terça-feira, 10 de abril de 2012

A (des)Ordem de Marinho Pinto


É muito difícil, quase impossível, que uma sociedade de advogados empregue um jovem que não tenha feito o mestrado depois da licenciatura. Ou seja, na melhor das hipóteses, o jovem tem cinco anos e meio de estudos superiores, repartidos por licenciatura e mestrado.
Depois, vai para a Ordem ter aulas. No fim das aulas, tem cinco exames. Só pode aceder ao estágio, se for aprovado nesses cinco exames. O estágio dura dois anos. E depois do estágio tem novo exame. Para que, ao fim de oito anos, possa finalmente exercer advocacia.
Tudo isto tem custos. Desde a licenciatura aos mestrados, passando pelos livros. A própria inscrição nas aulas da Ordem, de preparação para os cinco exames para aceder ao estágio, custa mais de 700 euros. 
Na última avaliação (depois do estágio, dos exames de acesso ao estágio, das aulas na Ordem de preparação do exame de acesso ao estágio, do mestrado e da licenciatura), 59% dos candidatos a Advogados chumbou. 
Segundo o Bastonário, a Ordem não quer vender cédulas profissionais como acontecia antigamente. Ou seja, parte dos advogados que exerce profissionalmente a advocacia só o pode ser e fazer porque comprou cédulas profissionais. Mas os jovens, que estudaram e foram, com mérito, aprovados por Universidades e pela própria Ordem (no caso dos cinco exames de acesso ao estágio), já não podem ser advogados. Não por serem desqualificados, porque não são. Mas porque, simplesmente, não os deixam ser. Porque não querem que sejam.
Neste processo, que demora tanto tempo como um processo judicial e que sai demasiado caro, não há qualquer transparência. Bastava dizerem quais são as faculdades que não servem os interesses dos alunos e da Ordem, como acontece, por exemplo, com os arquitectos. Mas a Ordem não faz isso. E como tem medo de dizer que nada presta, a Ordem (com a política deste Bastonário) continua, de forma travestida mas inconstitucional, a impedir o acesso à profissão.
O Bastonário, quando faz as suas críticas, deveria olhar para o seu umbigo. Porque as críticas que faz (aos juízes e aos políticos) são do género "olhem para o que eu digo e não para o que eu faço". É uma vergonha, uma grande vergonha aquilo que se passa. E valeu a pena pensar noutro caminho. Por agora. 
E assim continua este país, este triste país. 
E assim continua a Ordem. Ou a desordem. Com um Bastonário que, talvez por se ter licenciado com uma média de onze valores, desconhece a Democracia, a Liberdade e a Constituição.

2 comentários:

maria disse...

Houve um tempo em que achei que ele estava certo, até que um dia me senti enganada e nunca mais consegui acreditar numa palavra do que diz...Marinho Pinto é dos que fala, fala, fala (grosso) ou grita, grita, grita e nada diz...

Este é dos tais que assim que chegue ao poder faz o que quer e lhe apetece, mas nada que melhore o país...e são asneiras atrás de asneiras...

Bjs :)

miguel vaz serra....... disse...

Pois é amigo.Como diz a Maria, muita gente pensou que ele até estava certo, era boa gente, simpático. Até era amigo da Ministra da Justiça, como se isso fosse um cartão de visita. Muito pelo contrário!!!
A muitos outros nunca nos enganou e parece impossível que os Advogados votem nele. Todos sabemos porquê.
Depois de Sócrates, o PGR e um pequeno etc de gente que por aí ainda anda, este é sem sombra de dúvidas um boneco de muito cuidado.