segunda-feira, 29 de junho de 2009

A obamania (parola) à portuguesa


As eleições americanas tiveram, de facto, um impacto estrondoso em todos os cantos do mundo, porque foram disputadas por dois fortíssimos candidatos. De um lado estava um herói de guerra, que representava o sacrifício pessoal pela pátria aliado à glória de um povo. Do outro estava um negro, que derrotou uma mulher reconhecida por grande parte da sociedade norte-americana pelas suas capacidades políticas.
O facto de serem dois candidatos mesmo muito fortes cativou a atenção de cada um de nós e Barack Obama acabou por sair vencedor.
Houve quem gostasse e quem odiasse a Obamania, mas ninguém ficou indiferente ao efeito Obama, nem que seja pelos resultados que essa onda conseguiu ter. Contudo, poucos perceberam em que consistia aquela forma de fazer passar a mensagem.
Na minha opinião, a Obamania teve três pontos:
Primeiro, tinha como raiz um candidato negro (o que ainda não é indiferente para as pessoas) e competente, que veio da sociedade civil e acabou, por mérito próprio, por estudar numa das mais conceituadas universidades do mundo, onde foi muitíssimo bem sucedido. Era um homem que cresceu a pulso e fez crer às pessoas que todos dependem de si próprios. Era um virar de página num conceito preconcebido de que quem governa devem ser políticos profissionais. Todas as etapas da vida e todo o percurso académico, profissional e político de Obama geraram uma mensagem de esperança numa mudança necessária e os americanos (e a maioria dos povos do mundo) acreditavam que Obama iria refrescar a vida política. Mais do que quererem um presidente, as pessoas quiseram fazer História.
Segundo, a mensagem era verdadeira. O seu suporte não eram estatísticas nem utopias. Eram factos. Os desafios da mensagem coincidiam com os sonhos da sociedade. Mas se o grande suporte da mensagem não fosse verdadeiro (ou pelo menos, não parecesse ser), a estratégia seria, certamente, um fracasso.
Terceiro, mas não menos importante, o candidato, que aliava a competência com a espontaneidade. De resto, vale a pena ler as biografias sobre Barack Obama.
Foram esses três pontos que deram a vitória a Obama. Não chegava ter o apoio dos afro-americanos, apesar de ter mobilizado esse eleitorado. Foi preciso chegar às pessoas que, como eu, desejavam um virar de página, conscientes de que essa intenção correria o risco de fazer com que o país mais poderoso do mundo fosse governado por um rei da retórica, uma pessoa ideologicamente muito forte que, no poder, poderia não conseguir pôr em prática os discursos magnificamente belos e deliciosamente históricos. Ninguém poderia garantir que a opção por Obama poderia dar mau resultado. Obama nunca nos tinha dado provas do contrário. Mas também nunca nos tinha dado a prova disso.
Obama era um risco. Que merecia a pena ser corrido. Porque os prós eram mais do que os contras. E, entre os prós, estava a possibilidade de escrever os próximos capítulos da História do Mundo e de fazer com uma mensagem de incentivo e esperança chegasse aos que deles mais precisam, entre várias outras ideias, nomeadamente a da ruptura com vários pontos errados da política externa seguida até então. O "YES, WE CAN" traduzia todos esses prós, verdadeiros, e a campanha desenvolveu-se em torno de uma comunicação excepcionalmente humana, acessível a toda a gente, sensibilizando as pessoas.

Como qualquer bom azeiteiro admirado com as grandezas e modernices dos norte-americanos, José Sócrates e o PS quiseram montar uma imagem semelhante à de Obama: a imagem de homem forte, mas bom, a imagem da mudança e da esperança. Nessa política de comunicação, também trabalhavam centenas de pessoas, umas nas redes sociais e outras nos outdoors, nos ecrãs de fundo, nas bandeiras e em tudo o que pode influenciar as pessoas, como os diversos fóruns e programas de opinião na comunicação social, em que pessoas tentam construir opinião. Até chamaram pessoas que trabalharam na campanha de Obama e tudo.
O problema é que os socialistas não perceberam que Sócrates não é Obama. Não tem o percurso académico e político de Obama. De resto, há dúvidas sobre a licenciatura do Primeiro-Ministro. Sócrates, ao contrário de Obama, não é espontâneo e, nos últimos tempos, ora é "animal feroz", ora é "bichinho domesticado". Sócrates, ao contrário do Obama, já governou e as suas promessas (quase tão magníficas como as de Obama) não foram cumpridas.
O problema também é que o PS não é "a força da mudança" como aparece em alguns slogans, mas o partido que governou durante 12 anos na última década e meia, que levou o país a afastar-se dos congéneres europeus. O problema também é o facto de os socialistas terem uma mensagem que não é verdadeira, ao contrário da mensagem de Obama. E, na mensagem, não basta parecer ser humano, é preciso mesmo que o lado humano e social seja verdadeiro. Em Obama, isso acontecia. Com Sócrates, enfim, já sabemos.
Também não me lembro grandes slogans da campanha de Obama. Porque Obama era Obama. Era a mudança. Não era o candidato do "Grande Partido da Esquerda Moderna e Democrática".
O resultado da Obamania, com Obama, foi uma vitória histórica. Os resultados da Obamania parola são os que estão aí. E, a cada dia, as probabilidades de derrota do PS nas legislativas aumentam, o que demonstra que poucos foram suficientemente inteligentes para perceber que a Obamania à PS não ía pegar: os comentadores desdobravam-se em elogios à máquina do PS que funcionava, aos comícios e ao próprio Congresso dos "socialistas" portugueses que diziam ser uma enorme encenação. Aí estavam certos: no PS era encenação, com os Democratas duvido que o fosse. Pelo menos, não aparentava ser. Era mais verdadeiro e muito mais espontâneo.
Os Democratas diziam o que eram os Democratas. O PS diz o que não(!) é o PS.
Enquanto o PS perdeu tempo numa estratégia de comunicação "à Obama" elogiada por todos, o PSD esteve de norte a sul do País fazendo debates e escutando as pessoas. A imagem que está nos cartazes é à imagem e semelhança da líder. E tantos criticaram a "política de imagem" social-democrata...
Esta é uma lição que muitos deveriam aprender. Porque esta parolice à volta de uma falsa obamania vai culminar com três derrotas para o Partido Socialista. Às vezes mais vale sermos verdadeiros, sensatos ou, pelo menos, sermos iguais a nós próprios. Mal do país em que as pessoas votem em função da imagem e das encenações. É que a política não é circo. É algo nobre, que é para ser levado a sério. O objectivo é chegar ao Governo para governar de acordo com as ideias que se propõem nas eleições. E não tentar fazer passar mensagens falsas às pessoas, enganando-as no intuito de garantir mais quatro anos de "tacho". É isso mesmo que tem feito o PS, numa estratégia que não tem, nem irá ter, qualquer sucesso.

