quinta-feira, 30 de junho de 2011

Sobre o Passeio Livre


O nosso Código de Processo Civil apresenta, logo no seu primeiro artigo, um princípio basilar do nosso ordenamento jurídico, proibindo a autodefesa. Será, certamente, um princípio geral, susceptível de encontrar excepções, como aquelas que surgem no Código Civil, onde se apresenta um conjunto de causas de exclusão da ilicitude de certos comportamentos.
Acontece, porém, que só se pode invocar a causa que exclui a ilicitude de certos comportamentos que, numa regra geral, seriam ilícitos depois de se verificar a impossibilidade ou, pelo menos, a inviabilidade de recorrer aos meios públicos, nomeadamente às forças de autoridade.
Não se verificando essa impossibilidade, ou essa inviabilidade, quem causa dano a outrem deve ser responsabilizado na medida do dano. De um ponto de vista sumário, é esse o regime do Código Civil.
O Código Penal estende a responsabilização de danos à via criminal.
Ora, aquele que, substituindo-se às forças de autoridade e não recorrendo à autoridade das mesmas, cola autocolantes em vidros de automóveis, mesmo que estejam estacionados em locais onde o estacionamento é proibido, responde, civil e criminalmente, pelos danos que causa.
Assumindo a minha total solidariedade com as pessoas do blogue Passeio Livre, pelo combate que fazem ao estacionamento que impede ou prejudica a livre circulação de automóveis e peões, não posso deixar de criticar o seu comportamento revelador de falta de tolerância e manifesta má fé em situações onde o estacionamento não afecta os direitos de quem quer que seja, sobretudo nas imediações de locais de trabalho ou de ensino.
Se os automóveis estão estacionados onde, por lei, não deveriam estar, e esse estacionamento é motivado exclusivamente pelo cumprimento de obrigações profissionais ou académicas, não perturbando ninguém, não se compreende que danifiquem os automóveis, ainda para mais quando existe sensatez por parte da polícia.
Além da má fé e da ilicitude na prática desses factos, esses comportamentos revelam um fanatismo e falta de tolerância que podem comprometer a eficácia da mensagem legítima e positiva que os autores desse blogue e os respectivos seguidores querem fazer passar.
O extremismo, a falta de sensatez, a adopção de comportamentos ilícitos e criminosos não são as respostas adequadas aos problemas que fizeram nascer esta causa cívica.
Se, em zonas universitárias, há automóveis junto à estrada ou em cima do passeio, sem constituir obstáculo à livre e rápida circulação de ninguém, isso deve-se à necessidade dos estudantes e à inexistência de alternativas.
E, compreendendo e partilhando a posição de quem defende que se deve andar a pé, há quem não possa ir a pé para os locais de ensino ou de trabalho. A menos que possam dar asas às pessoas, que ofereçam helicópteros, que criem locais de estacionamento, não devem colocar autocolantes no vidro, causando danos aos veículos. Sob pena de poderem ser responsabilizados pelos danos causados e de ver, por intolerância e extremismo, a defesa de uma boa causa cívica perder-se a "meio do caminho".
Seria pena que isso acontecesse, porque faz sentido que se alerte a sociedade civil para as necessidades de circulação, condenando quem, de modo egoísta e desrespeitador, estaciona em locais proibidos, afectando seriamente a circulação de automóveis, de pessoas, sem consideração pelos outros, nomeadamente aqueles que têm dificuldades especiais em circular na via pública.
Condenando os excessos e quem, por só pensar no umbigo, prejudica a circulação dos outros em espaços públicos, exige-se, de todos, muito mais tolerância, sobretudo em casos onde essa tolerância deve imperar.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

"Eles não sabem que vão morrer."


A frase não é minha. É do Miguel Falabella, actor brasileiro, e foi lembrada pelo Joaquim Monchique numa entrevista dada ao Daniel Oliveira, transmitida na SIC depois do almoço de sábado passado.
As frases mexem connosco, inspiram-nos, fazem-nos pensar. E aquela, naquele contexto, fez-me pensar na realização plena de um ser humano, que é poder responder com certeza às duas maiores incertezas, que são o sentido da vida e a própria morte.
Pois é. O "eles não sabem que vão morrer" é um dos meus lemas de vida, que acolhi há não muito tempo. Porque a vida é curta para deixar o sonho para amanhã. Para amanhã, em vez do sonho, deixe-se o sono. E faça-se hoje o trabalho, faça-se hoje o caminho, faça-se hoje tudo o que for possível fazer.
Com o privilégio que temos em estar de passagem, não podemos deixar as coisas para depois, para o depois. Depois da vida, os sonhos que tínhamos em vida tornam-se impossíveis.
Não fazia sentido deixar de falar naquela citação, sobretudo neste dia em que o país se despede de um rapaz de 28 anos, num acidente causado pelos riscos que são próprios da utilização de um automóvel. Bastou algo com a pequenez de um furo no pneu, algo completamente fortuito, momentâneo e, por isso também, injusto para que Angélico Vieira praticamente perdesse a possibilidade de estar vivo.
Aconteceu ao Angélico Vieira mas, no ano passado, uma pessoa minha conhecida, num acidente igual foi projectada 30 metros. O carro ficou desfeito. Foi operada, sobreviveu. A luz não se apagou para ela, nem para as outras que seguiam consigo. Está viva e de boa saúde. Mas são coisas que acontecem, que nos podem acontecer amanhã. Ou podem acontecer-nos depois. Ou podem-nos acontecer coisas diferentes. Dependemos praticamente apenas da nossa sorte.
E sim, uma vez mais, eles não sabem que vão morrer.
Mas Angélico, que morreu, talvez soubesse.
Havia quem gostasse dele, havia quem não gostasse. Eu, pessoalmente, não era propriamente um fã, sobretudo, das suas músicas. Era uma questão de estilo, uma questão de gosto, uma questão de diferença. Respeitava, isso sim, o seu empenho, o seu trabalho, a forma como conseguiu subir na vida.
Gostasse-se ou não, o Angélico Vieira era um rapaz digno. Que, ao contrário de outros, não abusava de menores, não praticava crimes sexuais, era normal porque queria ser normal, mas famoso porque lutou para ser famoso. E era famoso. E é famoso. E deve estar feliz por estar a ver as fãs a despedirem-se. Merecia e merece isso.
O exemplo que dei, bem real, presente e doloroso, tem tudo a ver com a frase do Miguel Falabella que intitula este texto.
Nós não temos sempre de falar das mesmas coisas. Não temos também de nos render ao que está a ser falado. Mas temos o dever de puxar destes exemplos para reflectir, para fazer reflectir os outros, os outros que sonham, os outros que adiam os sonhos, os outros que se rendem ao conformismo em vez de trabalharem com afinco para se poderem sentir definitivamente realizados no momento de dizer "adeus".
A vida são dois dias. E um homem, para ser pleno, tem de conjugar o sofrimento com o trabalho e a esperança. Um homem, para se concretizar, tem de sonhar, tem de seguir os sonhos.
Não sejamos hipócritas connosco próprios e saibamos dizer que todos vamos morrer um dia. Saibamos perceber isso.
No dia em que todos percebermos isso, meio mundo vai deixar de apenas dizer mal do outro e a outra metade vai perceber a insignificância dos seus problemas acessórios e supérfluos.
Quem já percebeu que vai morrer, que continue a puxar pela cabeça, a sacrificar o corpo, a materializar projectos. Quem só agora começa a perceber, pense na oportunidade de ouro que tem ao ter o leme de uma vida, cujo rumo pode ser sempre alterado.
Até que se prove com toda a certeza o contrário, esta é uma oportunidade única. Ou a única oportunidade. É bem possível que a oportunidade deixe de existir no momento, no instante, do "click". Não sabendo quando vai acontecer, sabemos com a certeza absoluta que vai chegar.
Eles, que não sabem que vão morrer, são falhados. A vida foi uma passagem para eles. Mas não a viveram. E, por isso, não conseguiram ser felizes. Viveram tudo só a metade porque só viram o sofrimento e não viram a esperança nem o sonho. E não quiseram ver o trabalho. Foram "meios-homens".
Depois desta reflexão, que já é, de certa forma, a homenagem possível, não poderia deixar de terminar referindo-me a um homem pleno, merecedor do Descanso Eterno, que hoje partiu, e do qual me despeço com um "até sempre, Angélico Vieira".

