segunda-feira, 28 de junho de 2010

Mal acostumado!



Para aliviar dos exames e como analgésico para todos os males, cantemos, como canta a selecção nacional. Até porque cantar atenua o stress e, tendo em conta o terrível embate de terça-feira, temos de cantar em uníssono, todos juntos, os muitos portugueses que somos, nessa viagem que, esperamos nós, nos levará, pelo menos, aos quartos-de-final.
"Mal acostumado, você me deixoooou, mal acostumado"...

sexta-feira, 25 de junho de 2010

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Mérito português


Queria escrever sobre a participação francesa. Mas o que eu queria escrever já foi escrito. Pelo famoso "L'Equipe" que descreveu a participação francesa como "patética e ridícula", pelos vários analistas desportivos e pelo próprio Presidente francês que proibiu qualquer recompensa financeira por aquilo que considerou ser um autêntico "desastre".
Se nós formos a ver, existe uma diferença fundamental entre o que aconteceu com a selecção francesa e com a selecção portuguesa. Ao contrário do seleccionador francês, o português não aterrou na África do Sul com a certeza de que iria ser substituído e que já estava contratado o seu sucessor.
Existem também outras diferenças: na entrada para o segundo jogo, Portugal ainda não tinha perdido e somava quatro pontos, enquanto a França não tinha vencido e tinha o ponto do seu primeiro jogo.
É difícil comparar as coisas. Porque nem aquele caricato episódio português no México é tão absurdo como o francês na África do Sul.
Mas há semelhanças. Pelo menos duas.
Na chegada à África do Sul, nenhum dos seleccionadores referidos entusiasmava o povo. E durante o campeonato do mundo ambos ouviram críticas de, pelo menos, um dos seus jogadores.
É importante que realcemos que, relativamente a estas duas semelhanças, a Federação Portuguesa de Futebol e Queiroz souberam contornar os problemas, mantiveram (pelo menos aparentemente) a coesão do grupo e levaram Portugal a uma vitória histórica, por 7-0. Apesar de ter sido contra uma equipa frágil fisicamente, naquele momento Queiroz teve a sorte que Domenech nunca teve. Excepto quando aquele árbitro fez que não viu aquela descarada mão de Henry que fez com que a França chegasse onde, possivelmente, não deveria ter chegado.
Sei que é um risco escrever este texto antes de jogarmos com o Brasil. Porque tudo pode acontecer. E antes do jogo da Costa do Marfim com a Coreia do Norte. Tudo pode vir a ser possível.
Mas, do mesmo modo que registei as palavras de Deco, tenho de registar o mérito do seleccionador nacional em ter resolvido o problema. Porque, se não tivesse resolvido, poderia haver muito mais semelhanças com o "desastre" francês.
Sendo certo que França está fora, que Itália faz as malas e que, na próxima ronda, alemães ou ingleses poderão ir de férias, pode até ser que Portugal consiga fazer o menos provável e que, com a mesma sorte com que derrotou a Coreia do Norte, possa vir a ser campeão do mundo.
A sorte procura-se com trabalho. E, às vezes, encontra-se.
E, tão improvável que está este campeonato do mundo, pode ser que Queiroz venha de lá com o troféu.
Apelemos às ninfas. Oxalá que sim!...

O dia-a-dia


Na rua onde eu moro vivem milhares de pessoas. Estudantes, crianças, trabalhadores, reformados. Gente de quase todas as profissões. E com diferentes estatutos sociais.
Na rua onde eu moro trabalham algumas centenas de pessoas.
Mas, se hoje falo da minha rua, é porque a minha rua espelha bem a realidade do país.
O minimercado é constantemente assaltado. Como também já foi assaltado o cabeleireiro e a papelaria.
O senhor da loja de antiguidades, instalado numa fracção arrendada há já muito tempo, fechou a loja.
A papelaria já vai no seu terceiro dono em pouco mais de dois anos. Agora, além de papelaria, é um sapateiro.
A loja de informática, que existia desde que me lembro, fechou no princípio do ano.
A loja dos móveis, que mantinha sempre a luz de presença acesa durante a noite, continua aberta, mas fechou a luz. Entre um assalto e a factura da luz, a vendedora preferiu apagar a luz.
Nestes últimos tempos, o ginásio de artes marciais fechou. Onde este funcionava, está uma porta, sem nada lá dentro.
Entretanto, abriu outro, empolgado pelas obras de melhoramento do campo de futebol. Mas, porventura por falta de clientela e pela escassez de dinheiro para pagar aos vários postos de trabalho de criou, reduziu, há dias, o seu período de abertura.
Nesta rua vivem pessoas com diferentes estatutos sociais, com um poderio económico também diferente. Os móveis colocados nos lixos, tal como as roupas, são apanhados em poucos minutos. Vive-se uma autêntica caça ao lixo. Em que ganha aquele que for o primeiro a apanhar.
Antes deste período, muitas lojas passaram a ser…bancos. E todos saberemos bem porquê. Nesta rua existem quatro ou cinco bancos, mais aquele estabelecimento que, aproveitando-se da difícil situação das famílias, vai ficando com o seu ouro.
Falo desta rua porque esta rua faz parte do dia-a-dia de muita gente. E porque espelha uma realidade que já não se consegue esconder. Mesmo tratando-se do concelho mais rico do país, não deixam de ser visíveis os sinais crescentes da pobreza, que aquele senhor, por dormir diariamente, de há uns tempos para cá, num automóvel branco estacionado em segunda fila, confirma.
A gente desta rua, que sai manhã cedo para deixar os filhos na escola e para ir trabalhar, que abre as portas aos fregueses logo pela manhã, muitas vezes precisa do Estado.
Precisa do Estado, por exemplo, quando tem um incêndio ou precisa de uma ambulância. Precisa de ligar a chamar uns bombeiros que, mesmo sendo voluntários, não deixam de ter uma dívida até à ponta do cabelo. E que, estando instalados mesmo no fim da rua, por vezes não têm meios para atender a pedidos urgentes….em tempo útil.
Precisa do Estado, por exemplo, quando vê o seu filho ser assaltado (facto que acontece com alguma frequência, ali para o pé da escola) ou quando vê um cliente entrar no seu estabelecimento, pegar em produtos e sair sem pagar. Ou quando quer fazer uma queixa. A polícia aqui, apesar do seu esforço notório e organização, não tem meios suficientes para garantir direitos da quantidade de gente que aqui vive ou trabalha.
Precisa do Estado, por exemplo, quando tem problemas de saúde. E aí sejamos sérios. Deixemo-nos do politicamente correcto: quem tem problemas de saúde e tem dinheiro recorre, em primeiro lugar, ao sector privado. A desorganização e tempo de espera, aliado algumas vezes à ineficácia do serviço nacional de saúde não deixa margem para outra solução.
Precisa do Estado para resolver conflitos. Mas a Justiça não é célere, vai começando a revelar sinais de incompetência e não consegue acudir a quem chama por ela.
O dia-a-dia desta gente vai além desta rua. Passa por um conjunto de estradas degradadas que danificam os automóveis comprados pela força do seu trabalho. Passa também pelas burocracias que obrigam as pessoas a tirar senhas, ficar à espera, perder uma manhã ou um dia inteiro de trabalho, para cumprir um dever que têm para com o Estado.
Esta é a realidade. De muita, muita gente, cada vez mais.
E quem vive esta realidade, quem trabalha nela ou simplesmente passeia por ela, sente-se desolado quando, à hora do jantar, vê os políticos discutirem novas obras públicas, anunciarem novos sacrifícios e debaterem assuntos que não interessam “ao caracol”.
É assim nesta rua. Como também será em todas as ruas deste país. Felizmente vai havendo futebol para ver, cães para passear, sol para bronzear, Igrejas para rezar, matéria para estudar, livros para ler, filmes para ver, telenovelas para entreter. E, pelo sim, pelo não, já tudo serve para contornar a depressão.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Os exames e a Ordem