domingo, 28 de junho de 2009

O Sporting - Benfica, em juniores (parte III)

Regista-se que ninguém do Benfica repudiou os actos de vandalismo e violência de um grupo, ilegal e minoritário, de adeptos do Benfica. Apenas responsabilizaram o Sporting, dizendo que a Academia não tinha condições.
Mesmo que a Academia não tenha condições, como explicam os vários automóveis danificados num percurso a perto de 2 km da academia? Será culpa do Sporting?
Será normal e expectável que os adeptos façam o que aconteceu? É que a regra é que os jogos do Sporting se façam na academia e até um jogo internacional já foi realizado naquele local.
Não tem condições? Então por que razão a selecção nacional decidiu estagiar naquele local durante o Euro 2004? Por que é que várias equipas e selecções já ali estagiaram?
A polícia diz que o número de elementos da autoridade era muito elevado. Elevado, talvez. Mas o que é certo é que não chegou.
Será o Sporting penalizado porque um grupo de adeptos do Benfica, antes e durante o jogo, partiram carros dentro e fora da academia? Será o Sporting penalizado por vários elementos organizados de uma claque ilegal que entrou ali sem bilhete e que, para entrarem, saltaram a vedação?
Esperemos para ver a conclusão deste assunto. Esperemos com preocupação. Porque a polícia sacode responsabilidades em vez de admitir uma evidente falta de meios. Porque o Benfica nem sequer repudia estes actos de violência. E porque a Federação sempre preferiu o caminho mais fácil, em vez de cortar o mal pela raíz.

O Sporting - Benfica, em juniores (parte II)


Às vezes, as imagens chegam.
Veja-se a festa que se fazia antes da chegada deles.
Veja-se como eles entraram.
Veja-se o que eles fizeram.
Veja-se como a Polícia agiu.
Ficaram a olhar. E foram atrás dos sportinguistas (2:19segundos do vídeo)
Vejam-se as crianças a fugir.
Atiraram pedras à frente de toda a gente.
Ninguém foi detido. Tudo normal.
E depois veja-se o que disse o Rui Costa. Porque o mínimo que devia fazer era pedir desculpa em nome do Benfica. Mas disse que a Academia (que é uma das melhores da Europa) não tem condições. Como se o centro do Seixal (o Campus Caixa ou lá o que é) fosse melhor. É que parece que o problema foi que esses adeptos não tinham bilhete e desataram a partir os carros fora da Academia. Solução da polícia? Mandou-os entrar.

O problema é que, como a Polícia não age, como se permite que grupos organizados e ilegais entrem em recintos desportivos, como se impõe aos clubes para que deixem esses grupos entrar, o sentimento de revolta alastra-se entre os sportinguistas que gostam "de ir à bola". São cenas que se repetem: ainda no ano passado, um adolescente sportinguista (que não é membro de nenhuma claque) foi esfaqueado.

O Benfica conseguiu o seu objectivo: não vai perder o título na casa do rival.
Mas é pena que o nome, os outros adeptos e os profissionais (incluindo a equipa de juniores) do Benfica sejam enxovalhados por uma minoria de delinquentes.

Revolta o facto de compensar ser ilegal, de compensar não cumprir as regras.
Porque o Sporting só teria uma solução para evitar, com os seus meios, o que se passou. Era dizer que "os animais ficam à porta". Talvez valesse a pena pagar a multa e ter festejado, já hoje, em nossa casa, mais um título de juniores.