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Entretanto, há uma pergunta que ninguém faz:

E o país, vai de económica ou de executiva?

No princípio do fim da História


Depois de 110 anos, de 34 campeonatos ganhos, de muitos super-clássicos realizados frente ao Boca Juniors, a despromoção dos "milionários" para a segunda divisão do futebol argentino traduz-se numa queda com um brutal estrondo de um dos mais importantes clubes de futebol da América do Sul e do Mundo.
Com o El Monumental completamente lotado, depois da pior época da História, frente a um Belgrano que foi, assim, repescado, eram expectáveis os incidentes. Se a descida de um gigante como o River Plate nos choca, a nós, que vivemos o futebol de outra maneira, imaginem só como deverá estar a fervilhar o sangue dos adeptos desta enorme potência do futebol argentino.
Mais brutal do que a despromoção só mesmo as imagens que nos vão chegando dos incidentes que estão a ocorrer nas imediações no estádio, muito mais previsíveis do que o desempenho de quem não conseguiu honrar o símbolo da camisola que vestia.
E aqui há uma reflexão que nós, que gostamos de futebol, devemos fazer. Sendo uma potência do futebol argentino, o River Plate é um clube vendedor. Exporta futebolistas de grande qualidade para os grandes clubes europeus. E jogar no River deveria ser um privilégio para quem ali joga. Jogar no River é jogar no River, jogar no Boca é jogar no Boca, como jogar no Benfica é jogar no Benfica e jogar no Sporting é jogar no Sporting.
Quando jogar num clube, por maior que seja a sua História, é visto, pelos jogadores, como um trampolim, vejam só o que pode acontecer.
Este pode ter sido o primeiro grande sinal de que o futebol precisa de mudar. Nada impede que isto possa acontecer nos próximos tempos, por exemplo, com um Liverpool. E falo no Liverpool para falar de um clube histórico que foi, este ano, superado pelo Manchester United, que tem sido ultrapassado por equipas recém-compradas por milionários, como o Manchester City ou o Chelsea, até então equipas de bairro.
E, nos clubes portugueses, temos, e temos todos, de começar a dizer aos jogadores que há contratos, que os contratos são para cumprir, que aqui não se joga para dar o salto, jogando-se para chegar onde podem chegar os milhões ao final do mês, sem empenho, sem amor à camisola, sem qualquer respeito pelos sócios e adeptos.
Temos de ter muito cuidado quando aceitamos, sem condições e sem debate prévio, que um iraniano tenha acabado de "comprar" o Beira-Mar, tornando-se accionista maioritário de uma SAD que, para esse efeito, vai agora ser criada.
Com todo o respeito pelas gentes de Sandim, e para não falar de clubes que têm estádios novos e boas condições de trabalho, nada impede que venha um milionário que compre o Dragões Sandinenses e o torne campeão nacional, colocando-o na Liga dos Campeões, alterando, pela força do dinheiro, o rumo de uma história do futebol português que foi construída à custa do sonho, do trabalho e da dedicação de muita gente e em vários clubes de norte a sul do país.
O dinheiro está a desvirtuar a essência do futebol e a verdade desportiva, aliciando jogadores, aos quais é retirado o empenho, o esforço, o respeito pelos adeptos, a paixão pelo jogo, o amor à camisola.
A consequência é esta. É esta, para já. O River Plate, esse clube de todos os tempos, vai para a segunda liga.
E não se choquem com o comportamento apaixonado dos adeptos, porque aquilo é a América do Sul. E, goste-se ou não, o futebol ali é assim. Vivido intensamente, nos limites, com lágrimas, suor, paixão.
Por cá, nestas terras calmas que vivem em crise e não se passa coisa nenhuma, talvez devamos começar a reflectir sobre as exigências que devemos fazer, sobre as condições que devemos colocar, sobre o caminho que queremos seguir.
Bem compreendo o Professor Jesualdo Ferreira quando dizia que ninguém pensa o futebol português. Depois de Pinto da Costa, continuará o nosso futebol a ter projecção internacional? Não sei. O que sei é há uma coisa que vai ficar. São passivos e prejuízos monumentais que os clubes históricos de Portugal não estão a conseguir combater.
Estamos a seguir um caminho que nos pode levar ao fundo do poço, assumindo que somos apenas para a transição, para a passagem, para o salto, o mesmo caminho que foi seguido pelos milionários que não são milionários do River Plate.
Quando apanharmos o primeiro susto, os benfiquistas vão perceber que de nada lhes vale apresentarem as estrelinhas a dizer que ganharam duas Ligas dos Campeões há cinquenta anos, quando era ainda muito nova ou estava por nascer a geração anterior à que começa agora a entrar para o mundo do trabalho. Os sportinguistas vão perceber que a formação mal feita pode ser fatal, que ser o segundo clube europeu com mais títulos da Europa em todas as modalidades é um estatuto que não dura sempre. Os portistas vão olhar com rancor para José Mourinho, Villas-Boas, Falcao, João Moutinho.
E que saudades vamos ter do Eusébio, daquele cantinho do Morais, de Manuel Fernandes na tarde quente de inverno em 1986 no velhinho Alvalade, e de outros jogadores que muitos de nós nunca vimos jogar.
Além desses, Nuno Gomes, Jorge Costa, o próprio Mantorras que jogava com uma alegria que contagiava ou Sá Pinto, que comia a relva pelo seu Sporting...vamos recordar esses e muito poucos outros.
António Champalimaud dizia que "ao contrário da honra, tudo se compra e tudo se vende".
Eu incluo aqui uma outra coisa que não há dinheiro que compre. É a paixão!
Dinheiro não compra paixão. E estão a acabar com a paixão.
Pior do que isso é não saber reagir a essa situação, assumindo uma posição claramente subserviente.
Nesse aspecto, e a propósito da descida do River Plate, há quem esteja, por incompetência, a fazer muito mal ao futebol. Mesmo muito mal. Na Argentina, no Brasil, em Espanha, em Inglaterra, em Portugal...

