terça-feira, 3 de junho de 2008

Um sonho concretizado


Fui muito crítico da política de contratações que o Sporting vinha a seguir, que se resumia a vender os seus principais talentos e comprar jogadores desconhecidos, sem experiência no futebol português e nas competições europeias. Essa política foi um fracasso.
O Sporting parece estar a querer corrigir esse erro.
Fiquei muito triste quando o Rochemback saiu do Sporting porque sempre foi um dos jogadores de quem mais gostei. Desde o dia que saiu que o meu maior desejo era que ele regressasse. Já tinha, aliás, escrito sobre isso há uns meses, na altura em que se falou da possibilidade de o Benfica o contratar. Estou, naturalmente, radiante com a sua contratação.
Nunca escondi, também, a simpatia que tenho por outros jogadores, de outros clubes, nomeadamente dos principais rivais. No topo dessa lista de jogadores sempre esteve Helder Postiga, desde os seus primeiros passos no Porto de Mourinho. Postiga é, e sempre foi, um dos meus jogadores-fetiche e, confesso, nunca esperaria que viesse a jogar com a camisola do Sporting. Para mim, era um amor impossível, um sonho difícil de se realizar.
O negócio foi, na minha opinião, muito bom para o Sporting. Digo isto, porque o Sporting sempre pensou em formar grandes jogadores, no sentido de construir uma grande equipa para o futuro, mas tendo em conta que o plantel era imaturo e que vacilava nos jogos decisivos, não ganhou muitos títulos e as principais estrelas da cantera tinham o destino traçado, ou seja, saiam, a troco de um valor significativo, para os melhores clubes da Europa.
O Sporting estava a entrar num ciclo vicioso, em que, apesar de formar meninos-prodígio, não colhia os frutos que eram os necessários, ou seja, ganhar campeonatos. Tinhamos mesmo de os vender. Assim, a equipa era, como disse atrás, pouco experiente e não ganhava títulos. Sem títulos, a massa associativa desmobilizava-se e o clube não tinha receitas. Esse foi, e continua a ser, o grande problema do Sporting.
Sendo assim, mantendo a minha coerência, neste negócio o Sporting ficou a ganhar três vezes:
1) Fica com o Postiga, um jogador que encaixa bem no 4x4x2, que marca alguns golos, que tem raça, que quer relançar a carreira e que tem experiência. E dá ao Porto um jogador jovem, que dizem ter um grande potencial, mas...
2) Se o Diogo Viana vingar na Invicta, o Porto terá de o vender. E sabemos bem como é que o Porto vende os bons jogadores! Quanto mais o Porto receber numa futura transferência, também maior será a receita do Sporting, sem ter despesas, nomeadamente salarias. É que o Sporting terá direito a 50% do valor da venda. Contudo,...
3) Se o Diogo Viana não vingar no Porto, o Sporting deu a um rival um jogador que não reforçou o seu plantel e, por isso, o Porto não fica mais forte depois deste negócio.
O Sporting tem de pensar no presente e ganhar títulos hoje para continuar a crescer e poder ser gigante amanhã. O plantel ganha mais, hoje, com Postiga do que com Diogo Viana e da Academia continuarão a sair sempre jogadores de top, iguais ou melhores do que o que saiu. Disso ninguém tem dúvidas.
Portanto, o Sporting apostou no seguro, em vez de cometer os erros do passado. Rochemback e Postiga são dois reforços a sério, que podem aumentar a empatia entre adeptos e jogadores, além de, com eles, trazerem receitas. Além das desportivas, que espero que consigam, julgo que estes dois reforços vão aumentar a procura de camisolas com o seu nome. Pelo menos, conto comprar uma camisola com o número 23, de Postiga.
Resumindo, o Sporting está a reforçar-se bem. E além da contratação de Postiga ter sido, no meu entender, um bom negócio é, acima de qualquer outra coisa, um sonho que eu tinha, que se concretizou.

2 comentários:

Anónimo disse...

Post muito interessante. Concordo plenamente com a analise que fazes da viragem estrategica do Sporting.

Foram dois anos em que se investiu em jovens promessas: Nani, Moutinho, Veloso, Pereirinha, Djalo, Vukcevic e Izmailov viram aumentar significativamente o seu valor de mercado durante o consulado de Paulo Bento. Nenhum destes jogadores saira realisticamente do Sporting para outro clube por menos de 10 milhoes de euros (um ate ja foi por 25.5). Nenhum tera custado mais de 5 (com a dificuldade obvia de avaliar o custo real de um jogador da formacao).
Mas teem um tempo de permanencia curto no plantel. Teem pouca maturidade e cometem erros porque estao a aprender. A equipa ressente-se disso, e quando ja estao a jogar a um nivel elevado e a ser verdadeiramente uteis em termos desportivos (se nao tiverem perdido toda a auto-estima por serem assobiados por adeptos intolerantes e frustrados) aparecem ai as aves de rapina, pagam milhoes e levam-nos para nunca mais os vermos em Alvalade. E recomeca tudo de novo, vira o disco e toca o mesmo.
Fica complicado ganhar provas de regularidade, porque um jovem de 19 /20 anos que da os primeiros passos na equipa do Sporting nao a pode ter. Da para galvanizar a equipa para provas a eliminar (porque o treinador e muito bom!), mas paga-se o preco de manter o tal jovem na equipa jogo apos jogo, apesar de se saber que e o melhor para ele (e apesar dos assobios).

Depois destes 2 anos em que se valorizaram os activos do clube, esta na altura de passar para o nivel seguinte. E e isso que o Sporting esta a fazer. Precisamente abrindo mao (quando necessario seja) de parte do seu capital de "promessas", na certeza de que quando se embarca numa estrategia, e a 200%. Quem chorar por nao ver o Saleiro, o Tiago Pinto ou o Celestino no plantel 2008-2009, nao percebeu isto. Mas ainda vai a tempo.

Saudacoes leoninas

Visconde disse...

Concordo com a politica de aquisições que o Sporting traçou para esta época, reforçar pouco mas com qualidade, aproveitando a estrutura base e colmatando as falhas existentes.
Rochemback e Postiga são 2 mais valias, ficam a faltar Caneira, um lateral esquerdo (caso Grimi não fique) e um GR, a não ser que apareça um negócio a não perder.

SL