Era importante que os responsáveis estivessem atentos a esta sucessão de factos. Desde quem organiza a competição de Juniores ao ministro, que é o mais alto responsável pela incompetência policial. Passando por todos e por cada um dos portugueses. É que isto, assim, não pode continuar.
VÍDEO: RECORD

sábado, 27 de junho de 2009

O Sporting - Benfica, em juniores

O Sporting é multado se não der aos adversários uma percentagem (10%) de bilhetes. Sendo assim, o Sporting cumpre as regras.
Porque o Sporting cumpre as regras, porque o Sporting dignifica o desporto, porque o Sporting estimula a formação e educação de jovens atletas, hoje, o jogo que poderia dar ao Sporting o título de juniores acabou como todos sabemos.
Adeptos ilegalmente organizados, apoiantes do Benfica, entraram em Alcochete e apedrejaram adeptos de todas as equipas. No meio, muitas mulheres, muitas crianças, alguns idosos. O jogo acabou ali.
Como é possível que aqueles adeptos do Benfica não tenham sido detidos?
Quem pagará os estragos nos carros?
Quem irá ser responsabilizado pelas lesões de várias pessoas? Um adepto partiu a cabeça, outro fracturou o braço.
Perguntam-me: e os adeptos do Sporting? Respondo: se eu estivesse em Alcochete, numa bancada, a ser apedrejado, defendia-me. E a defesa, quando se é apedrejado por delinquentes, é legítima.
Parece que ninguém aprendeu a lição que culminou com a morte de um adepto do Sporting em pleno estádio do Jamor, em 1994.
Assim, como convenço os mais novos a irem ao futebol? Por que razão é que uma pessoa se submete a ser agredida?
É inacreditável que grupos organizados e ilegais entrem em recintos desportivos. E que entrem com pedras, petardos e outros objectos perigosos.
Se foi possível o que aconteceu hoje, quem é que garante que no futuro, as mesmas pessoas, do mesmo clube, não entrarão em recintos com pistolas e desatem a disparar em toda a gente?

O Sporting foi hoje prejudicado porque cumpriu as regras. Para não ser multado. A consequência? Feridos, danos vários, famílias que provavelmente não voltarão a ir ao futebol. Provavelmente, teremos de fazer este jogo decisivo, que nos poderia dar o título, com bancadas vazias, o que só prejudica o próprio Sporting. Mas é o que acontece a um clube que seja cumpridor, educado e que trate os assuntos desportivos com educação, fair-play e elevação.

Foi triste o que aconteceu hoje em Alcochete. Mas mais tristes são as causas e as consequências da pouca vergonha desta tarde.

O que é certo é que começa a ser hábito que se fale cada vez menos de jogo jogado. Sobretudo nos jogos entre Sporting e Benfica. Foi assim no jogo da final da Taça da Liga, foi assim no jogo de juniores. Razões diferentes, um resultado comum: o Sporting sai sempre prejudicado.

Saviola? Então ria...

Como eu também me estou a rir!



Com companheiros de equipa assim, quem é que não ia para o Benfica?

terça-feira, 16 de junho de 2009

Pausa


Há alturas na vida em que é preciso parar durante algum tempo.
Por um lado, os exames da faculdade exigem a máxima concentração e a maior disposição possível para estudar.
Por outro lado, sinto que, por esta altura, tem sido difícil escrever para o blogue. Não é que seja uma questão de tempo. Não é. É uma questão de, por vezes, sentir que o que quero dizer não pode ser dito.

Para ser franco, a única coisa que me apetece é ir de férias. Com os meus amigos, que, muitos deles, não vejo há meses. Com a minha namorada, que, sobretudo por ser uma fora de série naquilo que faz para o seu curso, não tem também tido muito tempo disponível. Com o meu cão, que é a minha grande força do dia-a-dia, que me ajuda a recarregar energias nos longos passeios e brincadeiras que fazemos. E com a minha família, que, como tenho dito, é o maior pilar da vida de qualquer pessoa.
Era uma boa maneira para me abstrair da confusão que se vive lá fora, de um Estado que faz de conta que é de Direito e de todo o caos com que nos deparamos quando vemos televisão, quando lemos jornais, quando saímos à rua.

Por tudo isso, e por muitas coisas mais, este blogue está de férias. Só o blogue. Pois a vida não pára e todos os segundos devem ser utilizados batalhando por aquilo em que acreditamos. "Só se perdem batalhas quando se abdica da luta" e "o contrário de ganhar não é perder, é desistir". São duas frases que foram, há algum tempo, utilizadas em faixas das claques do meu clube. E são fulcrais na forma como conduzo a minha vida.

Não podia deixar de fazer um agradecimento sincero a todos os que tiveram a paciência de perder alguns minutos para ler o que escrevo e a todos os que contribuíram com amizade e voz própria com comentários construtivos e enriquecedores dos debates que todos juntos ajudámos a promover. Aprendi muita coisa com esses comentários e foram um estímulo para voltar a escrever no dia seguinte.

Contudo, este blogue não acaba aqui. Voltarei a escrever. Não sei quando, não sei sobre o quê, mas voltarei a escrever aqui, neste meu blogue. Até pode ser que me dê para escrever já amanhã, desde que tenha disposição, motivação e "cabeça".

Agradeço a todos a compreensão.

E é com Voz Própria que vos digo a todos: até um dia destes. Serão sempre bem-vindos por cá.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Real Moutinho?


Não foi por acaso que Pinto da Costa disse, um dia, que se pudesse ter algum jogador do Sporting, esse jogador seria João Moutinho.
Não é por acaso que o excêntrico presidente do Real Madrid quer ter uma equipa com Cristiano Ronaldo, Káká e...João Moutinho.
João Moutinho é activo importantíssimo do Sporting, uma das grandes figuras da liga de futebol e um dos melhores jogadores do Mundo na sua posição. Só Queiróz é não percebe isso.
A possível saída de Moutinho do Sporting seria uma péssima notícia para qualquer sportinguista. Seria um murro no estômago. A seco. Seria perder o capitão de equipa. Seria ficar sem um jogador que, neste momento, não vejo como poderia ser substituível. Seria muito difícil para o Sporting compensar esta perda enorme.
Ouvi hoje uma notícia que dizia que o negócio se iria mesmo concretizar. E, assim sendo, no caso de se confirmar, ficarei triste. Muito triste. Como qualquer sportinguista. Mas continuarei a esperar que o Florentineitor mude de ideias. Há tão bons jogadores noutros lugares....

