quarta-feira, 28 de agosto de 2013

O escândalo de Bale


Ninguém tem dúvidas de que Bale é um grande jogador, que desequilibra, que joga e faz jogar, que traz qualidade ao jogo, que marca e dá a marcar, fazendo a diferença. Mas Bale é galês, joga no Tottenham, que, apesar de ter uma belíssima equipa que foi construída nos últimos cinco anos, “está a milhas” dos principais colossos europeus.
Por muito bom que seja, Bale valerá metade do que vale Messi, metade do que vale Ronaldo. Valerá, talvez, pouco mais do que vale Di Maria, valor que terá, neste momento, apenas por estar numa equipa com menor dimensão, sendo, por esse motivo, mais decisivo do que, previsivelmente, poderia ser numa equipa de maior nomeada.
Não sendo certo que a transferência venha mesmo a consumar-se, colocar-se a hipótese de haver um clube com um passivo milionário, de um país que vive uma crise profundíssima, disposto a pagar uma centena de milhões de euros por Bale é um escândalo universal.
Outro escândalo, da mesma dimensão, é o facto de Platini dizer publicamente que pensa que o valor é perfeitamente normal, ignorando a real situação financeira do Real Madrid (que está muito distante dos milhões virtuais que esse clube, anualmente, queima em falsos reforços), a situação económica espanhola e a profunda crise que persistentemente assola o continente europeu.
Bale não vale cem milhões. É inaceitável que se possa pensar que possa valer mais do que esses cem milhões. Ou que valha pouco menos de cem milhões mais jogadores ou outras contrapartidas.
A novela “Bale”, que marca este período de transferência, apenas tem o mérito de demonstrar, aos jovens, o exemplo que ninguém deve seguir, porque, além de ser condenável que se ofereça esta fortuna em tempos de crise, com o apoio dos principais responsáveis por essa atividade profissional, a atitude do internacional galês – que nunca chegará aos pés dos melhores jogadores do mundo – é de repudiar com veemência.
Faltar ao trabalho, incumprir o contrato, forçar a saída de um clube que tudo lhe deu é um ato vergonhoso, constituindo um sinal de absoluta falta de profissionalismo, que se está a alastrar por todos os clubes de todos os campeonatos, e que merece reprovação por parte de todos os agentes desportivos, por todos os agentes não desportivos, por todos os cidadãos do mundo.

Talvez haja motivos para desafiar a Judite Sousa, que, nesta fase da sua vida profissional, não está “a dar uma para a caixa”, a entrevistar o Florentino Pérez, sugerindo-lhe que, em vez de pagar estes milhões por quem não os vale, o clube merengue distribua essa quantia obscena pelos pobres que há no mundo, começando, claro está, pelos milhões de desempregados espanhóis.

1 comentário:

miguel vaz serra....... disse...

Amigo António.
Não falo de Futebol há já algum tempo pois se há coisa que me repugna é precisamente o nosso.
Aproveito para falar de algo que nos revolta a todos...
Se há políticos que só pensam neles tambêm os há,muito poucos, que sabem utilizar a sua imagem e mediatismo para causas importantes.
Parabêns e obrigado!!!!!!!!ao EX-Primeiro Ministro Dr. Santana Lopes.
Foi até agora o ÚNICO político português que se "revoltou" com esta saga nojenta que queima Portugal todos os anos.
Neste mesmo momento soube da morte de mais uma Bombeira de 21 anos e há poucas horas a morte de mais um Bombeiro que agonizava há umas semanas na cama de um Hospital.
Paz às suas almas.
Mais uma vez obrigado pelas suas palavras que vi e ouvi nas notícias da uma hora na TVI.
Já agora podíamos pedir à EX-Seara para entrevistar PSL e falarem deste assunto.