terça-feira, 25 de novembro de 2014

À política o que é da política


Do ponto de vista criminal, e ainda que esteja preso preventivamente, à espera da acusação e, eventualmente, do julgamento, é importante sublinhar que Sócrates é inocente até que se prove o contrário. Como tal, nesta fase, parece-me totalmente imprudente comentar a investigação a José Sócrates, apenas me cabendo, por agora, demonstrar-me solidário para com a sua família e amigos, naturalmente abalados e surpreendidos pela notícia dos crimes que, a terem ocorrido, certamente, desconheciam.

Nesse sentido, parece-me correta a reação dos responsáveis políticos e de alguns comentadores, recusando-se a proferir comentários sobre um assunto que é da exclusiva responsabilidade do Ministério Público e dos tribunais.

Porém, se é correta a velha máxima de que “à justiça o que é da justiça”, repetida insistentemente por vários responsáveis políticos, deve-lhes ser dito que “à política o que é da política”. Se, do ponto de vista criminal, a investigação cabe ao Ministério Público e o julgamento cabe aos tribunais, deveremos relembrar que, do ponto de vista político e evitando recorrer a perigosas ironias, Sócrates – e o “seu” PS” – já foi condenado pelos eleitores.

Do ponto de vista político, o PSD não pode deixar de reavivar a memória dos portugueses, não se condicionando por processos judiciais por que o PSD, de modo nenhum, se pode responsabilizar.

Reavivemos a memória.

Sócrates chegou a Secretário-Geral do Partido Socialista, substituindo Ferro Rodrigues, após o escândalo do processo Casa Pia, tendo sido eleito Primeiro-Ministro na sequência da dissolução da Assembleia da República, pelo PS (Presidente Sampaio). Foram circunstâncias especiais, mas o que é certo é que Sócrates chegou a Primeiro-Ministro, tendo quatro anos com maioria absoluta.

Apelando à memória na perspetiva de, rapidamente, a reavivar relativamente ao primeiro governo de Sócrates, lembramo-nos de uma estratégia de desburocratização (Simplex, Empresa na Hora, etc.), do Plano Tecnológico e das Renováveis, além daqueles quase insólitos computadores Magalhães. Sendo certo que estes aspetos não reduzem o governo de Sócrates, certo também não deixa de ser que, para uns, foi poucochinho e, para outros, tudo não passou de fogo de vista.

Do ponto de vista das reformas, o resultado foi curto para quem tem maioria absoluta, apesar de nos lembrarmos da implementação de um processo de avaliação dos professores, que, pese embora as críticas naturais dessa classe, foi um ponto de partida positivo.

Sabemos o estado em que Sócrates deixou o país. Porém, é preciso rebater aquela ideia de que houve um primeiro momento antes da crise internacional e outro momento, depois desta, a que o governo socialista era alheio. Em boa verdade, não é bem assim.

Entre 2005 e 2008, o crescimento económico em Portugal foi inferior a metade do crescimento médio da União Europeia. De ano para ano, Portugal afastou-se, portanto, da média do crescimento da União Europeia. Ainda para mais, o crescimento português não era sustentando, visto que o saldo negativo da balança corrente foi sempre em crescendo.

Se o povo estava iludido? Porventura, sim. Estava confundido com o discurso otimista e megalómano, não condicente com a realidade económica portuguesa, que trazia, para cima da mesa, assuntos como o TGV, a terceira ponte sobre o Tejo e o novo aeroporto internacional de Lisboa, que, num dia, jamais poderia ser construído na margem sul do rio Tejo e, no outro, tinha de ser feito em Alcochete, na margem deserta daquele rio, tendo-se feito esse anúncio repentinamente, ignorando a opção, até então, inflexível do governo pela Ota.

A crise internacional reforçou a crise económica e deixou a nu o buraco nas finanças públicas. Como se não bastassem as promessas incumpridas (a mais célebre foi a promessa dos 150 mil postos de trabalho, num tempo em que o desemprego foi aumentando), as Agências de Comunicação tornaram-se infrutíferas e impotentes.

Ainda assim, fizeram-se grandes encenações, em torno de uma imagem de progresso, resultado da ótima conjugação entre cor e tecnologia (aliadas ao inegável dom de retórica de José Sócrates), que não condizia com a realidade. A solução adotada passou pelas questões fraturantes, contra as quais me bati, do casamento entre pessoas do mesmo sexo e da liberalização do aborto até às dez semanas de gravidez. E, com isso, Sócrates ganhou tempo, recuperou o fôlego que fora perdendo, também, no Jornal Nacional de Moura Guedes, mas o país ia caminhando em direção ao buraco.

Politicamente, o que deve ser discutido é o resultado do período de governação do PS liderado por Sócrates. Depois do primeiro, do segundo e do terceiro PEC, e da colaboração da oposição no sentido de tentar salvaguardar a mínima estabilidade política e financeira, o seu governo não resistiu ao quarto PEC e ao alerta de Teixeira dos Santos de que a fonte por onde corria o dinheiro tinha secado.

Forçado, pela conjuntura que criou, pediu ajuda ao Fundo Europeu de Estabilização Financeira, assinando um memorando de entendimento com a Troika que impôs, ao governo que se lhe seguiu e ao povo português, a austeridade que, ainda hoje, estamos a pagar.