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Para reflectir no Verão


1) Três décadas e meia depois da democratização do país, apenas um terço dos cidadãos vai votar. Desinteresse pela vida política, descredibilização dos partidos, ignorância ou conformismo?

2) A quantidade imensa de votos nulos nas eleições mais recentes. Sinal de quê?

3) A probabilidade de não termos um governo com maioria no final de 2009 e a consequente possibilidade de vermos uma coligação de esquerda no Governo e na Assembleia da República. Será que, numa altura de crise económica e social, vamos ser governados com uma coligação que inclui a esquerda extrema e radical?

4) Ao contrário do que aconteceu por quase toda a Europa, em Portugal foi a esquerda (e centro-esquerda) que tiveram a maioria. Em Espanha, a "esquerda" (digo, o Partido Socialista) também está no poder. Curiosamente foram os dois países que mais sentiram esta crise e nos quais se diz que a crise perdurará por mais tempo. Coincidência?

São apenas alguns assuntos, entre muitos, muitos, outros. Talvez sejam os que mais assustam. E, quando isso acontece, há que reflectir.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Para que ninguém se esqueça


A escolha de Sócrates para cabeça-de-lista, em campanha eleitoral:

"O PSD acha que o comício do PS em Coimbra «não foi mobilizador».
Pois é, quando conseguir reunir metade das pessoas que estiveram nesse comício num evento eleitoral seu, talvez o PSD saiba o significado de «mobilizador»..." (24 Maio 2009)

"Se o PSD quer chegar aos eleitores, procure-os por meios próprios. Não tente consegui-lo à custa da interrupção da dinâmica da candidatuta do PS..." (2 Junho 2009)

"Enquanto o PS realizou um grande comício em Braga, o PSD teve de esperar até às 11 horas da noite para fazer um comício com meia casa. Mais valia que a líder do PSD tivesse respeitado o seu horror aos comícios. Teria poupado esta humilhação eleitoral." (31 Maio 2009)

Vital Moreira, in Causa Nossa

As críticas que me fizeram...

...por ter, desde o início, posto em causa a escolha de Carlos Queiróz para seleccionador nacional.
O que eu tive de ler e de ouvir sobre o seleccionador: que era óbvio que chegariamos ao Mundial e que estava a renovar a selecção nacional. Até fui a Alvalade com o meu amigo Dinis (que defendia a tese pró-queiroziana) para ver com os meus próprios olhos o péssimo futebol praticado pela selecção nacional de futebol.
Sempre achei que as convocatórias estavam erradas. Assim como o onze titular. Mas compreenderia se tivesse, desde o início, apostado na construção de uma equipa. O problema é que ainda hoje continua a fazer experiências, completamente incompreensíveis. Renovar? Com Boa Morte, não me parece. E ainda se fala de naturalizar um Liedson com 31 anos.
Como é possível não convocar o Rui Patrício e não pôr a jogar o João Moutinho? Como é possível que um dos melhores centrais do Mundo, na selecção, jogue a trinco? E o Ruben Amorim? Não vai lá porquê? Será que o melhor avançado português é o Edinho ou o Hugo Almeida?
Para mim, na selecção nacional deveriam jogar os melhores jogadores portugueses. E hoje, quando fiz um pequeno intervalo no estudo e olhei para a televisão, o que vi foi meia dúzia de "desconhecidos" a jogar um futebol que não chega sequer ao medíocre.
Pelas linhas que já escrevi sobre este assunto e pelas críticas que me fizeram quando falei, acho que não preciso dizer mais nada. Os resultados e as exibições recentes falam por si.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

É pena!



No ano passado, o Benfica despediu o treinador.
Os melhores jogadores foram embora.
Contrataram os melhores jogadores que havia no mercado.
E foram buscar o Quique Flores.
Este ano, o Benfica despediu o treinador.
Os melhores jogadores vão embora.
Já foram contratados 3 jogadores.
Outro treinador está para chegar.
Em suma, o Benfica no ano passado fez uma revolução. E este ano está a fazer outra. Para o ano outra virá e o Benfica dificilmente pode ambicionar ser uma equipa competitiva na Europa e ganhadora de títulos nacionais.
É pena! Porque, ano após ano, o Benfica deita fora dezenas de milhões de euros. Ano após ano, o Benfica vai somando prejuízos. Ano após ano, o Benfica destrói jogadores e treinadores. E ainda assim, tendo em conta todo o investimento feito, ano após ano, o Benfica continua a não vencer.
Curioso o interesse em ir buscar o Jorge Jesus. Que, no último ano, precisamente no estádio da Luz disse que só conseguiria ser campeão na playstation. É melhor que nada. Mas, para o Benfica, ganhar na playstation não chega.
É pena! Porque um Benfica que não é competitivo tira muita coisa ao campeonato. E saber, em Junho de 2009, que a luta pelo título, em 2010, será entre Sporting e Porto é pouco atractivo, pouco estimulante.
É assim. Mas é pena.

