segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

31, nunca nos esqueceremos de ti!


A 31 de Janeiro, os sportinguistas são chamados a despedir-se do seu 31.
É uma despedida que Liedson não merecia.
Fez mais do que suficiente para merecer uma saída em ombros, com um estádio a rebentar pelas costuras, homenageando aquele que pela sua entrega ao jogo e pelo espírito de sacrifício, a defender e a atacar, em prol do Sporting, terá sido mesmo a maior referência do Sporting neste novo século.
Ele foi Esforço, ele foi Dedicação, ele foi Devoção e, muitas vezes, ele foi Glória. Nesse sentido, ele foi o Sporting!
Por esse motivo, e porque guardamos fabulosas recordações deste grande jogador de futebol, apesar da transferência, não podemos despedir-nos do Levezinho.
Liedson imortalizou-se, tornando-se o melhor marcador do Sporting na Europa.
Por isso, que seja antes um "até já".
Continue a ser Alvalade a tua casa.
E o 31 será sempre para ti, Liedson!
Obrigado.
Até qualquer dia!

Lendo os outros

"Qual é a razão que leva alguém a ser sportinguista? Não há uma resposta simples, mas basta um pouco de sociologia de almanaque (corroborada por inquéritos e estatísticas) para caracterizar os sportinguistas. No meu caso, basta dizer que, tendo estudado em Lisboa, no ensino primário e básico os benfiquistas estavam em larga maioria na turma, no secundário eram ela por ela com os sportinguistas e no ensino superior os sportinguistas eram uma larga maioria: no meu curso os benfiquistas contavam-se pelos dedos de um pé. Os sportinguistas vencem na vida; por que razão não vence o clube?
Justamente por os sportinguistas estarem muito mais preocupados com as suas vidas do que com o seu clube, ao contrário dos benfiquistas, para quem o clube é tudo. É a chamada “falta de militância”, tão bem diagnosticada pelo anterior presidente.
É este desapego pelo clube que distingue e diria mesmo que dá graça aos sportinguistas. Agora, pode um clube não ser popular e mesmo assim ser grande? A história do Sporting diz que sim. Mas para tal tem que ter bons dirigentes e ser bem dirigido. São duas coisas diferentes.
Por “bem dirigido” entende-se um clube financeiramente viável, que saiba criar talentos e fazer bons negócios, sem vender ou comprar de qualquer maneira. Que tenha objetivos desportivos ambiciosos e realistas. Não é o que se tem visto no Sporting, pelo menos no mandato da direção cessante, com dinheiro gasto ao desbarato na contratação de jogadores, treinadores e sobretudo dirigentes sem qualidade, que contratam os seus amigos à beira da reforma.
Por “bons dirigentes” entende-se dirigentes que entendam a cultura e as peculiaridades do Sporting. Por muito que o Sporting não ganhe tantos títulos como os outros, a postura de vencedores na vida que até ganham de vez em quando é o que mais irrita os nossos adversários (particularmente os benfiquistas). Desde que ganhem – os benfiquistas detestam que o Sporting ganhe; os sportinguistas adoram que o Benfica perca. O que mais irrita os benfiquistas é que no fundo eles
admiram os sportinguistas e adorariam ser como eles."

Filipe Moura


(excerto de um post publicado a 26 de Janeiro, do convidado Filipe Moura, no Delito de Opinião.)

O grande problema do PSD

Não sei ao certo quantos militantes tem o PSD.
Sei que tem muitos que são activos e que, alguns deles, vivem o PSD com grande intensidade.
É um partido onde as eleições internas, sobretudo nas secções, distritais e, agora, nas concelhias, são muito participadas e disputadas.
Neste contexto, porque razão não ganha, o PSD, muito mais eleições?
Porque tem dificuldades em chegar ao Governo?
Porque perdeu Lisboa e não conseguiu ganhar Oeiras, por exemplo?
É que no PSD, as pessoas esforçam-se imenso para serem eleitas em órgãos internos, para terem influência nas escolha dos candidatos.
Se não conseguirem lugares nas listas desses candidatos, boicotam a campanha, criam mal-ambiente entre os que ali estão porque acreditam.
Mas há outros concelhos onde acontece uma situação cuja explicação não sou capaz de encontrar.
Depois de fazerem autênticas guerras para serem eleitos para as estruturas internas do partido, escolhem um(a) candidato(a) à Câmara para perder.
E o PSD, de facto, tem perdido. Nalguns casos, de primeira passou para terceira força política.
É isto que tem afastado as pessoas com convicções do PSD. Porque hoje quem manda no partido em alguns locais é demasiado amigo de candidatos que estão em partidos ou movimentos contra o PSD.
Neste momento, só estão no PSD para que o PSD perca eleições. E isso tem de ser resolvido, mais tarde ou mais cedo, pelas pessoas com responsabilidade, que porventura não serão as que cá estão agora, porque estes, conscientes desta realidade e nada fazendo por a mudar, tornaram-se cúmplices, por omissão.

O fim do respeito

Nos últimos anos, os políticos têm perdido o respeito pelos eleitores.
Os empregados perderam o respeito pelos empregadores.
O Estado perdeu o respeito pela Igreja.
As pessoas perderam o respeito pelas instituições.
A sociedade perdeu o respeito pelos seus valores.
Contentamo-nos com o mediano.
E, no que respeita a esta selva onde ninguém respeita ninguém, existe uma enorme responsabilidade da comunicação social.
Hoje, por exemplo, estreou um programa em horário nobre onde, durante cerca de cinco minutos, dois jovens não tiveram respeito pelos intervenientes no programa. E a televisão perdeu o respeito pelos telespectadores colocando aquelas imagens no ar.
O conteúdo, naquela parte, foi desviante. Quis comparar um jovem que recitava poemas e artistas de todos os géneros com dois malucos que, sentados semi-nus numa retrete, cantavam desafinados.
Como estamos nesta fase do mediano, numa sociedade que perdeu a sua educação, os seus valores, este episódio triste quase que nos passa ao lado.
Mas não deve passar.
E não me digam que aqueles jovens cujo talento não consegui descodificar eram humoristas e que acreditavam que tinham algum talento nesse aspecto. O que fizeram foi demasiado triste para ser humor. Foram lá para gozar com o programa. E a SIC, colocando as imagens no ar em casa de várias famílias, com um público dos 8 aos 80, não fez mais nem melhor do que aqueles jovens sentados na retrete.
Isto é o decadentismo absoluto.
É também aqui que está a crise, a crise profunda.
E é aqui que está a nossa maior pobreza.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

277835

É a soma dos votos nulos com os votos em branco.
E, se lhe quisermos juntar os votos em José Manuel Coelho, assumindo que foi também um voto de protesto, o resultado aumenta para os 466900.
Mais do que os números da abstenção, importa reflectir sobre estes números.
E estes números não incluem as milhares de pessoas que foram impedidas de votar.
É uma realidade alarmante, que apenas não faz soar os alarmes nos partidos, aparentemente indiferentes a estes factos, que começaram a segunda-feira como se, no domingo, não tivessem recebido, todos, um monstruoso voto de protesto.