Por princípio, sou completamente contra a ideia de exames da Ordem dos Advogados. E não creio que, por ter esta posição, esteja a defender um caminho facilitista. Porque aqueles que querem exercer advocacia fazem um trajecto com vários e exigentes exames para completarem a sua licenciatura. E, a partir de 2006, também o seu mestrado.
Parece-me, aliás, bizarra a ideia que defende que um Mestre ou Doutor não pode exercer advocacia sem, antes disso, ser aprovado em mais um exame, de acesso ao estágio profissional na Ordem dos Advogados.
Este assunto voltou à agenda, tendo em conta os níveis inacreditáveis de reprovações nestes exames, que impede, depois de vários anos de estudo e trabalho, pessoas competentes de exercerem a actividade para a qual tanto estudaram e trabalharam.
O que o Bastonário está a fazer é responsabilizar essas pessoas por problemas que não são seus. São de Bolonha, são das Faculdades, são do(s) próprio(s) Estados.
Se Bolonha fez com que a formação académica fosse menos exigente, então que se responsabilize e se mude Bolonha.
Se as Faculdades aprovam maus alunos, então a Ordem dos Advogados, o Estado e as próprias Faculdades devem agir de modo a alterar esse facto.
Se o Estado promove uma cultura facilitista e permite a existência de más faculdades de Direito, então responsabilize-se o Estado e faça-se tudo para mudar este, eventual, estado das coisas.
O Bastonário pode achar que existem demasiados advogados, mas isso não legitima aquilo que considero ser uma limitação, inconstitucional, do acesso à profissão.
Aliás, essa função que, repito, é ilegítima, não se integra nas funções ou poderes do Bastonário. Quanto muito caberá ao Estado e ao mercado. Ao Estado, porque lhe cabe avaliar ou acreditar faculdades e cursos. E ao mercado, porque esse protege e valoriza sempre aqueles que são mais qualificados. É esse mercado que também salvaguarda sempre os padrões de qualidade desta profissão, tal e qual como acontece em todas as outras.
E, volto a dizê-lo, não é verdade o que diz o Bastonário, porque não é só um diploma que está em causa, mas os anos de trabalho e estudo que esse diploma materializa.
Assim sendo, estou solidário com os estudantes de Direito de Coimbra e do Porto. Porque estão, no meu entendimento, carregadíssimos de razão.
Quando, num exame, reprovam 90 por cento de licenciados, que se prepararam durante vários anos, não acho sequer sério que se possa dizer que o problema está nesses mesmos licenciados.

domingo, 20 de junho de 2010

Futebol (de salão)