sábado, 6 de junho de 2009

Um tempo novo no Sporting


Mais de 11 mil sócios. Num dia da semana. Numa votação que decorreu apenas em Lisboa. Uma lição de vitalidade, de amor ao Clube, de militância e de democracia que os sócios do Sporting deram a um País que tende a abdicar de participar nas alturas mais difíceis.
No Sporting, sempre foram e sempre serão os sócios a decidir e a construir a História do clube. Ao contrário do que vai acontecendo de norte a sul do País, os sócios do Sporting não se abstêm de decidir em momentos difíceis, não abdicam do seu voto, por muito pouco que ele possa valer, e estou absolutamente convicto de que os sócios do Sporting também não se enganam nas decisões que tomam.
Hoje foi um dia feliz. Feito pelos sócios. E talvez este dia, que se estendeu muito para cá da meia-noite, possa ser um dos dias mais importantes para a História do futuro do Sporting.
Começou um tempo novo. Além da adesão em massa dos sócios, o resultado é também um sinal de que o Sporting continua a ser um clube diferente.
Para aqueles que diziam que havia uma monarquia instaurada no clube e que Bettencourt era sinónimo de continuidade, a resposta foi dada há pouco no auditório do estádio. Onde uma sala cheia cantou e saltou com o seu novo presidente. Foi o verdadeiro sportinguismo na sua maior força.
E, pelo que parece, o Sporting, à hora a que escrevo, tem o presidente certo. Que já colocou o Sporting no caminho certo, que é o caminho da militância, da paixão ao clube, da paz entre sócios e adeptos. Mas também o caminho da mística e do ecletismo.
Nunca compreenderão, os caracóis, o sentimento dos sportinguistas. Nem o facto de se aceitar que uma equipa que não ganha mantenha o treinador há vários anos. Mas o Sporting é um clube diferente. Que nasceu e cresceu à custa de muito Esforço, Dedicação e Devoção. É um clube que premeia o mérito e dá prioridade ao que é da casa. Por isso, temos uma equipa construída com a prata da casa, treinada por Paulo Bento, que também é um treinador que vem da Academia. É uma equipa que se desenvolve e cresce a cada ano. Reforçada, época a época, com os meios escassos que temos. Estamos cada vez mais próximos da Glória.
Agora estamos todos na guerra. E lutaremos para cumprir o sonho dos nossos Fundadores. Tudo faremos para fazer do Sporting "um grande tão grande como os maiores da Europa". Com Bettencourt, espero eu, por muitos e bons anos.

Viva o Sporting!

quinta-feira, 4 de junho de 2009

O que é que tu queres?


No próximo domingo, tens de tomar uma opção importante, entre ir votar ou não. Podes ir para a praia, ir de férias, fazeres tudo aquilo que quiseres e abdicares de ir votar. Ou podes tirar alguns minutos do teu dia, do teu domingo, decidindo aquilo que queres para o teu País. O que é que tu queres? Abster-te de decidir, de intervir, de mudar? Ou será que queres mudar de vida?

Eu pensei sobre o que quero. Quero ajudar a eleger pessoas competentes para representarem Portugal no Parlamento Europeu. Quero ter a certeza que um português vai continuar à frente da Comissão Europeia. Quero ter a certeza de que as pessoas em quem eu voto não se vão candidatar a outros cargos, indo apenas ao Parlamento Europeu para marcar o ponto.

Também quero dar uma esperança aos desempregados. E aos empregados. Também quero que os jovens voltem a acreditar no seu futuro. Também quero dar força às classes que foram humilhadas nos últimos quatro anos. Também quero um Portugal verdadeiramente livre, verdadeiramente democrático. Também quero mais transparência na vida política. Também quero contribuir para derrotar aqueles que hipotecam o nosso futuro à custa de obras desnecessárias e faraónicas. Também quero políticas e políticos de Verdade. E também quero derrotar Sócrates e o Partido Socialista.

Na altura em que fizeres a cruz, vais ter um papel com vários partidos e movimentos políticos. A escolha é imensa. Podes votar em qualquer um. Mas o que é que tu queres? Porque importa saberes. O que eu gostava de te dizer é que se tu queres mudar, podes votar em qualquer partido ou movimento. Mas se queres mudar, derrotando Sócrates e o Partido Socialista, só o podes conseguir votando no único partido capaz de o fazer. Esse partido é o PSD.

Reflecte bem. Pensa, até domingo, no que é que tu queres. E, no domingo, és livre de fazeres aquilo que quiseres.

Eu já sei o que quero. Já te disse o que quero. E, no domingo, vou votar no PSD.

Resultado com Voz Própria


Por um voto se ganha. E por um voto se perde. Apesar de terem sido 3 os votos que deram a vantagem a José Eduardo Bettencourt na sondagem que realizei neste blogue nos últimos 3 dias, é essa a conclusão que deve ser tirada dos seus resultados.
Em pouco mais de 3 dias, 105 pessoas deram a sua opinião relativamente a qual deverá ser o futuro Presidente do Sporting, sendo que Bettencourt teve a preferência de 54 leitores, contra 51, de apoio a Paulo Pereira Cristóvão.
Amanhã, a votação é a sério. E, pelo equilíbrio no resultado nesta sondagem(que, repito, não tem nenhum rigor científico, porque o universo foram apenas os leitores deste blogue), todo o voto será importante, amanhã. Por isso, apelo a todos os sócios do Sporting para irem votar, amanhã, ao Hall Vip do Estádio José de Alvalade. Assim como peço a todos para respeitarem o resultado eleitoral, o candidato vencedor e a vontade dos sócios do Sporting Clube de Portugal.
Porque, como vinha escrito numa faixa da Torcida Verde, “além do além, acima de tudo, está o Sporting”. E, só pelo debate, o Sporting já saiu a ganhar destas eleições.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Razões para votar no José Eduardo Bettencourt


1 - Foi o director-geral do futebol profissional do Sporting em 2001/02, ano em que o Sporting fez a dobradinha (com uma vitória no campeonato e na Taça de Portugal), ano que o Sporting contratou Jardel, que fez 42 golos, sagrando-se um dos melhores marcadores de sempre do futebol português, ultrapassando Eusébio. Foi uma época notável.
UM LINK, OUTRO LINK, E AINDA MAIS UM (que saudades!)