sexta-feira, 24 de junho de 2011

E já que estamos numa de falar de gente de esquerda,...


...cito Daniel Oliveira.
"A publicidade nas camisolas dos clubes pode ser elegante, adaptar-se ao equipamento e respeitar a memória dos adeptos ou pode ser intrusiva. Respeitar as cores que os adeptos gostam ou impor a cor que a empresa escolheu como sua. Se optar pela primeira solução, clube e anunciante ficam a ganhar. Se optar pela segunda, perdem os dois. Porque se a publicidade desagrada aos adeptos, falha no alvo a que se dirige. A coisa é fácil de perceber? Parece que não."
Eu, como Daniel Oliveira, também quero o azul da TMN fora das camisolas do Sporting. E quero por uma razão que é muito simples: eu sou pelo verde e branco!

Eleições no PS - primeiras impressões

GOSTO - Assis quer estreitar ligação entre os cidadãos e os partidos, seguindo o modelo americano.

terça-feira, 21 de junho de 2011

O feitiço virou-se contra o feiticeiro


Que, no norte, havia muita fruta, já todos sabíamos bem.
Ficámos agora a saber, porventura pela primeira vez, que, no norte, também há maçãs podres.
Posto isto, há uma pergunta que gostaria de deixar no ar: e se, depois de Villa$-Boa$, o Moutinho também seguisse atrás do dinheiro?
No FC Porto, a tempestade pode vir depois da bonança...

Boa sorte!


Desejei, ontem, felicidades à Ministra Assunção Cristas, que terá um papel central na viragem que urge ser feita na agricultura, sector de importância vital para o combate à desertificação no interior e para a economia nacional devido ao seu potencial exportador.
Desejei-lhe toda a sorte do mundo nas funções que exercerá a partir do dia de hoje, pois somos nós, Portugal, que precisamos da sua sorte.
Em dia de tomada de posse, estendo os votos a todos os ministros e restantes membros do Governo.
Nos tempos decisivos que vivemos, será muito exigente a tarefa deste Governo. O seu sucesso será o sucesso do país.
Boa sorte!

Perdeu-se um dia, nada mais!


Passos Coelho, bem. Prometeu e cumpriu. Nobre foi o candidato do PSD à presidência da AR. Se não foi eleito, isso deve-se às oposições e ao parceiro de coligação. E o facto de assim ter sido não torna a não eleição numa derrota.
Paulo Portas, ainda melhor. Prometeu e cumpriu. Nobre são seria apoiado pelo CDS e não foi mesmo. Mostrou ao eleitorado que não muda de posição por ser parceiro governamental. Mostrou ao parceiro governamental que o CDS é necessário no Governo e no Parlamento para a condução política e legislativa do país.
Fernando Nobre, também bem. Desistiu quando deveria ter desistido.
Apesar de se ter perdido um dia, de não se ter eleito Fernando Nobre, nem por isso se pode falar numa derrota de quem quer que seja.
Exige-se, de todos os partidos, outra postura durante a tarde de hoje para que a Assembleia não perca mais tempo e possa, tão depressa quanto for possível, entrar em actividade.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Villas-Boas e...tudo!


