sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

A ditadura do silêncio

Se o problema do Sporting fosse um buraco financeiro visto a olho nú, ainda que aliado a uma crise de resultados sem precedentes, poderíamos viver relativamente descansados. O problema do Sporting não é esse, nem as maçãs, podres ou maduras, nem uma dúzia de ovos premeditadamente atirada por um grupo de jovens que se sentava na sala Artur Agostinho a cumprir ordens.
O problema do Sporting é o que está escondido, a falta de transparência dos últimos quinze anos, a pouca clareza numa gestão agressiva que furtou, ao Clube, largas dezenas de milhões de euros. Existe uma ditadura do silêncio desde o dia em que Godinho Lopes foi eleito, uma cumplicidade perigosa entre dois tipos distintos de criminalidade, que amedronta e ameaça algumas dezenas de sportinguistas.
Quem filma, morre. Toda a gente ouviu. E veja-se que nenhuma imagem apareceu na televisão. Essas imagens existem. Não sei se foram captadas pelos órgãos de comunicação social, directa e expressamente coagidos nesse sentido, mas as imagens existem.
O clima que se vive, e que não é de agora, não deixa espaço para brincadeiras. Vive-se, no Sporting, um tempo de terror. Terror. Com ameaças de morte e violência, sendo que há alguns sportinguistas a resguardar-se, na tentativa de salvaguardar a sua vida e saúde.
Há gente que não pode andar na rua, que deixou de poder ir ao estádio. Com medo. E com razões para ter medo.
Talvez faça sentido falar em refundação. Porque o Sporting, que vivia desde 1906, morreu há  pouco menos de 2 anos. Sim, o Sporting, tal como o conheciamos, deixou de existir. Com cunhas, dinheiro, sacos pretos, ameaças e violência, falta de transparência e de democracia, o Sporting, que herdámos quando o assumimos e quisemos dele ser parte, morreu. 
Ressuscitará. Como Sporting, como Clube de Portugal. Porventura, com outro nome. Mas com o ideal de sempre. 
Assumi-lo-emos. 
Sem medo, resistindo aos perigos que já nos ameaçam, com a mesma coragem dos nossos ídolos e com a esperança e sacrifício que, em 1906, fez fundar um Ideal Centenário.
Resistiremos. Avançaremos. Nada temeremos. 
Pelo Sporting. Até morrer.

SL

1 comentário:

miguel vaz serra....... disse...

Amigo António.
Se não soubesse que tudo o que leio é verdade, até pensaria que falavas do mesmíssimo Estado Português Socrático e pós, o de agora.
O problema do Sporting é o problema de Portugal. E se olharmos para o Porto e Benfica, a coisa anda lá perto igualmente...Instalou-se neste pobre País uma lei do mais forte, dos mafiosos, dos todo-poderosos.Como em Venezuela ou Rússia. Tenho pena de dizê-lo mas Portugal mete-me nojo.