, votar no CDS, dando força a Paulo Portas, será sempre útil no sentido de impedir maiorias absolutas e de forçar o Governo a adoptar uma postura aberta e de diálogo com todos os partidos, algo muito próximo da solução ideal para a maioria dos portugueses que deseja um compromisso alargado, um compromisso nacional.

E, voltando um pouco atrás, é muito perigoso dizer que não se está disponível para governar com este ou com aquele, é um erro que PSD e PCP estão a cometer, porque, para não terem de pedir desculpas ao país depois de 5 Junho, para não serem incoerentes com que disseram antes das eleições, esses dois partidos podem estar a pôr em causa a estabilidade na governação do país.

Depois de se forçar uma crise política, não se pode abrir qualquer espaço para que, depois dessa crise, Portugal não tenha governo e esteja, numa conjuntura de crise financeira, económica e social, com um vazio de poder.

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