Passaram três anos e meio de dificuldades extremas, com algumas reformas importantes, e os indicadores demonstram que o país está a melhorar. À semelhança do que ocorreu na segunda parte do governo Barroso/Santana (chamados a governar na sequência da demissão de Guterres e de se ter assumido o pântano), o PS reorganizou-se, tirando o tapete a Seguro, que, sozinho, fez a longa travessia do deserto.

Quem vemos? Ferro Rodrigues, Vieira da Silva, Lacão, Silva Pereira, Santos Silva e António Costa, que, antes de ser o autarca das taxas e das taxinhas, era o número dois de Sócrates, a cuja memória apela.

Depois do esforço histórico feito pelos portugueses na sequência do resgate, e sendo obviamente indesejável recorrer a expressões do tipo “entregar o ouro ao bandido”, há que relembrar que os senhores que agora voltam são os mesmos que estiveram politicamente com Sócrates e que deixaram o Estado de bolsos vazios, sem dinheiro para pagar aos funcionários públicos no mês seguinte. É por isso – e pelo que isso me custou, como contribuinte – que condeno Sócrates e os governos que liderou.

Há que separar os campos. Mas deve reforçar-se a ideia de que o que é da política deve ser debatido politicamente. Bancarrota, memorando, resgate, desbaratização das empresas históricas portuguesas que caem em mãos estrangeiras, perda de soberania financeira, desemprego, falências, perda do poder de compra, recessão, endividamento excessivo. Ainda que estejamos perante um processo judicial, há que separar as águas. E ninguém se pode deixar condicionar e deixar de relembrar os portugueses da política de empobrecimento que caracterizou o período em que o país foi governo por Sócrates e pelos seus camaradas.

Sintetizados os resultados das suas governações, repito: o PS que nos governou é o mesmo PS que nos quer voltar a governar!

Como tal, pese embora o que é da justiça, ninguém se pode negar ao debate político, sob pena de, à entrada para um ano de eleições, o nosso país correr o risco de ter, no governo, o regresso a um passado que não foi mesmo nada porreiro, pá.

terça-feira, 22 de julho de 2014

De Guterres a Guterres, no PS, está tudo igual


Entre os mandatos de Guterres e Sócrates, e entre Sócrates e Costa, o PS nunca viveu de convicções. Não ofereceu uma ideia ao país, uma política alternativa, apenas tendo contribuído eficazmente para aumentar o número de gente empregada no domínio do humor, inspirando dezenas de jovens, nas rádios e televisões, com as célebres e inesquecíveis frases de que as dívidas não são para pagar e que a Parque Escolar foi uma festa.

E não há melhor transição de um parágrafo para outro do que recorrendo à palavra que melhor caracterizou as últimas governações socialistas. Foram festas, com fins anunciados em pântanos ou no recurso desesperado a pedidos de resgate.

Entre esses períodos, assolado pelo terrível caso da Casa Pia, e na sequência do, nunca esclarecido, caso Freeport, os tapetes foram tirados aos líderes de transição, Ferro Rodrigues e Seguro, no mesmo dia da semana em que José Sócrates conseguiu fazer toda – ou quase toda – a sua licenciatura. Ao domingo.

Aos olhos dos portugueses, é completamente inaceitável a forma como, internamente, se movem os interesses socialistas, apenas em função do calendário eleitoral, com sequentes e consequentes tiradas do tapete.

Porventura, a golpada mais grave, do ponto de vista da estabilidade política, da ordem política e até jurídico-constitucional, ocorreu durante a presidência de Sampaio, em que se verificou uma conjugação perfeita de cenários, desde o caso Casa Pia à ida de Barroso para a Comissão Europeia, a que correspondeu a reorganização interna no PS, culminando na dissolução, nunca explicada, de uma Assembleia representativa e legitimamente eleita pelos cidadãos.

Evidentemente, não esqueço aqueles que, à direita, fizeram o jogo rasteiro do Partido Socialista, assumindo que nunca ajudei a eleger, para o que quer que fosse, a falsa moeda de Cavaco ou a conjugação desastrosa que, de um homem pequeno com voz grande, não permite fazer, de Marques Mendes, um político com pensamento, pelo menos, coerente.

Porém, quase como obrigação cívica e, porventura até, moral, não poderia deixar de relembrar alguns episódios de democracia duvidosa que espelham na postura adotada, hoje, pelos principais agentes políticos, sobretudo aqueles que, voltam agora até ao país (mais ou menos) real, para lhes pedir o voto, agora, nas insólitas eleições primárias.

Sendo evidente que se desembrulharam temas como os que se prendem com as legislativas e presidenciais, não deixa de ser curioso cair nas mesmas conclusões dos últimos 15 anos, em que o PSD (e o CDS) foi chamado a governar na sequência de governações socialistas completamente calamitosas do ponto de vista financeiro, em que o PS (e sempre só o PS) foi para o governo com base em jogadas de bastidores encenadas através da utilização dos poderes públicos e de uma espécie de segunda cara que o PS adota internamente, e que permanece como uma espécie de face oculta aos olhos dos portugueses.

