terça-feira, 27 de outubro de 2009

Conclusões sobre o PSD Lisboa



É do conhecimento geral que o grande adversário do PSD é o Partido Socialista. Todavia, no passado mais recente, o PSD, em Lisboa, tem visto alguns dos seus militantes assumirem-se como seu grande obstáculo. É que, mesmo sendo social-democratas, têm feito o jogo dos nossos maiores adversários.

Isso tem acontecido no Distrito de Lisboa, com maior impacto nos concelhos de Oeiras e Lisboa. Mas esse facto, interno ao Partido, tem-se, não raras vezes, repercutido para as eleições nacionais.

Porque a história no concelho de Lisboa é a mais complexa, talvez por ter começado a ser escrita mais cedo, é essa que importa analisar primeiramente.

Vamos, então, aos factos.

Em 2001, Ferreira Leite e Durão Barroso chamaram Pedro Santana Lopes para a “missão impossível” de ganhar Lisboa. E Santana venceu. Numas eleições a que o PSD se apresentou sozinho, vencendo a toda a esquerda. Mérito de Santana, mas também de quem o escolheu.

De 2001 para 2005, excluindo aquela curta interrupção, conhecida de todos, Santana fez um trabalho notável em Lisboa. Impulsionou a cidade, criou uma dinâmica positiva, fez obras e tomou medidas que, há muito, outros não tinham tido a coragem de tomar.

Quando todos esperavam a sua recandidatura, Marques Mendes, coadjuvado por Teixeira da Cruz, preteriu Santana para constituir uma lista escolhida, conjuntamente, entre si e a sua coadjuvante. O PSD venceu, é certo. Mas, em 2007, esses dois responsáveis acabaram por retirar a confiança política a vários elementos da lista, que, eles mesmos, tinham escolhido. A situação tornou-se insustentável e foram marcadas eleições intercalares para a Câmara. Incompreensivelmente, Paula Teixeira da Cruz, Presidente da Assembleia Municipal na altura, não fez cair também esse órgão municipal.

Novas eleições. PS vence. PSD fica em terceiro, com 15%. Resultado vergonhoso. A consequência deste desastre eleitoral acabou por ser a marcação de eleições directas e antecipadas para a presidência do PSD. Inacreditavelmente, Marques Mendes (que partilhou a responsabilidade por este catastrófico sufrágio com Teixeira da Cruz) recandidatou-se. Mas perdeu as eleições.

Para 2009, e de volta ao partido, Ferreira Leite volta a escolher Santana para cabeça de lista a Lisboa. Desta vez, Santana não conseguiu vencer. E, se não o conseguiu, foi por várias razões, que importa analisar.

Desde logo, com a não queda da Assembleia Municipal em 2007 (decisão errada de Paula Teixeira da Cruz), os socialistas tinham o argumento de que a Câmara nada fez durante estes dois anos (facto criticado, e bem, pela candidatura de Santana) porque a Assembleia Municipal, com maioria do PSD, não tinha deixado. Este argumento deu, inclusivamente, lugar à colocação de vários cartazes pela cidade.

Mas as razões não se ficam, obviamente, por aqui.

Além do voto útil de comunistas e bloquistas em António Costa, houve um grupo de pessoas que impossibilitaram, desde muito cedo, a vitória do PSD em Lisboa.

Foi criado um jornal, por militantes do PSD e pago com dinheiros públicos, para perseguir, difamar, injuriar e atentar à honra de muitos companheiros de Partido. Um dos alvos escolhidos foi Pedro Santana Lopes.


Foram feitas pressões no sentido de impedir a recandidatura de vários Presidentes de Junta, para que o cabeça de lista à Junta fosse um dos elementos desse grupo de militantes do PSD. Houve um Presidente de Junta, do PSD, que tive a oportunidade de conhecer este ano, que foi relegado para dar lugar a um outro. A menos que o homem tenha algum problema mental, que não constatei, não percebi o porquê da sua preterição. Porque adorava o que fazia, era reconhecido pelos habitantes locais, era activo e revia-se na candidatura do dr. Pedro Santana Lopes. Nessa freguesia, o PSD perdeu. Perdeu a Junta. E perdeu também para a Câmara Municipal.