2 - É um de nós. Vive o Sporting com o mesmo espírito daqueles que, como eu, não arredam pé, que vão a todo o lado. Tem o sonho de ver as claques a cantar juntas. Lembro-me de um jogo no Bessa (em que dois jogadores do Sporting foram expulsos) em que Bettencourt foi o único que, no fim do jogo, foi até à bancada onde estavam os adeptos do Sporting, incluindo as claques, para agradecer o apoio. Lembro também que Bettencourt fez questão de esperar, em Alvalade, pelas claques, depois de uma vitória por 3-1 na Luz, para agradecer o apoio.
LINK

3 - Foi ele que impediu males maiores na invasão de campo no Sporting-Benfica, em que sensibilizou Fernando Mendes (líder da Juve Leo) para que os excessos se ficassem por ali, impedindo, por isso, um grande castigo para o clube. Não foi cobarde. Não se escondeu. E, para tal, ajuda a consideração que os ultras têm por ele.
LINK

4 - Não tem medo de falar em alguma continuidade. Mas continuidade do que é bom. Como em 2001/02 manteve o que estava de positivo. Não promove, como não promoveu antes, qualquer ruptura. Porque isso era deitar o trabalho para o lixo. Continuidade, sim. Mas acrescentando-lhe as mais-valias que forem necessárias.

5 - Além de ser uma pessoa da bancada, é um gestor competente, que já teve a oportunidade de exercer funções no futebol. Com resultados positivos. Sabe que exercer funções no futebol não é só sonhar. Porque, como o próprio disse, as coisas têm de ser preparadas atempadamente.
LINK

6 - No seu discurso, apenas se promete trabalho. Porque, ao contrário do que muitas pessoas (inexperientes) pensam, não há ninguém(!) que possa prometer títulos. Não se entra em demagogia barata, entrando na questão dos ordenados. Porque não chega falar-se repetidamente dos "superiores interesses do Sporting" e criticar, muitas vezes nos limites do insulto. É preciso que os actos correspondam com as palavras.
LINK

7 - Distingue-se do adversário por apoiar Paulo Bento. E Paulo Bento, com poucos ovos, fez as omoletes possíveis. Levou mais vezes o Sporting à Liga dos Campeões do que as que o clube tinha conseguido até então. Correu riscos e, contra a opinião de tudo e de todos, teve razão. Quem esteve de acordo com a entrada do Tiui na final da Taça contra o Porto? Quem esteve de acordo com a entrada do Derlei no 5-3 ao Benfica? Quem esteve de acordo com a contratação de Derlei? Quem é que, antes, acreditava no valor de Rui Patrício, Carriço, Pereirinha a lateral direito, Pedro Silva? Paulo Bento teve razão. Assim como no facto de promover a continuidade de alguns jogadores que, até então, estavam emprestados, como é exemplo o Izmailov. Recuperou Vukcevic. Não foi campeão, mas melhorando o plantel, parece que Paulo Bento, com mais ovos, pode fazer cozinhados mais completos.

8 - Bettencourt foi também o homem que, quando o Sporting precisava de um avançado, promoveu a contratação de Liedson. Muitos gozaram, na altura, porque tinha sido trabalhador de um supermercado. E agora? Quem é que resolve?

9 - Ao contrário da ideia que se tenta passar, quando esteve na SAD, as contas foram sempre auditadas.

10 - Proximidade com as outras modalidades do Sporting, como é exemplo a que surge pela grande amizade que tem pelo Prof. Moniz Pereira (que integra mesmo a sua lista), que acaba de fazer com que o atletismo do Sporting chegue a vice-campeão europeu, a 1(!) ponto do campeão. Ninguém melhor do que ele poderá promover o ecletismo no Clube.
LINK, OUTRO LINK

QUEREM MAIS RAZÕES?

Por exemplo, pagou sempre as quotas. Ao contrário de outros. E, assim sendo, tem maior legitimidade para falar e combater aqueles que, nos últimos anos, se afastaram do clube e de pagar as quotas. Também querem um link?

Nota

Apelo ao bom senso dos leitores deste blogue e peço para que sempre que quiserem debater ideias o façam com elevação.
Estou em altura de exames e peço-vos para não encherem a minha caixa de e-mails com comentários ofensivos, caluniosos, difamatórios e insultuosos sobre as eleições para a presidência do Sporting Clube de Portugal e sobre a pessoa dos dois candidatos. Porque comentários desses, aqui, nunca serão aceites.
Todas as ideias merecem ser discutidas. Com elevação. E com Voz Própria.
Não deixem de dar a vossa opinião. Comentários construtivos e enriquecedores do debate de ideias são sempre bem-vindos e publicados.
Obrigado pela compreensão.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Censura?