A agressão de Jorge Jesus


Jorge Jesus, treinador do Benfica, agrediu um jogador do Nacional da Madeira no jogo que opôs as duas equipas no estádio da Luz.
O que digo não é a minha opinião, não é o que eu acho, são factos.
E estes factos são provados pelas imagens televisivas.
É um episódio triste num campeonato que se segue a outro que teve, pelo menos, dois episódios tristes.
No ano passado, esses episódios ocorreram em Braga e em Lisboa, em casos que, por serem completamente contrários à ética desportiva, não merecem ser relembrados.
Mas há uma coisa que, ainda assim, importa relembrar, que tem que ver com um elemento comum aos casos da época passada e ao caso do presente campeonato: em todos eles, o Benfica está presente.
Eu não vou aqui dizer que a lei é igual para todos e que, por isso, Jorge Jesus deve ser punido com a mesma pena exemplar com que foi confrontado Hulk e Vandinho, por factos duvidosos aos quais foi aplicada uma norma com uma interpretação igualmente duvidosa.
O que Jorge Jesus fez foi grave. E também aconteceu com Scolari*, que sempre apoiei com excepção do dia em que agrediu um jogador sérvio, episódio que me levou a, neste espaço, pedir a sua demissão por, desde aquele dia, ter deixado de ser exemplo.
Mas Jorge Jesus sabia que não podia fazer o que fez, porque uma agressão a um jogador adversário deve dar lugar a um castigo de vários meses. Muito menos o poderia fazer no centro do relvado, sabendo que estaria a ser filmado por dezenas de câmeras.
Ora, Jorge Jesus sabia tudo isso. E isso é ainda muito mais triste que o seu gesto em si. Porque Jorge Jesus, provavelmente incitado a agir deste modo, quis ter o castigo que merece. Para que o Benfica possa desculpar-se do falhanço completo que vai ter de mostrar aos sócios no fim da época.
Vão tentar fazer com que os adeptos se esqueçam do princípio de época desastroso, da venda de Ramires que não teve substituto à altura, da vontade de David Luiz querer sair o mais depressa possível do clube e da existência de jogadores contrariados, como Luizão, cuja quebra de rendimento foi voluntária e fez com que o Benfica não pudesse lutar pelo título desta época. Vão dizer que o Benfica não perdeu este campeonato por cinco a zero com o Porto no Dragão, atirarão a culpa para a Liga, resumindo tudo ao castigo que Jorge Jesus vai receber.
Os adeptos irão esquecer-se do acto da agressão e vão cair na mentira de pensar que este campeonato foi decidido por esse castigo, por uma Liga que, por castigar um responsável do Benfica, tem de ser associada ao rival do norte.
Desta forma, o Benfica começa também a preparar a próxima época, pressionando a justiça desportiva a fazer o que tinha feito na época passada: decidir sempre, mas mesmo sempre, a seu favor.
Mas este acto pode ainda fazer com que o feitiço se vire contra o feiticeiro. Nada impede que a Liga volte a dar razão ao Benfica e decida, agora, como na época passada, castigando o jogador do Nacional da Madeira por ter sido agredido pelo treinador do Benfica ou dê, no limite, dois ou três jogos de castigo a Jorge Jesus. Sendo certo que o Benfica já não vai ser campeão e terá dificuldade para vencer a Taça de Portugal, o CD Liga iria, dessa forma, fazer com que os adeptos do Benfica vissem aquilo que, por ilusão, não estão a conseguir ver: a falta de êxito desportivo nesta época, apesar dos investimentos de centenas de milhões de euros feitos ao longo dos últimos cinco anos, deve-se a uma gestão desportiva que, pior do que estar a arruinar financeiramente o clube, não teve, ainda assim, grande tradução a nível de resultados desportivos.
Ou seja, foram centenas de milhões de euros investidos para ganhar só um campeonato. E depois desses milhões todos, o Benfica continua a não ser um grande europeu, tendo sido eliminado com humilhação da Liga dos Campeões.
Poder-me-ão, os benfiquistas, dizer que pelo menos ganharam um campeonato e que estiveram na Liga dos Campeões. Que o Sporting, mesmo que tenha estado várias vezes nessa competição da elite europeia nos últimos anos, não conseguiu ganhar um único campeonato desde 2002. Aceitarei esse argumento. E não irei contrapor. Mas prefiro não ganhar agora do que deixar de existir no futuro. E o Benfica, gastando e não ganhando, está como o Titanic depois de embater no icebergue, numa altura em que os passageiros ainda não sabiam da colisão: o banquete podia continuar, a orquestra continuava a tocar e as pessoas não pararam de dançar. Mas o navio estava a ir ao fundo. Até que naufragou e ficou, para sempre, perdido no meio do mar.


* Para que se saiba, Scolari, por gesto idêntico ao de Jorge Jesus, foi punido com três meses de castigo.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Filosofia da Justiça