Esse grupo de militantes infiltrou-se e pressionou a candidatura. Criou um mal-estar, semeou ódios e cultivou a intriga. Tudo por interesses pessoais.

Na freguesia de Benfica, por exemplo, foi feita, por esse grupo de militantes do PSD, uma campanha contra o candidato à Junta, da coligação Lisboa com Sentido, e contra Pedro Santana Lopes. Foram entregues, nas habitações dos munícipes, panfletos a difamar o candidato Domingos Pires.

Em relação à campanha, esperei, até ao dia 9 de Outubro, a resposta de um senhor, desse grupo de militantes, para que eu pudesse contribuir, também, para um espaço da candidatura. Enviei, conforme me havia sido solicitado, um e-mail em meados de Agosto para esse senhor. Mas, creio que intencionalmente, ele não me respondeu. Porque, desde o primeiro dia, esse senhor não quis seguir uma lógica de inclusão de todos.

Há, de facto, divergências insanáveis entre militantes do PSD. Porque não se afigura fácil, a um partido transversal da sociedade civil, conviver bem com um grupo de gente desqualificada, muitas vezes malcriada, irresponsável, fracturante e incompetente. Porque essa gente faz campanha contra o Partido. São fonte de notícias falsas para a comunicação social. Atentam constantemente à honra e à dignidade de companheiros de partido. Entre muitas outras coisas que, em nada, contribuem para o sucesso do PSD.

Estes são apenas alguns exemplos concretos do que se passou e do que se está a passar ao PSD no concelho de Lisboa. Mas que ajudam a explicar a derrota do passado dia 11 de Outubro.

Hoje que, conforme pretendiam, o PSD não ganhou (mas conseguiu um resultado bastante razoável para a Assembleia Municipal), começam a fazer as imposições necessárias para darem seguimento a um premeditado assalto ao PSD no concelho Lisboa. Aproveitando-se dos resultados, mas contra aqueles que decidiram confiar em Santana Lopes e no independente Manuel Falcão.

Talvez isso explique, agora, a ausência de resposta ao meu e-mail.

No concelho onde vivo, que é Oeiras, a situação é ainda pior. Com ainda maior responsabilidade de Carlos Carreiras e de um grupo de militantes que está ao seu lado.

Porque eu fui de férias descansado, convencido de que o PSD iria, neste concelho, vencer com uma confortável maioria. Para isso acontecer, votei, interna e directamente, nos candidatos que eu queria para representar o Partido nas eleições autárquicas. Votei em gente jovem, qualificada, reconhecida pelos habitantes locais, dinâmicos e que têm vida para além da política. Mas essa votação foi boicotada pelo presidente da Distrital, que não aceitou as listas candidatas propostas pelos militantes de uma secção do concelho e apresentou listas da sua inteira responsabilidade. Ou seja, a influência, neste concelho, foi ainda mais directa. Resultado: PSD perdeu as três Juntas de Freguesia e teve o pior resultado desde 1976.

Mas este grupo de militantes também nada ajudou nas legislativas. Começando pelo próprio Carlos Carreiras que, publicamente, a um mês das eleições criticou a lista do seu partido à Assembleia da Republica. Chegou a dizer, se bem me lembro, que o PSD teria, com isso, provavelmente perdido as eleições. Ou seja, para o Presidente da Distrital, o PSD já tinha perdido as eleições, com a antecipação de um mês.
De facto, o PSD perdeu. Com a contribuição da Carreiras. Mas também daqueles que estão consigo.

Por exemplo, a 25 de Setembro, encontrei duas senhoras. Uma é militante, a outra penso que não. Foi por volta da hora de almoço, nos Restauradores. Vieram falar comigo porque eu tinha uma pólo cor-de-laranja, do Partido, vestida, porque vinha da arruada feita desde “A Brasileira” até ao Terreiro do Paço. Vieram dizer-me que, na secção delas, os panfletos de Manuela Ferreira Leite ficaram por entregar e que continuavam arrumados na sua secção. É que, segundo diziam elas, quem presidia àquela secção (que é no Distrito de Lisboa) não queria que o PSD vencesse as eleições.

Em suma, podemos concluir que é impossível o PSD vencer eleições se continuar a pactuar com militantes que, no fundo, o que fazem é tudo fazer para que o PSD não vença.