Que me desculpe o amigo João Benedito, mas um desporto do qual não sou capaz de gostar é o futsal.
Por fanatismo, lá cheguei a ir uma ou outra vez, para ver o Sporting.
Mas, excluindo essas excepções, continuo a não conseguir ver um jogo de futsal até ao fim.
Não é o meu desporto. É muito rápido, imprevisível até ao último segundo, o meu coração não é capaz de aguentar uma coisa assim. Muito menos quando rezo durante vinte minutos para que a equipa que apoio não faça uma sexta falta ou não erre um passe. Porque isso basta para transformar uma vitória confortável numa derrota certa.
É a única modalidade amadora com a qual não simpatizo. Porque, sendo a mais parecida com o futebol a sério, que é o futebol de onze, jogado ao ar livre, num campo relvado, como deve ser, o futsal, que pretende significar futebol de salão, tem vindo a ganhar os piores tiques que existem no futebol.
Nunca percebi bem a exorbitância que o Benfica esbanja nesta modalidade amadora, comprando os melhores jogadores do Sporting, oferecendo-lhes salários extravagantes.
Mas o facto de não gostar nada de futsal reforça a alegria que tive hoje quando o meu amigo Henrique, tão sportinguista quanto eu, me ligou a dizer que tinhamos sido campeões de futsal, porque ganhámos os dois jogos no pavilhão da Luz.
Achei que tinha de escrever um texto que queria ter escrito no sábado passado. Cá estou a fazê-lo.
Achei que tinha de deixar aqui escrito que o André Lima e os jogadores do Benfica, por terem sido mesquinhos, não revelaram, em nenhum momento, a postura que se exige de campeões europeus. Os campeões não precisam de pressionar árbitros, de iludir companheiros, de querer ganhar a qualquer custo.
E dá-me um gozo especial escrever este texto agora. Porque não gosto de futsal, sou sócio e adepto de um clube que nem sequer pavilhão tem, neste momento. De um clube que vende os seus melhores jogadores na modalidade ao Benfica. Mas esse Clube enorme que apoio, o segundo melhor clube da Europa, foi muito superior ao Benfica, foi ganhar os seus jogos ao pavilhão do Benfica, foi campeão nacional.
Acho que, enquanto sportinguista, merecia esta alegria. Que é muito maior tendo em conta aquilo que acima escrevi.
Os verdadeiros campeões são os que abdicam de um caminho mais fácil e, mesmo assim, são muito superiores. Foi isso que o Sporting foi no futsal este ano: muito superior. Estão de parabéns todos aqueles que, por amor ao Sporting e ao desporto, contribuíram para este título nacional. Foram grandes campeões!

sábado, 19 de junho de 2010

As voltas que a vida dá...


Parece mentira, mas não é.
No sábado, 1 de Abril de 2006, na página 16 do jornal PÚBLICO, surge uma notícia sobre Manuel Alegre, assinada pela jornalista Margarida Gomes.
Nessa notícia, diz-se que Alegre compara política actual (diga-se, daquela altura) "ao pior dos tempos do salazarismo". Essa comparação terá sido feita num jantar com dezenas de apoiantes ocorrido no Porto a 30 de Março desse ano.
Nesse jantar, Alegre terá incitado os cidadãos a cometerem "mais heresias", criticou com veemência algumas medidas de Sócrates e comparou a situação política do país (caracterizada por uma maioria absoluta do PS e pelo Governo de Sócrates) a "um período parecido com os últimos tempos da monarquia, ao pior da União Nacional dos tempos do salazarismo" e disse que a sua candidatura, que fora derrotada nas Presidenciais, continuava a causar "algum incómodo" nos seus colegas de bancada.
Quatro anos depois desse jantar, Alegre, "o porta-voz das heresias", apresenta uma nova candidatura às Presidenciais com o apoio expresso daqueles que comparou com os piores tempos do salazarismo.
As voltas que a vida dá...

Coisinhas sobre o Mundial

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Recordar Saramago


"Nove anos procurou Blimunda. Começou por contar as estações, depois perdeu-lhes o sentido. Nos primeiros tempos calculava as léguas por dia, quatro, cinco, às vezes seis, mas depois confundiram-se-lhe os números, não tardou que o espaço e o tempo deixassem de ter significado, tudo se media em manhã, tarde, noite, chuva, soalheira, granizo, névoa e nevoeiro, caminho bom, caminho mau, encosta de subir, encosta de descer, planície, montanha, praia do mar, ribeira de rios, e rostos, milhares de rostos, rostos sem número que os dissesse, quantas vezes mais os que em Mafra se tinham juntado, e de entre os rostos, os das mulheres para as perguntas, os dos homens para ver se neles estava a resposta(...)
(...)Não se lembra de mim, chamavam-me Voadora, Ah, bem me lembro, então o homem que procurava, O meu homem, Sim, esse, Não achei, Ai pobrezinha, Ele não terá aparecido por aqui depois de eu ter passado, Não, não apareceu, nem nunca ouvi falar dele por estes arredores, Então cá vou, até um dia, Boa viagem, Se o encontrar."



Este é um excerto do texto do Grupo I do exame nacional do ensino secundário de Português, que realizei em 2006. É um excerto do Memorial do Convento, de José Saramago. As perguntas que se referiam a este texto valiam metade do exame nacional.
E, neste momento de despedida, mais do que lembrar as divergências ideológicas, devemos salientar a sua escrita, inovadora e merecedora do Nobel que Saramago venceu, facto que deve orgulhar todos nós, portugueses.
Obras como Memorial do Convento imortalizarão o escritor português, que continuará a ser estudado (e bem) nas escolas do país.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Gamebox 2010/11



Um Estádio cheio.
Um Sporting campeão.
É ou não é o sonho de um sportinguista?
O nosso sangue, tal como aparece na imagem, é verde.
Agora temos de ter consciência de uma coisa: ter o estádio cheio depende só de nós.
Juntos vamos comprar o nosso lugar no estádio.
Vamos enchê-lo a cada jogo.
Transformá-lo num vulcão em erupção.
Só assim a outra metade do sonho pode ser possível: o Sporting campeão.
Comprem a GAMEBOX 2010/11.
Mostrem as vossas garras e rujam como verdadeiros leões.
Vamos tornar real o nosso sonho.
VIVA O SPORTING!

