quarta-feira, 17 de setembro de 2008
Agora não, pá...
Não é novidade para ninguém que a JS tem muito pouco para dizer aos portugueses. A causa que a Juventude Socialista tomou como a sua principal bandeira foi a do casamento entre homossexuais.
Aquilo que se previa era que o Partido estivesse em plena sintonia com a sua Jota. Contudo, o PS vai chumbar, na Assembleia da República, a proposta da esquerda, que está de acordo com as pretensões conhecidas dos jovens socialistas. Ou melhor, o PS diz que "sim", mas não agora.
É evidente que, depois de três anos a tentar impor o debate público sobre essa questão e de tudo fazer para chamar a atenção dos portugueses, tentativas que fracassaram, os socialistas não querem agora pegar numa causa fracturante, sobretudo por estarmos no último mandato para o qual o Governo Socialista foi eleito com uma folgada maioria absoluta. É possível que a proximidade do PSD e a ruptura evidente que existe entre o Governo e Cavaco Silva sejam a causa deste não do PS.
Parece-me também evidente que o debate sobre o casamento e alargamento dos direitos entre homossexuais deve ser um desejo dos portugueses e uma preocupação de todos os partidos políticos, da esquerda radical à direita conservadora. Admito perfeitamente a possibilidade de referendar um hipotético projecto de lei, depois de realizado um debate pormenorizado, frontal, sério e sem tabus sobre as uniões entre homossexuais.
Já o disse, e repito agora, que sou favorável a um alargamento dos direitos dos homossexuais. Mas só a esse alargamento. E essa opinião favorável dependeria, mesmo assim e muito, dos direitos que estivessem em causa.
Sou fundamentalista na questão das adopções e Duarte Cordeiro merece a minha crítica quando defendeu publicamente que é favorável à adopção, pois, para ele, não há nada que prove que esse factor interfere no crescimento das crianças. Esse argumento deixa-me muito preocupado.
Contudo, aquilo que é de registar é que a JS lutou durante alguns anos para que o PS lhe dissesse "agora, não"..."mas depois, claro que sim". É o "adia, adia", próprio de quem parece ter receio dos ventos que virão em 2009.
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