Em setembro, o PS terá um António como líder, mas que surgirá, forçosa e justamente, enfraquecido aos olhos da opinião pública. Se for Seguro, é o mais do mesmo, o líder frouxo, amorfo, sem chama nem projeto. Se for Costa, tenderemos a concluir que o será por força de circunstâncias mais do que previstas, tendo iludido os portugueses (sobretudo, os munícipes lisboetas e os camaradas de partido) ao mesmo tempo em que, na sombra, delineava uma estratégia que terminou de uma forma completamente anómala, tirando o tapete ao líder do PS após duas vitórias eleitorais.

Costa, a um nível interno, não fez diferente daquilo que Sampaio foi capaz de fazer a nível nacional. E o PS, decorridos todos estes anos, continua igual. Não tem projetos, não tem ideias e vive com base numa lógica de deslealdade perante os seus pares em busca de um eterno sonho de poder que culmina, sempre, com os cofres do Estado vazios.

Em quinze anos, nada mudou no PS, o que se evidencia na consensualidade que suscita o nome do pantanoso Guterres para candidato a Belém. A propósito, e no seguimento da imperdível entrevista de Santana Lopes ao Expresso, já é tempo de se falar, à direita do PS, de um nome para Presidente. Porque o guterrismo teve o seu tempo, teve o seu preço e deixem-nos, pelo menos, pagar a fatura que ele nos deixou.

quinta-feira, 19 de junho de 2014

A fotografia onde todos saem mal


Apesar de ser previsível, a partir de determinada altura, um avanço de Costa para a luta pelo poder no PS, ninguém poderia prever o que estava para acontecer na noite das eleições europeias.

Resumidamente, a coligação obteve o resultado que queria, uma derrota por margens mínimas. Seguro não teve a vitória inquestionável que sublinhou no seu embaraçoso discurso de vitória. Mas ninguém esperava que, após aquele discurso, e ainda na ressaca do que não deixou de ser uma vitória, Costa avançasse para, de imediato, tirar o tapete ao líder frouxo do PS.

Despistando a tempestade que abalou o Partido Socialista, a coligação seguiu entre os pingos da chuva, enquanto as diversas fações socialistas, alegremente, continuavam a disparar tiros nos próprios pés. E não houve ninguém, no PS, que tenha saído bem na fotografia.

Naquele domingo, a maioria dos portugueses considerava Costa como um homem capaz de gerar consensos. Contido nas contas, conseguia criar convergências na esquerda, arrastando, para si também, parte do centro-direita. Presidente de Câmara consensual, animal vencedor de eleições, a ideia que os portugueses tinham de Costa era de um homem que, internamente (no PS), sabia manter o seu lugar, leal a quem sempre foi dirigindo o partido, apesar de garantir uma certa independência política própria de quem tem um pensamento.

A partir da segunda-feira seguinte, ficou descoberta a outra face de Costa, homem que, afinal, tinha uma agenda própria. Estava apenas à procura do momento oportuno para tirar o tapete ao homem a quem, tempos antes, jurava lealdade. E tirou-o na pior altura, depois de uma vitória e na sequência do último ato eleitoral antes das legislativas que, apesar de eu não o desejar, poderem determinar a mudança de governo.

Seguro, frouxo, também saiu mal, principalmente após aquele discurso fora do tempo e da realidade. Deveria, logo ali, ter anunciado a realização de um Congresso extraordinário onde, depois do partido ter vencido todas as eleições que enfrentou, apresentaria, ao PS e aos portugueses, uma estratégia de governo para os próximos anos. Com isso, retiraria o espaço a Costa e criava, no PS e, talvez também, no país, um ambiente de mobilização em torno da mudança que Seguro iria liderar.

Com isto, o PS está a perder tempo. Entre congresso, diretas ou primárias, a coligação segue o seu caminho, já no pós-Troika, apenas com a oposição feroz de um Tribunal Constitucional que julga à luz de princípios abstratos de uma Constituição, há muito, ultrapassada.


Veremos como serão os próximos tempos e quais serão as cenas dos próximos episódios. Até lá, vamos ganhando certezas, pois, se Seguro não tinha ideias e era fraco, Lisboa continua cheia de buracos e de lixo por recolher, pelo que vai ganhando forma, junto dos portugueses, a ideia de que nem Costa nem Seguro nos oferecem garantias para governar. 

E é por isso que, em vez de estarem a fazer o retrato do país, continuam a tirar retratos um ao outro.

quarta-feira, 18 de junho de 2014

A seleção, espelho de um país


Todos nós, nas nossas vidas, já tivemos derrotas com que não contávamos. Refiro-me às situações em que, apesar de estarmos bem preparados, entramos com o pé esquerdo e, na “hora h”, escorregamos e metemos a pata na poça. São coisas que acontecem, que custam a digerir, que nos tiram o sono e nos fazem ter outro tipo de preparação para os episódios seguintes das nossas vidas.

A derrota com a Alemanha custa ainda mais a digerir. E não pode haver bodes expiatórios quando foi evidente que todos estiveram a um nível inexplicavelmente baixo face aos mínimos que poderíamos expectar.
Analisadas bem as coisas, o que a seleção nacional fez naquele terrível jogo de segunda-feira foi espelhar, ao mais ínfimo pormenor, a verdadeira imagem do país. Portugal é aquilo. E não me refiro apenas à falência de uma lógica de mais do mesmo.