Pacheco Pereira, o grupo parlamentar e a comissão de inquérito ao negócio PT/TVI


A maioria dos leitores deste blogue não gosta do Pacheco Pereira.
Há, até, quem o odeie. Quem não o consegue ouvir falar sem se enervar. Quem, pura e simplesmente, nem sequer o consegue ouvir.
É comum entre os homens, estes sentimentos que se tem pelos outros.
Eu tenho, pelo Pacheco Pereira, respeito e consideração.
Sempre tive.
Agora tenho mais do que isso.
Porque, na Comissão de Inquérito ao negócio PT/TVI, Pacheco Pereira fez aquilo que os portugueses queriam que alguém fizesse: pôs os políticos na ordem, chamou o boi pelos nomes e pegou nas provas que tinha para dizer aquilo que todos os portugueses já sabiam e que queriam que alguém dissesse.
Durante muitos anos de democracia, havia um sentimento de cumplicidade generalizado entre todos os partidos, nas alturas em que, por alguém ter metido a pata na poça, esse alguém precisava de ser encoberto.
Em Portugal, foi sempre assim. Até ao dia em que Pacheco Pereira foi mais longe.
Para tal, pôs os deputados socialistas com o coração nas mãos e o presidente da mesma Comissão, pelo qual tenho também muita admiração, a tremer como as árvores tremem ao sabor do vento.
Já chega de promessas por cumprir, de Freeports, mas também já chega de vermos tantas mentiras e faltas de respeito aos portugueses e à democracia que este país construiu.
Muito pelo contributo de Pacheco Pereira, a mentira de Sócrates na Assembleia da República foi descoberta nessa mesma Assembleia da República.
E isso dignifica a Casa da nossa Democracia, promove a qualidade e verdade no discurso político, fortifica a classe política e engrandece muito o próprio Pacheco Pereira.
Está bem que não é por aí que se deve atacar o engenheiro Sócrates e o seu Governo. Não é.
Mas também não é isso que se quer.
Em Setembro, o PSD comprometeu-se com a Verdade. Verdade à qual o engenheiro Sócrates faltou. E, por isso, sai fragilizado, aparecendo, também, comprometido com um negócio que não se deu. E que, por não se ter consumado, deu origem a outro. Que afastou Moniz da direcção-geral da estação e Manuela Moura Guedes do seu telejornal, onde, fundamentando com factos nunca desmentidos, revelava episódios estranhos que envolviam o Primeiro-Ministro. Mas essa é outra história.
Talvez o trabalho desenvolvido pelo grupo parlamentar do PSD tenha sido um estímulo para que também se chegue à verdade nessa história.
Para já, o que importa dizer é que sai por cima o PSD (e o seu grupo parlamentar), sai por cima a Comissão de Inquérito (apesar das conclusões não serem tão claras como os factos conhecidos), sai por cima a Assembleia da República, sai por cima (e de que maneira) o Pacheco Pereira. Porque foi dos poucos que prestigiou a função e a classe a que pertence.
Quanto ao resto, o resto é conversa…

Os primeiros reforços do Sporting


O Sporting apresentou ontem os seus primeiros reforços para a nova temporada.
Maniche, de 32 anos, que foi campeão europeu no FC Porto de Mourinho, num tridente de meio-campo que também tinha Deco e Costinha, chegou a Alvalade por um ano com dois de opção.
Pessoalmente, sempre quis que Maniche viesse a ser jogadores do Sporting. Chega agora, no final da carreira, depois de uma temporada na exigente Bundesliga onde, pelo Colónia, fez 30 jogos.
Maniche vem juntar experiência a um meio-campo que Pedro Mendes já tinha equilibrado desde Janeiro. É um bom reforço.
Outro jogador apresentado foi Evaldo, lateral esquerdo brasileiro, titular indiscutível um Sporting de Braga que, surpreendentemente, lutou para ser campeão nacional. Vem para uma posição onde o Sporting só tinha Grimi, recuperado das lesões que, em épocas anteriores, o tornaram lento e irregular.
Evaldo, que conhece o futebol português, é, também, uma mais-valia que vai acrescentar qualidade à ala esquerda defensiva do Sporting.
O terceiro jogador que foi apresentado em Alvalade foi André Santos, que foi a revelação da época anterior por ter consolidado o meio-campo de uma União de Leiria que, vinda da Liga de Honra, fez uma época bastante boa.
André Santos tem margem de progressão, é do Sporting desde que nasceu e chega ao plantel principal depois de um trajecto na formação. É um jogador que precisa de ganhar alguma experiência, de arriscar menos no passe, mas que pode ser uma boa alternativa a Pedro Mendes.
Com estes três reforços, o Sporting 2010/11 começa a ser definido. Contudo, as indefinições que se mantêm prendem-se com as saídas. O Sporting ainda não se conseguiu desfazer de alguns jogadores que estão a mais, colocar os jovens que não vingaram para ganhar experiência e encontrar uma solução para os jogadores que, pela sua qualidade, merecem jogar noutro tipo de campeonatos.
De todo o modo, o Sporting que vai atacar a próxima época continuará terá um plantel mais competitivo e equilibrado, que terá de definir um onze-base na pré-época e de ter, no banco, alternativas que não tirem o equilíbrio à equipa. Essa será a tarefa de Paulo Sérgio, treinador que merece toda a confiança.
Não tenho a menor dúvida de que com esta estrutura de futebol, o Sporting vai voltar a ser, também no futebol, como os maiores da Europa.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Esta não é a altura...