As ainda muito recentes afirmações de Pinto da Costa e Villas-Boas revelaram que o FC Porto, apesar de estar ao corrente de vários interessados no treinador, não via a sua saída como provável.
Porém, um gigantesco abanar de notas fez com que Villas-Boas se sentisse tentado para deixar o seu clube de coração e a cadeira dos seus sonhos.
A quinze dias de entrar na preparação para a nova temporada, Pinto da Costa pode estar muito perto de sofrer um golpe muito rude, perdendo o seu treinador numa altura em que, aparentemente, não estava precavido para a sua substituição.
Relativamente a esse aspecto, há que referir que Godinho Lopes fez bem em assegurar, desde logo, a contratação de Domingos Paciência, por muitos considerado como eventual sucessor de Villas-Boas.
Mas esta saída de Villas-Boas fará, certamente, com que Pinto da Costa olhe, em primeiro lugar, para as alternativas existentes em Portugal, que são três: um deles, Paulo Bento, por ser seleccionador nacional nesta altura, está fora de alcance. Os outros dois, nos quais Pinto da Costa está certamente interessado, são Jorge Jesus e Domingos Paciência.
Ora, o mercado português, ou dos principais clubes portugueses, está, agora, perante uma grande agitação.
Godinho Lopes não pode perder o seu treinador, aquele que foi a sua escolha, que foi apresentado perante os sócios em clima de euforia.
Vieira também não pode perder Jorge Jesus, em quem apostou pessoalmente, podendo, com a saída do seu treinador, e depois de reforçar a estrutura de futebol, ver o seu futuro no Benfica ser seriamente posto em causa.
Será, para os grandes de Lisboa, um período exigente, de fecho total e de bloqueio ao cerco do norte.
Quem ganha e quem perde? São cenas para os próximos episódios, se vier a confirmar-se a saída do Special Two do FC Porto.
Pode até ser que Pinto da Costa consiga manter Villas-Boas, pode até ser que contrate um treinador estrangeiro de grande nomeada internacional. Mas, se bem o conhecemos, Pinto da Costa quer dar o golpe em Lisboa. Se não conseguir e se não deixar de apostar num outro treinador seu amigo, português, como Carvalhal, Queiroz, Jardim ou até mesmo Paulo Sérgio, esse facto irá traduzir-se numa derrota pessoal de Pinto da Costa, numa derrota com precedentes distantes do FC Porto.
O que é certo é que, nesta altura, Sporting e Benfica, em vez de continuarem a olhar para fora, têm de olhar para dentro. E o FC Porto, que praticamente só olhava para dentro, já está a olhar para fora.
Abramovic voltou a Portugal. E a possível aquisição do Chelsea abanou, por completo, o mercado português, colocando-o a ferver.
Os principais clubes estão à prova, assim como os respectivos dirigentes. O mercado está ao rubro. E tudo por força de um pormenor, de um pequeno mas grande pormenor chamado André Villas-Boas.

domingo, 19 de junho de 2011

Fernando Nobre


Fernando Nobre, toda a gente o sabe, candidatou-se à Presidência da República, depois de uma campanha onde, não raras vezes, se insurgiu contra os partidos e contra os deputados.
Parece-me justo que, agora, apenas meio ano depois, os deputados e os partidos não vejam com bons olhos a eleição de Nobre a presidência da AR.
Mas é importante descrever a conjuntura em que Nobre disse o que disse. Num cenário em que era expectável a reeleição de Cavaco à primeira volta, Nobre, para não fracassar depois do anterior sucesso de Alegre sem apoio partidário, para ganhar votos, foi forçado a assumir-se como a voz de uma sociedade civil descrente e desconfiada em relação aos partidos representados no parlamento.
Apesar do exemplo de vida, a força da abstenção, a união de quase toda a esquerda numa candidatura única e a probabilidade da vitória de Cavaco não davam espaço para que Nobre pegasse noutros argumentos. Foi por isso que Nobre disse o que disse há seis meses.
Tenho dito que quem está contra os partidos deve vir para os partidos, porque, até prova em contrário, é dos partidos que sobrevive a nossa democracia. Daí que não condene o facto de Nobre ter sido candidato por um partido, sendo, agora, o candidato do PSD à presidência da Assembleia da República.
Olhando, porém, de outra perspectiva é sempre condenável que se diga e depois se desdiga. Assim, por um lado, foi o "nunca digas nunca" que provou que Nobre não é um político. Por outro, o dizer e desdizer torna-o igual a muitos dos nossos políticos.
Podemos também olhar para o passado de Fernando Nobre. Se, por um lado, não tem qualquer experiência parlamentar, por outro, pode muito bem vir a ser o factor novo de que Portugal precisa a esse nível.
Porém, acima destas análises que se contradizem consoante as perspectivas está a votação dos cidadãos do distrito de Lisboa e de todo o país que, votando no PSD, sabiam que estavam, também, a ajudar a eleger Fernando Nobre como presidente da Casa da Democracia Portuguesa.
Os portugueses sabiam que, se o PSD ganhasse as eleições, Passos Coelho seria Primeiro-Ministro. Sabiam também, pela lógica das coisas, pelas informações prestadas pelos responsáveis do partido, pela normalidade de todos os partidos aceitarem que a escolha do Presidente da AR cabe ao partido mais votado, que Fernando Nobre seria o Presidente da AR, apresentado e apoiado pelo grupo parlamentar social-democrata.
Ora, o povo é soberano. O povo sabia e o povo votou.
E porque assim foi, e porque vivemos em democracia, Fernando Nobre deverá mesmo ser eleito Presidente da Assembleia da República.

Dedicatória


A todos os filhos do dinheiro que abandonaram o Sporting, seguindo para o Benfica, onde passaram a ganhar muito mais dinheiro.
Ao Cardinal que, tal e qual Moutinho, é demasiado pequenino e quase tudo menos bom profissional.
Aos dirigentes do Benfica que apostaram muito no futsal, segunda modalidade desse clube, contratando jogadores e treinadores ao Sporting.
Este ano foram 3 jogos, 3 vitórias. (Bolas, até o Fundão deu mais luta!)
Estando dado o primeiro cumprimento aos nossos adversários, resta a última e mais importante palavra, para o João Benedito que representa, personificando, o profissionalismo e sportinguismo da melhor equipa de futsal portuguesa.
Este título é dele, do Orlando Duarte, muito melhor em todos os aspectos que Paulo Fernandes, de todos os jogadores e responsáveis pelo sucesso.
Parabéns aos bi-campeões nacionais!
E continuação de bom fim-de-semana...


Nota: Vá lá, despachem-se lá com o pavilhão!

sábado, 18 de junho de 2011

Eu gosto


Não vale a pena perder tempo com o que poderia ter sido.
O Governo formado por Passos Coelho e Paulo Portas é, acima de tudo, surpreendente. Sem pesos pesados, sem pesos mortos, sem aquelas falsas e ultrapassadas reservas morais do país que aparecem e desaparecem dos holofotes como verdadeiros "flashes".
Arejado e jovem, este é um governo formado por pessoas que, do que se conhece, garante rápida adaptabilidade, sentido de trabalho e espírito de serviço público, características importantes nos tempos exigentes que já vivemos.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