Antes de filosofarmos um pouco sobre a Justiça portuguesa, importa fazer uma breve contextualização, uma síntese que seja capaz de descrever a actualidade da Justiça, enquanto sector, e não o Direito enquanto meio.
Para sermos breves, poderemos descrever a Justiça com a interpretação literal da palavra caos. A Justiça em Portugal está um caos.
Os advogados estão contra os juízes, os juízes estão contra os políticos e os políticos, que têm medo dos juízes, são, muitas vezes infundadamente, perseguidos pelo Ministério Público.
Neste contexto, a pergunta que um “filósofo da Justiça”, e não um filósofo do Direito, deverá colocar é: como será possível, nestas condições, a Justiça funcionar?
Aquilo a que chamo de caos encontra uma primeira solução em Aristóteles que merece justa recordação. Além de ficar para a História como o primeiro homem conhecido que falou de uma lógica de justiça distributiva e, por isso, nele foi formado o embrião do Estado Social, Aristóteles propunha ainda uma separação dos poderes (o poder deliberativo, o poder executivo e o poder judicial).
Portugal acolheu essa teoria filosófica, aprofundada posteriormente por vários autores, sobre a organização do Estado, acolhida por uma ideia primeiramente lançada por Hobbes, prosseguida e sustentada posteriormente por autores como Rousseau e Kelsen: a Constituição.
Na actualidade, a filosofia do Direito remete-nos para uma teoria de “jurisprudência dos princípios”. E talvez fosse útil, num contexto político, concretizar a ideia aristotélica numa lógica de Filosofia da Justiça, onde a Justiça pudesse ser verdadeiramente livre, verdadeiramente independente, mas também verdadeiramente imparcial. Faz sentido que, ao mesmo tempo que a corrente filosófico-jurídica tende para uma jurisprudência dos princípios, a filosofia para a Justiça acolha semelhante ideal, colocando o princípio da separação dos poderes acima de todas as outras normas, acima de todos os outros interesses, pessoais, de grupo ou partidários.
Aqui nasce uma questão que merecerá, sem dúvida, ser deixada para os filósofos do Direito. Se o princípio existe, se está consagrado constitucionalmente, como é que se explica que a separação dos poderes, princípio basilar num Estado de Direito, seja como uma espécie de mito ou uma utopia que não se consegue concretizar?
Uma vez mais teremos de recorrer à Antiguidade Grega, onde Platão, ainda que por um método despido de sentido democrático, construía um mundo inteligível, ou das ideias. O Direito estava nesse mundo, que partilhava com o fim que dava razão à sua existência: a justiça. Platão projectou um processo educativo completo, que não era igual para todos, mas que permitia a um grupo restrito de cidadãos ser mais competente, mais qualificado para poder administrar a justiça em nome do povo.
Ainda num contexto de que o mais qualificado estará mais perto da Verdade (colocada, por Platão, no mundo das ideias), Platão desenhou toda uma teoria que girava em torno da ideia de um rei filósofo: o mais competente deveria governar.
Eu não sei qual é o grau de qualificação de quem administra a Justiça mas posso, olhando para os factos e para o cenário actual da justiça portuguesa, concluir que o político, por regra, não tem sido suficientemente sábio. Nem o político, nem o legislador, nem todos os responsáveis pelos debates políticos e legislativos que se fazem democraticamente em Portugal, pelo menos em comparação com a sabedoria dos homens que fizeram nascer o conceito de democracia, há já mais de dois milénios.
Mas mais de dois milénios depois deveremos sentir a vergonha de ter regredido no que toca à filosofia da Justiça. Não a temos encarado como algo essencial. Temo-la olhado como um fim do Direito quando a deveríamos olhar como um meio para um Estado política e judicialmente organizado de modo a, pelo menos, funcionar.
Estamos já num caminho diferente, precisamente oposto ao que vinha sendo seguido, por exemplo, em França na transição do absolutismo para o liberalismo em período de revolução francesa. Hoje, precisamente ao contrário desse tempo, é a Justiça que “domina” o poder político. Não o faz de um ponto de vista organizacional, assumindo-se como parte cimeira de uma hierarquia que, mais abaixo, tem o poder político.
Agora, o meio para a confusão dos poderes é diferente.
E nunca, como agora, desde que há registos históricos, a Justiça influenciou tanto a realidade política em Portugal. Deixou de ter a imparcialidade que Aristóteles lhe antevia, deixou de ser vista como um fim para passar a ser um meio, um instrumento político, e, por isso, mesmo que exista o princípio (da separação dos poderes) e que o mesmo esteja consagrado constitucionalmente, isso não quer necessariamente dizer que esse princípio se concretize factualmente.
Podemos interpretar esta realidade como algo que põe em causa a teoria que defende uma “jurisprudência dos princípios”, que é a que vinga, neste momento, ao nível da Filosofia do Direito. Mas a filosofia do Direito pretende filosofar o Direito, e não a Justiça.
Porque, em Portugal, duvido que haja sequer uma filosofia da Justiça. E só por não haver se justifica que a Justiça seja, neste momento, um verdadeiro caos. Basta olhar para os seus protagonistas para percebermos a dimensão do caos e da confusão que existe entre os poderes.
Boa parte das intervenções públicas do Bastonário da Ordem dos Advogados são discursos políticos. O Ministério Público, consigo empurrando (algumas vezes) alguns juízes, é a maior arma política que existe em Portugal. Os calendários judiciais têm uma agenda que é política. E os políticos, que estão tão longe de ter as qualificações exigidas por Platão, esses coitados, andam a investigar-se uns aos outros. Depois, o povo julga. E quem sai condenado tem sido sempre Portugal.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Democracia "assim assim"

Os portugueses, de vez em quando, ouvem umas notícias, vindas de territórios longínquos onde os cidadãos não podem votar.
Na notícia, aparecem imagens de pessoas que queriam votar e não puderam. Foram impedidos de exercer esse direito, que muitos dos portugueses, por já o terem dado como adquirido, desprezam.
Exerci o meu direito de voto por volta da hora de almoço. Vi uma fila enorme de pessoas e pensei que era uma mesa de voto muito mais concorrida que as outras. Não era. Aquela fila era de um conjunto de pessoas que não sabia qual era o seu número de eleitor (que, entretanto, mudou sem que fossem avisadas), para que pudessem, depois, votar em consciência.
Achei insólito. Porque ouvi algumas pessoas dizerem que se iam embora. Com o frio que estava, saíram de casa para votar e, muitas dessas pessoas, não votaram.
Não votaram porque não foram suficientemente livres para o fazer. Porque foram criados demasiados obstáculos.
Na rádio, ouvi outra coisa absolutamente insólita. Um responsável sacudir a responsabilidade para cima das pessoas. Segundo ele, se as pessoas se querem dar ao luxo de decidir quem será o futuro Chefe de Estado do país, pois então que se informem.
Fiquei irritado. Havia milhares de pessoas sem saber onde votar. Com frio a aumentar e com o tempo a escassear. Tentaram informar-se, mas não conseguiram. Nem pela net, nem por telemóvel, nem pelas Juntas de Freguesia.
Fui, depois, a outro local, aqui no concelho de Oeiras. Na mesa de voto estava um cidadão que também não podia votar. Tinha mudado de casa, o seu nome não constava nos cadernos e seria impossível que, naquela escola, alguém pudesse dizer onde é que deveria ir votar.
À saída, um homem, num grupo de três pessoas, dizia que já não iria votar.
Ora, isto não aconteceu apenas nestas duas escolas.
Um familiar meu fez 100 km até Lisboa, para votar. Quando chegou ao local normal de voto, não pôde. Disseram-lhe para ligar para um número, que estava ocupado. Não conseguiu saber a tempo, foi-se embora. Mais uma viagem de 100 km até casa. E não votou.
Isto aconteceu pelo país fora no maior bloqueio da democracia desde o 25 de Abril.
Veremos os resultados. Incluindo os resultados da abstenção significativamente influenciados por este triste episódio da democracia portuguesa.
Como as urnas ainda estão abertas, pelo menos para algumas pessoas, não poderemos ainda retirar grandes conclusões. Esperemos tranquilamente pelo resultado dos votos das pessoas que puderam votar.
Mas, amanhã, o país não pode esquecer este "bloqueio" nem pode deixar de exigir, a pretexto dele, as devidas responsabilidades.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Como se explica?