Não é altura para falar do que disse Deco depois do jogo. Porque Deco não é seleccionador português. Nem sequer é treinador. Nem português.
Também não é altura para perguntar o que foi que os brasileiros naturalizados trouxeram de novo à selecção portuguesa. Seria injusto. Apesar do jogo de ontem, ajudaram bastante a equipa no passado.
Não é altura para pergunta qual a razão de João Pereira ter ficado em Portugal. Apesar de Paulo Ferreira não ter feito um corte em 90 minutos de jogo.
Ainda não é a altura certa para perguntar por que motivo, entre 23 jogadores, Portugal só tem dois avançados.
Podia também perguntar qual a razão de Miguel Veloso ter ficado hora e meia sentado no banco, quando podia marcar aqueles três cantos que o Simão ofereceu ao adversário ou resolver o jogo num livre directo certeiro do lado direito de quem ataca.
Existe uma desolação enorme nas ruas do país pela prestação cinzenta da selecção nacional no seu jogo de estreia. E Portugal, confio eu, vai passar à fase seguinte.
Mas, para isso, tem de apelar às ninfas.
E não pode caír na tentação de criticar a FIFA, porque é a FIFA que organiza a competição.
Nem criticar a protecção que Drogba levava, porque, nos melhores campeonatos do mundo, há jogadores que jogam com protecções. Veja-se, por exemplo, o guarda-redes do Chelsea ou o médio defensivo do Inter de Milão. Ou até Vukcevic, do nosso campeonato, que jogou com uma protecção no ombro.
E não. Empatar com a Costa do Marfim não é um bom resultado.
Quando se falha, assume-se as responsabilidades. E levanta-se a cabeça. É isso que os jogadores dizem quando falham objectivos nos jogos. É aquele discurso universal.
Mas é mesmo isso que Portugal tem de fazer: assumir responsabilidades e levantar a cabeça. Se assim for, ganharemos à Coreia da Norte com uma perna às costas e surpreenderemos o Brasil no último jogo.
É nisso que temos de pensar agora: ganhar o(s) próximo(s) jogo(s). Custe o que custar. Foi isso mesmo que pensaram os heróis portugueses quando, com tácticas bem montadas, se fizeram ao mar e conquistaram por esse mundo fora.
Que esses heróis sejam a grande inspiração dos "navegadores" portugueses do século XXI.

terça-feira, 15 de junho de 2010

P'ra cima deles!



867 anos de História.
Conquistando pelo mundo fora.
Sempre, sempre, sempre atrás de um sonho.
E o sonho, o sonho português, é um Sonho Maior.
Em 867 anos de conquistas, muitos foram os portugueses que ficaram pelo caminho.
Porque, no meio do sonho, morreram a lutar.
Provavelmente, seremos todos descendentes desses heróis.
Pensem neles!
Hoje começa mais uma etapa do Sonho Português.
E os heróis são hoje apenas vinte e três.
Não se acanhem com o Cabo das Tormentas.
Nem se amedrontem com o Gigante Adamastor.
Vão em frente, p'ra cima deles!
Hoje é o dia.
Let's do it!

sábado, 12 de junho de 2010

Como os maiores da Europa



"Grande, tão Grande, como os maiores da Europa".
Ou melhor, como os maiores do Mundo.
Porque João Pina, que também é campeão da Europa, venceu hoje a Taça do Mundo.
No Sporting é mesmo assim: o sonho concretiza-se no dia-a-dia...

Coragem!


Um magistrado do Ministério Público é, isso mesmo, um magistrado. Do Ministério Público.
Representa o Estado.
O juíz é um homem, ou uma mulher, investido de autoridade pública, cuja actividade visa a prossecução da Justiça, que se pratica nos tribunais, que são órgãos de soberania.
Tendo um poder superior, representa o Estado.
Em Portugal, temos a solução aberrante de vermos o Ministério Público impugnar uma decisão do Tribunal. Que é o mesmo que dizer que, em Portugal, assumimos como possível e, aliás, como prática recorrente, o Estado contra o Estado.
Fará isso algum sentido?
Saberemos todos que não faz. Até porque, se tal não pudesse acontecer, teríamos, como consequência certa, uma justiça mais célere. Cumprir-se-ia um princípio, da celeridade, que a Justiça pretende salvaguardar mas que, na prática, o poder político não teve ainda coragem para fazer cumprir.
Ou seja, é dado, pelo poder político, um cheque em branco para que, entre outras coisas, o Ministério Público possa servir como arma política. Na prática, verificamos inclusivamente uma série de casos, pelo menos, duvidosos, de aparente perseguição política. E, assim, põe-se em causa um outro princípio, mais fundamental do que o acima referido, que é o princípio da independência, da separação (real e não apenas aparente) dos poderes.
Acabar com a possibilidade de recurso ao Ministério Público, além das vantagens que referi e entre um largo conjunto de outras, é também uma questão de economia. Economia Processual.
Os portugueses estão fartos de ouvir dizer "à política o que é da política, à justiça o que é da justiça". Fartos, não. Fartíssimos. Ficam agora, os portugueses, à espera de coragem política para ir além das palavras. Porque a política está muito judicializada e a Justiça muito politizada.
Mas pior do que eventuais perseguições políticas pela via judicial, esta aberração prejudica muitos portugueses anónimos, que perdem dinheiro, tempo e saúde para provar, com a verdade do seu lado, a sua inocência.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Todos!