Comecemos pelo princípio. A fase de apuramento tinha sido muito turbulenta. E a escolha dos vinte e três retrata, na perfeição, o que está a matar boa parte das empresas portuguesas. Os jovens talentos foram preteridos. As ultrapassadas e influentes velhas guardas continuam presentes, mas escondidas, simplesmente à caça dos prémios. A estes somam-se dois ou três atletas com valor duvidoso, que estão apenas para picar o ponto e fazer número.

O chefe, mister Bento, é, mais do que os 23, o elo mais fraco. Esconde-se, não dá o corpo às balas e desresponsabiliza-se, como se tivesse feito o que podia. Com medo de inovar e de impor um espírito ganhador e de equipa, já tem o que queria. Refiro-me ao seu contrato, milionário.

Por uma questão de respeito, delicadeza e educação, não vou referir-me aos que estão acima de Bento e que chegaram às funções da forma que é pública. Digo apenas que são responsáveis pela escolha de Bento (que, olhando para o seu contrato, está para ficar), dos vinte e três e do descalabro anunciado que ocorreu no jogo contra a Alemanha.

É tudo muito fraquinho. É o que é. Mas o que, de diferente, poderíamos esperar? Que a coqueluche levasse a equipa às costas? Que o guarda-redes nos defendesse de todos os erros? Além dos jornalistas e dos vendedores de ilusões, só um tarado poderia exigir isso.


Esta seleção leva, ao Brasil, o retrato do que Portugal é hoje, dando, por isso, uma ideia de mediocridade.  Mas oxalá que, na seleção, tal como no país, os poucos que têm valor saibam ser profissionais e deixem, pelo menos, uma imagem digna, não daquilo que somos, mas do que poderíamos ser.

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Justiça a Aristides, por comparação com outros heróis

Se há país de grandes homens, esse país é Portugal. Porém, a História do século XX fica marcada pela revolução de Abril que, tendo terminado com o Estado Novo, não deixou de ter os seus contras, prudentemente apagados dos manuais de História, onde não surge notícia da tomada de assalto de património privado, a nacionalização de empresas a troco da ameaça à vida e a entrega do país ultramarino, responsável pela esmagadora parte da nossa riqueza, ao Deus-Dará.

Quase totalmente apagado da História portuguesa surge Aristides, diferente dos heróis Soares, Alegre ou Almeida Santos, responsáveis pela subtração de parte da riqueza nacional. Aristides, claro está, era diferente. Nascido e criado num ambiente rural, estudou Direito em Coimbra, tendo-se instalado em Lisboa depois de licenciado, seguindo, depois, a carreira consular.

Porventura, neste país em que todos têm de ser doutores, é pouco compreensível que se destaque um mero cônsul em detrimento dos desconhecidos diplomatas. E talvez fosse uma afronta o facto de se erguer a figura de Aristides, deixando para trás aqueles tais heróis que reduziram Portugal a quase nada, deitando, no contentor do lixo, o esforço patriótico dos visionários dos Descobrimentos, como se estes heróis do século XX não tivessem criado as condições para que Portugal, na altura em que se criava a ideia de uma verdadeira União Europeia, quase se tornasse comunista, aprovando-se uma Constituição de esquerda e totalmente impeditiva do desenvolvimento nacional.

Fez, na semana passada, sessenta anos que morreu Aristides e, no ensurdecedor silêncio à sua memória, apenas justificável devido ao facto de ter exercido funções públicas no regime de Salazar, resolvi invocá-lo, a título de exemplo, ainda no espírito de quem, há menos de um mês, visitou o trauma do pequeno esconderijo de Anne Frank em Amesterdão.

Mais do que uma homenagem, sinto uma certa obrigação na invocação deste homem que serviu Salazar e o Estado Novo e, com isso também, o País, partilhando o lema, que também tenho como meu – hoje, proibido – do Deus, Pátria, Família. Essa obrigação surge do sentimento de enorme injustiça que causa o facto de, deliberadamente, se apagar um herói da História Nacional.

Aristides era católico, monárquico, nacionalista e não era, de todo, um democrata. Não poderia, por isso, integrar-se no Portugal de hoje, um país falido sem valores nem lei. A única característica que se mantém é a inexistência da democracia, daí se fundamentando e fomentando o silêncio perante o herói Aristides, sendo, agora, proibido ser-se de direita.

Aliás, se Barroso não fosse Barroso e fosse, por exemplo, Costa ou Soares, ou Alegre ou Almeida Santos, ou Constâncio ou Sampaio, ou Guterres ou Vitorino, ou, simplesmente, do PS, teria já, em Lisboa, uma estátua e uma avenida em seu nome.

Voltando a Aristides, nomeado por Salazar, depois de ter estado colocado em países como o Brasil, os Estados Unidos ou Bélgica, foi cônsul em Bordéus, desempenhando essas funções no período traumático da Segunda Guerra Mundial.

Sendo certo que a sua forma de atuar estava longe de estar conforme às boas regras da disciplina, tendo desrespeitado ordens governamentais e falsificado documentos, foi dessa forma que salvou milhares de vidas de judeus que fugiam da invasão da Alemanha de Hitler.