Nunca houve nenhuma sondagem que dissesse que Cavaco Silva iria ter de se sujeitar a uma segunda volta.
Apesar disso, Cavaco desce em todas as sondagens, em muitos casos descendo até pouco acima dos 50%.
Ou seja, os que pensavam que a reeleição já estava garantida vão ter de, no domingo, exercer o seu direito de voto.
Mas o que mais me intriga não são, porém, os resultados de Cavaco.
Ontem saiu uma sondagem que dava Alegre acima dos 20% e Fernando Nobre nos 10%.
Hoje saiu outra, que dá Nobre acima dos 20% e Alegre abaixo dos 15%.
Nas últimas sondagens, os dois candidatos estavam praticamente empatados, pouco acima dos 10%.
Como é que isto se explica?
O que mudou de ontem para hoje? E da semana passada para esta?
Só saberemos explicar depois de sabermos, com certeza, os resultados de domingo.
Mas estas sondagens, a um dia das eleições, influenciarão, e muito, os resultados das eleições.
De certa forma, podem deturpar a verdade democrática, levando para o "voto útil" aqueles que queriam, tão simplesmente, refrescar a democracia ou demonstrar o seu descontentamento com candidatos "de fora do sistema".
Pelo sim, pelo não, eu vou votar no domingo.
Nunca me passou pela cabeça não o fazer.
E, por muito pouco entusiasmante que tenha sido esta campanha, apelo a todos os leitores deste blogue, para que votem no próximo domingo. Em consciência.
As sondagens não podem substituir-se à soberana vontade do povo.
E sem o vosso voto, a democracia, que não deixa de ser uma conquista relativamente recente, não se fará cumprir na sua plenitude.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Um outro tipo de contencioso


É interessante que escreva, uma vez mais, sobre o Túnel do Marquês depois de um difícil Exame de Contencioso Administrativo, onde, entre outras coisas e a pretexto de outro tipo de situações, falei de Providências Cautelares.
Curiosamente, neste Exame, também havia um Zé. Um Zé diferente, que nada tinha a ver com o outro.
Oxalá que esta curiosa comparação de segunda-feira não me faça ter, no futuro, tão más recordações deste Zé como os lisboetas já têm do outro.
De lado esta pequena introdução, com ou sem Zé, o outro, o túnel do Marquês, na parte que faltava acabar, continua parado.
Mas, ao contrário do que acontecera no passado, já não é só o Zé, o outro, que dá consequência (ou inconsequência, depende do ponto de vista) à sua conhecida embirração contra o túnel.
Apesar de, neste caso prático e concreto, não haver motivações jurídicas, não deixam, porém, de haver questões muito claras de contencioso.
É certo que agora o Zé, o outro, não está sozinho. Está em coligação. Com Costa e Roseta.
E o contencioso agora já não é só contra o túnel ou contra quem o projectou.
É contra os lisboetas.
Agora que identificámos o caso, que identificámos a relação, que identificámos os sujeitos e tudo que havia para identificar, importa que, a este caso, seja dada solução.
Poderiamos dizer que uma solução seria irmos todos, de pá na mão, tirar a terra do túnel.
Ou então, faça-se como sugere Pedro Santana Lopes.
Acabe-se, de uma vez por todas, esta obra.
Termine-se, para sempre, este litígio contra os lisboetas.
Por uma Lisboa com Sentido.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Sporting, tu és forever.

É aceitável que um treinador diga que não pôde ser campeão no Sporting porque não tinha equipa.

Paulo Sérgio não a tem. Mas também não a teve Carvalhal, nunca a teve Paulo Bento e talvez o próprio Augusto Inácio, quando foi campeão nacional, não tinha uma equipa para ser campeã de caras.

Mas outra coisa é dizer que o Sporting perdeu com o Paços Ferreira porque não teve equipa.

Isso não é verdade.

E o culpado tem dois nomes: Paulo Sérgio.

Tal como já tinha acontecido no jogo da primeira volta, Paulo Sérgio mudou a equipa num momento em que a equipa estava em bom momento.

Na altura, colocou o Carriço a trinco e o Nuno André a central. Foi por essa escolha, errada, que o Sporting perdeu aquele jogo.

Aliás, o golo do Paços surge por força desse erro de Paulo Sérgio.

Hoje, e depois de vir de uma série de vitórias, Paulo Sérgio desorganizou a equipa. Com Evaldo e Salomão, o lado esquerdo era muito mais fraco que o lado direito. E, a juntar a esta péssima opção, Paulo Sérgio tirou Zapater (que foi um dos melhores em campo no jogo anterior) para colocar Maniche. E colocou-o à esquerda de André Santos.

Não conseguiu, em noventa minutos, trocar o Salomão com o Vukcevic. E, quando percebeu finalmente que tinha de tirar o Maniche, tirou-o para colocar em campo o Saleiro.

Essa opção, outra vez errada, criou um buraco a meio-campo e, desde essa altura, o Sporting limitou-se a defender.

É certo que, finalmente, Paulo Sérgio colocou Zapater em campo. Mas já foi tarde.

Apesar do penalty que o árbitro inventou e da vista grossa que fez numa falta dentro da área, a favor do Sporting, tão flagrante que eu a consegui ver do lado oposto do estádio, Paulo Sérgio é o responsável número um pela derrota do Sporting. Como também já tinha sido no jogo da primeira volta e em muitos outros.

E, perante essa responsabilidade, deveria ser digno de colocar imediatamente o lugar à disposição.

Entretanto, José Eduardo Bettencourt demitiu-se.

Sobre esse aspecto, apesar do calor do momento, creio que devem ser deixadas, já, algumas palavras.

De agradecimento.

Sei que foi presidente do Sporting com enorme sacrifício pessoal e, calculo eu, também familiar.

Fez o que pôde fazer. Contratou laterais, médios que deram coesão ao meio-campo e um Valdez que, de vez em quando, vale pela equipa inteira.

Acabou com as fugas de informação, revitalizou os núcleos, baixou o preço dos bilhetes, fez uma campanha de marketing carregada de sportinguismo, como nunca antes, na nossa História, tínhamos conhecido.