Um vídeo pode valer mais do que as palavras.
Este dispensa-as.
Todos devemos vê-lo.
E pensar nele quando pensamos beber antes de guiar ou quando pensamos guiar depois de beber.
Infelizmente, este vídeo relata histórias reais.
Quem não o viu deve vê-lo agora. E partilhar a mensagem que nele é transmitida.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Poucochinho



É uma palavra relativamente grande.
Mas tem um significado oposto à sua dimensão.
Cada vez que olho para os principais líderes políticos, para alguns representantes de empresas com grande peso na nossa economia, para a leitura de alguns analistas políticos, para as principais personalidades de vários sectores, a sensação com que fico está presa a esta palavra: é tudo muito poucochinho!

terça-feira, 8 de junho de 2010

Cinco estrelas

É assim o novo site do Sporting.
Moderno, atractivo, coerente com a nova estratégia de comunicação do clube, muito mais rígida e agressiva. E, porventura, também mais consequente.
Cinco estrelas.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Um problema e uma solução diferente


Por muito impopulares que pareçam, as coisas têm que ser ditas.
Não chega dizer que Portugal vive acima das suas possibilidades. Isso é fácil, soa bem e como a substância não é visível, o povo fica sossegado. O difícil é explicar porquê. E combater esse mesmo “porquê”.
Portugal viveu um período pós-25 de Abril que foi marcado por uma lógica de esquerda, suportada pela própria Constituição da República, pelos mais importantes Códigos, assim como por toda a lei, no sentido amplo, e os governos seguiram sempre lógicas de esquerda, cedendo em demasia aos sindicatos e suportando o Estado de Direito em princípios que o tornaram pouco viável tal como está.
Um dos problemas do país está no facto de produzir pouco. Muito pouco. E isso também se deve aos 22 dias úteis de férias, normalmente ampliados para 25, que se somam a 13 feriados obrigatórios. Ora, em 38 dias úteis, as empresas pagam para que os empregados não produzam. E aqui não entram as faltas justificadas ou outros dias, como os supostos feriados facultativos ou as pontes.
Nisto, perdem-se dois meses. Onde o país não produz. Quem paga, e, por duas vezes, a dobrar, são as empresas. As mesmas empresas que se viram confrontadas com um aumento avassalador do salário mínimo, ao tempo que aumentava a carga fiscal.
Foi esta tendência, aparentemente justa de um ponto de vista humano e social, que arruinou as empresas e matou a economia. Porque, pensando que se dava a mão ao trabalhador, atacou-se aquele que o empregava. Que paga mais para produzir menos e que divide cada vez mais os seus lucros, que são cada vez mais baixos, com o Estado. E que, incumprindo com os seus deveres, perdeu na prática, também depois de 1974, a posição cimeira na relação jurídico-laboral.
O combate à crise passa por este problema. É aqui que está a causa do desemprego, é aqui que está a falta de produtividade, é aqui que está a crise nas empresas, é daqui que resulta a pobreza.
Quando se diz que Portugal vive acima das suas possibilidades, está-se sempre a falar deste princípio do “sempre a somar” que nenhum país é capaz de pagar. Por muitos aumentos de impostos que se façam, que possam camuflar a situação no curto-prazo, se o país não atacar este problema, não será capaz de resolver um problema estrutural que o tem arruinado.
Mas, apesar de identificado o problema e de estarmos próximos da solução, existe ainda uma grande dificuldade, que é, precisamente, o meio para solucionar o problema. Com a força, o peso e o poder que os sindicatos têm é muito difícil tomar medidas para enfrentar esta situação. E, pela impopularidade que levanta, muito dificilmente se poderá caminhar nesse sentido sem uma maioria absoluta e um quadro político favorável.
Com maior produtividade, com um Estado menos despesista, vão haver aparentemente mais dificuldades, mas os portugueses poderão tendencialmente ir pagando menos impostos, sair dos postos de trabalho às cinco horas em ponto e circular em auto-estradas gratuitamente.
Esta é uma visão diferente do Estado, do sistema fiscal, da relação laboral que parece impopular. Mas, feitas as contas, o resultado é muito simples: produzindo mais e pagando menos impostos, as empresas terão mais dinheiro, criarão mais riqueza e emprego, compensarão mais trabalho com melhores salários. Ou seja, o empregador fica mais rico, haverá mais gente empregada, melhorar-se-ão as condições de vida dos trabalhadores, possivelmente deixará de fazer sentido que se fale em salário mínimo, as empresas serão mais competitivas. E o Estado não irá perder dinheiro. Para haver mais receitas fiscais é determinante que haja mais dinheiro disponível, tanto da parte das empresas como dos trabalhadores. É possível aumentar as receitas fiscais com taxas mais baixas. E é precisamente aí que entra o Estado Social de que todos falam mas que, na verdade, ninguém teve, em Portugal, coragem para construir...
E, enquanto não houver coragem, vamos continuar nesta crise permanente, com apertos e "desapertos" de cinto, com os mesmos partidos a alternarem no poder. Vamos continuar a viver numa instabilidade contínua e crescente, com Governos corruptos e incompetentes e o Estado Social vai continuar a ser, só, fachada.

domingo, 6 de junho de 2010

Outdoors




Provavelmente, poucos serão os que se lembrarão daquele cartaz da extrema direita portuguesa, retirado, posteriormente, pela Câmara Municipal de Lisboa.
Talvez a maior parte das pessoas até terá repudiado, não só a retirada, mas também a colocação do cartaz. Porque incitava ao ódio. Ódio aos imigrantes.
Mas há uma coisa muito parecida com extrema direita que é, precisamente, a extrema esquerda.
Porque ambos levaram ao mesmo caminho: a ruína, a fome e a miséria profunda.
Não me revendo em nenhum dos dois extremos, na altura em que escrevo, estão vários cartazes nas ruas de Lisboa. Que incitam ao ódio. Ódio a alguns cidadãos.
Se é mesmo verdade que existe democracia em Portugal, por que carga de água não se retiram os cartazes do Bloco de Esquerda, do mesmo modo que se retiraram os do PNR? Ou será que o Estado é conivente com o ódio à extrema direita e com o ódio a um grupo identificado de cidadãos? Será que isso já está certo?
E assim vai andando esta "democracia" à portuguesa!

sábado, 5 de junho de 2010

Não é por mal, já faz mesmo parte deles!



