terça-feira, 10 de junho de 2008

O cerco



Nestes últimos tempos, tenho sido surpreendido pela positiva pelos portugueses.
Sempre pensei que Sócrates ía ter uma folga. O bom tempo levava as pessoas para a praia, o Europeu iria concentrar as atenções, além das várias manobras de diversão que os socialistas têm feito, através dos vários centros de poder que esse partido dispõe.
A verdade é que, apesar do bom tempo, do euro (que nos tem criado boas expectativas) e das manobras de diversão, os portugueses perceberam que afinal não têm dinheiro que chegue para ir de carro para a praia, podem nem ter gasolina, porque as bombas podem não ser abastecidas pelos camionistas, que se uniram numa paralização geral, nem têm mais paciência para as manobras de diversão dos socialistas. E muita paciência tiveram os portugueses...
Estimo que, nos últimos 6 meses, perto de um milhão de pessoas já esteve na rua a manifestar-se contra este governo. Deparámo-nos com algumas das maiores manifestações dos últimos 30 anos.
Depois dos professores, dos alunos, dos utentes de centros de saúde recém-encerrados, dos trabalhadores e de grande parte dos sectores da sociedade portuguesa, chegou a vez dos camionistas se manifestarem, do mesmo modo que se manifestam na vizinha Espanha, de uma forma ainda mais forte, e em França.
Tenho pena que as notícias fossem os desentendimentos entre os camionistas em vez de serem aquilo que os fazia agir assim. Tenho pena que também alguma comunicação social não acentue o dramatismo relativo às dificuldades que aqueles camionistas e as suas famílias enfrentam nem o impacto desmedido que aquela paralisação podia (e pode, se for retomada) provocar. E de saber que a polícia (incluindo a Polícia de Intervenção) impediu que os camionistas pudessem ampliar os impactos desta paralisação.
A memória não me falha. Lembro-me perfeitamente de quando Sócrates chamou "comunistas" às pessoas que se manifestavam. Lembro-me do povo chamar "mentiroso" ao ainda Primeiro-Ministro de Portugal, onde quer que este fosse, de norte a sul do país. Do mesmo modo que não esquecei que Sócrates e este Governo queriam colocar 10 mil polícias na rua para enfrentar um hipotético cerco dos camionistas a Lisboa.
Essa intenção diz tudo. Como em tantos outros momentos da História, este será, também, um dos últimos episódios de José Sócrates como Primeiro-Ministro de Portugal

1 comentário:

Anónimo disse...

O pior para o regime democrático é que não há alternativa.
As cabecinhas pensadoras pensavam que era pôr a 'tia' Nela e o povinho ignaro ia votar nela (e neles para os tachitos) contra o Sócrates.

Mas se se disfarçarem e forem dar umas voltas de transportes públicos verão que o povo vai votar com os pés.

Parece que as 'sumidades de inteligência (salvo seja) AINDA NÃO FIZERAM AS CONTAS DA ELEIÇÃO DA CML EM 2005! Pois...