sábado, 28 de junho de 2008

O cenário dramático de um Portugal no pântano


A coisa está muito feia.
O pós-25 de Abril foi um falhanço e o que é certo é que hoje pagamos a factura dos sucessivos erros que se foram cometendo, ano após ano, dia após dia…
Aproveitei a pausa entre os exames e as orais para ir ver como está o país. E o país está podre, falido e na miséria.
Observamos, hoje, uma fuga dos jovens recém-licenciados para o exterior, por falta de oportunidades. As empresas fecham as portas. O povo está na miséria e uma grande parte dos portugueses passa mesmo fome. Muitas ruas de vilas importantes do Ribatejo e do distrito de Leiria, onde estive, assemelham-se às ruas que rodeiam o estádio do Alajuelense, da Costa Rica, do terceiro mundo.
Hoje, o país rico resume-se a uma mão cheia, apenas, de grandes empreendedores que triunfaram ou sobreviveram no pós-25 de Abril, e isto verifica-se em todos (!) os sectores da sociedade.
Desafio todos os leitores a irem ver Portugal. Mas desafio mesmo e desafio-vos a desafiarem os vossos amigos.
Custa-me muito observar que a democracia, em Portugal, significa rotatividade entre dois partidos e que o Estado (que somos todos nós) seja governado por um conjunto de lobbies que comanda uma máquina, que gere várias empresas muitíssimo lucrativas e desgoverna o país. Custa-me a acreditar que não haja democracia sem partidos políticos. E ainda mais me custa a acreditar que somos todos tão estúpidos que não conseguimos fazer o rumo do país mudar.
Vamos ver Portugal.
Vejamos como a agricultura, cada vez mais arcaica, pela falta de dinheiro, está a morrer.
Vejamos como as empresas fecham as portas.
Vejamos como as grandes mais-valias do país, que são os jovens licenciados se vão embora do país.
Vejamos como as empresas estão a falir.
Vejamos como a educação, que é a grande mentira dos socialistas, deixou de ser exigente e eficiente.
Vejamos como os polícias já são assaltados, como os juízes são agredidos, como assassinos andam por aí à solta. É que a defesa e a segurança deixaram de existir. Vejamos como o comércio tradicional se encontra sufocado pela construção abundante de grandes edifícios comerciais, ao contrário do que acontece por toda a Europa.
Vejamos como os hospitais não têm meios, como as emergências médicas, cada vez mais burocratizadas, são ineficazes.
Vejamos como os bombeiros acumulam dívidas e deixaram de servir da melhor forma os portugueses.
Vejamos a fome por que passam muitos portugueses.
Vejamos a pobreza que ameaça dois milhões de vidas, portuguesas.
Ou vejamos os buracos nas estradas (basta ir às principais estradas do país!), ou tantas outras coisas…
Esta crise afecta quase tudo e quase todos, por isso vou ao ponto de dizer que uma crise destas, que passa pela defesa, segurança interna, educação, economia, a saúde, enfim, afecta tudo, tem de ser uma crise muito grave, sem precedentes.
Mas se não há dinheiro, permitam-me que faça duas perguntas:
1) Se o dinheiro não foi investido nem na produção de riqueza nem em nenhuma das pastas, para onde foi?
2) Se não há dinheiro, para promover a segurança, para investir na educação, para as mais básicas necessidades públicas, por que razão se vão esbanjar milhares de milhões de euros em obras supérfluas?
As sondagens dizem-nos que a extrema-esquerda pode vir a ter quase 25% dos votos e isso preocupa-me. Assim como a rotatividade de partidos com ideias cujos líderes deixaram de conseguir diferenciar. Espero que seja diferente com Ferreira Leite.
Desafio mesmo os leitores do blogue a irem ver Portugal, para se consciencializarem que o abismo se aproxima de dia para dia. Estamos no limiar de um enorme precipício.
Vejo pela blogosfera, pelas ruas, pelos cafés, pelos comentários na televisão, pelas participações dos cidadãos nos fóruns das rádios e pelas conversas que tenho, que há muitos portugueses que partilham as minhas preocupações. As soluções devem ser debatidas. E estou disponível para debater, dentro ou fora do meu partido. Porque o meu objectivo é Portugal.
Penso que estamos perto da altura para se reformular o esquema partidário e para a constituição de novos movimentos de cidadãos, que partilhem o meu inconformismo, e que se unam consoante as suas posições políticas e ideológicas. Na esquerda, não faz sentido que exista um partido comunista, cuja matriz é, naturalmente, muito forte, a discutir, internamente, posições típicas de Estados capitalistas e democráticos. Julgo, também, que está aberta uma via para Manuel Alegre.
Penso que esta época é decisiva para o centro-direita, porque um falhanço deste PSD poderá fazer várias pessoas reflectir sobre a possibilidade de constituição de um novo movimento, com uma outra força, pois não faz sentido que o PSD esteja constantemente dividido em dois ou que, também no centro e direita, por exemplo, a Nova Democracia, o CDS ou o próprio PNR e demais partidos de direita não se unam, negociando um conjunto de ideias-chave, que sejam comuns. Por estranho que pareça, estou convicto de que o actual Bastonário da Ordem dos Advogados, Marinho Pinto, pode também, depois de cessadas as suas funções, constituir o seu próprio movimento ou, pelo menos, entrar para a vida política de forma mais activa e permanente, pelo tom e pela forma directa com que expressa as suas ideias.
Portugal não precisa menos de Manueis Alegres ou Marinhos Pintos do que de Sócrates e Louçãs. Digo isso, independentemente de não partilhar a esmagadora maioria das ideias de qualquer um deles, excepto algumas ideias do Bastonário e na expectativa de saber as propostas de Ferreira Leite, por quem tenho enorme estima, consideração e respeito. Aliás, espero muito de Manuela Ferreira Leite, como militante empenhado que sou, hoje, do PPD/PSD.
O que quero dizer com isto é que Portugal deixou de ter problemas sérios, para passar a enfrentar dificuldades dramáticas. Dificuldades que todos sentimos, uns mais do que outros, e que nos preocupam. Mas o conformismo não leva a lado nenhum e os problemas são demasiado sérios para serem “resolvidos” por lobbies e por pessoas mentirosas, corruptas e incompetentes.
Chegou a altura de dizer BASTA! De arregaçar as mangas e pôr mãos à obra. Porque há muito trabalho pela frente…
Estou, por isso, totalmente disponível para debater e ajudar no que for preciso, contribuindo de forma patriótica e voluntária num dever cívico, que nos deve tocar a todos.
Permitam-me que acrescente apenas e sublinhe o pormenor de que falo, evidentemente e, como sempre, a título pessoal. E que não há nada que se não possa ler nas entrelinhas.