A dívida do PS teve, em 2009, um agravamento de 969,6 por cento face a 2008.
Assim, o PS deve, agora, mais do que todos os outros partidos juntos.
O curioso nisto é que é o PS que está no Governo numa altura em que é preciso controlar e equilibrar as finanças públicas, tentando, também, reduzir o endividamento. Pelo qual, deva-se dizer, é principal, senão o único, responsável.
Os socialistas deixam o país como deixam o seu partido: muito endividado!
E isso, acima de tudo, confirma a sua incompetência. Os portugueses que não acordem, não..

Que desilusão!


Senhora ministra,

A minha prima é extraordinariamente inteligente e está no fim do 6ºAno. Ela escreve muito bem, tem imaginação e não lhe apetece fazer o Ensino Secundário. Garanto-lhe que é boa a línguas, a História, a quase tudo menos Matemática, em que não é tão boa. Será que ela pode entrar directamente para o 10º Ano, para Humanidades, que é o agrupamento que ela quer seguir?
A propósito, senhora Ministra, será que posso fazer um examezinho e acabo já o curso? É que me dava imenso jeito.
Porque não?
E por que raio poderão os alunos com 15 anos passar directamente do oitavo para o décimo ano? É esta a exigência da nossa educação?
Que desilusão, senhora Ministra, que desilusão...

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Grande Fiorentina!


Fora de Portugal, o clube que apoio é a Fiorentina.
E, enquanto adepto e seguidor da Fiorentina, já sinto saudades de Prandelli, pelo carisma que tinha e pela paixão que revelou pelos Viola.
Foi, de facto, notável como, em alturas difíceis da sua vida, colocou sempre aquele clube da maravilhosa cidade de Florença em primeiro lugar.
Depois de uma época pouco conseguida, tendo em conta as classificações e exibições em campeonatos anteriores, Prandelli sai de Florença e assume o comando técnico da...selecção italiana. Será seleccionador de Itália depois do Mundial.
Para substituir este homem que, creio eu, é insubstituível, chegará Mihajlovic, que realizou uma boa temporada com o Catania, e que era apontado como um dos possíveis sucessores de José Mourinho no Inter de Milão.
Pelo que noticia a imprensa desportiva italiana, Mihajlovic tinha, de facto, a possibilidade de voltar a Milão para se tornar treinador do campeão europeu, principal candidato a vencer a Serie A, o Campeonato do Mundo de Clubes, a Supertaça Europeia e por aí fora...
Mas não, foi para Florença.
Isto revela bem que, às vezes, o dinheiro fácil e o sucesso rápido não são tudo na vida. E que a Fiorentina é um clube diferente, com uma mística singular e uma identidade muito própria, com a qual é impossível não nos apaixonarmos à primeira vista.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Generosidade da energia positiva


Ainda a selecção está em Portugal e já estou completamente farto daquele instrumento que a Galp generosamente vende para, também, generosamente apoiarmos a selecção nacional.
Sobre a vuvuzela, já escreveu, e bem, Luís Cirilo, no seu Depois Falamos, a 28 de Maio. Partilho inteiramente a sua opinião.
Mas, a propósito da generosidade da Galp, e dos generosos que, já tendo idade para ter juízo, tocam a vuvuzela, importa dizer que a gasolina sem chumbo 98 está, na Galp, a uns generosos 1.539 euros, que a gasolina sem chumbo 95 está a uns generosos 1.409 euros e que o gasóleo está a uns generosos 1.183 euros por litro. E por mais um euro traz-se a tal porcaria da vuvuzela. Por generosidade, está claro.


Fonte: www.maisgasolina.com
Dados de 27 de Maio de 2010

É difícil abdicar dos interesses pessoais e familiares para lutar pelo bem comum.
E é muito difícil estar na História.
Nós temos o direito de discordar, de ter uma opinião diferente e uma outra definição e caminho para o bem comum.
Aqueles que se sentem envergonhados pela História, ou por partes dela, deviam esforçar-se, abdicar de tudo e serem eles mesmos a escrevê-la.
Li hoje coisas inacreditáveis sobre uma pessoa que lutou por um caminho para o bem comum em que acreditava, seguindo as suas convicções políticas e ideológicas.
Sempre me ensinaram a respeitar os outros, mesmo que não concorde com as suas ideias.
Sempre me ensinaram os passos e as etapas da História de Portugal e do Mundo até chegarmos até ao dia de hoje. A História é o mais importante meio de uma aprendizagem constante, por ser empírica. E dela vem a permanente evolução.
Ensinaram-me, neste último semestre, que, quando desrespeitamos a memória de alguém que partiu, estamos a cometer um crime. Um crime que causa danos profundos, não na imagem do falecido, mas no interior dos seus familiares e amigos. E não nos pode faltar a coragem para que condenemos quem cometeu esse crime e causou esse dano, porventura, irreparável.
Estive com o Almirante Rosa Coutinho há menos de um ano. E não será por ter convicções políticas e ideológicas diferentes e uma visão muito distante daquela que teve num contexto muito delicado, que vou deixar de partilhar a dor dos seus familiares e amigos e de o respeitar, a ele como a todos os outros que fazem parte da História que chegou até aos dias de hoje e que não hesitaram em abdicar do que era melhor do ponto de vista pessoal para promover aquilo que julgavam que seria melhor para todos.
Estou certo de que Deus lhe concederá o Eterno descanso, que descansará em paz e que olhará pelos portugueses.