Em Itália, ouve-se música italiana. Na rádio e também nas discotecas, onde passava (e muito), na altura em que lá fui o Mi sono fatto da solo, que era uma música de intervenção. Passava em todo o lado. Realce-se, com isso, o estofo de Berlusconi!
Em Espanha, ouve-se música espanhola.
Na Suíça, não se ouve muita música suíça, porque é um país diferente, em que, de um lado se fala francês e, do outro, se fala alemão.
Em França, ouve-se também muita música francesa.
Falo dos exemplos destes países, porque foram os quatro países estrangeiros onde estive mais recentemente.
É óbvio que em Inglaterra e nos Estados Unidos também se ouvem as músicas desses países.
Em Portugal, ouve-se música italiana, espanhola, francesa, inglesa e americana. É raro ouvirmos músicas portuguesas, facto que levou a que, muitas vezes, os cantores reclamassem por esse direito. Passam apenas, nas rádios, alguns clássicos e as músicas mais recentes que estiverem na moda. Mas, entre estas, apenas se ouviu, uma única vez, a nova música dos Xutos (dos quais sempre fui fã).
Curioso. Porque esta música já foi ouvida milhares de vezes na net.
Mas estranho. Porque não passa em lado nenhum, apesar de ser popular.
E duvidoso. Porque há muito que sentimos um défice democrático, para os quais Manuela Ferreira Leite há muito alertava. Que Paulo Rangel também denunciou, chamando-lhe claustrofobia.
Talvez seja pela forma directa com que os Xutos falam de um certo e também determinado engenheiro. Não sei.
O que sei é que com mais de quatro anos de Sócrates, Portugal é um país mais atrasado, mais pobre, menos desenvolvido. E muito menos democrático.
E cabe-nos a todos mudar este cenário, votando no próximo dia 7 de Junho, para dar o primeiro sinal de que queremos mudar. Pelos cantores, pelos produtores, pelos compositores, mas também pelos desempregados, empregados, professores, estudantes, polícias. Por todos eles e por muitos mais. E por todos nós. Ou então vamos de férias, vamos para a praia e deixamos tudo na mesma, hipotecando o nosso futuro pelo egoísmo de não querer perder alguns minutos num dia para ir às urnas.


Sobre este assunto, ver também:
- Depois Falamos

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Sondagem

Convido os leitores deste blogue a participarem na sondagem que está a ser feita neste blogue, que começou a ser feita hoje e que decorrerá até às 20 horas da próxima quinta-feira (dia 4 de Junho), sem qualquer tipo de rigor científico. Visa-se apenas saber qual é a opinião dos leitores relativamente às candidaturas para a presidência do Sporting Clube de Portugal.
Os projectos são conhecidos, assim como as listas. Por isso é altura de votar. Com voz própria.

Cristóvão, Bento e o modelo de jogo


Paulo Cristóvão colocou em cima da mesa vários assuntos de grande relevância. Um exemplo disso foi a crítica que fez ao esquema táctico de Paulo Bento, que tem merecido muitas e justas críticas. Afinal, como pode uma equipa que forma grandes extremos ter um sistema táctico em não os utiliza? Se, da Academia, saísse um novo Cristiano Ronaldo ou um novo Luís Figo, dificilmente se poderia revelar na primeira equipa do Sporting. Provavelmente seria adaptado para outra posição, como tem acontecido (e mal, na minha opinião) com vários outros jogadores.
O 4x4x2 losângo nunca deu resultados extraordinários. Ganhámos alguns troféus e praticámos, com essa táctica, o futebol "sexy" na altura em que José Peseiro nos levou à luta pelo título e a uma final europeia. Mas uma equipa que ambiciona competir com os grandes clubes europeus (como o Barcelona, o Bayern, o Manchester e também o Futebol Clube do Porto) tem de ter um sistema de jogo próprio, coeso defensivamente, com um meio campo musculado e com uma frente de ataque imprivisivel e eficaz. Com o 4x4x2 losângo somos mais permeáveis, torna-nos mais dependentes do erro do adversário, além de que é um sistema que pode ser facilmente estudado pelos adversários. E se apanhamos equipas de mais alto gabarito, corremos o risco de ser banalizados.
Em mais de três anos de Paulo Bento, o Sporting não tem um sistema alternativo. Não promove os extremos da cantera. E deixou de praticar o futebol sexy e atractivo pelo qual ficámos a ser conhecidos na Europa.
Contudo, Paulo Bento continua a merecer um também justo benefício da dúvida. E merece ter um plantel muito mais forte. Sem penas de pau. E o Sporting tem tido muitos pernas de pau.
Um 4x4x2 losângo exige dois grandes laterais, de valor inquestionável, que sejam indiscutíveis. E, laterais desses, o Sporting não tem.
Outro problema do Sporting são as sucessivas adaptações. Como pode Yannick jogar a 10, Vukcevic estar no lado esquerdo do meio-campo e Moutinho ser o trinco? Para não falar do Miguel Veloso a jogar a defesa esquerdo...
Isso só acontece porque o plantel do Sporting, além de ter uma evidente escassez de qualidade em alguns sectores, também não tem banco, facto que contribui para que, quase todas as semanas, a equipa tenha sempre jogadores a jogar fora da sua posição.
Desta análise, consigo tirar duas conclusões: a primeira é a de que o Sporting precisa de ter um estilo de jogo alternativo, sobretudo para jogar com as grandes equipas; a segunda é a de que o Sporting precisa de se reforçar. De se reforçar bem. E para tal é necessário um grande investimento. Se não for feito agora e continuando a ter de vender as jóias da academia, quando é que o Sporting vai ter um plantel completo, ambicioso e fixado no título? Será que há alguém que pensa que o Sporting consegue abater passivo se não ganhar e se não cativar os sócios e adeptos? Ou vamos estar sempre a jogar um futebol maçador, com o objectivo de ficar no segundo lugar?
O problema das adaptações e da falta de qualidade do platel e, por isso, do futebol praticado não é, no meu entendimento, culpa do Paulo Bento. Ele faz o que pode e, com os recursos que tem, os resultados têm sido positivos.
Voltamos aqui a Paulo Cristóvão. Que foi quem levantou a questão do modelo táctico do Sporting. O que ele apresenta é um treinador com um currículo absolutamente notável. Mas quantos títulos ganhou Eriksson nas últimas épocas? Que feitos alcançou nos clubes e selecções por onde passou? Sem dúvida que se alguém apresentasse Eriksson para treinador do Sporting há 15 anos iria dar uma grande notícia aos sportinguistas. Hoje, já não é tão boa assim. Não há nada que Eriksson possa fazer que Paulo Bento, neste momento e com os mesmos recursos, não consiga superar. Pelo menos essa é a minha opinião. Até que alguém consiga provar o contrário.
É evidente que é uma demagogia dizer que os jogadores devem trabalhar das 9 às 5. Assim como a questão dos ordenados do Presidente e do treinador é completamente irrelevante. Porque quanto mais ganham, mais responsabilidade têm e mais contas têm de prestar aos sócios e adeptos.
Também não concordo com Cristóvão na questão do guarda-redes. Há um ano, o Sporting não tinha. Agora já tem. E é o mesmo guarda-redes, o Rui Patrício, que cresceu ao ponto de, na minha opinião, dever ser convocado para a selecção nacional. Curioso que o clube-referência de Cristóvão é o Barcelona. Que tem um guarda-redes jovem. Que, como Rui Patrício, cometeu muitos erros. Mas evoluiu e hoje é indiscutível na baliza do Barça, como Patrício é o indiscutível guarda-redes do Sporting.
Falar de um regresso de Stojkovic à baliza do Sporting não pode ser para levar a sério. Toda a gente percebeu que é um jogador indisciplinado, que desestabiliza os balneários onde se veste para os treinos e para os jogos. Por muita qualidade que tenha (e tem), entre um guarda-redes e uma equipa, eu prefiro ter uma equipa. Mesmo que tenha de apostar num guarda-redes como menos experiência e formado na casa, como fez o Barcelona.
Sabemos como estão as coisas. E com esta conjuntura não devemos, porque não podemos mesmo, entrar em aventuras. Porque aventuras acontecem todos os anos do lado de lá da segunda circular, com grandes treinadores e grandes jogadores. E os resultados dessas aventuras estão à vista de todos.