2 comentários:

Anónimo disse...

nao costumo estar muito de acordo contigo mas confesso que esta tua leitura foi inacreditavelmente perfeita! era bom que os governantes futuros fossem pessoas saidas da sociedade civil! este ps e parte do psd têm deixado o país no pantano

Anónimo disse...

Caro António:
Parabéns por falar do país e concordo com tudo o que diz excepto com a sua esperança em MFL.

Não é desrespeito pela pessoa dizer que a senhora entrou no PSD porque estava no governo de Cavaco Silva -como ela muitos outros entraram porque lhes interessou. A senhora poderia ter-se tornado uma militante empenhada -não o foi, excepto a dizer mal de tudo e de todos (fora o tempo que esteve no governo com Durão Barroso). Como autarca, a senhora cumpriu um mandato -acredito que com custos pessoais- mas hoje não o está a cumprir. O país real que se dane?
E não acredito na presidente, porque ela é o rosto de todos os que desejam o Centrão e um país com um povo analfabeto e na miséria.

Quando um dia interroguei porque é que estes dirigentes (que seriam sempre os chefes), não queriam chefiar um país próspero e culto, disse-me um 'chefe': «mas isso não dava prazer nenhum. O que dá prazer é humilhar tipos de pé descalço e com fome. Para isso é que vale ter poder». A pessoa não estava a brincar. É esse o pensamento de MFL e amigos -não falei nos 'pés descalços' que apoiaram para ter o tachito.
Esta é outra táctica dos bacanos: se querem não ser tão miseráveis como os outros, lambe as botas, ou se quiserem mais fino, prostitui-te, senão pé desclço e barriga a dar horas.

Como disse o outro «habituem-se», ou o irmão/camarada «Tudo para os amigos, nada para os adversários, aos outros cumpra-se a lei» -sem comentários...