segunda-feira, 7 de abril de 2014

Justiça a Aristides, por comparação com outros heróis

Se há país de grandes homens, esse país é Portugal. Porém, a História do século XX fica marcada pela revolução de Abril que, tendo terminado com o Estado Novo, não deixou de ter os seus contras, prudentemente apagados dos manuais de História, onde não surge notícia da tomada de assalto de património privado, a nacionalização de empresas a troco da ameaça à vida e a entrega do país ultramarino, responsável pela esmagadora parte da nossa riqueza, ao Deus-Dará.

Quase totalmente apagado da História portuguesa surge Aristides, diferente dos heróis Soares, Alegre ou Almeida Santos, responsáveis pela subtração de parte da riqueza nacional. Aristides, claro está, era diferente. Nascido e criado num ambiente rural, estudou Direito em Coimbra, tendo-se instalado em Lisboa depois de licenciado, seguindo, depois, a carreira consular.

Porventura, neste país em que todos têm de ser doutores, é pouco compreensível que se destaque um mero cônsul em detrimento dos desconhecidos diplomatas. E talvez fosse uma afronta o facto de se erguer a figura de Aristides, deixando para trás aqueles tais heróis que reduziram Portugal a quase nada, deitando, no contentor do lixo, o esforço patriótico dos visionários dos Descobrimentos, como se estes heróis do século XX não tivessem criado as condições para que Portugal, na altura em que se criava a ideia de uma verdadeira União Europeia, quase se tornasse comunista, aprovando-se uma Constituição de esquerda e totalmente impeditiva do desenvolvimento nacional.

Fez, na semana passada, sessenta anos que morreu Aristides e, no ensurdecedor silêncio à sua memória, apenas justificável devido ao facto de ter exercido funções públicas no regime de Salazar, resolvi invocá-lo, a título de exemplo, ainda no espírito de quem, há menos de um mês, visitou o trauma do pequeno esconderijo de Anne Frank em Amesterdão.

Mais do que uma homenagem, sinto uma certa obrigação na invocação deste homem que serviu Salazar e o Estado Novo e, com isso também, o País, partilhando o lema, que também tenho como meu – hoje, proibido – do Deus, Pátria, Família. Essa obrigação surge do sentimento de enorme injustiça que causa o facto de, deliberadamente, se apagar um herói da História Nacional.

Aristides era católico, monárquico, nacionalista e não era, de todo, um democrata. Não poderia, por isso, integrar-se no Portugal de hoje, um país falido sem valores nem lei. A única característica que se mantém é a inexistência da democracia, daí se fundamentando e fomentando o silêncio perante o herói Aristides, sendo, agora, proibido ser-se de direita.

Aliás, se Barroso não fosse Barroso e fosse, por exemplo, Costa ou Soares, ou Alegre ou Almeida Santos, ou Constâncio ou Sampaio, ou Guterres ou Vitorino, ou, simplesmente, do PS, teria já, em Lisboa, uma estátua e uma avenida em seu nome.

Voltando a Aristides, nomeado por Salazar, depois de ter estado colocado em países como o Brasil, os Estados Unidos ou Bélgica, foi cônsul em Bordéus, desempenhando essas funções no período traumático da Segunda Guerra Mundial.

Sendo certo que a sua forma de atuar estava longe de estar conforme às boas regras da disciplina, tendo desrespeitado ordens governamentais e falsificado documentos, foi dessa forma que salvou milhares de vidas de judeus que fugiam da invasão da Alemanha de Hitler.

Se há que desobedecer, prefiro que seja a uma ordem dos homens do que a uma ordem de Deus” é, porventura, a frase mais simbólica de Aristides e aquela que melhor representa o ato heróico de correr o risco de ser preso para salvar a vida de milhares de judeus.

À semelhança do próprio Salazar, que, evitando a entrada na Guerra, salvou Portugal e os portugueses, Aristides é um dos heróis portugueses do século passado, sendo que o segundo, menos disciplinado que o primeiro, demonstrou o seu carácter Humanitário de uma forma mais evidente.

Muito foi o que mudou desde esse tempo, sobretudo desde a altura em que começaram a erguer-se novos heróis. Deixou de haver indústria, agricultura, comércio, serviços. Já para não falar nos valores, na perseverança em defender costumes e tradições. Dizemos que estamos mais desenvolvidos, só porque todos podem ter um curso, esquecendo-nos que poucos são os que podem ter trabalho aqui.

Continuamos pobres, mas, agora sim (!) – em Abril, quarenta anos depois - “orgulhosamente sós”, são os angolanos que mandam em nós. Não reclamo do que foi feito, mas do modo que o foi.

Na verdade, talvez seja altura de mudar os manuais de História, e de alguém perguntar quanto dinheiro deram a ganhar, ou quantas vidas salvaram pessoas como Soares, Alegre, Santos, Costa, Seguro, Sócrates, Guterres, Ferro, entre tantos e tantos irresponsáveis de esquerda que, heroicamente, nos tiraram a soberania económica e a independência financeira.

É assim, aproveitando a comparação, que realço a importância de Aristides, um dos melhores portugueses vivos do século XX.


Que lhe seja feita Justiça. Que lhe seja feita Honra. Sobretudo, porque os outros heróis, os tais revolucionários do cravo caracterizados, pelos próprios, como seres de intelectualidade superior, ao pé de Aristides, são como o Romeiro de Frei Luís de Sousa. Ninguém.