Nas modalidades amadoras conseguiu os títulos que mereceu ganhar, para o seu Sporting, no desporto-rei.

Nem tudo foi mau.

E não tenho a certeza se era possível ter-se feito melhor.

Soubemos que a direcção a que presidiu foi alvo de um ataque interno como nunca antes, no Sporting, eu tinha assistido.

Travestidos de sites e blogues de apoio, vários foram os meios utilizados para fazer uma cerrada oposição à sua presidência, facto que, no calor do sportinguismo, levou muitos adeptos nessa onda.

Estão agora criadas as condições para que seja feita uma clarificação e que todos aqueles que querem que o Sporting seja a catapulta para novos negócios tirem a máscara, saiam do anonimato e deixem de comentar com nomes falsos na blogosfera.

Falavam como se fossem muitas pessoas. Mas, nas manifestações que fizeram, não passavam de dúzia e meia.

Candidatem-se.

Os sportinguistas saberão fazer a sua escolha. E, como sempre no passado, votarão com adesões enormes e com resultados clarificadores.

Eu, pessoalmente, preferiria outro tipo de solução, de maior diálogo e de maior consenso.

Acho que, se escrevo sobre o momento do Sporting, há uma coisa que não posso deixar de sublinhar, que tem a ver com as claques.

Há quem não goste delas, quem tenha medo delas, mas, sem claques, alguns momentos do jogo seriam tão entusiasmantes como cerimónias fúnebres.

É notável como é possível, nos maus momentos, termos centenas ou milhares de pessoas a cantar, em todos os cantos do país e por toda a Europa, incluindo na Bulgária, onde as imagens televisivas nos faziam sentir o frio.

Não há ninguém que tenha feito mais pelo Sporting do que as suas claques.

É um orgulho imenso poder partilhar as bancadas com gente que dá a voz, o apoio e tudo o que for preciso por este Grande Clube.

As claques não merecem nenhuma derrota.

Quanto ao futuro, não creio, porém, que tenhamos grandes motivos para nos preocupar.

Estamos tristes, mas não podemos entrar em desespero.

Nós somos o Sporting.

E nós, o Sporting, encontraremos as nossas soluções.

Vamos dar a volta!

Esperem para ver!

Viva o Sporting!

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Perguntas!



Estamos preparados?
Quais são as nossas alternativas?
O que fazer para reequilibrar as finanças públicas?
Que sacrifícios devem ser pedidos aos portugueses?
Como assegurar crescimento económico?
Qual o modo de colocar a justiça a funcionar, de forma célere?
Como acabar com a politização da justiça?
Quais vão ser os meios para terminar com as promiscuidades entre o Estado e os privados?
Qual será a política laboral, de modo a assegurar a vitalidade das famílias e das empresas?
Como amparar as pequenas e médias empresas?
E os “pequenos e médios” grandes artistas?
Como defender e divulgar a Língua Portuguesa no Mundo?
E como a promover no nosso país?
Como e por quem devem ser pagas as despesas na saúde?
Haverá alguma política de descentralização e de revitalização do interior?
Como é que se vai garantir a eficácia dos fundos comunitários?
Voltará o país a olhar os agricultores como actores estratégicos do país?
E o mar, esse imenso e com enorme potencial mar português?
Continuará abandonado porque os peixes não votam?
Manterá, o Estado, a rigidez desincentivadora relativamente a quem cria gado?
E políticas respeitantes às pescas, já alguém pensou sequer nisso?
Qual será o meio utilizado para potenciar o turismo?
E a cultura?
O que fazer, ao certo, com uma Constituição que está já fora do seu tempo?
Declararemos, finalmente, a falência do Estado Social?
Avançará o país definitivamente para uma nova era, num Estado Pós-Social, onde o interesse público será prosseguido pelos privados?
E quais serão os sectores onde isso irá acontecer?
Irá ser reassumida uma política de apoio à família, como um núcleo fundamental da vida na sociedade?
Se sim, como?
Quais serão os argumentos para impedir que os jovens qualificados continuem a “fugir” de Portugal?
Irá haver uma racionalização dos recursos públicos, nomeadamente no que diz respeito à segurança e à defesa do ambiente?
Se sim, de que modo será feita?
Irá o Estado desfazer-se de empresas das quais já não precisa?
Se sim, de quais?
Terá de se mexer na Constituição para o fazer?
De que modo?
Terá já o Estado, através da sua autoridade, capacidade para garantir liberdade, igualdade e imparcialidade na comunicação social sem ter assumir responsabilidade directa?
Que destino dar à avaliação dos professores e à escola pública?
Como se voltará a repor exigência na educação?
TGV, novo aeroporto, terceira travessia?
Sim ou não?
Quais sim, quais não?
Quando, porquê, onde ou “de onde para onde”?
E que outras?
E a regionalização?
Sim, não ou agora ainda não?
Que reformas serão feitas?
O que fará o Estado com um funcionário público inútil ou ineficiente?
Vai-se mexer nas reformar “milionárias” e injustificadas?
Retroactivamente? Imediatamente? Como?
E os salários exorbitantes dos gestores públicos?
Serão canalizados para reduzir o défice?
Estamos já em condições de responder a todas estas perguntas?
Teremos já resposta definitiva a qualquer uma delas?
Estaremos, pelo menos, à procura de respostas?
Isso é o que o país, lá fora, já está a perguntar…

Socialaicos.


Está criada a primeira rede social política em Portugal.

Criada pela MARKUP, Agência de Comunicação e Marketing, a socialaicos procura promover o encontro entre políticos, políticas e cidadãos no nosso país.

Nesta rede, os “aderentes” podem juntar-se a grupos consoante os seus partidos, os seus movimentos, as suas causas.

Podem debater os mais diversos assuntos. E os cidadãos podem, com a socialaicos, encontrar informações úteis.

Mais do que um feito inovador, esta rede social tem vários aspectos que considero muito importantes.

O primeiro é de poder, desta forma, cativar jovens (muito fascinados com o meio das redes sociais) para a política. Trata-se de uma forma de combater a abstenção entre os mais jovens.

O segundo, de poder vir a fazer com que muitos dos que exercem cargos políticos possam, de uma via directa, expor ideias e debater assuntos, podendo estreitar a distante relação entre aquele que exerce cargos políticos e o cidadão, contribuinte e eleitor.

Aliás, há já alguns políticos com conta criada nesta rede!

Por último, esta rede social pode ser um meio de divulgação das mensagens dos partidos e movimentos políticos, onde os cidadãos, em alturas de campanhas eleitorais, podem encontrar os programas e decidir, entre as várias ideias e temáticas abordadas, sobre o seu sentido de voto.