(Im)paciência


Mais ainda quando se fala que o Sporting quer ir buscar o Paulão, que, ao contrário de outros que voam directamente das origens com nomes de que nunca tínhamos ouvido falar, é um central banal, que chegava para as ambições escassas da Naval e que foi para Braga colmatar a saída de um Moisés que não teve lugar no Sporting.
O João Pereira, ninguém duvida, é um jogador com a garra que se exige de um jogador do Sporting. O Evaldo não provou o dinheiro que foi pago pela sua transferência. Rodriguez é bom, mas não tem lugar no onze dos nossos rivais.
Quando se quer construir uma equipa que seja capaz de lutar pelo título, a primeira meta é ter melhores jogadores que os rivais.
Restringindo-me aos defesas, o próximo ano será o ano da afirmação de Otamendi, um dos mais promissores centrais sul-americanos, no FC Porto. O Benfica, que, diga-se, contou com o melhor lateral esquerdo do mundo, vai, ao que tudo indica, buscar Garay e laterais muito promissores.
Com Polgas, Evaldos, Grimis, Rodriguez, Paulões e jovens formados em Alcochete não temos hipóteses.
Por favor, façam surpresas aos sportinguistas! Não nos cortem o sonho antes de começar a nova época.
Querer ajuda. Mas não chega. Se o Sporting quer ser campeão, tem de trazer muito melhores jogadores, que peguem de estaca, que vendam camisolas, que encham o estádio com grandes exibições. Ninguém diz que é fácil. Mas facilidades não se podem esperar de quem prossegue o sonho de quem nos fundou.
Com toda a franqueza, Rinaudo, até há duas semanas, era desconhecido. Carrillo e Van Volfswinkel confesso que nunca tinha visto jogar.
Exige-se mais e melhor. Porque se exige o melhor.
Exige-se, a quem dirige, que sonhe à medida daqueles que são, e sempre foram, os sonhos do Sporting.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Depois de Paulo Caetano não ter sido eleito



Paulo Caetano, candidato do CDS/PP por Portalegre, não foi eleito deputado.
Em sua vez, foi eleito um deputado do PSD e outro do PS.
Contudo, importa dizer que esta seria uma eleição importante, já que Paulo Caetano permitiria que, também na Assembleia da República, fossem discutidos alguns dos problemas dramáticos do mundo rural.
Estava, e continua a estar em causa, a defesa da festa brava enquanto património cultural, a defesa e a promoção do Puro Sangue Lusitano enquanto factor de excelência, a defesa da Coudelaria de Alter que vive sérias dificuldades, dificuldades que podem pôr em causa o futuro da coudelaria mais antiga do mundo.
Além da defesa da agricultura enquanto sector estratégico para o futuro, da aposta que se tem de fazer na auto-sustentabilidade e na exportação, é imprescindível que Portugal, através da coligação PSD/CDS, continue atento ao mundo rural, valorizando os recursos de excelência de que dispõe, que são únicos no mundo, mantendo-se próximo das suas tradições e criando condições para os criadores, que podem ser aliados do Estado na promoção do turismo.
Nesse sentido, será importante que quem, nesta coligação governativa, tiver conhecimento de causa possa ser chamado para colaborar com o Governo, com as entidades responsáveis e com os criadores.
A qualidade dos recursos e o potencial dos mesmos impõe essa "chamada" e essa atenção. São precisos todos os esforços. Porque, mais do que pelos criadores e pelas tradições, esta causa é por Portugal.

sábado, 11 de junho de 2011

Benedictus Sporting


Já o disse. Não sou grande fã de futsal. Também já o disse que sou fã do Sporting. E só vejo futsal quando joga o Sporting, porque gosto de ver o Sporting e quero que o Sporting ganhe sempre, em todas as modalidades.
Jogou-se hoje o primeiro jogo da final do campeonato, no pavilhão da Luz. Acompanhei a segunda parte do prolongamento, numa altura em que o Benfica ganhava por 4-2.
A partir desse quarto golo do Benfica fez-se Sporting. Os jogadores agigantaram-se. Notou-se que, com frieza, competência e profissionalismo, o banco e os jogadores em campo ainda acreditavam que era possível.
A 1 minuto do fim, os adeptos do Benfica faziam a festa. A 50 segundos, o Sporting reduziu. A 9 segundos do final, Marcelinho empatou e levou o jogo para as grandes penalidades.
Cada equipa marcou apenas 3 grandes penalidades. Não foi preciso mais.
Os jogadores do Sporting, por mérito, converteram todas com sucesso.
João Benedito, essa lenda viva do Sporting e do desporto português, defendeu todas.
É certo que o Sporting está ainda muito longe de ser bi-campeão nacional nessa modalidade. Mas hoje, naqueles minutos, no pavilhão da Luz, o que aconteceu foi uma verdadeira concretização do que é o sportinguismo.
O Benfica pode continuar a vir reforçar-se, no futsal, levando os melhores jogadores do Sporting. Pode até fazer como fez para esta época, indo buscar o nosso treinador. E o Cardinal, ainda que fosse o melhor marcador, não esteve à altura da camisola que vestia.
Mesmo tendo-nos levado alguns dos nossos melhores jogadores, mesmo tendo levado o nosso treinador, mesmo sendo forçados a rescindir com o melhor marcador, continuamos a ganhar.
E está o mundo inteiro de boca aberta para perceber porquê.
Mas eu explico. É que continua a haver muito sportinguismo no futsal do Sporting.
Aquela equipa é esforço, é dedicação, é devoção, é glória. É Sporting. E, por assim ser, ganha!
Que orgulho de equipa!
Maior orgulho é sentir o Sporting vivo.
Porque sentir o Sporting vivo deixa-nos mais confortáveis e optimistas em relação ao futuro.
No futuro assim continuará a ser.
Mas, para já, o Sporting vive. A lenda continua...

"Portugal não pode falhar!"


Cavaco fez bem em falar da Agricultura nesta fase de transição de governo, no meio de um pedido de ajuda externa, altura em que se impõe um consenso nacional relativamente à estratégia a seguir pelo Governo para dinamizar a economia portuguesa.
Depois de, no ano transacto, ter falado sobre o Mar, não há dúvidas de que Cavaco identifica bem os problemas, faz um diagnóstico quase perfeito da situação do país. E, nesse sentido, porque é bom o diagnóstico que faz, os portugueses exigem uma participação mais activa e estreita entre o Presidente da República e o Governo que, não tarda, entrará em funções.
Reorganizar o país, preparando-o para o futuro, não é tarefa fácil. Criou-se, nos portugueses, a ideia de que todos temos de ser doutores, engenheiros, advogados, mas o país precisa, entre outras profissões, de novos agricultores. O país precisa dos agricultores para que possa sobreviver e, porventura, crescer e enriquecer no futuro. É uma área decisiva, onde se poderá importar menos e exportar mais. E essa aposta na agricultura não se traduz na mudança de políticas. Acima disso, há que mudar mentalidades.
Vai ser muito exigente o futuro. Vai ser mais fácil com um Governo PSD/CDS. Mas não deixa de ser imperativo o consenso nacional, que se terá de alargar ao PS e ao PCP por via de apoios parlamentares.
Cavaco Silva falou. Falou bem. Mas tem de ser mais activo e cooperante com quem tem as rédeas do país.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

A música que marca a semana!