O Jamor


A Taça de Portugal só é uma competição menor para quem nunca viu a final da competição ao vivo no Jamor.
A final da Taça de Portugal só deve ser fora do Jamor para aqueles que nunca foram lá assistir a um jogo ao vivo. Pare esses e para os provincianos.
Para mim, que já fui ao Jamor várias vezes, a Taça de Portugal só é especial porque a final se joga precisamente no Jamor, a um domingo à tarde, permitindo fazer um "programa" com amigos, com comes e bebes, na mata. Há polícia a cavalo e grande convívio entre adeptos das equipas. Mesmo nos jogos de alto risco, como um Sporting-Porto, no Jamor, no ano passado, a festa foi feita por todos. Antes, durante e depois do jogo. Antes, todos juntos. No jogo, em bancadas opostas. No fim, uns ficam com a Taça e os outros voltam a casa, levando, na memória, uma tarde bem passada. Mas, quando voltam do Jamor, todos voltam felizes. É sempre único e memorável ver uma final da Taça naquele lugar.
É evidente que o Estádio do Jamor precisa de obras. Por três razões: primeiro, porque apesar da vasta mata cheia de árvores, sabe sempre melhor ter uma casa de banho por perto (dentro e fora do estádio); segundo, porque apesar de normalmente ser uma festa para todos, há sempre claques ilegais que lançam very-lights que matam adeptos adversários e atiram pedras, pela mata fora, a homens, mulheres e crianças que não tenham o cachecol do seu clube; e terceiro, porque o Jamor precisa de fazer as obras necessárias de forma a que a Uefa possa aceitar que aquele recinto passe a ser o novo estádio da selecção nacional de futebol.
Relativamente a esta última razão, creio que o Estádio do Jamor deveria ser o estádio da selecção nacional, onde esta faria os seus jogos no Verão. No Inverno, como o estádio não é coberto (e porque não deve ser, senão deixa de ser o mesmo), os jogos devem continuar a ser realizados nos vários estádios do Euro2004, de forma a descentralizar o futebol (levando-o a todo o lado) e contribuir para a rentabilização desses recintos. Nesse sentido, o Sporting e o Benfica deveriam abdicar de receber jogos da selecção nacional, para que os mesmos se realizassem no Jamor. Depois das obras, que o estádio precisa. E merece.
Independentemente de todos estes fait-divers, gostava de dar um abraço de parabéns aos adeptos, dirigentes e atletas do Paços de Ferreira. Porque, a partir de agora, eles também têm o mesmo sentimento relativamente ao estádio do Jamor. É único! É memorável ir ver a nossa equipa jogar uma final naquele ambiente e naquele lugar. Será um dia que os pacenses jamais vão esquecer. Só foi pena não levarem a taça, recebendo-a directamente do Presidente da República, depois de subirem as escadas no meio dos adeptos. Nem os portistas teriam levado a mal se isso tivesse acontecido.
Quanto ao Porto, aqui deixo os meus parabéns, pela vitória merecida, depois da derrota no ano passado.