quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Os nossos olímpicos


Não tenho grandes expectativas relativamente ao sucesso da participação portuguesa nestes Jogos Olímpicos de Londres. Aliás, não só não tenho acompanhado as suas provas como também não tenho feito questão de o fazer. 
Nós, portugueses, não sabemos caracterizar a actividade dos nossos atletas. Não percebemos, ao certo, se são amadores ou profissionais. Porque, na hora da derrota, nos dizem que são amadores. E, quando ganham, sobretudo quando se trata de atletas do Benfica, são homenageados como se fossem deuses gregos.
Vivemos, assim, sem saber, se estamos no 8 ou 80, se estamos ali para ganhar ou pela experiência em si, se estamos ali de passeio ou para vingar as cores da nossa bandeira.
Confesso que a minha distância se justifica pelo facto de não me querer desiludir. Mesmo que seja medalhado, não me esqueço quando ouvi, em directo, um atleta dizer não correspondeu às expectativas porque o sítio onde estava bem era na caminha. 
Sendo profissionais, noutras competições, noutras modalidades, como o futebol, ou amadores, como no rugby ou em algumas vertentes do hipismo, não ouvimos os nossos atletas falar assim. Podem não ganhar, podem perder por muitos, mas são honrados e, mais do que pelo passeio e pela história que deixam para contar aos filhos, aos netos e ao país, estão ali para dignificar Portugal.
Muitos dos atletas que foram na comitiva portuguesa praticamente no anonimato já deram muito ao desporto nacional. Já ganharam títulos nacionais, europeus e mundiais. Com determinação e suor.
Hoje, a dupla de atletas do Sporting surpreendeu no remo, subindo do último até ao terceiro lugar. Não é muito. Mas estão na final. E, podendo não ganhar, deram o litro e emocionaram o país.
Não têm as condições de vida e de treino dos outros, dos que remavam ali ao lado, mas deram o litro. Não têm o excessivo protagonismo que teve, por exemplo, Telma Monteiro, mas não lhe ficaram atrás. 
Eram e continuarão a ser anónimos, não eram e, porventura, não irão ser reconhecidos pelo país. Mas são, como Mourinho ou Ronaldo, orgulhosos portugueses. E é desses que nos orgulhamos.
Esperemos que sejam, também, uma inspiração para os outros.
Porque aquilo não é um passeio. E quando se veste, salta, corra, rema, luta por Portugal, tem de ser para ganhar.

1 comentário:

maria disse...

Pego na sua última frase...devia ser assim, mas infelizmente não é...estou farta de ouvir desculpas dos atletas, que ao não vencerem, só dizem que não sabem o que aconteceu...

Quanto aos remadores Pedro Fraga e Nuno Mendes, assisti hoje a sua "corrida"...fiquei muito contente por terem ficado em 3º lugar e espero que no sábado ganhem uma medalha...só agora soube, por si, que são atletas do Sporting...fossem eles do Benfica e outro galo cantaria.

Bjs :)