Durante algum tempo, foi, de facto, um grande amor (link). Uma espécie de "pássaro livre, voando no céu azul", que não tinha "grades, fronteiras, barreiras, muro em Berlim". O amor findou no domingo. Resta-nos saber se findou para sempre ou se, quando a memória já for escassa, ainda teremos um Sócrates Presidente da República. Mas, pelo menos por agora, é um "adiós, adieu, auf wiedersehen, goodbye". E ainda bem que é!
Bons feriados! Bom fim-de-semana!

quarta-feira, 8 de junho de 2011

A guerra da sucessão


A sucessão de José Sócrates é muito mais complexa do que parece. Não se trata, agora, de substituir um secretário-geral por outro.
Trata-se de encontrar internamente uma solução para um problema sucessivamente adiado pelos socialistas, de preencher um espaço que nunca foi questionado a nível interno, de encontrar alguém com perfil para suceder a um homem que secou tudo o que tinha à sua volta.
A necessidade de sucessão surge após uma derrota muito mais pesada do que as piores expectativas, derrota que veio depois um período de seis anos de governo, dos quais quatro e meio foram de maioria absoluta.
A conjuntura é exigente. Existe uma maioria absoluta de direita, um Primeiro-Ministro legitimado por uma grande maioria de portugueses e o papel do PS será um papel complicado, dado que é o PS, e nenhum outro partido, o responsável pelo pedido de ajuda externa e, consequentemente, pelos sacrifícios que terão de ser exigidos aos portugueses.
Não tendo nenhuma margem para fugir às suas responsabilidades ou ao compromisso que que o governo socialista assinou, o próximo líder do PS apenas poderá afirmar-se com propostas muito concretas que, não comprometendo o cumprimento das obrigações nacionais perante os credores, possam esboçar um caminho diferente, alternativo e igualmente viável. Porque, quanto ao resto, o PS dos próximos tempos terá de ser um partido responsável e cooperante.
Nestas circunstâncias, sempre me pareceu evidente que António Costa não se candidataria a estas eleições, apoiando outro candidato da mesma linha contra António José Seguro, que anda há muito tempo a preparar-se para liderar.
Provavelmente, teremos, agora, uma disputa entre Francisco Assis e Seguro. Mas esta será uma liderança apenas transitória, porque se pressente que, seja quem for o líder que vier a suceder a José Sócrates, nas próximas eleições legislativas, sejam elas quando forem, o candidato socialista a Primeiro-Ministro vai ser mesmo António Costa.
Essa é a estratégia que está na cabeça de muitos dos responsáveis socialistas. Há, todavia, um pequeno "senão". É certo que foi esta a estratégia que derrubou uma maioria legítima de direita e que devolveu, ao PS, a maioria absoluta. É também certo que, no que toca à política, o povo tem, muitas vezes, memória curta. Mas o PSD e o CDS aprenderam bem a lição. E, se Seguro ganhar as eleições internas, será muito mais difícil substituí-lo do que muitos socialistas pensarão.
São muitas contas, muitos cenários, muitas complicações.
Sócrates deixou o país no buraco. E foi também no buraco que Sócrates deixou o Partido Socialista.

Nuno Gomes


Apesar do meu orgulhoso sportinguismo, não deixo de ter admiração pelos jogadores que são referência nos clubes rivais.
Tenho essa admiração e esse reconhecimento pelo Nuno Gomes, jogador que, não sendo uma máquina de fazer golos, um finalizador nato dentro da grande área, de não ter o poder físico que hoje quase se exige à maior parte dos avançados, é uma referência do Benfica, marcando uma década do futebol do clube, marca essa que lhe valeu a braçadeira de capitão de equipa.
Com mérito, chegou à selecção nacional, onde marcou golos decisivos.
Olhando para os outros avançados portugueses Postiga e Hugo Almeida, continuo a ter dúvidas. Nuno Gomes não me dá menos garantias que os outros, não marca menos golos que os outros, não é inferior.
Tendo feito apenas 9 jogos na última época, no Benfica, Nuno Gomes marcou 9 golos que o ajudaram a tornar-se um dos dez melhores goleadores de sempre do Benfica, clube onde marcou, em 12 épocas, 165 golos.
Não digo, com isto, que Nuno Gomes foi um dos melhores jogadores do mundo, que é um dos melhores avançados no activo. Digo apenas que cumpriu o seu papel com distinção. E, pelo que fez, pela vontade que tem em continuar a fazer, ver Jorge Jesus impedir que lhe seja renovado o contrato, optando por sul-americanos de segunda linha, é uma injustiça não só para o Nuno Gomes mas também para os que, sendo benfiquistas ou não, reconhecem o trabalho de Nuno Gomes.
Mais do que os golos e as exibições, Nuno Gomes não foi menos que Rui Costa. Esteve em Florença, onde foi bem sucedido, de onde saiu devido aos problemas financeiros do clube. Tinha interesse de clubes estrangeiros e do Sporting, numa altura em que o Sporting tinha uma equipa forte, que foi mesmo campeã nacional.
Apesar desses interesses, optou pelo clube do seu coração. E o Benfica daquela altura lutava para ir à Europa.
Perdendo Nuno Gomes, o Benfica perde um dos seus símbolos no maior sinal de ingratidão que o futebol português pôde assistir desde a transferência de João Pinto para o Sporting.
O que queria dizer com tudo isto é que Nuno Gomes pode ser obrigado a emigrar, a ficar em Portugal num clube de segunda linha, pode não ter a despedida que merece. Mas a memória nunca apagará os seus feitos, nunca irá pôr em causa a gratidão e o reconhecimento que todos, benfiquistas ou não, sentimos pelo seu trabalho, pelo seu esforço e, acima de tudo, por ter sido diferente, optando pela sua paixão, pelo seu clube do coração.
É que Nuno Gomes, ao contrário de quase todos os outros, era tudo. Menos um filho do dinheiro.
Que tenhas força, Nuno! E que Deus abençoe o teu futuro, com toda a sorte que mereces.

Os telhados de Ana Gomes


Não quero ir demasiado longe, ao tempo da Casa Pia. Não vale a pena.
Também não vou, só, falar de processos judiciais. Sou pela separação entre política e justiça.
Vou só falar de casos, uns judiciais, outros sem o ser, mas igualmente condenáveis.
Freeport, Face Oculta, Moura Guedes, Mário Crespo, licenciatura, gravadores.
São os que, em segundos, me chegam imediatamente à memória.
Mas, a juntar-se a estes casos, ou acima deles, estão os resultados de uma governação: uma dívida que duplicou, um desemprego que disparou, um corte nos salários, outro nos benefícios sociais, um pedido de ajuda externa.
Quem tem telhados de vidro não atira pedras. E, perante tantos casos, perante a gravidade dos factos, quem milita no Partido Socialista tem de deixar as pedras no bolso.
Ana Gomes deveria, definitivamente, ter-se remetido ao silêncio.
E, visto que se reactiva a coligação de 2002, talvez fosse útil relembrar Ana Gomes que Portas, no governo PSD/CDS, adquiriu, para o Estado Português, dois submarinos. Que teriam sido quatro, se tivesse sido seguido o que vinha estabelecido o Governo anterior, que, por mero acaso, era PS, o mesmo PS de Ana Gomes, partido extravagante que também quis aeroportos, TGV's, novas pontes e outras obras megalómanas.
Em 2011, como em 2002, Portas vai estar no Governo, com o PSD, para tirar o país do pântano onde o PS nos deixou.
Os submarinos são um caso encerrado. Assim como o Governo PS. Todos os portugueses já perceberam isso. Todos com excepção de quem continua ressabiado com a cabazada sofrida no passado domingo, como a dra. Ana Gomes.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Legislativas 2011 - Viragem


VENCEDORES
1. Não sei se até o Rato Mickey ganhava estas eleições, mas desde cedo se percebeu que Passos Coelho seria Primeiro-Ministro. Muitos dizem que, fosse quem fosse o candidato do PSD, o líder social-democrata ganhava estas eleições. Não sei. E, aliás, tenho algumas dúvidas. Nesta vitória houve mérito de Passos Coelho e do partido que, na probabilidade de uma vitória, se soube unir em torno do líder.
Depois de uma primeira fase da campanha onde foram cometidos alguns erros, o PSD soube corrigi-los, mostrou-se unido aos olhos dos portugueses, com participações de vários dos ex-líderes do partido.
O PSD teve sucesso na transmissão da mensagem, como não tinha tido nos últimos seis anos. Aproveitou a onda de contestação a Sócrates, apelou com sucesso ao voto útil da direita, e conseguiu uma vitória confortável, muito acima das melhores expectativas. Grande vitória social-democrata.
2. Não chegou aos esperados 15%. Não subiu à medida das expectativas das pessoas. Mas subiu. Em votos, em percentagem, em número de deputados. O CDS tem tantos deputados como o Bloco de Esquerda, Partido Comunista e PEV juntos. Vai, por mérito e porque essa é a vontade dos portugueses (incluindo da maioria que não votou CDS) para o Governo. Isso não é uma derrota. É uma vitória clara.

VENCIDOS
1. Fui das primeiras pessoas a anunciar o pressentimento de que o Bloco de Esquerda, já em 2009, estava em fase de declínio. O facto de ver o seu grupo parlamentar reduzido para metade explica bem o fracasso bloquista, que não aproveitou o voto dos descontentes do Partido Socialista nem o facto de ter sido o partido que se antecipou aos outros, apresentando uma moção de censura a um Governo que, ontem, foi censurado pelos portugueses. O Bloco de Esquerda é, porventura, o maior derrotado da noite de ontem, porque, ao contrário do que acontece com o PS que se reorganizará e se fortificará nos próximos tempos, o Bloco não tem essa margem.
2. De Junho de 2009 a Junho de 2011, o PS perde a maioria absoluta, perde a maioria relativa, perde o Governo, torna-se oposição. Perdeu 500 mil votos em relação às legislativas de 2009, 1 milhão em relação a 2005. O PS pagou, nestas eleições, a opção errada de arrastar Sócrates como Primeiro-Ministro de um Governo Socialista que agravou a situação de vida dos portugueses e que obrigou o país a recorrer à ajuda externa. O PS, já aqui o tinha dito, não substituiu quando deveria ter substituído. Não antecipou e foi atrás dos acontecimentos. Foram erros fatais que culminaram numa cabazada eleitoral, a maior das últimas duas décadas. É uma derrota que teve efeitos internos e que será de digestão complicada.

CONSOLIDADOS
Tem mais um deputado. Não tem mais votos nem maior percentagem do que em 2009, mas é, agora, o quarto partido parlamentar, aproveitando o declínio bloquista. O PCP, partido que, segundo os líderes comunistas, ganha sempre, por muito que festeje, desta feita, não ganha nem perde. Está igual, praticamente igual, num tempo que se espera de bastante actividade, em que os comunistas podem, nas ruas e através das forças sindicais, assumir-se como o principal partido anti-troika.

PEQUENOS PARTIDOS
Chegou, viu, divulgou a mensagem, mas não elegeu nenhum deputado. Conseguiu, ainda assim, 1% dos votos numa altura delicada em que era difícil que a temática do partido vingasse. Afinal de contas, estava em causa substituir o Governo, construir uma maioria. Por isso, 1% é vitória para o PAN.
O MRPP subiu 10 mil votos. Continua a ser, entre os partidos não parlamentares, o maior de todos. Consolidou a sua posição. Pode sonhar. Também ganhou.
MPT subiu de 3 mil para 22 mil votos. Da "linha de água" subiu até à frente do MEP, o que revela mérito de quem fez a campanha do MPT e demérito do MEP.
O PTP de Coelho é uma demonstração de quem ninguém é dono dos votos de ninguém. Sonhou ser deputado à Assembleia da República, eleito pela Madeira, mas esteve longe disso. Afinal, os portugueses ainda não mantêm alguma lucidez. Coelho não foi deputado. O PTP foi um partido derrotado.
Quanto ao resto, o PND desceu para metade de votantes, o PPM manteve-se entre os 14 e os 15 mil votos, o PNR subiu mas pouco, PPV fica nos 8 mil, o POUS acima dos 4 mil e o PH foi último, mais uma vez, com um número de votantes que não dá sequer para encher 1/20 do estádio da Luz.

domingo, 5 de junho de 2011

Cabazada!