Chegar até aos jovens, debater ideias, lutar contra a abstenção. Não poderia haver melhor contributo para o “relançamento” da democracia.

Tenho a certeza absoluta de que este projecto irá vingar.

Já criei a minha conta. E, a partir de Fevereiro, estarei lá com frequência.

Até porque a socialaicos tem uma particularidade: a ligação com outras redes sociais existentes, como é o caso do Facebook e do LinkedIn, permitindo que os conteúdos sejam totalmente partilháveis.

E para aceder à socialaicos pode ser utilizado o login do Facebook.

Enfim, são muitas novidades. E boas novidades. Para os jovens, para os curiosos, para a democracia e para todos os portugueses!

Creio que este terá sido o primeiro texto informativo, quase publicitário, que escrevi sobre alguma coisa.

É um registo diferente, ao qual, francamente, estou pouco habituado.

Fico feliz por poder registar que este “novo registo” foi utilizado pela primeira vez para divulgar um acto nobre, de luta pelo debate político, pela democracia, num feito completamente inovador.

De certa maneira, fez-se História. Mas esta não é uma história. É só o princípio.

Que tenha, a socialaicos, todo o sucesso do mundo!

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

E o melhor do mundo é...

...O PORTUGUÊS!

A melhoria dos árbitros


Nós, portugueses, que gostamos imenso de futebol, não costumamos desculpar os erros dos árbitros, sobretudo quando sentimos que, depois de termos pago o bilhete, o árbitro influenciou o resultado.
Mas importa dizer, com metade do campeonato já jogado, que temos melhorado nesse aspecto. E isso deve-se exclusivamente à melhoria da prestação dos homens do apito.
É pena que a arbitragem de Bruno Paixão no jogo mais importante do fim da primeira volta não tenha correspondido. Foi, de facto, uma arbitragem nos limites do ridículo (palavra que não costumo utilizar), ausente de critério e tendenciosa.
Felizmente que foi a excepção à regra.
Já assistimos a três clássicos, sem casos, onde ganhou sempre a equipa que esteve melhor.
E em matéria classificativa, cada equipa está no lugar onde, pelo que fez, mereceu estar.
Se o campeonato acabasse hoje, a melhor equipa seria campeã.
A segunda melhor equipa iria jogar a pré-eliminatória da Champions.
As outras boas equipas estariam apuradas para as competições europeias.
E as piores equipas desceriam de divisão.
O que quero dizer é que, apesar dos erros (quase sempre desculpáveis), os árbitros não tiveram, de maneira nenhuma, influência na verdade desportiva.
E isso merece destaque. Porque é novidade.
Não está ainda tudo feito. As observações dos árbitros são muito influenciáveis pelas palavras dos agentes desportivos e os árbitros ainda não são profissionais, facto que a natureza deste desporto-negócio exige.
Mas estamos no bom caminho.
E não havia melhor forma de festejar esta melhoria, ao fim da primeira volta, do que com os golos formidáveis marcados pelos jogadores dos três grandes clubes deste país, que foram, nesta jornada, hinos autênticos ao futebol.
Façamos votos para que seja sempre assim. Para que sejam os jogadores a decidir os jogos. E os campeonatos.
Porque, se assim continuar, mais gente vai voltar a ir aos estádios.

domingo, 9 de janeiro de 2011

"Tango a Portugal"


"Só nós sabemos deste céu à beira-mar,
Do sangue a fervilhar nas veias
Nesta península de gente a navegar
Que temos que habitar a meias.

O nosso povo já cansado de sofrer
E de anos a dizer: "Não posso!"
Deste país de tanta coisa por fazer,
Que por ninguém querer é nosso!

Ah Portugal,
Linda terra de buracos sem igual
De "aviones" sobre as lages,
De "camones" e Bocages
E bocados de nação...

Mas são verdade
Essas coisas ditas na televisão,
Arde o sol até que fura,
Mas também o que arde cura,
Diz o povo e com razão!

Português navegador,
Desde Infante a sonhador,
A divagar se vai ao longe,
Em qualquer casca de nós
Ao estrangeiro, ao estrangeiro,
A Badajoz!

Só nós sabemos deste céu à beira-mar,
Do sangue a fervilhar nas veias,
Nesta península de gente a navegar
Que temos que habitar a meias
O nosso povo já cansado de sofrer
E de anos a dizer: "Não posso!"
Deste país de tanta coisa por fazer,
Que por ninguém querer é nosso!

Oh meu país,
Uma esperança desde a rubra embandeirada,
Nossos sonhos turbulentos
Seguem dentro de monumentos
Rumaram à paunjada!

Ai Portugal,
Concebido com pecado original,
Isto não começou bem:
O filho a bater na mãe
Tinha que acabar em mal!

Pensar que os nossos filhos
Já nem jogam matraquilhos.
Que futuro lhes reserva
Portugal dos pequeninos,
Vender o sol, vender o sol
Aos quadradinhos!

Só nós sabemos deste céu à beira-mar,
Do sangue a fervilhar nas veias
Nesta península de gente a navegar
Que temos que habitar a meias!
O nosso povo já cansado de sofrer
E de anos a dizer: "Não posso!"
Deste país de tanta coisa por fazer,
Que por ninguém querer é nosso!

Deste país de tanta coisa por fazer,
Que por ninguém querer é nosso!"

Herman José

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Ainda bem!