Quanto à Distrital de Lisboa do Partido, creio que a situação é insustentável. Pelo que se passou e continua a passar no concelho de Lisboa, fruto de uma interferência clara de um grupo de apoiantes de Carreiras. Pelas consequências das suas palavras sobre as listas para as legislativas. Pela inacção intencional e consequente de alguns dos seus apoiantes. Ou também pela acção negativa e fatal de pessoas inseridas nesse mesmo grupo. E ainda pela influência directa que Carreiras teve na catástrofe eleitoral em Oeiras.

Sei que os militantes de Lisboa do PSD querem mudar de vida. Sei também que é disso que o PSD precisa. Para recuperar destes desastres eleitorais no Distrito. A propósito, leia-se a análise, exaustiva e correcta, feita pelo dr. Marco Almeida, vice-Presidente da Câmara Municipal de Sintra sobre estes mesmos desastres.

Felizmente, iremos ter eleições para a Distrital muito brevemente. Na minha opinião, de quem acha que a honra e a dignidade são duas características constitutivas e essenciais num homem, Carlos Carreiras não se deveria recandidatar. Até porque só pode recuperar essas duas características se não o fizer.

Estas são as conclusões que tirei depois da minha reflexão sobre o PSD Lisboa. Oportunamente, falarei também sobre o estado do PSD Nacional. PSD que está a reflectir. E que, com toda a certeza, irá conseguir dar a volta por cima sem embarcar em precipitações, que, no caso de repetirem, poderão ser, mais uma vez, fatais.

4 comentários:

Anónimo disse...

Havia um rapaz do meu tempo que, entre duas baforadas do cachimbo, dizia:"Os meus adversários políticos estão nos partidos da oposição. Os meus inimigos estão no meu próprio partido".(W. Churchill)

João Santos disse...

O consulado de PSL na CML foi excelente em termos de ideias e algumas pessoas da equipa, MAS houve muitos 'quadros intermédios' que entraram apenas para ganhar dinheiro e boicotar o sistema. Espero que, certos actos do foro criminal, cometidos por essas chusmas de 'descamisados' técnicos, nunca venham a público.
A história de 2005 foi trágica: para controlar todos os lugares e todas as pessoas, Antº Preto, Paula T. Cruz e MM fizeram uma lista...muito fraca. Nas freguesias fizeram listas miseráveis: incompetentes e ladrões, que assegurassem votos internos, foram a escolha. 2009- PERDEMOS AS JUNTAS! CLARO! Nem falo da novela da CML: destrói-se o PSD e coloca-se lá o 'irmão' Costa. Que vai ficar para 2010, o centenário...e para uns negociozitos, tipo’ Liscontas; Motas-Engiles’ (construções). Já o outro dizia: «é um fartar vilanagem».
A campanha de 2009 estava maculada pela (falta de) categoria de muitos intervenientes e pela política de "terra queimada" das gentes manelistas. Em muitas secções, os autarcas que não tinham sido descartados em 2005, por não serem marionetes das 'elites’, foram marginalizados, expulsos dos seus pelouros, não convocados para as reuniões de junta, ou Ass. de freguesia.
Já ouvi falar de um jornal do contra, mas nunca o vi, nem sei a intenção – não sei quem são os autores: seria um problema interno de alguma secção? Seria que não se reviam na candidatura de PSL? Claro que o uso de dinheiro público para fins pessoais é … crime!
Sei que numa secção todos os que poderiam ensombrar o rapazola (falo de mentalidade) do presidente foram saneados, para desaparecerem politicamente, resultado: mais umas freguesias para o PS… Como não passei pela candidatura (eu trabalho) não sei quem fez ‘bronca’, mas admito que muitos.
Quanto a Oeiras o que constou na AML foi que as 2 secções não se entenderam e a distrital passou ‘a batata quente’ para a nacional. Se os candidatos não foram os melhores, sabemos de quem é a responsabilidade. Realmente em Oeiras o caso devia ter sido devidamente ponderado: Isaltino faz o seu 3º mandato e neste momento o PSD devia ter tido na lista o putativo candidato de 2013. Não sei se é verdade, mas parece que a srª sua mãe se opôs, sem nomear alternativa, a todos os nomes. Quem está contra um tem de ter, na manga, outro melhor. Se não se passou assim peço, desde já, desculpa. As listas das freguesias não foram feitas pela secção da zona? É mais uma à Preto e MFL! Estou contra, e o resultado ou é instantâneo, ou vê-se em 4 anos…
A declaração de Carreiras sobre a não vitória era lógica – pena que não tivesse ficado por dentro do partido. Mas aí a escola tb é velha e MFL, (por ex:), sempre o fez, prejudicando muitíssimo o partido. Veja-se no caso presente a arrogância da nacional que excluiu os 20 primeiros candidatos DAS ESTRUTURAS LOCAIS e pôs 20 amigos. Querem ser eleitos, votem eles! pensaram muitos militantes. Tal era o bruá, que o Paulo Portas apelou aos PSD’s descontentes que …votassem nele! Para quê? A nacional sempre colocou alguns nomes da sua confiança, geriu os ódios locais e conseguia uma lista que satisfazia todos pela sua abrangência. E foi o que faltou.
Não comento Marco Almeida porque o n/ companheiro é juiz em causa própria… Eu, que não me chamo Carlos, e o Antº é que podemos…
E caro Antº, a degradação do distrito de Lisboa começou há bem uma dúzia de anos. Quando se preferem idiotas e incompetentes, a militantes, que podiam dizer não, o destino estava traçado –OS MELHORES, OU SAIRAM, OU ESTÃO NA PRATELEIRA. Militantes desprezados, inscrições fraudulentas, quotas pagas aos milhares por ‘beneméritos’, jagunços à porta das secções em dia de votação, subsídios para deslocação (táxi) dos votantes. Não pense que isto são espontâneos: houve grupos organizados a tomar o poder simultaneamente em várias secções, de modo a destruir o partido. Os donos são os mesmos que controlam o PS –e por aqui ficamos… Peço desculpa pela extensão, mas os temas são séios e profundos.