Se há que desobedecer, prefiro que seja a uma ordem dos homens do que a uma ordem de Deus” é, porventura, a frase mais simbólica de Aristides e aquela que melhor representa o ato heróico de correr o risco de ser preso para salvar a vida de milhares de judeus.

À semelhança do próprio Salazar, que, evitando a entrada na Guerra, salvou Portugal e os portugueses, Aristides é um dos heróis portugueses do século passado, sendo que o segundo, menos disciplinado que o primeiro, demonstrou o seu carácter Humanitário de uma forma mais evidente.

Muito foi o que mudou desde esse tempo, sobretudo desde a altura em que começaram a erguer-se novos heróis. Deixou de haver indústria, agricultura, comércio, serviços. Já para não falar nos valores, na perseverança em defender costumes e tradições. Dizemos que estamos mais desenvolvidos, só porque todos podem ter um curso, esquecendo-nos que poucos são os que podem ter trabalho aqui.

Continuamos pobres, mas, agora sim (!) – em Abril, quarenta anos depois - “orgulhosamente sós”, são os angolanos que mandam em nós. Não reclamo do que foi feito, mas do modo que o foi.

Na verdade, talvez seja altura de mudar os manuais de História, e de alguém perguntar quanto dinheiro deram a ganhar, ou quantas vidas salvaram pessoas como Soares, Alegre, Santos, Costa, Seguro, Sócrates, Guterres, Ferro, entre tantos e tantos irresponsáveis de esquerda que, heroicamente, nos tiraram a soberania económica e a independência financeira.

É assim, aproveitando a comparação, que realço a importância de Aristides, um dos melhores portugueses vivos do século XX.


Que lhe seja feita Justiça. Que lhe seja feita Honra. Sobretudo, porque os outros heróis, os tais revolucionários do cravo caracterizados, pelos próprios, como seres de intelectualidade superior, ao pé de Aristides, são como o Romeiro de Frei Luís de Sousa. Ninguém.

terça-feira, 4 de março de 2014

Apelo aos sportinguistas,

Na altura em que escrevo, deve haver quem, no Benfica, já tenha encomendado as faixas e quem, nesse mesmo clube, já tenha recebido instruções para procurar, nos armazéns refundidos do estádio, todos os confettis e material de festa que ficou guardado das festas adiadas do ano passado.

Simultaneamente, a norte, vive-se o princípio do fim de um império que, durante décadas e imbuído de um enorme espírito de podridão, arruinou a verdade desportiva no futebol português, realidade de que quase não restam vestígios.

Não tendo sentido a necessidade de escrever sobre o Sporting, mas, passado um ano da difícil eleição de Bruno de Carvalho, que apoiei com entusiasmo desde as primeiras eleições e com noites mal dormidas pelo meio, sinto o dever de reavivar a memória daqueles que têm aquela característica doentia, ou criminosa, da memória seletiva.

Há um ano, o Sporting viveu a pior época da sua História, que não o foi apenas no âmbito desportivo, que certamente todos lembrarão. Há um ano, vivia-se um desnorte de liderança e a falência de um projeto que quase fez o clube terminar.

Certamente, poucos são o que o saberão, mas, há menos de um ano, havia uma alternativa que passava por uma espécie de refundação deste Clube centenário, entregue à banca e com algumas contas em atraso, sem poder financeiro, sem capacidade para honrar os compromissos e sem condições desportivas para, com lucro, conseguir fazer face a essas dificuldades.

O caminho seguido foi o mais duro, o menos popular, a última alternativa para salvar o Sporting, deixando o clube com uma equipa principal constituída por um plantel de quinze jogadores, baratos, complementados por soluções emergentes oriundas da Equipa B e, portanto, da formação do clube.

A conjuntura ajudou. 

Ainda que sendo, previsivelmente, campeão, com um plantel irresponsavelmente milionário, Jesus, no Benfica, já foi chão que deu (melhores) uvas. No Porto, vive-se o fim de um período que, para o mal ou para o mal, foi marcante. E em Braga, em Paços de Ferreira, a poeira acabou quando se lhe foi o vento.

Com isso, a nove jornadas do fim, o Sporting está no segundo lugar sem que, em qualquer momento, tenha cometido o erro de assumir a candidatura a um título que, face aos rivais, não tinha condições práticas para vencer.

É importante, agora, continuar com os pés no chão, olhando o futuro com a prudência de quem sabe que, se tiver o azar que não têm tido os nossos rivais, o Sporting pode, daqui a um ano, estar a competir, novamente, com clubes do seu estatuto, mas com condições financeiras e desportivas (conjunturalmente) superiores, como o Barcelona, o Bayern, o Chelsea, o Real Madrid.

E, fazendo o paralelo com o período que vive o país, é crucial que, após a austeridade (ou da intervenção externa), não se deite tudo a perder, pondo, simplesmente, a austeridade na gaveta.

Mais do que os cinco - na prática, seis - pontos que nos afastam do clube que, ao colo, tem sido levado até ao título, os sportinguistas devem continuar cientes das dificuldades que o clube atravessa, participando ativamente no dia-a-dia do clube, indo ao estádio, comprando merchandising, reunindo poupanças para ter o canal do Sporting em casa, assinando ou comprando semanalmente o jornal do clube.