Quem esperava ouvir discutidas algumas ideias sobre o país nesta campanha eleitoral que elegerá o futuro Presidente da República, desengane-se.
A campanha eleitoral portuguesa tem sido, isso mesmo, uma campanha eleitoral portuguesa. Igual às outras.
Desenterra-se o passado.
Cria-se e divulga-se a dúvida, com a conivência da comunicação social.
Entrámos num ano novo mas continua-se a discutir o que se passou há dez anos.
Não tem pés nem cabeça. Mas não deixa de ser o costume.
Quando a Justiça não funciona, aquele que chama vigarista ao outro, torna o outro vigarista aos olhos das pessoas.
E não passamos daqui.
Havia muito, mas mesmo muito, por onde pegar.
Porque, para uns, Cavaco agiu pouco quando deveria ter agido muito.
Ou, então, quando agiu, agiu em sentido contrário ao que as pessoas queriam que ele tivesse agido.
Mas agora que falamos do BPN, esse “enorme escândalo dos capitalistas da direita portuguesa”, importa relembrar que a bolha só rebentou por causa de um supervisor que não supervisionou. Que, por mero acaso, era da esquerda moderna ou democrática ou lá o que quiserem que lhes chamemos. Era socialista.
Importa ainda registar o desespero de Manuel Alegre, que chega a meter dó.
Sendo o anel de um noivado entre a extrema-esquerda e o partido contra o qual se candidatou nas últimas eleições, um dos “donos” da nossa democracia entrou agora no campo dos manifestos ataques pessoais, com direito a calúnias do mais graves que a democracia portuguesa já pôde assistir.
Mas ainda bem que isto, que não deixa de ser mais do mesmo e improvável ao mesmo tempo, está a acontecer. Foi esta esquerda que deixou o país como está. Deixaram que a justiça deixasse de funcionar. Que a comunicação social se tornasse seguidista no quotidiano para que as bombas explodissem todas em períodos eleitorais. Foi esta esquerda que fez com que a classe política fosse descendo até abaixo do medíocre.
E esta ideia de que um político, futuro político ou ex-político, não pode investir o seu dinheiro, que é fruto do seu trabalho?
Daqui para a frente, não podemos fazer as nossas aplicações, os nossos investimentos, teremos de condicionar a nossa vida e limitar a nossa própria liberdade só porque poderemos exercer futuramente funções públicas relevantes ou porque o banco pode falir?
Mas que ideias são essas?
Estas ideias merecem ser censuradas pelo voto do povo. E não tenho a menor dúvida de que serão já durante este mês.
Mas há outra situação de que estou fortemente convicto.
Estas eleições, além de representarem o fim da política activa para Manuel Alegre, de se traduzirem numa notável derrota socialista para eleger o chefe de Estado, marcarão o princípio do fim de um partido que deixou de ser “Alegre” para ser…”Anedótico”.
Falo, obviamente, do Bloco de Esquerda.
Depois de terem recusado responsabilidades em Lisboa, este Bloco demonstra resumir-se a um partido do anti-poder. Nesta campanha para as Presidenciais, quando finalmente poderiam sonhar com a eleição de um Presidente da República apoiado pelo partido, o Bloco não faz mais nada: faz da campanha um autêntico desfile carnavalesco, com intervenções completamente descabidas.
A democracia serve para nos governar, para nos representar. Não para obstar à governação.
Serve para construir. Não para fragmentar e acabar com os pilares.
O Estado de Direito serve para manter a ordem. Não para ser destruído.
Portugal é um país, é um Estado soberano com vários séculos de História. Não é um circo.
Por essas razões, estas eleições confirmam que o Bloco de Esquerda já deu o que tinha dar.
Durou, ou durará pouco tempo.
E ainda bem!

Uma teoria das abelhas



Na obra “The Wisdom of the Hive”, o professor e investigador Thomas Seeley explica que um enxame é capaz de explorar alimento a uma distância de seis ou mais quilómetros da colmeia.
Mas a probabilidade é cada vez maior quando o néctar está num raio de dois quilómetros do enxame. Nesse caso, a probabilidade de o descobrirem é superior a cinquenta por cento.
Mais do que contribuir para a nossa cultura geral, esta teoria sobre as abelhas, transformada numa metáfora invulgar, pode explicar dois assuntos que são comummente falados em Portugal: a pobreza da vida política com a desqualificação dos principais agentes políticos e a escassez de recursos públicos.
Para tal, bastará que interpretemos metaforicamente o enxame e o néctar.
É certo que o homem quando encontrou o seu néctar no Estado não voltou atrás, até junto do seu enxame, fazendo a mesma dança com vários meneios do abdómen, como fazem as abelhas quando encontram uma fonte de néctar bastante promissora. Não fez essa dança, mas voltou até junto dos seus, sugerindo e cativando-os para a probabilidade de conseguirem, no Estado, o néctar fácil.
Nesse aspecto, a própria teoria do professor norte-americano, ainda que aplicável aos enxames, pode servir de explicação. Quanto mais próximo está o néctar, maior será a probabilidade de ser devorado pelo enxame.
O Estado foi, e tem sido, um néctar fácil.
E este néctar foi completamente devorado por aquele enxame.
Há muito que deixou de haver néctar para as alimentar.
E, por isso, começou a importar-se néctar. A pedir-se emprestado. Para alimentar as abelhas. E para que o resto dos animais que, com elas, coabita o jardim não morra na miséria.
Aliás, estes pobres animais ainda têm de aturar a falta de gratidão e escrúpulos do enxame, sendo confrontados, frequentemente, com valentes picadas deste.
Mas como é que saio agora desta comparação quase absurda entre uma teoria que nos fala da sabedoria dos enxames e a pobreza a todos os níveis que se vive em Portugal?
Com uma solução.
Tem de se acabar com as abelhas.
Ou, se isso for impossível, tem de se restringir o acesso ao néctar.
Para que a escassez de néctar e a fome não se apoderem de todos os animais do jardim.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Qatar 2022







Às vezes é importante experimentar e arriscar para errar.
E errar é fundamental para aprender.
Nós, cá em Portugal, experimentámos, arriscámos, errámos e, por isso, aprendemos.
Não conseguimos rentabilizar os investimentos que fizemos.
E, porque não temos grandes recursos, não nos pode dar ao luxo de ter grandes luxos.
Mas quem tem esses recursos pode dar-se ao luxo.
E vejam só que luxo, este do Qatar 2022.
Realizar um campeonato do mundo não é para quem quer.
É para quem pode.
E o Qatar, pelo menos por enquanto, pode.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Um agradecimento muito especial


Cerca de 15% das visualizações deste blogue são feitas desde fora de Portugal.
Nessa lista, o Brasil surge em primeiro lugar, com quase o dobro das visualizações do segundo país, os Estados Unidos. Bastante mais atrás, surge o México, que compõe o continente americano.
Entre os dez países onde este blogue recebe mais visitas, além de Portugal, está a Alemanha, a Suíça e o Reino Unido.
Este blogue chega ainda à Ásia através de Macau e da Coreia do Sul, que também surgem nos dez primeiros e ainda da Singapura, de onde, de vez em quando, também um cibernauta acaba por vir parar ao blogue que escrevo.
Fora dos dez primeiros, mas também com visitas permanentes surgem os PALOP.
Tudo isto para dizer que é, obviamente, com grande entusiasmo que recebo, diariamente, as estatísticas deste blogue.
Pressuponho que a maioria das pessoas que visitam este blogue desde fora do território português são emigrantes portugueses, cidadãos brasileiros ou pessoas de ex-colónias portuguesas.
Não poderia, por isso, deixar de começar este novo ano sem agradecer a vossa visita. Porque essa visita, além de um privilégio, é um estímulo para o texto que vem a seguir.
Quando criei este blogue, há já alguns anos, quis apenas partilhar algumas ideias que tenho, ajudar a discutir temas que estão em cima da mesa e fazer alguns comentários.
E, por mais bizarro que pudesse pensar, aqui estou eu, quatro anos e meio depois, com a mesma energia e motivação de sempre, a agradecer as visitas constantes num blogue que, apesar do tempo nele dispensado, vale a pena porque é lido nos vários cantos deste mundo.
Mais do que isso, é um prazer poder ajudar a divulgar a Língua Portuguesa e poder fazer com que alguns portugueses que vivem fora do país possam recordar o país que é tanto deles quanto meu.
Não poderia deixar ainda de fazer um agradecimento especial a todos os que, com enorme simpatia, fazem referência a este espaço, directa ou indirectamente. Tenho a consciência plena de que, sem a vossa ajuda, o universo de leitores deste blogue seria muitíssimo mais reduzido.
A todos, vos agradeço. Muito.
Sejam bem-vindos. E voltem sempre.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Redes sociais e sportinguismo



