quarta-feira, 4 de julho de 2012

Nem vitórias morais, nem falsas verdades.

Se falarmos dos doze clubes que têm ficado do quinto lugar para baixo, a situação é dramática. Não há dinheiro para ordenados, para inscrição da equipa nas competições europeias. Não há dinheiro para pagar os juros da dívida, nem sequer para fazer a época até ao fim.
Os outro quatro clubes vivem, também eles, sérias dificuldades. Um deles está falido. Outro já não tem para pagar aos bancos e é forçado a vender ao desbarato. Os outros dois, do norte, vão sobrevivendo. O maior à custa dos prémios, títulos e créditos que tem de várias grandes transferências que fez. O mais pequeno, cuja situação conheço mal, parece estar a crescer de uma forma relativamente consolidada.
A ideia que vendemos é que, estando todos falidos, ou muito perto disso, não vale a pena investir aqui. Eu desconfio dessa ideia, destrutiva e que apenas olha aos meios financeiros.
Os clubes portugueses são dos melhores da Europa. Em 10 anos, 5 chegaram a meias-finais de competições europeias e 3 finais foram ganhas por uma equipa portuguesa.
A nível de qualidade, com menores orçamentos, os nossos clubes são muito melhores que os holandeses e que os franceses. Batemo-nos, de igual para igual, com os colossos ingleses. Tem-nos faltado capacidade para lutar com alemães e com os dois maiores clubes espanhóis.
Temos algumas das melhores equipas do mundo. Temos o melhor jogador do mundo. Temos o melhor treinador do mundo. Temos, também, aquele que é, neste momento, o melhor árbitro do mundo.
Vejo que os clubes portugueses não colocam portugueses a jogar. É um erro estratégico. Ainda ontem, nos sub-19, pude ver a qualidade dos jogadores que formamos. A formação do Sporting é melhor, por uma questão de vocação e profissionalismo. Mas o Porto e o Benfica têm grandes jogadores. Grandes mesmo. E esses jogadores, trabalhados, valem muitos milhões.
Sabendo que será difícil o papel de quem dirige a Liga e a Federação, por uma questão de poupança de custos, "impõe-se que se imponha", aos clubes, a colocação de jogadores portugueses. Se assim fosse, não tenho dúvidas de que as equipas não perderiam qualidade. Em dois, três ou quatro anos, teriamos uma selecção renovada, cheia de talento. Teriamos equipa para lutar por campeonatos da Europa e do Mundo. E equipas a lutar por vitórias nas competições europeias.
Ora, sendo certo que esta crise afecta todos, a solução tem de passar por todos. Incluindo Godinho, Vieira e Pinto da Costa. Com iniciativa de quem dirige a Liga e o futebol português. Temos tudo aquilo que é preciso para crescer. Temos tudo e mais alguma coisa. Temos tudo o que quase ninguém tem. 
Não me digam, por isso, que os nossos clubes não são atractivos, que há jogos em risco e salários por pagar. Não me digam que não temos condições para encontrar investidores capazes de resolver o único problema que todos temos.
Não me digam. Porque é mentira. E, em mentiras, eu não acredito. 
O que acredito, e que é certo para mim, é que faltam visionários, é que falta inovação, naqueles que dirigem os clubes, naqueles que conduzem o nosso futebol.

2 comentários:

luis cirilo disse...

Um pouco fora de tempo mas aqui fica um comentário.
Para puxar a "brasa" á minha sardinha.
O Vitória não está no grupo dos 4 que o António referiu.
Supostamente estaria nos outros doze.
Mas não está.
Porque está a pagar dividas, viu aprovado um PEC,tem pago a jogadores e funcionários.
Reduziu o orçamento do futebol em 50%,relativamente à época pasada, e com esses 50% construiu a equipa A e a equipa B.
A A que nada,bem pelo contrário,fica a dever à da época anterior.
A B que tem neste momento 24 jogadores dos quais 21 são portugueses e 20 formados no clube.
Fizemos esse caminho por necessidade mas essencialmente por convicção.
Daqui a 10 anos, se possível antes, queremos ter 90% de portugueses no plantel e 80% deles formados nas nossas escolas.
A nossa equipa B jogará no nosso estádio, perante o nosso público, para que a adaptação dos miudos seja feita com a maior naturalidade.
Estamos a viver dentro das nossas possibilidades, a gastar o que podemos realmente gastar, a fazer já um caminho que outros terão de fazer mais dia menos dia.
Acreditamos que vale a pena.
Por isso,António, sendo certo que não estamos no lote dos falsos ricos não estamos também no dos falidos.
Estamos num pequenissimo grupo em que se situam aqueles que vivem com os pés no chão e a cabeça erguida.

P.S. Da nossa equipa A faz parte(e é titular) um miudo de 19 anos chamado Ricardo Pereira que subiu agora a sénior. É um dos maiores talentos que vi nos ultimos anos e vai seguramente ser uma estrela do nosso futebol. O ano passado,ainda junior, fez três jogos na primeira Liga o que nos tempos que correm é muito invulgar.
Resta dizer que foi dispensado pelo Sporting há três anos atrás!
Até num clube exemplar no aproveitamento da formação se cometem erros desses.
Felizmente neste caso digo eu...

luis cirilo disse...

Nota final: O nosos futebol tem qualidade, bons jogadores,bons(poucos) técnicos, boas selecções.
Porque não tem mais e melhores investidores?
Porque lhe falta algo essencial a um negócios de sucesso: Mais credibilidade.