E sempre, sempre olhando com desconfiança para quem segue nos lugares atrás de nós, sem vergonha de não assumir aquilo que não temos condições práticas para ser, exige-se que, no domingo, haja uma invasão de leões a Setúbal e, depois, uma enchente de gente apaixonada pelo verde, no jogo contra o Porto, em Alvalade.

Nós somos assim, diferentes e leais, cientes das nossas responsabilidades. E, sem exigir aos outros o que não exigimos de nós, este é o momento em que, mais do que nunca, a História pede pela nossa comparência.

Viva o Sporting!

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

A life about to start

O que muda é o nome do país,


Do you hear the people sing,
Singing the song of angry men?
It is the music of the people
Who will not be slaves again!
When the beating of your heart
Echoes the beating of the drums
There is a life about to start
when tomorrow comes.

Will you join in our crusade?
Who will be strong and stand with me?
Beyond the barricade
Is there a world you long to see?
Then join in the fight
That will give you the right to be free!

Do you hear the people sing,
Singing the song of angry men?
It is the music of the people
Who will not be slaves again!
When the beating of your heart
Echoes the beating of the drums
There is a life about to start
When tomorrow comes!

Will you give all you can give
So that our banner may advance
Some will fall and some will live
Will you stand up and take your chance?
The blood of the martyrs
Will water the meadows of Ukraine!

Do you hear the people sing!
Singing the song of angry men?
It is the music of the people
Who will not be slaves again!
When the beating of your heart
Echoes the beating of the drums
There is a life about to start
When tomorrow comes!

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Coincidências


Laurinda Alves lembra, publicamente, uma definição muito própria do que entende por coincidências, numa interpretação desse conceito que, como crente, tendo a partilhar.

“Coincidências são pequenos milagres em que Deus prefere ficar incógnito”.

Serão, desse ponto de vista, algo de demasiado maravilhoso e belo para que possam aplicar-se no jogo sujo em que se tem tornado o futebol.

Se o Benfica pode decidir unilateralmente receber o Gil Vicente em casa emprestada, sem conhecimento do clube visitante e em total desrespeito pelo Regulamento da competição, não havendo qualquer sanção para o clube, isso não é coincidência.

Se o Duarte Gomes não assinala dois penalties claros a favor do Sporting no estádio da Luz, nem vê um golo em fora-de-jogo, alterando um resultado de 2-5 para 4-3, isso não é coincidência.

Se esse mesmo árbitro continua a arbitrar, apitando jogos decisivos, marcando um livre indireto num lance de penalty claro (num Ac. Viseu – Sp. Covilhã) e, dias depois, é decisivo na vitória do Sp. Braga frente ao Belenenses, isso não é coincidência.

E o homem do talho, o senhor Mota? O facto de, depois de ter aldrabado os adeptos do futebol ao prejudicar o Sporting no jogo frente ao Nacional (que impede o Sporting de ser líder, neste momento), ser nomeado para um jogo decisivo do FC Porto na Taça que ninguém Liga também não é coincidência.

Do mesmo modo, não é coincidência o golo decisivo de fora-de-jogo de Varela no jogo frente ao Penafiel. Não é coincidência o atraso de três minutos. Não é coincidência o Porto ter estado a perder frente ao clube do presidente amigo. Não é coincidência o penalty, em que se aplica a favor do Porto a lei da intenção, num lance fora da área. E não é coincidência que o árbitro nomeado para esse circo fosse o Mota dos talhos!

Aproveitando o tema, poderia ainda referir-me a um jogador da Liga (que está em vias de ser transferido) que, a cada jogo contra o Benfica, cada auto-golo, cada penalty! Nem vale a pena Mexer nisso!

Falamos só do presente, porque o passado será julgado na altura própria. E não vale a pena dizer-se que foi por coincidência que se acabou com o Boavista, que foi por coincidência que foi no ano dos trinta pontos que se castigou o Porto com seis,  etc.

Por coincidência, aí assim, foi à ajuda divina que o senhor dos gases apelou quando tinha a justiça dos homens à perna.


Apesar de ser sportinguista, de me rever nesta direção e de apoiar as suas decisões, entendo que, seja lá o que for decidido, o Sporting não deve participar em mais qualquer jogo desta Taça da Aldrabice.

É que só por coincidência – os tais milagres em Deus intervém anonimamente – pode haver verdade nesta competição. E, se o Sporting alguma vez vencer uma dessas Taças, tendo em conta o que se tem passado no futebol em Portugal, meus caros: isso é coincidência!

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Outros, por favor!


Apesar de, convictamente, não ser propriamente um republicano, tenho, como cidadão e eleitor, o dever de encarar a realidade no sentido de escolher, entre as escolhas que me são oferecidas, o melhor para o meu país.

Quando elegemos um Presidente da República, elegemos, de facto, uma pessoa, em função das garantias que nos oferece e da visão que lhe reconhecemos. Elegemos pelos valores que o candidato mostra ter, pelas causas que demonstra defender, pelas características que aparenta ter.

Sumariamente, entendo que o chefe de Estado, além de ser um garante da Constituição (que urge rever), deve ser um elo de ligação entre os partidos, um garante da estabilidade política, apesar dos poderes e deveres que a Constituição lhe atribui.

