domingo, 1 de maio de 2011

(O artista Du)Arte


Não há nada que justifique a violência.
Nunca se deve atirar um objecto para atingir alguém.
E, exceptuando os períodos de euforia por grandes vitórias, por princípio também não se deve tentar invadir o campo.
Não seria sério começar, a partir de aqui, uma teoria iniciada com um "mas".
Por isso, o que importa dizer é que Alvalade viveu hoje uma grande festa, meticulosamente preparada pela actual direcção, de homenagem às mães sportinguistas, aos seus filhos, às famílias em geral.
Foi absolutamente fantástico o ambiente que se viveu no estádio durante quase todo o tempo do jogo.
A festa não poderia ter sido melhor.
Apenas terminou um pouco antes do previsto.
E terminou, comecemos por ser francos connosco próprios, porque fomos completamente ingénuos, distraídos, incompetentes.
A esse propósito, basta escreverem "Duarte Gomes" na pesquisa do lado esquerdo deste blogue para verem um conjunto de textos que já escrevi sobre este árbitro português, que agrediu fisicamente o actual treinador de guarda-redes da selecção nacional quando este treinava os guardiões do Sporting.
No estádio, à minha frente, estavam dois casais com seis crianças (uma delas, rapariga). Terá sido a primeira vez que foram a Alvalade, graças a uma promoção que, suponho eu, deve ter havido.
O miúdo que estava à minha frente, vestido de amarelo, reguila, queria era que se fizesse a onda.
Eles vibraram, eles cantaram, eles riram, eles saltaram.
O pai, quase fora de si, de tão contente que estava, filmava os miúdos pelo seu telemóvel.
E os miúdos estavam a adorar aquilo. Até festejaram quando duas mães com dois filhos conseguiram colocar a bola dentro de uma "caixa" da Caixa Geral de Depósitos, no intervalo do jogo.
Ao meu lado, estava um casal, com uma filha em idade de liceu e um filho cuja idade ainda se deveria contar com as duas mãos.
Pelo que percebi, era também a primeira vez que tinham ido ao estádio. Foi uma festa para eles, todos em plena bancada central, abrigados da chuva, numa cadeira almofadada. Eles também saborearam o momento. A crise deve-lhes complicar ainda mais a vida e talvez seja difícil voltarem a estar ali, os quatro, sentados a ver um jogo do Sporting.
Quando olho para trás, e me lembro do que hoje se passou a partir de uma determinada altura (do momento em que Duarte Gomes expulsa André Santos), não posso lamentar o facto de se ter dificultado a tarefa do Sporting para as duas jornadas que ainda faltam jogar.
Tenho pena do que aconteceu. Mas não é por mim, nem é pelo Sporting.
É por aqueles miúdos, pelas mães que tornaram as bancadas muito mais compostas.
Não vão ter vontade de voltar ali.
E não é pelo que aconteceu durante uma hora e vinte minutos de jogo. Disso já não se vão lembrar.
O que vai ficar na cabeça deles é a polícia a correr de um lado para o outro, são as cenas de pancadaria na Superior Norte, são as tentativas de invasão do relvado em três das quatro bancadas, são os palavrões que foram ditos, são os stewards a conter gente muito enervada, são os objectos que estavam a ser atirados para atingir três indivíduos.
E aqueles miúdos que agora começam a ganhar o bichinho do futebol, os que já sabem as regras, nunca vão acreditar na inocência de um homem, cujo historial denuncia muita coisa, que expulsou um jogador, mesmo ali à nossa frente, sem que tenhamos visto nada suficientemente grave que o justificasse.
Vão cair num erro, porque vão ter preconceitos e vão generalizar, muitas vezes sendo injustos com outras pessoas que se dedicam à actividade de arbitrar jogos de futebol.
Quanto a nós, sportinguistas um pouco mais crescidos, vamos esperar sentados para que seja retirado o castigo ao João Pereira, pelo relatório, pela nota, pelas ilações que Vitor Pereira irá retirar da forma indiscutível com que Duarte Gomes tentou, no estádio de Alvalade, voltar a prejudicar o Sporting.
Não foi feliz, porque teve medo do ambiente hostil que se criou no estádio.
Não estava à espera, porque, neste novo estádio, nunca houve um protesto tão veemente e tão generalizado.
Arriscou. Saiu-lhe mal.
Pior do que isso, ele acabou com a festa que estava a ser feita.
Que péssimo serviço prestou, outra vez, ao futebol!
De resto, parece-me que se impõe, à direcção do Sporting, uma tomada de posição.
Para Duarte Gomes, no futuro, Sporting só pela televisão!

Sem comentários: