segunda-feira, 25 de junho de 2012

domingo, 24 de junho de 2012

A Sorte Grande


Olha lá,  
Já se passaram alguns anos,  
Nem sequer vinhas nos meus planos, 
Saíste-me a sorte grande.
E eu cá vou  
Usando os louros deste achado,
Contigo de braço dado,    
Para todo o lado.
Eu vou, até morrer,   
Ser teu se me quiseres,
Agarrado a ti,   
Vou sem hesitar  
E se o chão desabar   
Que nos leve aos dois,  
Vou agarrado a ti.
Meu amor,   
A roda da lotaria,   
Que é coisa escorregadia,    
Saíste-me a sorte grande.
E eu cá vou    
À minha sorte abandonado,   
Contigo de braço dado,   
Para todo o lado.  
Eu vou, até morrer,  
Ser teu se me quiseres,
Agarrado a ti,
Vou sem hesitar  
E, se o chão desabar,  
Que nos leve aos dois,  
Vou agarrado a ti,
Vou sem hesitar
E, se o chão desabar,  
Que nos leve aos dois,
Vou agarrado a ti!  
Vou agarrado a ti!   
Vou agarrado a ti!  

sábado, 16 de junho de 2012

Nós não desistimos.



O Patrício tem idade para ser meu avô. Vive no Algarve e a sua reforma, mesmo muito bem gerida, não chega para pagar as despesas de um português médio. Vai e vem de Lisboa de quinze em quinze dias, com excepção dos dias de semana em que também há jogo. Vai de norte a sul do continente e às ilhas. Vai com o futebol, com o futsal, com o andebol e com o hóquei. Vai à Alemanha, à Suíça, a Inglaterra. Vai a Donetsk, vai a todo o lado. Aterra em Lisboa de madrugada e segue, de comboio, em direcção a casa, no Algarve.
O Rúben é desempregado. Com uma poupança que juntou, foi em direcção a Kharkiv para ver o Sporting apurar-se para as meias-finais da Liga Europa, mas só comprou a viagem de ida, porque o dinheiro que tinha não chegava para ir e voltar. Acabou por regressar com a ajuda de outros sportinguistas, mas foi nessa incerteza que festejou o apuramento do clube do seu coração.
O Vasco acabou o seu curso e já trabalha. Para a sua idade e para o currículo que tem, não ganha mal. Mas não teve férias, com excepção de três dias que pediu pelo Natal, porque os dias que tinha foram utilizados para poder ir, com amigos, nas viagens do seu Sporting na Europa.
Não sei ao certo em que curso está, mas o Zé Maria ainda está na faculdade. Como tinha tido 9 na primeira frequência, precisava de ter positiva na segunda para não chumbar numa cadeira. Essa frequência foi marcada para o dia em que o Sporting jogou em Bilbao. O Zé Maria não hesitou em deixar essa cadeira para o ano que vem. Era “Dia Sporting”, arrumou a mochila e pôs-se a caminho.
O Francisco tem dinheiro suficiente para poder olhar com indiferença para o futebol. É casado, pai, tem sucesso na vida. Não perde um jogo. E num dia crítico em que estava em causa a honra e o futuro do seu Sporting, às seis da manhã, estava presente na defesa dos interesses do seu clube. Sem causar qualquer problema, caiu com violência numa carga policial. No fim-de-semana a seguir, já estava, outra vez, no estádio a apoiar a equipa.
O João tem menos dois anos que eu. Perdeu um sapato numa ida ao estádio da Luz. Não hesitou em seguir em diante. Viu o jogo e voltou a Alvalade, por cima de pedra, asfalto e terra batida.
O António, que sou eu, teve Gripe A. Com febre, bastante febre, tinha uma viagem marcada com o Henrique para ir ver o Sporting em Berlim, onde estava uma temperatura de vários graus negativos. Não hesitou em fazer a mala, apanhar boleia para o aeroporto e ir apoiar o Sporting no meio do “gelo” da capital alemã.
O Bruno trabalhava num café. Ganhava o salário mínimo, que era mais do que suficiente para sobreviver, que é o mesmo que dizer que tinha dinheiro para poder ir ver o Sporting a qualquer parte.  O problema é que não tinha férias, nem folgas. Trabalhava todos os dias desde as cinco da manhã nesse café, que já não me lembro se era em Espinho ou na Póvoa do Varzim. Sem bilhete, arriscou perder o trabalho para estar às cinco e meia da manhã em Lisboa para tentar arranjar um último bilhete que lhe permitisse ir até Madrid ver o jogo com o Atlético.
A Manuela vive em Loures e tem 51 anos, idade mais do que suficiente para ter juízo. A paixão que tem pelas modalidades amadoras e a forma tão pessoal como sente o Sporting fez com que criasse uma claque só para essas modalidades. Vai de norte a sul do país, quase sozinha, para motivar os atletas para a conquista de novas vitórias.
A Maria José fez agora 79 anos. A sua paixão pelo Sporting fez com que fosse escolhida para interpretar a marcha do seu clube. Com essa idade, mantém, no cabelo, uma madeixa pintada com a cor do sangue que lhe corre nas veias.
A caminho dos 90 anos, Maria de Lurdes, sócia do Sporting desde que nasceu, e como demonstração da devoção ao clube, atirou-se de pára-quedas. Foi a pessoa mais idosa a fazer queda livre.
O Gonçalo ainda não tinha a carta nem carro. Com uma mochila às costas, foi, debaixo de chuva, até Olhão para ver o Sporting.
O Nuno é um conhecido fotógrafo e já terá estado em quase todos os países do mundo. É autor de livros e também trabalha para a televisão. Leva o cachecol e a bandeira do Sporting até todos os pontos do mundo.
O Mustafa esteve preso durante alguns anos e poucos eram os dias em que poderia ter a mínima liberdade. Passava o Natal longe da sua família, por sua própria iniciativa, aproveitando os dias disponíveis para ver ao vivo os dérbis do Sporting.
O Dário é um jovem com 21 anos e pertence uma claque. Quando viu um jogador do Sporting dirigir-se à bancada onde estava, perdeu toda a racionalidade. Não conseguia pensar em mais nada, senão no sonho de agarrar a camisola do craque. Caiu ao fosso, partiu um braço. Mas continua a ser um dos leões presentes nos jogos do Sporting.
Não sei o nome, mas houve um sportinguista que, no festejo de um título, subiu um dos postes da ponte sobre o Tejo para, lá em cima, colocar uma bandeira do Sporting.
Houve também jovens que morreram, acidental ou criminosamente, por amor ao Sporting.
Todas estas são histórias reais e mostram que todos somos muito diferentes. Mas há uma coisa, uma paixão, um amor, que nos une. É uma união que faz superar todas as diferenças. Partilhamos o Esforço, a Dedicação, a Devoção. Partilhamos a Fé. Partilhamos as alegrias, as vitórias e as euforias. Partilhamos as tristezas, e muitas delas ainda estão por consolar.
Vivemos tempos difíceis, tempos muito difíceis. Mas nós não desistimos, nunca desistimos. E nunca vamos desistir.
Nunca vamos desistir.
Bom fim-de-semana. E viva o Sporting!

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Portuguesices


Eu não sou o fã número um do Paulo Bento. Critico-o por não saber conviver com as críticas. Critico-o por causa da convocatória. Critico-o por insistir nos mesmos erros. Mas já não pachorra para estas portuguesices de alguns críticos.
Se o Paulo fosse o José (Mourinho), todos o elogiavam agora. Porque, contra a vontade dos críticos (e eu também sou crítico), pôs o Postiga e o Postiga marcou. Contra a vontade dos críticos (e eu também o sou), convocou Varela, pôs o Varela e, minutos depois, o Varela resolveu o jogo.
E pior do que isso são as críticas ao Cristiano Ronaldo, como se ele não fosse um dos melhores de sempre, como se não tivesse sido o jogador que mais se esforçou nesta época, como se ele não tivesse tido uma influência enorme no apuramento e na vitória de ontem.
Só não falha quem não faz. E Cristiano faz. É, aliás, dos melhores a fazer aquilo que faz. Também erra. E ontem errou. Mas, como capitão, na altura do 2-2, correu, pegou na bola, colocou-a no centro do terreno. Esse gesto motivou a toda a equipa e terá sido fundamental para aquele golo de raiva que Varela marcou.
Não há nada que seja mais feio que a inveja. Mas ganhámos, e isso é que interessa. Ganhámos todos, e por muito por causa de Varela, de Bento e de Cristiano.
Desafio, por isso, os portugueses destas portuguesices para as quais já não há paciência a trabalharem, hoje e amanhã, com a mesma produtividade, o mesmo empenho e o mesmo esforço de Cristiano Ronaldo. Façam isso. Porque falar é fácil.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

O exemplo de Paim


Com 14 anos, ninguém tinha dúvidas. Era o próximo craque que iria sair da Academia. Preparava-se para se afirmar como um dos jovens com maior potencial a actuar na Europa e para ser o melhor jogador do mundo. Depois de Figo e Ronaldo, e com vários colossos europeus "à perna", o Sporting fez de tudo para, ainda no início da juventude, segurar este jovem atleta promissor.
Cedo, pelos vistos, demasiado cedo, o seu ordenado foi revisto. E passou a ser normal ver Paim entrar e sair da Academia, passeando-se naquelas estradas perigosas de Pegões com carros topo de gama. 
Ninguém sabe o que lhe aconteceu. Além das lesões, ter-se-á perdido entre alcóol, droga, prostituição. Mas os vícios que ganhou foram ainda maiores que as ilusões que todos partilhávamos com ele, sobre a sua carreira, há alguns anos atrás.
Mas era uma ilusão com razões de ser. Ele era um génio dentro do campo, jogava com classe e sem medo, marcava e dava a marcar, jogava e fazia jogar. Era, ele sozinho, uma equipa inteira que ainda jogava com mais 10. 
Perdeu-se ainda antes de jogar pela equipa principal. Ainda se tentou puxar pela sua afirmação, no Olivais e Moscavide. Nunca conseguiu afirmar-se. Ou melhor, afirmou-se sempre pelas piores razões. Chegou a estar em Londres, vivendo as extravagâncias nas reservas do Chelsea mas foram raras as vezes em que calçou as chuteiras. Paim era mau demais. Passou a ser lento, previsível e instável.
Foi notícia pelas piores razões. A SportTv chegou a fazer uma reportagem sobre a miséria em que se transformou a sua carreira. Porque não teve cabeça. Porque não aguentou a pressão.
Está hoje em Angola, a lutar desesperadamente por um salário, depois de ter falhado na segunda divisão portuguesa. E aparece hoje nos jornais portugueses e angolanos por se suspeitar que violou uma rapariga.
Não é só com os bons exemplos que se aprende. Pelo contrário. A melhor forma de se aprender é com os erros, os nossos e os dos outros.
É por isso que, antes de ganharem manias, a história de Fábio Paim devia ser contada, ponto por ponto, a cada jovem que passa pela Academia de Alcochete. Mais ainda nesta altura, em que se esgotou a nossa paciência para aturar vedetas que sujam, quase sem suor, uma camisola prestigiada e centenária.

terça-feira, 5 de junho de 2012

A hora dos 11 por todos!



Sei que, se o Paulo Bento viesse a ler este texto, me iria colocar na sua lista negra. Não é a altura para pôr em causa o trabalho da selecção, ainda para mais em vésperas do início do Campeonato da Europa. Como patriotas que somos, temos consciência de que devemos criar um ambiente favorável à selecção, que nos representa a todos. 
O facto de não saber o que se passa no backstage dá-me uma maior liberdade para interpretar o que vejo. O que vejo não me agrada. E, se não me agrada, isso deve-se a Paulo Bento. De facto, e se formos a olhar para a história desde o princípio, a bota não bate com a perdigota. Se Varela não serve, não serve. Se Veloso é lateral esquerdo, é lateral esquerdo. Se os brasileiros são brasileiros, são brasileiros. E Paulo Bento tinha razão. A mesma que perdeu agora, numa convocatória incoerente e que, desde logo, põe em causa a força do seleccionador. 
Paulo Bento era conhecido por promover o esforço e os bons desempenhos. Como pôde convocar jogadores que não jogam nada e jogadores que não jogam (ponto)?
De resto, não tenho a certeza de que Paulo Bento já tenha percebido que Ricardo Carvalho não é nenhum jovem em princípio de carreira que possa ser posto fora só por uma birra a quente e que já foi resolvida em público. E Quaresma e Ronaldo não são Abel nem Pereirinha.
Andando um pouco para a frente nesta história, a ideia que fica é que, terminados os campeonatos, os jogadores da selecção estão de férias. Em festa, cheios de manias e extravagâncias, num estágio pago a peso de ouro (quando o ouro ainda valia dinheiro).
Se olharmos para cada um dos convocados e fizermos a comparação com o seu desempenho na altura do último Mundial, verificamos que a maior parte destes jogadores regrediu na carreira. Além de Custódio, Viana e Pereira, que tiveram de fazer pela vida para voltar a vingar, e de Ronaldo, Coentrão, Patrício, Moutinho e Meireles, estes jogadores da selecção estão em baixo de forma, comparando com outros anos.
Temos, porém, boas condições para formar uma boa equipa-base, que serão 9 mais 2. Os 9 são Patrício, Pereira, Pepe, Bruno Alves, Coentrão, Meireles, Moutinho, Ronaldo e Nani. Os outros 2 são Custódio, Hugo Almeida, Postiga, Varela ou Viana. De preferência, o primeiro e o último. 
Temos, também, uma motivação extra, por sabermos que jogamos contra dois candidatos ao título final. A convocatória não correu bem e o estágio correu pessimamente. Mas estamos fartos de ouvir que, no fim, ganham sempre os alemães. E pior do que isso é este discurso dos pequeninos.
Mas pequeninos porquê? Na última época, tivemos duas equipas a jogar uma contra a outra numa final europeia. Nesta época, tivemos um Super Sporting na Europa que eliminou o milionário e super-poderoso campeão inglês. Só a roubalheira tirou, ao Benfica, a possibilidade de lutar com o Barça por um lugar na final de Munique. 
Os nossos jogadores são dos melhores do mundo e jogam, todos com excepção do Beto, nos melhores clubes da Europa. Aliás, a nossa figura principal é o elemento-chave do campeão espanhol, tendo levado a melhor no duelo de titãs frente aos catalães.
Podemos pôr em causa a coerência de Bento e até ter expectativas baixas por sabermos que esta selecção é constituída maioritariamente por vedetas da treta, que ganha muito mais do que aquilo que merece. Mas não somos pequeninos. Mas temos um sonho. Mas temos aspirações.
A primeira é ganhar à Alemanha, surpreendendo toda a Europa. A segunda é levar a melhor no frenético jogo que se adivinha contra os holandeses. A terceira é vingar-nos dos dinamarqueses. A partir daí temos um passeio, uma meia-final e uma final que queremos ganhar.
É assim que todos temos que pensar. Ou não fossemos nós...portugueses.

domingo, 3 de junho de 2012

Agora, a nossa parte.


Milhares e milhares de pessoas a ver os melhores do mundo na Luz. Milhares e milhares de pessoas a ouvir os melhores do mundo na Bela Vista. Milhares e milhares de pessoas junto ao Tejo. Milhares e milhares pessoas em Santarém. Milhares e milhares de pessoas no Hipódromo do Campo Grande.
Foram dias em que todos, como país, ganhámos uma energia que nos ajuda nesta fase difícil, em que partilhamos esta esperança inquieta. Mais do que a grandeza das organizações, do melhor que há no mundo, o que fica registado, a título de exemplo, é que este é um grande país, de grandes empresas e instituições, de grandes homens e mulheres, que tudo têm feito para puxar este país para a frente. É um orgulho viver aqui, trabalhar aqui. É um orgulho mesmo. 
Venha mais uma semana. Uma semana de trabalho e de luta, porque é de trabalho e de luta que o nosso Portugal precisa. Temos, todos, a obrigação de entrar nesta segunda-feira com energia e entusiasmo. Porque o fim-de-semana passou e agora temos de fazer a nossa parte.
Vamos a isso!
Boa semana! E viva Portugal!