Gosto muito pouco de falar de nomes, mas, em Presidenciais, não nos resta outra alternativa. E, não sabendo em que candidato poderia votar, há, desde logo, um candidato em quem, em princípio, não votaria, da mesma forma em que não votei em Cavaco Silva. Esse candidato (que está entre o conhecido lote de candidatos a candidatos) é Marcelo Rebelo de Sousa.

Apesar do respeito que tenho pelo Professor Marcelo, não lhe reconheço a competência prática que se exige para um líder e, menos ainda, para um Chefe de Estado. Sendo um comentador muito mediático e um ótimo professor de Direito, fracassou no único momento em que pôde afirmar-se politicamente, numa conjuntura em que liderava o principal partido da oposição.

Idealmente, compreende-se o que Marcelo quis fazer, criando uma grande Aliança Democrática como sinal de união dos partidos à direita do PS, na perspetiva de mobilizar os portugueses em torno de um programa político alternativo. Fracassou.

Sendo certo que não podemos julgar as pessoas através da constatação de apenas um facto, e muito menos uma pessoa cuja competência é consensualmente reconhecida por todos os portugueses, eu nunca apoiaria entusiasticamente Marcelo pelas duas únicas características que julgo que tem.

Desde logo, o comentário político do Professor não me cativa minimamente. Sinto, ou sentia quando o ouvia no jornal de domingo da TVI, que Marcelo não diz o que pensa. Diz o que lhe convém, quando lhe convém, na medida em que lhe convém, tentando, na lógica de quem dá uma no cravo e outra na ferradura, ser consensual junto dos cidadãos e de todos os quadrantes.

Comentando todos os domingos, continuo a não saber o que Marcelo pensa sobre o exercício do cargo de Presidente da República, sendo que o apoio que continuamente presta ao Presidente Cavaco Silva não augura nada de bom.

Além disso, Marcelo Rebelo de Sousa é, do meu ponto de vista, um teórico e, como tal, uma pessoa que, sendo competente, oferece poucas garantias de uma perspetiva mais prática. É, do meu ponto de vista, um situacionista numa altura em que o país entra num ciclo de viragem. Não sei sequer até que ponto Marcelo como candidato, e como Presidente, poderia ser um presente envenenado para “a direita” portuguesa, atualmente liderada, no PSD, pela ala que, em teoria, é contrária à de Marcelo, e no CDS pelo mesmo Paulo Portas que deu a sentença final quando Marcelo quis formar a AD.

Pelo exposto, não poderia, pelo menos de uma forma convicta e entusiástica, apoiar Marcelo. E não posso assinar por baixo de quem escreve que é o melhor candidato que “a direita” pode ter para as Presidenciais que se aproximam. Prefiro outros.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Responsável? Ninguém.


“Novos caloiros, sejam bem-vindos à Lusófona”. É assim que inicia um breve texto de boas-vindas e de apresentação escrito pelo Presidente do Conselho de Administração dessa Universidade, no site oficial da mesma. Esta primeira fase ganha um novo sentido e uma ironia que alimenta a minha visão pouco conveniente sobre o assunto.

É certo que a Universidade não é tutora nem exerce qualquer tipo de responsabilidade relativamente aos estudantes, normalmente maiores de idade, mais ainda quando os mesmos não estão nas instalações daquela nem em iniciativas por si organizadas.

Porém, a Universidade terá, certamente, relações com a Comissão de Praxes. Pelo menos, sabe que existe. Permite que exista. Devendo ter conhecimento das suas ações, mesmo que não o tenha, conforma-se com as iniciativas, que, não se opondo, acaba por fomentar.

Não querendo encontrar bodes expiatórios, sempre fui defensor de uma cultura de responsabilidade, em que todos devem responder, equitativamente, na medida da sua culpa. Ainda que não tenha nada que ver com o assunto, não me posso conformar que os responsáveis continuem a cortar sistematicamente para canto. Muda-se uma cabeça, abre-se um inquérito e, para o ano, continua tudo na mesma.

Sabe-se, agora, que, depois do Estado “ter feito o favor” de encontrar os corpos, está a ponderar investigar o assunto. Um mês depois, o pobre doente continua com amnésia seletiva (o meio mais comummente utilizado para enganar a namorada, os pais, os professores e os nossos superiores hierárquicos) sem ter, até ao momento em que escrevo, sido ouvido pelas entidades competentes.

“Bem-dito Salazar”, é o que nos apetece dizer neste país em que ninguém é responsável por nada.

Talvez tivesse sido diferente, fosse um daqueles seis miúdos filho de um deputado, de um membro do governo, de um notável ou de um membro daquelas seitas que vão gerindo as nossas vidas e que são quase tão obscuras como a verdade que se esconde atrás desta tragédia.

Não quero alimentar conspirações, nem levantar curiosidades, mas o assunto é muito mais sério do que as autoridades portuguesas o estão a encarar. É, aliás, um tema que deve ser encarado como motivo de reflexão nacional, desde os responsáveis pelas universidades ao próprio legislador. Não estamos a falar de cortes nos salários, de finanças ou futebol. Estamos a falar da vida das pessoas.

Todos (!) têm (!) de ser chamados à responsabilidade. Universidade(s), alunos, comissão de praxes, pais, PJ, Ministério Público.