Luto.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Presidenciais


Quando votamos em alguém para Presidente não votamos num projecto.
Votamos numa pessoa.
Mas não votamos nessa pessoa pela sua aparência, pela qualidade da sua oratória. Votamos nas suas convicções políticas, porque o Presidente é também um garante.
Estou convencido de que Cavaco pode ser eleito na primeira volta. Mas pode não ser. E, numa segunda volta, contra toda a esquerda, pode até vir a perder as eleições.
Apesar de discordar da promulgação dos casamentos gay, de ter a convicção de que Cavaco, em alturas-chave, acabou, directa ou indirectamente, por ajudar Sócrates e o PS, votar noutro candidato iria contribuir para o perigo de termos, durante vários anos, Manuel Alegre como Presidente. Esse é um perigo que definitivamente não podemos correr.
A menos que surja um candidato capaz de ganhar a Cavaco, a direita deve permanecer unida em torno de um candidato único, que é esse mesmo Cavaco, porque esta não é altura para perigos. E, nesta altura, tem de estar fora de questão ter um Presidente apoiado pela esquerda radical. Até porque, apesar do apoio forçado e de circunstância, nem Sócrates deseja que esse cenário possa vir a verificar-se em Portugal.

As contas e os clubes


Sempre olhei com alguma desconfiança para soluções de curto prazo.
A menos que se esteja perante uma situação dramática, antecipar receitas não resolve problema nenhum. Estou até mais próximo de pensar que o problema se pode agravar.
As contas dos clubes, tal como as contas públicas, que não atingem tão directamente as pessoas como, por exemplo, os orçamentos familiares, passam ao lado dos adeptos de futebol. Que pensam que a situação se resolve num qualquer dia. Está sempre para vir o milagre que vai pôr fim ao descalabro das contas dos clubes.
Foi assim que pensaram os adeptos do Estrela da Amadora, do Salgueiros, do Farense, do Campomaiorense, do Alverca e do Boavista. E só estou a falar de clubes que, na última década, estiveram na primeira divisão. Pensaram que o seu nome, a sua história, a sua influência e o seu peso na região evitariam o pior. Mas não evitaram.
Confesso que me custa a acreditar que pode ser possível um campeonato português sem um dos três grandes.
Porque vou falar do Benfica, gostava também de dizer com vou falar com franqueza e sem maldade. Mas as contas da SAD benfiquista demonstram que o Benfica tinha mesmo de ser campeão, de estar na Liga dos Campeões, de golear os seus adversários, de ter o melhor marcador da liga, de ter os jornais a tentarem vender os seus jogadores pela respectiva cláusula de rescisão. Caso contrário, a menos que injectassem mesmo muito dinheiro no Benfica, este clube, assim como a respectiva SAD, poderia estar muito perto de deixar de existir.
Esta época deu mais dez milhões ao Benfica do que a temporada passada. Ainda assim, o prejuízo é astronómico. Se o Benfica não tivesse tido sucesso nesta época, só o Estado ou algum investidor poderia salvar o Benfica. Mas o Estado não o poderia fazer. E não há nenhum maluco que quisesse deitar fora algumas centenas de milhões de euros.
Ora, aquele fundo, que Bettencourt quis copiar para o Sporting, irá fazer com que o Benfica tenha forçosamente de vender jogadores. E, no que respeita a jogadores daquele fundo, o Benfica receberá, ao que julgo saber, menos de metade do valor total da venda. Além disso, há outro problema. Cardozo pode não ser titular no Mundial, David Luiz ficou de fora, a idade do Luizão não perdoará no mercado (porque baixa o seu valor), o que quer dizer que Di Maria e, provavelmente, Coentrão, são a salvação. Porque o mundo do futebol conhece a situação financeira do Benfica e só por caridade ou estupidez se pode comprar um dos maiores activos do Benfica pelo valor da sua cláusula de rescisão.
A situação do Benfica preocupa-me muito. Porque, inegavelmente, o Benfica tem recursos que nenhum outro clube em Portugal tem. O Benfica já se reestruturou, já foi campeão, já fez fundos, já vendeu camisolas, já criou um canal de televisão e fez tudo o que tinha a fazer. Para ser franco, gostava muito que o Benfica conseguisse, com este bluff, enganar compradores e vender-lhes caras as ilusões que, durante um ano inteiro, vendeu aos seus adeptos.
Mas o que me preocupa verdadeiramente não é o Benfica. É o Sporting. Porque, como disse, o Sporting não tem os mesmos meios. E já que não os tem, pelo menos que não caia nos mesmos erros nem pense o futuro só para o curto prazo. Apesar de esperar sempre os melhores reforços, não posso pedir ao Sporting para gastar, nos próximos três anos, os mesmos cem milhões que o Benfica gastou. Também não quero fundos. Deram mau resultado no Benfica, como já tinham dado péssimo resultado no Brasil. Sabendo que, nestas condições, é mais difícil lutar pelos títulos e que os sportinguistas estão desesperados e desconfortados com o presente, muito marcado pelo passado recente, o que eu espero é que o Sporting não saia dos seus limites, que evite até estar perto deles, realizando um trabalho de prospecção exigente e frutífero e uma gestão muito cuidadosa.
É que estou consciente de que o Sporting, como qualquer outro clube, vive (relativamente) bem sem os títulos. E que, sem dinheiro, o Sporting, como qualquer outro clube, nem sequer vive.
Quanto aos títulos, o que é certo é que vivemos melhor com eles.
Estando vivo, tendo um treinador competente, um director-desportivo ambicioso, um plantel motivado, disciplinado e empenhado e um presidente ambicioso, até porque é isso que acho que o Sporting vai ter na próxima temporada, os títulos, certamente, irão aparecer.