As redes sociais têm uma força enorme.
Mas não representam ainda a vontade da maioria das pessoas.
E, a propósito disso, está marcada para hoje uma manifestação contra o presidente do Sporting.
Essa manifestação foi marcada e divulgada através de uma rede social.
Nessa mesma rede social, tenho comentado e tentado contribuir para uma clarificação que possa dar paz ao universo sportinguista.
Nesse sentido, duas crónicas minhas foram publicadas na mais importante de todas as páginas cujo universo são os adeptos do Sporting.
Nunca me inibi de fazer as minhas críticas. E menos ainda me senti pressionado a deixar de personificar algumas delas.
Mas há uma coisa que não deverá ser necessário assumir. Apesar de manter espírito crítico relativamente a todos os assuntos internos, eu apoio José Eduardo Bettencourt. E apoio-o por uma razão simples: é o Presidente do meu Clube e o sucesso de Bettencourt é, agora, o sucesso do Sporting.
Sei, porque vivo o Sporting há muitos anos, que Bettencourt sente o Sporting com a paixão doentia com que eu também o sinto.
Mas muita gente, nessa rede social, tem interpretado mal o meu apoio ao actual Presidente do Sporting, tentando-me incluir, a mim e a muitos outros sportinguistas, numa espécie de parasitas que são os “lambuças”.
Sou lambuça, sim. Sou lambuça do Sporting.
Por motivos académicos, não vou poder estar no estádio José de Alvalade na tarde e noite de hoje. A minha cadeira estará vazia. Mas estarei, como em muitas outras vezes, a torcer à distância.
Obviamente, condeno a manifestação marcada para a tarde de hoje por uma razão que se explica muito facilmente. Em dia de jogo, e durante o jogo, exige-se, a todos os sportinguistas, um apoio total. Exige-se que os adeptos, com o seu apoio, inspirem os jogadores para a vitória.
Jamais me verão, a mim, numa manifestação semelhante. Sou demasiado sportinguista para estar contra o Sporting. Gosto demasiado deste Clube para querer perder.
Serei crítico, sempre que a crítica for exigível. E serei exigente. Mas nunca confundirei a crítica com o que se está a passar, que é uma tentativa continuada de criar um ambiente de guerrilha interna, com ataques pessoais a quem dirige o Clube.
Esses comportamentos são redutores para o Clube e são contra o Sporting. E demonstram que, afinal de contas, se é verdade que há homens maiores e outros mais pequenos, se há homens mais inteligentes e outros mais ignorantes, também há homens e mulheres que são mais sportinguistas que outros.
E a manifestação de hoje, assim como alguns outros actos que têm vindo a ser praticados, se não são anti-sportinguistas, são, pelo menos, de um sportinguismo menor.

domingo, 2 de janeiro de 2011

2011, o ano da factura


No início de 2011, proponho que recuemos ano e meio atrás.
Nessa altura, confrontaram-se duas ideias opostas.
Do lado dos socialistas, propunha-se mais do mesmo.
Mais facilitismo, mais gratuitidades, mais aumentos, mais obras públicas.
Ao mesmo tempo, como já vinha acontecendo há quase década e meia de governações socialistas, engordava-se o Estado que servia para pagar vitórias eleitorais, com a distribuição de tachos a uma série de gente sem preparação, que tornou o Estado numa máquina ineficiente, a endividar-se de dia para dia.
Do PSD, acusava Sócrates, a lógica era só uma. Adiar, suspender, parar.
Queria o PSD de 2009, como também quer o PSD de 2011, "parar" o país.
Queria-se, em 2009 como em 2011, mexer no obeso Estado Social, nos direitos adquiridos, acabar com algumas gratuitidades.
Não se valorizou, apesar das insistências em se falar disso, que se visava fazer também uma racionalização das despesas públicas, apoiando-se, sobretudo, as pequenas e médias empresas, principais responsáveis pelo emprego, sendo, também por isso, o grande motor da economia portuguesa.
O que fizeram os portugueses?
Depois de terem levado uma estalada durante muitos anos de poder socialista, ofereceram a outra face.
E Portugal está, em 2011, muito pior do que estava em 2009.
Para isso, sejamos sérios, muito se deve o falhanço de um socialista que não supervisionou o que deveria ter supervisionado.
Porque é o exemplo mais flagrante da responsabilidade que os socialistas têm na factura que os portugueses já estão a pagar desde o dia de ontem.
Há ainda menos possibilidades de incentivar as pequenas e médias empresas.
Daí que se diga que 2011 será, provavelmente, um ano de, pelo menos, estagnação económica, de aumento do desemprego, de agravamento da situação social.
E o que faz agora o governo de Sócrates?
Pára, suspende, adia.
Exactamente aquilo que o PSD se propunha fazer em 2009.
Era pouco? Talvez fosse. Mas não era o PSD que não tinha capacidade de fazer mais. Era o país que não suportava.
Por que razão foram, então, os portugueses na "conversa"?
Terá sido apenas estupidez?
Talvez até tenha sido! Mas eles foram enganados por uma estratégia de um marketing político devorador, que tinha dois meios de operar.
Por um lado, havia grandes bandeiras, muitas cores, uma mensagem que inspirava, muitos autocarros e comícios cheios. Enganou-se os portugueses à custa de uma publicidade enganosa.
Mas, por outro lado, seguiu-se o método do controlo da comunicação social, com uma operação de censura com antecedentes já razoavelmente distantes neste país.
Foi isso que aconteceu em 2009.
É isso que se paga em 2011.
Com aumentos de impostos e redução dos salários, entre outras medidas duras.
Faz, o PS, o contrário do que prometeu fazer.
E é por tudo isso que os portugueses não irão perdoar os socialistas.
Porque os socialistas não merecem perdão.