O legislador, que adora criar legislação sobre quase tudo e quase nada, poderia, também, tirar um dia para tratar da questão das praxes, regulando-as ou proibindo-as, responsabilizando, especialmente e a nível criminal, todos aqueles que, direta ou indiretamente, participam em planos que humilham, que ofendem, que matam jovens.

Normalmente, o que se faz a quente é, tendencialmente, precipitado e errado. Mas este assunto não pode cair no esquecimento. E era o que faltava que, numa legislatura, se dedicasse mais atenção ao número de cães e gatos que um cidadão pode ter em casa do que o tempo que se investe a tratar de direitos fundamentais, direitos constitucionais, direitos humanos.

Num momento em que apelo à honra e à memória dos jovens, não posso deixar de referir que este será, provavelmente, o melhor – e também o mais triste – retrato do que é a sociedade portuguesa nos dias de hoje, nos tempos em que vivemos.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

2014

2014. O meu país.

Veio ventoso e com chuva, trouxe um mar agitado e levou, para junto dos Anjos, uma referência nacional. Mal chegou, deixou-nos de luto, como quem quer marcar uma viragem definitiva na nossa História, unindo-nos e pacificando as vozes menos ignóbeis. Eis que surgiu o 2014, por que todos, ainda que prudente e ansiosamente, aguardávamos. 

Ano de partida da Troika, o tempo está propício a consensos. Portugal reconquistará, pelo menos, boa parte da soberania que perdeu no último governo de Sócrates. Porém, em véspera de eleições, com António Costa a morder os calcanhares, veremos como agirá Seguro, adivinhando-se que será, entre todos os líderes políticos nacionais, aquele que estará mais suscetível à pressão, nomeadamente aquela que vem, legitimamente, das ruas e aquela que ferve em lume brando, internamente, no Partido Socialista. 

Além das movimentações a que, certamente, iremos assistir no que respeita às Presidenciais, Seguro, que lidera as sondagens, não estará entre a espada e a parede, mas estará entre a defesa do consenso por que anseiam os nossos credores e a nossa economia e a defesa dos interesses da máquina socialista, que desespera pelo poder que já julgava ser seu por direito.

Ano que antecede eleições, parece-me que Passos Coelho estará, em 2014, mais próximo do partido e das bases, convidando a um clima de euforia e mobilização entre o fim da primavera e o verão, aumentando e endurecendo o discurso ao posicionamento do Partido Socialista, que irá - ou deverá - desafiar.

2014. O meu clube.

O ano que passou foi suficientemente duro para os sportinguistas, na medida em que, perante a pior época de sempre da equipa principal de futebol, e confrontando-se com uma direção que esticou em demasia a corda da incompetência, os sócios, mobilizados, criaram o ambiente de mudança que, meses depois, vieram a consumar, elegendo uma nova direção.

Como signatário da convocatória da AG extraordinária, que não chegou a realizar-se, ajudei, ainda, a eleger Bruno de Carvalho, sendo que estou satisfeito com o seu trabalho, do mesmo modo que me sinto orgulhoso  com a diferença que o Sporting, através dos seus sócios, veio demonstrar face aos seus rivais.

O Sporting não é candidato ao título e, provavelmente, não será campeão. Está, todavia, no rumo certo, projetando o seu futuro com pés e cabeça. 2014 será o ano decisivo para o canal de televisão, para o desenvolvimento de novas parcerias com entidades nacionais e internacionais, em que as próprias camisolas terão, além do símbolo mágico do Clube, uma nova marca.

Espero que, na vanguarda da luta por um desporto mais transparente, o Sporting marque o novo ano reassumindo, também, o estatuto de clube que se bate pela verdade desportiva, pela defesa do atleta português, continuando virado para os sócios, na defesa da sua honra, nomeadamente cumprindo com os compromissos assumidos.


2014. O meu eu.


De uma perspetiva mais pessoal, este será também o ano da transição moderada. Será um bom sinal continuar a não ter tempo para partilhar opiniões através deste blogue. 

2013 foi, para mim, uma espécie de ano zero em quase tudo. Foi o ano do meu primeiro ano com contrato de trabalho. Foi o ano em que fixei, e paguei na totalidade, um pivot de rega. Foi o ano em que comecei a gerir a criação de equinos. Apesar do incêndio, esse trauma que vivi e de que ainda não recuperei, cumpri alguns sonhos. 

2014 será o ano um. Será o ano em que nascerá o futuro da coudelaria. Adivinho que poderão nascer poldros de qualidade, com tamanho, cor, funcionalidade e boa constituição morfológica. Serão o resultado da primeira época de cobrições que planeei. Espero, em 2014, poder continuar a preparar a apresentação de cavalos em provas. Possivelmente, levaremos um animal a concurso. Logo veremos. Caminharemos sem pressa.

Como disse, o que desejei, quando passavam poucos segundos da meia-noite de dia 1, foi uma transição moderada. Que continuemos todos cá. Para nos lermos e vermos uns aos outros. E que, daqui a um ano, com voz própria - como sempre! - estejam a ler o escreveu um rapaz, com 26 anos, noivo e tio pela sexta vez.

Votos de um Feliz Ano Novo,