Fim do jogo para Sócrates.
Portugal virou a página.
Com cabazada!

Um novo acordar


Não deixes que escolham por ti. Olha bem para os projectos, para as ideias, para tudo aquilo que puder fazer, de ti, uma pessoa mais esclarecida. Vota em consciência naquele em quem acreditas. Sem pressões, fá-lo de acordo com aquelas que são as tuas ideias.
Vai exercer o teu direito, cumprir com o teu dever.
Levanta-te. E levanta Portugal. Acredita. Vai votar. E, depois do voto, sonha, projecta, trabalha e faz. Vais conseguir.
Bom domingo!

sábado, 4 de junho de 2011

Uma boa notícia em dia de reflexão

A petição "Em Defesa da Festa Brava", iniciativa de Moita Flores, que assinei, já tem mais de 100 mil assinaturas. Há um Portugal vivo, bem vivo, na defesa da sua identidade, das suas tradições. Viva a festa brava! Viva Portugal!

sexta-feira, 3 de junho de 2011

A despedida


Hoje, os últimos cartuchos.
Amanhã, a última reflexão.
No domingo, o voto.
Bom fim-de-semana.

Uma espécie de "vale tudo"


É triste, muito triste, o episódio que abriu hoje o telejornal da SIC.
É ainda mais triste porque, num só episódio, se conta uma história que conjuga vários factores sociais para os quais, aqui, tenho alertado.
Não sei o que é mais grave. Se é a forma criminosa como as crianças eram tratadas, se são os distúrbios irremediáveis que as catorze crianças irão sofrer para sempre, se é a violência da senhora, se é o meio utilizado para, ilegalmente, se ganhar bastante dinheiro, se é a irresponsabilidade dos pais, completamente desligados dos filhos, que estão contra o encerramento da "creche" e que mantêm os filhos naquelas condições para que possam fazer a sua vida, poupando dinheiro.
Não tenho dúvidas de que será feita justiça relativamente à ama, a criminosa "dona" daquela "creche". Isso reconforta-me. O que revolta, ou deve revoltar, é a impunidade dos pais que estavam conscientes dos maus-tratos aos filhos. Provavelmente, nada lhes irá acontecer. E as crianças estão marcadas para sempre.
Um exemplo, muito, muito triste, para reflectir em tempos difíceis, que exigem concentrações focadas noutros aspectos igualmente tristes e difíceis.
É certo que é um episódio, um facto pontual, um extremo. Mas, sendo um extremo, não deixa de ser uma explicação (neste caso levada ao extremo) para os comportamentos desviantes, que são extremos e não são pontuais, de muitos menores, cuja personalidade ficou "deformada" desde cedo.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

É fruta ou chocolate!


Fernando Gomes saiu do FC Porto "chateado com Pinto da Costa". Essa foi a ideia que, lá do norte, quiseram passar.
Tempos depois, aproveitando-se da ingenuidade dos dois grandes clubes de Lisboa, e apresentando Rui Alves, ou quinhentinhos, outro amigo que se tinha "chateado com Pinto da Costa", como única alternativa, o FC Porto conseguiu voltar a controlar a Liga de Clubes.
Tempos depois, na mesma operação e com outros nomes, Vitor Baía sai do FC Porto "chateado com Pinto da Costa". Fê-lo com elogios aos rivais de Lisboa, com críticas ao FC Porto.
Diz-se agora que, perante a fraqueza de Madaíl, pode ser o sucessor deste na Federação Portuguesa de Futebol. Nota importante aqui é a passagem da arbitragem para a FPF.
Entre os pingos da chuva, com os rivais de Lisboa de costas voltadas um para o outro (quando deveriam, em conjunto, preparar uma estratégia de limpeza no futebol português), os portistas fanáticos "chateados com Pinto da Costa" vão ganhando espaço e somando apoios.
O FC Porto continua a fazer o seu trabalho de casa, preparando-se para ter o poder, o poder todo, no futebol português.
Controlando o que se passa nos rivais de Lisboa, tendo o poder na Liga e ganhando terreno no que toca à Federação, Pinto da Costa e companhia vão ter toda a liberdade para continuar a ganhar, acenando com a fruta e com o chocolate.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

A vitória certa


As contas são fáceis.
Os portugueses estão fartos de Sócrates.
No PS, já se pensa a médio prazo.
Os próximos 4 anos vão ser difíceis, para o país e para o partido de Governo.
Pensam em Assis ou em Seguro, no sucessor de Sócrates, na maioria absoluta de 2015.
Até lá, deixam de ser responsáveis pelo estado do país.
Deseja-se, também no PS, a vitória do PSD em coligação com o CDS.
No PSD, uns desejam a vitória de Passos Coelho, outros apenas querem a derrota de Sócrates.
Poucos, muito poucos, admitem furar as contas, votando no CDS. Mas, não havendo hipótese de maioria absoluta de um só partido, votar no CDS é votar numa maioria que constituirá governo daqui por uns dias.
Os socialistas sabem disso. Desejam isso. Apelam a que isso aconteça.
Por isso, a poucos dias das eleições já estão desfeitas as dúvidas relativas ao futuro próximo: Passos Coelho será Primeiro-Ministro.
Cavaco pode estar descansado. Não será responsabilizado.
Nobre também pode já sentir-se aliviado. Será presidente da AR.
Este é o resultado que todos queriam.
Tudo está bem quando acaba bem.
Confirma-se essa tese.
E, desta vez, vai acabar bem para todos.
Para já.
Veremos, durante e depois deste mandato, se fica confirmada outra teoria de que muito se tem falado.
É que também se diz que é preciso mudar para que tudo fique na mesma.
Vamos ver.
Mas esperemos que não. Confiemos que não. Há inimizades por enterrar, uma união para construir.
Pelo PSD e pelo país, não podemos voltar a cair na esparrela de 2005.