Anónimo disse...

Olá António, exelente artigo, contudo acho que devia dizer quem são esses tais militantes que fizeram essas campanhas contra o PSL, e que provas tem disso, caso contrário e acredito que sem intenção, está a continuar a politica de insinuações e difamações infundadas que deixaram o PSD neste estado.
guerrinhas internas de poder, basta mas então denunciem quem são esses malfeitores...seja claro e não apenas mais um a fofocar.
Diga os nomes e as provas do que afirma!

António Lopes da Costa disse...

Ao primeiro anónimo, agradeço o paralelismo que fez e a citação.

João Santos, apenas uma correcção sobre Lisboa: houve um senhor que foi saneado, mas que não o foi por ser contra Santana. Foi por uma pressão que, creio, eu foi feita. Porque até anotei uma afirmação que esse senhor, preterido, fez quando falou comigo: "Santana Lopes é um idiota, no sentido de que é a pessoa que tem muitas e as melhores ideias".
Em Oeiras não foi bem assim. Há aqui duas secções, como sabe. E uma, a de Algés, fez eleições internas para que os militantes escolhessem os seus candidatos às Juntas. A Distrital boicotou esta votação e repare que o PSD perdeu em todas as Juntas. Aqui a responsabilidade não poderia ser mais clara.
Quanto ao PSD Lisboa, é tempo de vermos os militantes votarem de acordo com as suas convicções. Pena que nas últimas eleições não tenha sido assim. E que ainda tenha de existir polícia e segurança numa secção de Lisboa quando há votações.

Quanto ao último anónimo, não posso deixar de dizer que acho curioso que não diga o nome e que peça para eu dizer o nome dos outros.
As pessoas sabem quem eles são. E quem falou em nomes, apontando o dedo pessoalmente, não merece a minha confiança.
Não vou dizer nomes. Nunca o faria. Até porque estamos todos a reflectir.
Há uma coisa que gostava de dizer. No meu entendimento, a falta de lealdade, solidariedade e gratidão são o pior que um homem pode ter. Há sempre tempo para se voltar a ser leal, solidário e grato.
Estou convencido de que, se unirmos forças, vamos ser capazes de vencer no futuro. E espero que essas pessoas, cujos nomes não revelo, se esforcem seriamente para esse clima de união no Partido.

Um abraço aos três