quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

A última gota


Quando, no princípio da segunda parte do Sporting-Porto, Falcao fez o golo do Porto, tudo aconteceu mesmo à minha frente.

O meu lugar é ali.

Todavia, não vi esse lance. Estava de pé, a protestar, porque Moutinho não colocou a bola fora para que Maniche, lesionado e no chão, pudesse ser assistido.

Este facto pode ser testemunhado.

Eu protestava, porque, ainda na primeira parte, um jogador do Sporting colocou a bola fora para que Moutinho, lesionado e no chão, fosse assistido.

Estava em causa o respeito pelo jogo, o respeito pelo adversário, as mais primárias leis do desportivismo e o espírito do fair-play, desconhecido lá mais para o norte.

Naquele instante, o sentimento que eu começara a ter no princípio do verão passado foi ao limite: o Sporting não pode nunca ser aliado do Porto.

São os dois clubes mais opostos em Portugal.

Pensei o mesmo que tinha pensado nos últimos três confrontos entre Porto e Benfica, de onde resultaram três vitórias esclarecedoras dos nortenhos, em que o FC Porto marcou dez(!) golos e o Benfica só marcou um.

Uma mentira dita mil vezes é uma mentira.

E, repetindo-se que a luta pelo título tem sido entre Benfica e Porto, é repetir-se uma mentira.

Nos últimos anos, o Benfica apenas ficou à frente do Sporting por uma vez. E a luta pelo título, excepção feita ao ano passado, tem sido sempre feita entre Sporting e Porto.

Aliás, essas foram também as equipas que ganharam mais competições nos últimos dez anos, entre Campeonatos, Supertaças e Taças de Portugal.

No ano passado, porém, na luta pelo título não estiveram nem Sporting nem Porto, facto que constitui excepção.

Ou seja, o principal rival do Sporting não pode nunca ser o Benfica. Porque o Benfica raramente ganha. E raramente, mesmo muito raramente, fica à nossa frente.

Lá no norte eles também já perceberam que a grandeza do Benfica não é sustentada. Só podem continuar a ser superiores, se reduzirem o Sporting às segundas escolhas dos outros clubes, se destruírem, directa ou indirectamente, o resultado feito em Alcochete.

Assim sendo, o futuro presidente do Sporting terá de assumir com clareza essa rivalidade com o Porto. O desrespeito e a falta de profissionalismo dos responsáveis desse clube impedem o Sporting, pelos valores que defende, de, por exemplo, receber o presidente adversário na sua tribuna.

O futuro presidente do Sporting não fará mais negócios com o FC Porto, a menos que esse clube inclua, nesses negócios, os seus principais activos.

Por exemplo, na actualidade, o Sporting só aceitaria negociar com o FC Porto se este clube oferecesse, à troca, jogadores como Hulk ou Falcao.

Caso contrário, não pode haver sequer lugar para conversas. Até por uma questão de coerência, o Sporting, principal defensor da verdade desportiva, clube que teve a coragem de dizer que, atrás das vitórias do Porto, ou por baixo delas, estão conversas com árbitros, muito dinheiro e prostituição, não pode, nunca(!), jogar do mesmo lado deles.

Nesse sentido, a presidência de Bettencourt foi de uma ingenuidade extrema. Perdeu, para o Porto, a sua primeira escolha para treinar a equipa. Perdeu o seu capitão de equipa. Perdeu tudo o que seria, até, impensável de perder.

Sei que não foi tudo mau. Mas os sportinguistas têm uma dúvida que nunca poderiam ter. Estará, no Sporting, gente (como Costinha) a fazer o jogo do adversário?

Não querendo acreditar nisso, os resultados práticos levam-nos a tender para uma resposta afirmativa.

Além disso, a situação da equipa de futebol é insustentável.

Houve algum dinheiro para investir. Houve tempo para construir. Mas o dinheiro foi mal gasto e o tempo foi desperdiçado.

Além de perder a “batalha” com os rivais do norte, que são os principais rivais do Sporting, a equipa de futebol, principal montra do clube, tem deixado uma péssima imagem do clube, praticando um futebol frouxo, lento e previsível.

E, quando fazem uma grande primeira parte, defendem o resultado como se fossem de uma equipa que luta para não perder.

Isto não é o Sporting. E como não é, eu não vejo outra solução.

Sugiro a realização de eleições antecipadas no Clube. Os sportinguistas merecem que venham a jogo todos os candidatos que, sendo sócios do Sporting, acreditam que podem fazer melhor.

Vamos discutir o Clube com frontalidade e coragem. Vamos debater ideias e projectos. Vamos a votos.

Esta época está perdida e estamos já a perder tempo.

O futuro do Sporting não pode esperar mais.

2 comentários:

Martinho Sousa disse...

lol o teu rival continua a ser o mesmo de sempre, vê-se pela forma como te referes ao Benfica. Agora estás chateado com o porto, mas tu sempre gostaste deles. Já agora tudo o que propões em relaçã ao porto, é o que o Benfica já faz há anos.
abraço

Anónimo disse...

Que eu saiba há anos um presidente do Sporting foi o primeiro a denunciar o tal do 'sistema' ao mundo desportivo. Foi criticado inclusive foi bastante gozado por tal...só se falava no sistema daí em diante...e que eu saiba foi um presidente do Sporting e não do benfica.