sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Lisboa à noite


Há tempos, houve um ministro socialista que afirmou, a propósito da construção do novo aeroporto internacional de suporte à cidade de Lisboa, que a margem sul do Tejo era um deserto, onde não havia gente.
Há duas noites, depois do desaire da selecção nacional, estive no Cais do Sodré e em Santos. Ontem, cheguei a casa mais cedo, e acabei por passar, nestas últimas duas noites, pelos mais diversos sítios de Lisboa. Lembrei-me, nestas últimas duas noites, dos anos que ali passei, de dia ou de noite, com tanta gente, com tanta vida.
Mas agora, as ruas estão vazias de gente, com poucos carros a circular. As bombas de gasolina por onde passei, nomeadamente aquelas que estão perto da 2ªCircular, estavam sem ninguém. O Bairro Alto, depois de terem sido baleadas duas pessoas e de uma destas ter mesmo morrido, está também quase vazio. Curioso é que as pessoas trocaram os cafés e o convívio na rua por discotecas ou espaços fechados. Ou até pela própria casa.
Estas duas noites fizeram-me reflectir um pouco sobre este governo. Porque, na verdade, eu não sei se a margem sul é um deserto. Apenas verifico que a margem norte do Tejo, onde se situa a capital de Portugal, é, ela sim, um deserto de gente, de carros, de vida. Pelo menos à noite! As pessoas fecham-se, fogem...com medo!
E, mesmo assim, todos os dias nos jornais, na televisão e nas rádios ouvimos tantos e tantos assaltos.
Serei assim tão louco por achar que o medo e o pânico tomaram conta dos portugueses? Ou por que razão está a capital do país fechada a sete chaves dentro de casa?
Hoje, as pessoas têm medo. E, ainda pior do que isso, têm várias razões para o ter. Qual é o português, hoje, que vai propositadamente a uma bomba de gasolina à noite? Quem é que quando pára o carro, num sítio com pouco movimento, não se lembra do carjaking? Na verdade, as pessoas que se abastecem de combustível à noite apenas o fazem por necessidade. E saem do carro porque têm de o fazer.
Toda aquela energia e vitalidade foi substituida pelo pânico e pelo medo. Todos percebemos que o Governo não soube, nem sabe, lidar com este problema. A oposição não aponta um caminho, nem explica uma única ideia. Por isso, sinto-me agora como a noite de hoje de Lisboa. Será assim tão difícil assegurar a segurança aos cidadãos? Será necessária uma fórmula mágica para saber a forma de fazer com que haja mais e melhor polícia?
Estará tudo a dormir? Na volta, também está tudo a dormir. Como Lisboa. Em casa, tão tristes, fechados, com medo dos bandidos. Sabe-se lá...

2 comentários:

Anónimo disse...

Ouçam esta música que relata a vida destes delinquentes:
http://www.youtube.com/watch?v=ybEpV_5JGSA

JGP disse...

António, se foste sair a 10 de Setembro, então isso foi uma quarta-feira, o que é sinal de pouca gente na rua, especialmente se tivermos em conta que muitas das aulas e dos empregos já começaram. Tenho estado em Santos, Cais do Sodré e Bairro Alto, assim como na bomba de gasolina de Telheiras (a do McDrive) e não encontro qualquer vislumbro de insegurança. Os sítios estão cheíssimos na mesma. O tão falado clima de insegurança é tão somente a soma de meia dúzia de casos isolados, surgimento de novos tipos de crime como o carjacking e um total aproveitamento por parte da comunicação social sempre ansiosa por causar histerismo. O governo é o menos culpado nisto tudo. A última coisa que o Ministro da Administração Interna deveria fazer era demitir-se, como chegou a defender Manuela Ferreira Leite. Quando surge um problema, foge-se?